Temos a honra de publicar esta belíssima Hora Santa composta especialmente para o dia de hoje pelo Padre Mateo Crawley-Boevey, membro da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Tendo sido curado milagrosamente no Santuário das aparições do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria em Paray-le-Monial, França, Pe. Mateo decidiu então conquistar os lares, sociedades e nações para o Sagrado Coração. Com ordens de São Pio X, iniciou sua cruzada pela Entronização do Sagrado Coração nos lares. Por quarenta anos percorreu o mundo promovendo suas famosas Horas Santas, implorando às famílias cujos lares já eram consagrados ao Sagrado Coração que não deixassem Nosso Senhor solitário, especialmente nas quintas-feiras que antecediam a primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração. Até sua morte em 1960, Padre Mateo, o grande Apóstolo do Sagrado Coração, lançava em suas publicações apelos pela Comunhão reparadora, freqüente e diária, a devoção ao Santo Rosário e até mesmo o reconhecimento pela ONU dos direitos de Cristo Rei.
Igreja
Ao Santíssimo Nome de Jesus, o Coronavírus se dobre.
Sacerdote libanês abençoou seu povo.
O jejum e a abstinência na lei da Igreja.
Jejum e abstinência no Novo Código de Direito Canônico de 1983.
Os dias e períodos de penitência para a Igreja universal são todas as sextas-feiras de todo o ano e o tempo da Quaresma [Cânon 1250]. A abstinência de carne ou de qualquer outro alimento determinado pela Conferência Episcopal deve ser observada em todas as sextas, exceto nas solenidades. [Cânon 1251].
A abstinência e o jejum devem ser observados na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. [Cânon 1252]. A lei da abstinência vincula a todos que completaram 14 anos. A lei do jejum vincula a todos que chegaram à maioridade, até o início dos 60 anos [Cânon 1252].
Jejum e abstinência tradicionais conforme o Código de Direito Canônico de 1917.
Entre 1917 e o Novo Código de 1983, certos países tinham dias de jejum e abstinência particulares, e.g., os Estados Unidos tinham a vigília da Imaculada Conceição em vez da Assunção como dia de abstinência; dispensas para S. Patrício e São José, etc. Não é possível relacioná-los todos. Publicamos as prescrições do código de 1917, com menção da extensão do jejum e abstinência até meia noite do Sábado Santo que foi ordenada por Pio XII.
Dias de jejum simples:
O jejum consiste numa refeição completa e duas menores, que juntas são menos que uma refeição inteira. Não é permitido comer entre as refeições, mas líquidos podem ser tomados. É permitido comer carne em dia de jejum simples. Os dias de jejum simples são: segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Quaresma. [Cânon 1252/3]
Todos eram vinculados à lei do jejum a partir dos 21 até os 60 anos.
Dias de abstinência:
A abstinência consiste em abster-se de comer carne de animais de sangue quente, molhos ou sopa de carne nos dias de abstinência. A abstinência era em todas as sextas-feiras, a não ser que fosse um Dia de Guarda [cânon 1252/4]. A lei da abstinência vinculava a todos que tinham completado 7 anos de idade. [Cânon 1254/1].
Dias de jejum e abstinência:
O jejum e abstinência consistem numa refeição completa e duas refeições menores que juntas são menos que uma refeição inteira. Não era permitido comer carne de animais de sangue quente, molhos e sopas de carne. Não era permitido comer entre as refeições, embora bebidas pudessem ser tomadas. Esses dias eram: quarta-feira de cinzas, toda sexta e sábado da Quaresma (até meia noite no Sábado Santo), em cada uma das Quatro Temporas, Vigília de Pentecostes, Assunção, Todos os Santos e Natal. [Cânon 1252/2]
Os dias tradicionais de abstinência aos que usam o Escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo são Quartas e Sábados.
Fonte: The year of Our Lord Jesus Christ 2009, The Desert Will Flower Press.
(Post originalmente publicado na quaresma de 2009)
O celibato no Antigo Testamento.
Por Jeffrey Tranzillo, Crisis Magazine, 24 de julho de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com – Deus ordenou a Moisés que consagrasse os israelitas “hoje e amanhã” e os instruísse a lavarem suas vestes, a fim de estarem preparados para ver o Senhor descer no Monte Sinai ao terceiro dia. Moisés consagrou e instruiu o povo como Deus havia ordenado e também disse que eles deveriam se abster de relações sexuais (cf. Ex 19, 10-15).
Por que Deus estabeleceu como condição a abstinência sexual? É evidente que a Bíblia não afirma que haja algo intrinsecamente impuro no ato sexual realizado segundo o plano criador de Deus. Quanto a isso, basta lembrar as passagens mais relevantes dos dois relatos da Criação (cf. Gn 1, 27-28; 2, 21-25), às quais a exaltação bíblica da boa esposa (cf. Pr 31, 10-31) e da fecundidade procriadora (cf. Sl 128, 3-4) serve de comentário. Portanto, a relação sexual legítima entre marido e mulher não os tornaria indignos de estar na presença de Deus, depois de se terem purificado.
Por outro lado, o pedido que Moisés faz ao povo de abster-se de relações sexuais antes do encontro com o Senhor pode ser uma alusão à “vergonha” associada à sexualidade humana desde a Queda (cf. Gn 2, 25 e 3, 7-10). A forte inclinação aos pecados sexuais é, decerto, o principal “calcanhar de Aquiles” do homem caído. Por isso, Moisés exigiu que os israelitas exercitassem a continência sexual como um sacrifício de purificação e consagração, preparando-se assim para o acontecimento profundamente sagrado que seria a manifestação de Deus no Sinai: assim como Deus é santo, também eles devem sê-lo.
Assim, de maneira simbólica, Moisés procurou reconduzir o povo a um apropriado estado de inocência “virginal”, isto é, o que existia antes de os olhos humanos se abrirem à rebelião contra Deus (cf. Gn 3, 7). Além de coerente estima pela fecundidade conjugal, o Antigo Testamento parece sugerir aqui que os israelitas viam na virgindade certa pureza condizente com o sagrado (cf. Lv 21, 13-15; Is 62, 4-5).
Por mais que nos pareça estranho, Israel também tratava suas batalhas militares como acontecimentos religiosos. Afinal de contas, foi sob o comando de Deus que Israel marchou para tomar posse da terra prometida a Abraão e seus descendentes. E era a Deus que Israel devia suas vitórias militares. De fato, no início da conquista [da terra prometida], os sacerdotes levíticos às vezes levavam a Arca da Aliança — o local da presença tangível de Deus entre os israelitas — para o próprio campo de batalha (cf. Js 6).
Mesmo assim, a vitória dependia da fidelidade do povo ao Senhor (cf. 1Sm 4, 1-11). Portanto, Israel precisava de uma pureza virginal em sua relação com Deus para cumprir sua missão e receber o que Ele havia prometido. Por essa razão, os empreendimentos militares de Israel eram precedidos por um rito de purificação: os soldados tinham de se consagrar ao Senhor e aos seus desígnios.
Temos provas disso, por exemplo, em um dos episódios em que Davi foge de Saul. Davi foi sozinho ao sacerdote Aimeleque, em Nobe (perto de Jerusalém), alegando ter sido enviado em segredo pelo rei, quando estava, na verdade, à procura de algo que comer. Como Aimeleque só tivesse pão sagrado, ofereceu-o a Davi, mas sob a condição de que o seu séquito — que Davi alegou estar à sua espera — evitasse contato com mulheres. Davi respondeu que, em campanha, a ele e à sua comitiva era proibido ter contato com mulheres. Após constatar que estavam aptos para comer, o sacerdote deu o pão a Davi (cf. 1Sm 21, 1-6).
A mesma purificação consecratória aparece novamente no relato do adultério de Davi com Betsabé, esposa de Urias, o hitita. Num esforço para ocultar a gravidez, fruto do seu pecado, Davi mandou Urias retirar-se de batalha e tentou por duas vezes induzi-lo a ir para casa e dormir com a esposa. Mas Urias, embora fosse um mercenário, era um soldado leal, que insistia em observar a obrigação religiosa da continência durante a campanha militar de que estava participando. Por isso, Davi elaborou um plano a fim de provocar a morte de Urias no campo de batalha. Depois disso, tomaria Betsabé para si, desfazendo qualquer suspeita quanto à gravidez (cf. 2Sm 11).
Levando em conta o que vimos acima, podemos concluir fundadamente que, para os homens que participavam de uma guerra santa, a observância da continência sexual simbolizava, de um modo físico, o desejo que cada soldado tinha de se entregar plenamente a Deus e aos seus desígnios. Além disso, dadas as inclinações sexuais do homem caído, os soldados com certeza entendiam que a continência sexual realmente os ajudava de algum modo nessa consagração especial — mesmo que isso apenas os estimulasse a focar exclusivamente em sua missão designada por Deus e lhes conferisse uma determinação singular para cumprir, em nome do povo, os desígnios de Deus para Israel. Suas vitórias militares ajudavam a reforçar seu próprio senso de identidade — e o do povo — como escolhidos de Deus, ao mesmo tempo que cultivavam a fé no Senhor de sua história. A observância da continência sexual também cultivava entre os próprios soldados um senso de fraternidade e propósito comuns. Urias, o hitita, é um grande exemplo bíblico de solidariedade auto-sacrificial para com seus companheiros de luta (cf. 2Sm 11, 11).
Com relação à condução mesma da guerra, parece difícil conciliar a consagração a Deus em período de guerra, a retidão de intenção e a liderança de Deus na batalha com a aparente inclemência de Deus ao lançar sobre os espólios de guerra — povos, animais e coisas — um “interdito”, isto é, uma “maldição de destruição”. Isso diz respeito à injunção divina que exigia de Israel dar a Deus algumas ou todas as pessoas e coisas capturadas numa batalha, fosse por meio de sua destruição, fosse por meio de seu depósito no santuário (e.g., ouro e prata). A violação do interdito por uma única pessoa era uma ofensa tão grave, que faria a maldição se alastrar em todo o Israel, que seria considerado culpado de desobedecer a Deus. Assim, Israel infiel seria incapaz de resistir aos seus inimigos. Para remover a maldição imposta ao povo, o responsável pela violação do interdito tinha de ser desmascarado e morto, e os ganhos ilícitos destruídos junto com a família do culpado (cf. Js 6, 17-19; 7, 1-26).
Temos de compreender a brutalidade do interdito em termos daquilo que Israel perderia em troca dos espólios de guerra. Se cobiçasse e retivesse os ídolos de prata e ouro dos povos conquistados, em vez de os queimar e destruir, Israel sucumbiria à ganância e à idolatria. Por isso Moisés o alertou: “Não introduzirás em tua casa coisa alguma abominável, porque serias, como ela, votado ao interdito” (Dt 20, 16-18). O risco que mulheres estrangeiras ofereciam à fé de Israel (cf., e.g., Nm 25) — daí sua inclusão no interdito — talvez estivesse relacionado à (e enfatizado pela) disciplina da continência sexual durante campanhas militares.
A probabilidade de Israel ceder à cobiça, à luxúria, à idolatria, à hipocrisia e à complacência era tão grande, que estava em jogo nada menos que sua relação de aliança exclusiva com o único Deus verdadeiro. Havia sempre o risco de que Israel perdesse sua herança na Terra Prometida e perecesse como as outras nações ímpias, a menos que Deus, em sua misericórdia, quisesse redimi-lo (cf., e.g., Dt 4, 23-31; 8, 11-20). O interdito servia para impedir essas ameaças. Foi precisamente por Saul ter desobedecido aos termos do interdito em sua guerra contra os amalequitas, pondo em perigo assim a todo o povo, que Deus tirou dele a realeza e a deu a Davi (cf. 1Sm 15).
Celibato sacerdotal e batalha espiritual
Como se relaciona o que foi dito acima com a questão do ministério e do celibato sacerdotal sob a Nova Aliança em Cristo? Como nos diz São Paulo, “não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar (…), mas contra as forças espirituais do mal” (Ef 6, 12). Em outras palavras, cada um de nós está envolvido numa guerra de tudo ou nada contra inimigos inconcebivelmente cruéis e implacáveis — i.e., as legiões invisíveis, os anjos caídos, que estão sob o comando de Satanás. Eles querem a todo o custo provocar nossa condenação eterna (incitando-nos a pecar), a fim de que percamos nossa herança na terra prometida do Reino de Deus.
Guerras humanas, como as que estão registradas no Antigo Testamento, não são apenas símbolos dessa guerra invisível e espiritual: são manifestações visíveis dela. Nossa submissão ao pecado por causa do estímulo realizado pelos espíritos malignos sempre causa algum tipo de divisão, e finalmente a guerra, tão logo nossos pecados tenham atingido um nível crítico, pois pouquíssimos de nós estamos dispostos a nos arrepender, a fazer penitência e a emendar de vida com o auxílio da graça de Deus. Isso significa que a guerra é um sinal claro da revolta generalizada contra Deus.
Portanto, seguindo o exemplo da radical maldição de destruição veterotestamentária, temos de nos dedicar à guerra espiritual “pondo um interdito” em todos e em tudo o que poderia resultar em nossa separação eterna de Deus e de suas promessas. Se não o fizermos, nós mesmos sofreremos a maldição do interdito por meio do pecado. Esse é precisamente o sentido do ensinamento de Cristo segundo o qual deveríamos arrancar nosso olho ou cortar nossa mão e jogá-la fora, se um deles nos levasse a pecar. Antes isso do que ser lançado no inferno para sempre (cf. Mc 9, 43-48). Jesus está nos exortando, de forma hiperbólica, a nos afastar radicalmente do pecado e de tudo o que poderia nos levar a pecar, pois o que está em jogo é nossa salvação eterna. Ao contrário do interdito antigo, no entanto, nós não entregamos a Ele ninguém para que seja destruído, mas apenas na esperança de que seja salvo.
Todas as batalhas físicas descritas no Antigo Testamento foram efêmeras, pois Israel tentava obter controle sobre sua herança terrena. Aos soldados que lutavam para garantir as promessas de Deus (e, nesse sentido, eram mediadores dessas promessas) cabia simbolizar apenas temporariamente, enquanto durasse a batalha, sua consagração a Deus por meio da observância da continência sexual. A autodisciplina desses homens lhes permitia voltar sua atenção e energia exclusivamente para o propósito de obter a vitória em nome do Senhor.
Permanecem sempre ativos, porém, os mesmos seres espirituais e malévolos que se escondiam nas batalhas de Israel. Atualmente, são muitas as manifestações visíveis de sua atividade rebelde — todas elas focadas na degradação e na destruição da própria vida humana. Para nos dedicarmos à batalha espiritual enquanto tal — isto é, para pegar em armas e lutar contra nossos inimigos poderosos e invisíveis —, precisamos de soldados que estejam espiritualmente equipados para liderar o restante de nós nesta batalha violenta e implacável e, portanto, que desejem se consagrar a Deus de modo permanente, com esse único propósito. A natureza permanente dessa guerra de soma zero requer bispos e sacerdotes fiéis ao celibato, cuja missão indispensável é agir como mediadores da verdade do Evangelho e da salvação, dons sacramentais da graça que Deus Pai nos oferece em e por meio de Jesus Cristo, seu Filho eterno. Quando agem in persona Christi capitis, eles intermedeiam para nós nada menos do que a promessa de vida eterna em Cristo.
Como os bispos e os sacerdotes têm a obrigação de lutar pela salvação das almas, sua dedicação a Deus — e o cumprimento da missão dada por Ele — deve ser exclusiva. Pois o único objetivo de nossos inimigos invisíveis é frustrar essa missão. Pelo exposto, exige-se do clero católico desapego extraordinário em relação às preocupações terrenas e, portanto, um foco decidido, ao qual se presta a continência sexual permanente do celibato (cf. 1Cor 7, 28.32-33) e para cuja observância Deus jamais deixa de conceder graças.
O Matrimônio e a família requerem um tipo de morte absoluta para si. O ministério sacerdotal requer outro. O mesmo homem não pode morrer simultaneamente das duas formas. Para o sacerdote, é crucial que recaia um “interdito” sobre o Matrimônio. Ele deve se desapegar de tudo e de todos, exceto de Jesus Cristo, para que não seja tentado a transigir com o inimigo implacável em detrimento das almas. Ao mesmo tempo, sua fidelidade à vida celibatária serve como um sinal indispensável da vida ressuscitada em Cristo e do poder da graça de Deus.
E a escassez de sacerdotes? Não deveríamos fortalecer as fileiras com homens casados? Concluamos com dois pontos a respeito desta questão.
Sobre o número de vocações
Em primeiro lugar, Deus não precisa de números por si mesmos. Dentre trinta e dois mil homens, Deus fez Gideão escolher apenas trezentos — os mais destemidos e atentos do grupo — para derrotar um exército enorme e muito superior. Isso mostrava com clareza que a vitória era de Deus (cf. Jz 7, 1-23).
Do mesmo modo, Jesus Cristo é a cabeça da Igreja militante. Se necessário, ele pode liderar a Igreja na vitória contra o pecado, a morte e o demônio com um pequeno número de sacerdotes dedicados e consagrados exclusivamente a Ele e à missão que lhes foi confiada. Essa exclusividade implica o celibato.
Quando aceito com alegria, por meio da graça, ainda hoje o celibato sacerdotal significa — e produz verdadeiramente — uma pureza sagrada que conforma e une de modo mais perfeito o sacerdote a Cristo, a quem e em cujo serviço ele é livre para se doar incondicionalmente. Sacerdotes desse tipo formam um poderoso grupo de irmãos. Sempre alertas às artimanhas do demônio, eles as combatem sem medo e com eficácia, usando os meios espirituais que Deus lhes deu para defenderem a si mesmos e ao seu povo. Desta forma, pastor e rebanho triunfam juntos sobre os ataques violentos do inimigo infernal.
Em segundo lugar, não faltaria homens respondendo ao chamado de Deus para se tornarem sacerdotes celibatários dedicados, se a Igreja resgatasse, enfatizasse e treinasse os homens de acordo com a analogia militar esboçada acima (cf. também Ef 6, 13-20). Isso atrairia os homens viris, que são naturalmente inclinados e dispostos, pela graça de Deus, a se sacrificar de modo supremo para defender a Esposa de Cristo. Nossos melhores sacerdotes vivem segundo essa perspectiva, que é ao mesmo tempo marcial e marital.
Em contrapartida, os “modelos” eclesiais afeminados aos quais somos apresentados atualmente — e.g., a Igreja politicamente correta, a Igreja calada que só escuta, a Igreja que aceita e abençoa o pecado mortal, a Igreja “sinodal” ou feita sob medida — podem facilmente dissuadir muitos homens fiéis e moralmente íntegros de seguir o chamado ao sacerdócio. Embora eles tenham a vocação sacerdotal e estejam dispostos, voluntariamente, a canalizar seu natural instinto de proteção (ou de paternidade) para combater o bom combate da fé (cf. 1Tm 6, 12), em vez de canalizá-lo para a formação de uma família, é legítima a preocupação que eles manifestam com a possibilidade de serem removidos da batalha e “desarmados” por bispos e sacerdotes infiéis que não têm interesse algum em entrar no combate. O intuito destes, muito ao contrário, é introduzir na Igreja aquilo que Deus interditou irrevogavelmente. Eles conspiram para eviscerar os mandamentos de Deus e a lei natural; para admitir à Sagrada Comunhão católicos divorciados e “recasados”, pecadores impenitentes e não católicos; para reconhecer e abençoar “uniões” sodomitas; para ordenar mulheres; e assim por diante, ad nauseam.
O demônio prospera por meio desses inimigos da cruz: “para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno” (Fl 3, 19). Embora preservem a aparência da religião, eles negam seu poder (cf. 2Tm 3, 5). Parece que o “que domina até este momento é o orgulho, o ódio, a desordem e a cólera” (1Mb 2, 40).
Em vez de se sentirem desencorajados, os homens que se sentem chamados ao sacerdócio — e também todos os soldados cristãos, independentemente do estado de vida — podem se inspirar na derradeira exortação de Matatias, pai da revolta dos Macabeus: “Sede, pois, agora, meus filhos, os defensores da Lei e dai a vossa vida pela Aliança de nossos pais (…). Todos os que esperam em Deus não desfalecem” (1Mb 2, 50.61).
* Nosso agradecimento a um caro amigo pela tradução gentilmente fornecida.
“De Maria numquam satis”.
“De Maria numquam satis”, dizem os Santos. Não se deve dizer basta nos louvores a Maria Santíssima. Não temamos cultuá-la excessivamente. Estamos sempre muito aquém do que Ela merece. Não é pelo excesso que nossa devoção a Maria falha. E sim, quando é sentimental e egoísta. Há devotos de Maria que se comovem até às lágrimas, e, no entanto, se ajustam, sem escrúpulos, à imodéstia e à sensualidade dominantes na sociedade de hoje. Sem imitação não há verdadeira devoção marial.
Consagremos, realmente, a Maria Santíssima nossa inteligência e nossa vontade, com a mortificação de nossa sensibilidade e de nossos gostos, e Ela cuidará de nossa ortodoxia. “Qui elucidam me vitam aeternam habebunt” (Eclo 24,31) – [Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna] -, diz a Igreja de Maria. Os que se ocupam de fazê-la conhecida e honrada terão a vida eterna.
Dom Antônio de Castro Mayer.
Quando eu era jovem teólogo, antes e até mesmo durante as sessões do Concílio, como aconteceu e como acontecerá a muitos, eu alimentava uma certa reserva sobre algumas fórmulas antigas como, por exemplo, a famosa De Maria nunquam satis – “Sobre Maria jamais se dirá o bastante”. Esta me parecia exagerada.
Encontrava dificuldade, igualmente, em compreender o verdadeiro sentido de uma outra expressão bastante famosa e difundida repetida na Igreja desde os primeiros séculos, quando, após um debate memorável, o Concílio de Éfeso, do ano 431, proclamara Nossa Senhora como Maria Theotokos, que quer dizer Maria, Mãe de Deus, expressão esta que enfatiza que Maria é “vitoriosa contra todas as heresias”.
Somente agora – neste período de confusão em que multiplicados desvios heréticos parecem vir bater à porta da fé autêntica –, passei a entender que não se tratava de um exagero cantado pelos devotos de Maria, mas de verdades mais do que válidas.
Cardeal Joseph Ratzinger – Entretiens sur la Foi, Vittorio Messori – Fayard 1985.
(Publicado originalmente na festa da Imaculada Conceição de 2008)
Consagração a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.
Ó Maria Imaculada, Senhora da Conceição Aparecida, aqui tendes, prostrado diante de vossa milagrosa imagem, o Brasil, que vem de novo consagrar-se à vossa maternal proteção. Escolhemo-vos por especial Padroeira e Advogada da nossa Pátria; queremos que ela seja inteiramente vossa: vossa é a sua natureza sem par; vossas são as suas riquezas; vossos, são os campos e as montanhas, os vales e os rios; vossa é a sociedade; vossos são os lares e seus habitantes, com seus corações e tudo o que eles têm e possuem; vosso é, enfim, todo o Brasil.
Sim, ó Senhora Aparecida, o Brasil é vosso!
Por vossa intercessão temos recebido todos os bens das mãos de Deus, e todos os bens esperamos receber, ainda e sempre, por vossa intercessão.
Abençoai, pois, o Brasil que Vos ama; abençoai o Brasil que Vos agradece; abençoai, defendei, salvai o vosso Brasil!
Protegei a Santa Igreja; preservai a nossa Fé, defendei o Santo Padre; assisti os nossos Bispos; santificai o nosso Clero; socorrei as nossas famílias; amparai o nosso povo; esclarecei o nosso governo; guiai a nossa gente no caminho do Céu e da felicidade! Ó Senhora da Conceição Aparecida, lembrai-Vos de que nós somos e queremos ser vossos vassalos e súditos fiéis. Mas lembrai-vos também de que nós somos e queremos ser vossos filhos. Mostrai, pois, ante o Céu e a Terra, que sois a padroeira poderosa do Brasil e a Mãe querida de todo o povo brasileiro!
Sim, ó Rainha do Brasil, ó Mãe de todos os brasileiros, venha sempre mais a nós o vosso reino de amor e, por vossa mediação, venha a nossa Pátria o reino de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor Nosso. Amém.
A NOSSA SENHORA APARECIDA
Ó Senhora Aparecida, Mãe querida, tenho tanta confiança em Vós, que espero a vossa proteção e vosso amparo em todos os passos de minha vida e na hora da morte. Amém.
Fonte: Khristianós

Hora Santa: Quinta-Feira Santa e a prisão do Sacrário.
Temos a honra de publicar esta belíssima Hora Santa composta especialmente para o dia de hoje pelo Padre Mateo Crawley-Boevey, membro da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Tendo sido curado milagrosamente no Santuário das aparições do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria em Paray-le-Monial, França, Pe. Mateo decidiu então conquistar os lares, sociedades e nações para o Sagrado Coração. Com ordens de São Pio X, iniciou sua cruzada pela Entronização do Sagrado Coração nos lares. Por quarenta anos percorreu o mundo promovendo suas famosas Horas Santas, implorando às famílias cujos lares já eram consagrados ao Sagrado Coração que não deixassem Nosso Senhor solitário, especialmente nas quintas-feiras que antecediam a primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração. Até sua morte em 1960, Padre Mateo, o grande Apóstolo do Sagrado Coração, lançava em suas publicações apelos pela Comunhão reparadora, freqüente e diária, a devoção ao Santo Rosário e até mesmo o reconhecimento pela ONU dos direitos de Cristo Rei.
Coluna do Padre Élcio: O desvirtuamento dos documentos pontifícios aproveita aos comunistas.
CARTA PASTORAL prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista. Escrita em 13 de maio de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória (continuação).
Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 30 de março de 2019.

Ainda neste assunto, queremos fazer uma última advertência aos Nossos amados filhos, pondo-os de sobreaviso com relação à maneira como, por vezes, se interpretam os ensinamentos pontifícios que tratam das questões sociais.
Como é sabido, os Papas, especialmente Leão XIII e Pio XI, se ocuparam dessas questões, em documentos solenes, entre os quais as famosas Encíclicas “Rerum Novarum” e “Quadragesimo Anno”. Neles, a par das obrigações registram-se e defendem-se também os direitos dos operários. Por este lado, podem os comunistas e comunizantes abusar dos próprios documentos eclesiásticos. É preciso, pois, ao fazer deles uso, cuidar que nossa atitude não venha a favorecer a consecução de objetivos socialistas e comunistas. Cautela tanto mais oportuna, quanto é requente em certos movimentos sociais salientar-se apenas a parte econômica desses ensinamentos pontifícios, deixando-se em segundo plano, ou inteiramente no esquecimento, a insistência dos Papas sobre o indispensável revigoramento da Fé, a imprescindível reforma dos costumes, e outros meios de ordem espiritual necessários para que se elimine a inquietação provocada pela economia laica moderna. Além disso, mesmo na parte econômica, é comum apegarem-se muitos ao que é acidental e até marginal nas Encíclicas, como se fora o núcleo central, o objetivo primeiro delas.
Exemplo: o alarido em torno da co-gestão e da participação nos lucros. É o que se dá, por exemplo, com a participação dos operários nos lucros das empresas, preconizada na “Quadragesimo Anno” (cf. A. A. S., vol. 23, p. 199). Fala o Papa de modo opinativo – “Julgamos que dentro do possível” – e incidentemente, pois que se pode tirar todo o trecho, sem que se mude em nada o sentido da Encíclica. E, não obstante, faz-se tanto alarido em torno desse ponto – erigido até em programa de partidos políticos que pretendem ser cristãos – como se constituísse a grande lição da “Quadragesimo Anno”. Não forçamos a expressão. Mais ou menos por toda parte, como que sob uma palavra de ordem, difundiu-se essa opinião. Tanto assim que Pio XII se sentiu na obrigação de dar ao trecho em questão o seu justo valor dentro da Encíclica e da doutrina de seu Predecessor. Fê-lo em várias oportunidades. Citemos uma: a alocução que dirigiu em 3 de janeiro de 192 ao Conselho Nacional da União Cristã dos Diretores de Empresa. Advertiu então o Pontífice: “Fala–se hoje muito de uma reforma de estrutura da empresa, e os que a promovem pensam em primeiro lugar em modificações jurídicas entre os que dela são membros, sejam os empresários, ou os dependentes incorporados na empresa em virtude do contrato de trabalho.
À Nossa consideração não podiam escapar as tendências que se infiltram em tais movimentos, as quais não aplicam – como se aduz – as incontestáveis normas do direito natural às condições mudadas do tempo, mas simplesmente as excluem. Por isso, em Nosso discurso de 7 de maio de 1949 à União Internacional das Associações Patronais Católicas, e no de 3 de junho de 1950 ao Congresso Internacional de Estudos Sociais, Nos opusemos a tais tendências, não tanto, na verdade, para favorecer os interesses materiais de um grupo antes que os de um outro, mas para assegurar a sinceridade e a tranquilidade de consciência de todos aqueles a quem se referem estes problemas. Nem Podíamos ignorar as alterações com as quais se deturpavam as palavras de alta sabedoria de Nosso glorioso Predecessor Pio XI, atribuindo o peso e a importância de um programa social da Igreja, em nosso tempo, a uma observação totalmente acessória sobre as eventuais modificações jurídicas nas relações entre os trabalhadores sujeitos ao
contrato de trabalho e a outra parte contratante” (“Discorsi e Radiomessaggi”, vol. 13, p. 465).
Mais tarde, em 14 de setembro do mesmo ano de 1952, na já citada radiomensagem aos católicos austríacos, torna o Papa a dizer que a Igreja se recusa terminantemente a deduzir do contrato de trabalho qualquer direito do empregado à co-direção ou à co-propriedade da empresa (cf. “Discorsi e Radiomessaggi”, vol. 14,. p. 313). Pretender, pois, impor tais participações, como se constituíssem exigência da doutrina da Igreja, é um erro que favorece o ambiente de agitação e antagonismo de classes propício à consecução dos objetivos comunistas. É, ainda que inconscientemente, colaborar com o maior inimigo da civilização cristã.
Ao estudo e à difusão das Encíclicas aplica-se o axioma dos escolásticos: “Bonum ex integra causa, malum ex quocumque defectu”. Assim, a doutrina delas é doutrina de salvação quando tomada na sua integridade harmoniosa, e pode produzir péssimos frutos quando mutilada pela consideração de uma só parte isolada do todo. Nas relações com patrões e operários, não nos esqueçamos do exemplo do Filho de Deus. Jesus amou os pobres, deles Se compadeceu, aliviou-lhes as misérias. Nem por isso desprezou os ricos, que ele também veio salvar. Assim, dedicou profunda amizade à família rica e principesca de Lázaro, Marta e Maria, em cuja casa gostava de repousar das labutas do apostolado.
Como era Santo Afonso no confessionário.
Vamos transcrever (na presente obra) esta bela página do Pe. Tellería, da vida de Santo Afonso que escreveu, com tanto esmero sobre nosso Pai:
“Nesse ministério de reconciliação, tinha Afonso seu estilo próprio, não muito diferente do que em tempos modernos empregava o santo cura d’Ars. A cordialidade de alma se unia ao seu gesto de espontaneidade tipicamente napolitano. […] Quanto mais tímido e receoso se aproximava o pecador, maior parecia sua ternura de pai que Afonso demonstrava.
“Ei- dizia- coragem; vai fazer agora uma excelente confissão, diga-me tudo com liberdade, não te envergonhes de nada. Nem sequer importa que não tenha feito o exame (de consciência) a fundo; basta com que respondas ao que vou perguntar. Agradece a Deus porque te esperou até esse instante: a partir de agora terás que mudar de vida. Alegra-te, portanto, pois certamente Deus te perdoa se tens boa intenção. Esperou-te precisamente para te perdoar! Diga-me então, o que tens na alma.”
Assim confortado, revelava o culpado os segredos de sua consciência, não interrompia Afonso de ordinário, nem desmotivava o penitente com reprovações, nem fazia “caras” de escândalo; quando pediam alguma aclaração, respondia com uma frase de gravidade da culpa, normalmente esperava ao término da acusação dos pecados para intervir a fundo e aplicar a lei da integridade sacramental.
Cuidava logo de reforçar no penitente a dor de suas culpas e o propósito de emenda: “Meu filho, verdade que sua vida foi uma vida digna de condenação? Que mal te fez Jesus Cristo para que O tratasse assim? Se Jesus Cristo foi teu principal inimigo, teria tratado Ele pior? A um Deus que morreu por ti! Se tivesse morrido nesse tempo, qual seria seu fim eterno? Estaria condenado para sempre! Que achas disso? Se continuas vivendo dessa maneira, vai conseguir se salvar? Não vê que se condenarás? Ânimo, pois, meu filho, procura se converter agora, entregue-se a Deus, basta das ofensas até agora cometidas! Quero ajudar em tudo o que eu possa, vem procurar-me quando queira. Faça-se santo a partir de agora, recupera o ânimo! Oh, que belo é viver na graça de Deus!”
Por fim ajudava a fazer o ato de contrição, recomendava os remédios contra as recaídas e assinalava a penitência. Ainda nos casos que deveria negar ou indeferir a absolvição, fazia com termos delicados deixando a porta aberta à esperança: “Olhe, te espero tal dia: não deixes de vir, mostra-te corajoso como disse, reze à Virgem e vem me procurar. Se estou no confessionário se aproxima e te farei passar na frente antes que os demais; ou bem me chame e deixarei tudo para vir te escutar.”
Segundo afirmou no processo o Pe. Corsano: “ não tinha Afonso memória de ter despedido a ninguém sem o beneficio da absolvição.” (San Alfonso Maria de Ligorio, I , 703-704)
Extraído do livro: “Espiritualidad Redentorística, pelo P. Rogelio M. Fernandez, CSSR, 1959, Madrid, pág. 663-4.