Como era Santo Afonso no confessionário.

Vamos transcrever (na presente obra) esta bela página do Pe. Tellería, da vida de Santo Afonso que escreveu, com tanto esmero sobre nosso Pai:

“Nesse ministério de reconciliação, tinha Afonso seu estilo próprio, não muito diferente do que em tempos modernos empregava o santo cura d’Ars. A cordialidade de alma se unia ao seu gesto de espontaneidade  tipicamente napolitano. […] Quanto mais tímido e receoso se aproximava o pecador, maior parecia sua ternura de pai que Afonso demonstrava.

Santo Afonso Maria de Ligório.

Ei- dizia- coragem; vai fazer agora uma excelente confissão, diga-me tudo com liberdade, não te envergonhes de nada. Nem sequer importa que não tenha feito o exame (de consciência) a fundo; basta com que respondas ao que vou perguntar. Agradece a Deus porque te esperou até esse instante: a partir de agora terás que mudar de vida. Alegra-te, portanto, pois certamente Deus te perdoa se tens boa intenção. Esperou-te precisamente para te perdoar! Diga-me então, o que tens na alma.”

Assim confortado, revelava o culpado os segredos de sua consciência, não interrompia Afonso de ordinário, nem desmotivava o penitente com reprovações, nem fazia “caras” de escândalo; quando pediam alguma aclaração, respondia com uma frase de gravidade da culpa, normalmente esperava ao término da acusação dos pecados para intervir a fundo e aplicar a lei da integridade sacramental.

Cuidava logo de reforçar no penitente a dor de suas culpas e o propósito de emenda: “Meu filho, verdade que sua vida foi uma vida digna de condenação? Que mal te fez Jesus Cristo para que O tratasse assim? Se Jesus Cristo foi teu principal inimigo, teria tratado Ele pior? A um Deus que morreu por ti! Se tivesse morrido nesse tempo, qual seria seu fim eterno? Estaria condenado para sempre! Que achas disso? Se continuas vivendo dessa maneira, vai conseguir se salvar? Não vê que se condenarás? Ânimo, pois, meu filho, procura se converter agora, entregue-se a Deus, basta das ofensas até agora cometidas! Quero ajudar em tudo o que eu possa, vem procurar-me quando queira. Faça-se santo a partir de agora, recupera o ânimo! Oh, que belo é viver na graça de Deus!”

Por fim ajudava a fazer o ato de contrição, recomendava os remédios contra as recaídas e assinalava a penitência. Ainda nos casos que deveria negar ou indeferir a absolvição, fazia com termos delicados deixando a porta aberta à esperança: “Olhe, te espero tal dia: não deixes de vir, mostra-te corajoso como disse, reze à Virgem e vem me procurar. Se estou no confessionário se aproxima e te farei passar na frente antes que os demais; ou bem me chame e deixarei tudo para vir te escutar.”

Segundo afirmou no processo o Pe. Corsano: “ não tinha Afonso memória de ter despedido a ninguém sem o beneficio da absolvição.” (San Alfonso Maria de Ligorio, I , 703-704)

Extraído do livro: “Espiritualidad Redentorística, pelo P. Rogelio M. Fernandez, CSSR, 1959, Madrid, pág. 663-4.

Coluna do Padre Élcio: Como se faz o jogo do adversário.

ARTA PASTORAL prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista. Escrita em 13 de maio de 1961 pelo então Bispo da Diocese de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória (continuação).

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 16 de março de 2019.

Vêm a propósito algumas observações sobre a maneira como, inconscientemente embora, se chega a auxiliar em certos casos o movimento comunista.

Omissões e silêncios que favorecem os comunistas 

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O Papa Pio XI ao lado de seu sucessor, o Cardeal Eugenio Pacelli, futuro Pio XII.

O comunismo, como se sabe  –  e esta é sua característica mais visível   –  é contrário à propriedade privada. A anulação desse direito constitui para ele uma das metas a atingir para chegar ao ideal supremo da sociedade sem classes (cf. Enc. “Divini Redemptoris”, ibid., p. 70); e, como sempre, a campanha contra a propriedade privada é conduzida por seus asseclas sem a menor atenção à ordem moral, aos direitos legitimamente adquiridos, uma vez que para os comunistas  – convém tê-lo sempre presente  –  não há freio moral (cf. Enc. cit. bid.). Eles se movem unicamente pela consideração do que é útil à finalidade da seita.

Ora, é patente que, na atual ordem de coisas, aquele instituto, não rara vezes, tem sido utilizado de modo abusivo. Os Papas o reconhecem. É, pois, certo que tais abusos devem ser eliminados.

Um movimento destinado a abolir os abusos da propriedade privada, e a levar os proprietários a fazer uso honesto de seus bens, é em si benemérito. Acontece, não obstante, que facilmente pode ele favorecer o comunismo. Basta que não afirme de maneira enérgica e categórica que o instituto da propriedade privada é legítimo, para que a campanha auxilie a criação de um clima hostil aos proprietários enquanto tais, apresentados pelos comunistas como parasitas da sociedade. Não é só. Cumpre que um movimento assim saliente bem o interesse social que há na existência da classe dos proprietários, da qual se beneficiam todos, especialmente os menos galardoados pela fortuna. É a advertência de Pio XI. Assinala o Pontífice que “a própria natureza exige a repartição dos bens em domínios particulares PRECISAMENTE [grifo nosso] a fim de poderem as coisas criadas servir ao bem comum de modo ordenado e constante” (Enc. “Quadragesimo Anno”, A. A. S., vol. 23, pp. 191-192). Este princípio, acrescenta o Papa, deve tê-lo “continuamente diante dos olhos quem não quer desviar-se da reta senda da verdade”. É enfim preciso que a campanha de que tratamos não fique em reivindicações vagas, mas antes tome todo o cuidado em não exagerar de tal maneira as restrições ao direito de propriedade, que atinja também a própria existência dele. Assim, por exemplo, não se há de exigir por justiça o que pertence as outras virtudes, como sabiamente ensinava Pio XI (cf. Enc. cit. ibid., p. 192).

Em vários documentos de Pio XII nota-se a preocupação com os movimentos surgidos para combater os abusos da propriedade privada, ou do capitalismo (palavra de que ardilosamente se serve o comunismo para confundir o direito de propriedade com as injustiças da atual ordem econômica). A preocupação do saudoso Pontífice revela como houve excessos nessas campanhas. Citemos apenas o trecho da radiomensagem dirigida ao Congresso Católico de Viena em 14 de setembro de 1952, pelo qual se vê quanto interessa aos comunistas a falta de uma afirmação nítida do direito de propriedade. Eis as palavras de Pio XII: “É preciso impedir a pessoa e a família de se deixarem arrastar para o abismo, onde tende a lançá-las a socialização de todas as coisas, ao fim da qual a terrível imagem do LEVIATAN tornar-se-ia uma horrível realidade”, na qual soçobrariam “a dignidade humana e a salvação das almas”.  Como impedir este desastre? Mediante a afirmação categórica do direito de propriedade. Continua, realmente o Papa: “É assim que se explica a especial insistência da doutrina social católica sobre o direito de propriedade privada. É a razão profunda pela qual os Papas das Encíclicas sociais e Nós mesmo Nos recusamos a deduzir, seja direta, seja indiretamente, da natureza do contrato de trabalho, o direito de co-propriedade do trabalhador ao capital e, portanto, seu direito de co-direção” (Radiomensagem ao “Katholikentag” de Viena, de 14-9-1952, “Discorsi e Radiomenssaggi”, vol. 14, p. 313).

As expressões do Papa são para nós sábia advertência. A Igreja apresenta como ponto inalterável de sua doutrina o direito de propriedade privada, resultante da natureza e objeto de um dos Mandamentos do Decálogo. Faz portanto ele parte dos fundamentos da civilização cristã, cuja manutenção, pela observância dos vínculos jurídicos que a compõem, é um dever grave que obriga a todos os fiéis. Por isso, a Igreja mantém-se vigilante em face dos atentados que contra esse direito se sucedem na agitação da sociedade de hoje, trabalhada pelo espírito socialista. Ouvimos o pranteado Papa Pio XII a falar para o Congresso Católico de Viena. Firmemo-nos na doutrina pontifícia para não aceitarmos as limitações propugnadas por um não se sabe que novo cristianismo progressista, as quais vulneram o direito de possuir nascido da própria natureza. Deixar este último, com efeito, ao sabor de dispositivos legais imprecisos e indeterminados, de medidas como a desapropriação pelo chamado interesse social, quando feita sem causa justa e demonstrada, ou ainda sem indenização correspondente ao valor real e feita em tempo hábil, é mutilá-lo no que lhe é essencial. Os Papas, que tanto e tão energicamente salientaram o papel que a propriedade privada tem na sociedade, jamais a reduziram a mera função social.

O jejum e a abstinência na lei da Igreja.


Jejum e abstinência no Novo Código de Direito Canônico de 1983.

Os dias e períodos de penitência para a Igreja universal são todas as sextas-feiras de todo o ano e o tempo da Quaresma [Cânon 1250]. A abstinência de carne ou de qualquer outro alimento determinado pela Conferência Episcopal deve ser observada em todas as sextas, exceto nas solenidades. [Cânon 1251].

A abstinência e o jejum devem ser observados na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. [Cânon 1252]. A lei da abstinência vincula a todos que completaram 14 anos. A lei do jejum vincula a todos que chegaram à maioridade, até o início dos 60 anos [Cânon 1252].

Jejum e abstinência tradicionais conforme o Código de Direito Canônico de 1917.

Entre 1917 e o Novo Código de 1983, certos países tinham dias de jejum e abstinência particulares, e.g., os Estados Unidos tinham a vigília da Imaculada Conceição em vez da Assunção como dia de abstinência; dispensas para S. Patrício e São José, etc. Não é possível relacioná-los todos. Publicamos as prescrições do código de 1917, com menção da extensão do jejum e abstinência até meia noite do Sábado Santo que foi ordenada por Pio XII.

Dias de jejum simples:

O jejum consiste numa refeição completa e duas menores, que juntas são menos que uma refeição inteira. Não é permitido comer entre as refeições, mas líquidos podem ser tomados. É permitido comer carne em dia de jejum simples. Os dias de jejum simples são: segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Quaresma. [Cânon 1252/3]

Todos eram vinculados à lei do jejum a partir dos 21 até os 60 anos.

Dias de abstinência:

A abstinência consiste em abster-se de comer carne de animais de sangue quente, molhos ou sopa de carne nos dias de abstinência. A abstinência era em todas as sextas-feiras, a não ser que fosse um Dia de Guarda [cânon 1252/4]. A lei da abstinência vinculava a todos que tinham completado 7 anos de idade. [Cânon 1254/1].

Dias de jejum e abstinência:

O jejum e abstinência consistem numa refeição completa e duas refeições menores que juntas são menos que uma refeição inteira. Não era permitido comer carne de animais de sangue quente, molhos e sopas de carne. Não era permitido comer entre as refeições, embora bebidas pudessem ser tomadas. Esses dias eram: quarta-feira de cinzas, toda sexta e sábado da Quaresma (até meia noite no Sábado Santo), em cada uma das Quatro Temporas, Vigília de Pentecostes, Assunção, Todos os Santos e Natal. [Cânon 1252/2]

Os dias tradicionais de abstinência aos que usam o Escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo são Quartas e Sábados.

Fonte: The year of Our Lord Jesus Christ 2009, The Desert Will Flower Press.

(Post originalmente publicado na quaresma de 2009)

“De Maria numquam satis”.

“De Maria numquam satis”, dizem os Santos. Não se deve dizer basta nos louvores a Maria Santíssima. Não temamos cultuá-la excessivamente. Estamos sempre muito aquém do que Ela merece. Não é pelo excesso que nossa devoção a Maria falha. E sim, quando é sentimental e egoísta. Há devotos de Maria que se comovem até às lágrimas, e, no entanto, se ajustam, sem escrúpulos, à imodéstia e à sensualidade dominantes na sociedade de hoje. Sem imitação não há verdadeira devoção marial.

Consagremos, realmente, a Maria Santíssima nossa inteligência e nossa vontade, com a mortificação de nossa sensibilidade e de nossos gostos, e Ela cuidará de nossa ortodoxia. “Qui elucidam me vitam aeternam habebunt” (Eclo 24,31) – [Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna] -, diz a Igreja de Maria. Os que se ocupam de fazê-la conhecida e honrada terão a vida eterna.

Dom Antônio de Castro Mayer.

Quando eu era jovem teólogo, antes e até mesmo durante as sessões do Concílio, como aconteceu e como acontecerá a muitos, eu alimentava uma certa reserva sobre algumas fórmulas antigas como, por exemplo, a famosa De Maria nunquam satis – “Sobre Maria jamais se dirá o bastante”. Esta me parecia exagerada.

Encontrava dificuldade, igualmente, em compreender o verdadeiro sentido de uma outra expressão bastante famosa e difundida repetida na Igreja desde os primeiros séculos, quando, após um debate memorável, o Concílio de Éfeso, do ano 431, proclamara Nossa Senhora como Maria Theotokos, que quer dizer Maria, Mãe de Deus, expressão esta que enfatiza que Maria é “vitoriosa contra todas as heresias”.

Somente agora – neste período de confusão em que multiplicados desvios heréticos parecem vir bater à porta da fé autêntica –, passei a entender que não se tratava de um exagero cantado pelos devotos de Maria, mas de verdades mais do que válidas.

Cardeal Joseph Ratzinger – Entretiens sur la Foi, Vittorio Messori – Fayard 1985.

(Publicado originalmente na festa da Imaculada Conceição de 2008)

Pesadelo ou Demônio?

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com

Caríssimos, o que vou contar aqui foram fatos que se deram comigo. O primeiro talvez explique os seguintes.

Na explicação da Epístola do domingo, 14 de outubro passado, no meio do sermão, veio-me uma inspiração de contar um fato que se deu comigo no dia 26 de setembro de 1974, fato este que nunca havia contado publicamente e, particularmente, só a umas três pessoas.

São Miguel ArcanjoE o motivo é porque procurava interpretá-lo como um pesadelo, embora meu superior me tivesse dado a certeza que se tratava de um ataque do demônio. Hoje, com a experiência de 44 anos de sacerdócio, já aceito a opinião de meu ex-reitor no Seminário que então funcionava nas dependências da Igreja de Nossa Senhora do Terço em Campos, RJ, onde se deu o fato que passo a contar unicamente pensando que possa fazer algum bem às almas.

Este meu superior, que também era pároco desta mesma Igreja, Cônego José Luiz Villac, pediu que eu pregasse na festa de S. Miguel Arcanjo, celebrada no dia 29 de setembro. Seria meu primeiro sermão, pois tinha sido ordenado diácono em 1974 e só em 08 de dezembro do mesmo ano seria ordenado sacerdote. Durante a novena do Santo Arcanjo da Milícia Celeste, estava preparando o sermão. Era o dia 26 de setembro de 1974 e meu colega, o diácono Fernando Areas Rifan, não estava, não me lembro porque razão. E eis o que aconteceu.

No meio da noite, não me lembro a que horas, eu estava dormindo. Graças a Deus nunca tive problemas no sono. Dormia como uma pedra. Mas, eis que, de repente, senti que uma serpente e logo depois uma espécie de tênue sombra sem forma bem definida se atirou contra mim, como para me estrangular. Voei da cama e rolei com aquele ser quase invisível, mas, não sei como; pois, sem vê-lo, eu o acompanhei em todos os recantos de meu quarto e o tempo todo eu procurava atingi-lo com socos. Havia um monte de malas ao lado de minha mesa de trabalho onde esculpia e pintava. Inclusive, neste mesmo dia, havia acabado de esculpir e pintar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Pois bem, com socos, derrubei malas pesadas, derrubei tudo o que estava sobre a mesa, menos, graças a Deus, a imagem que estava no meio da mesa cercada dos meus objetos de escultura e pintura. Não saberia dizer quanto tempo durou a briga. O fato é que o seminarista que dormia no quarto vizinho acordou com o barulho, e depois de ver que o barulho não parava, achou (como ele me disse) que estivesse me defendendo de algum ladrão. Criou coragem e bateu na minha porta. Aí é que acordei. Abri o porta e ele (era o seminarista José Gualandi) disse assustadíssimo: Que foi isto, Murucci? Tem ladrão aí? Você está com a rosto todo cheio de sangue! Falei: não é possível! Mas fui olhar no espelho e confesso que fiquei apavorado. Olhei as mãos e estavam com vários galos e hematomas. Como nunca fui um homem assustado, fui deitar e dormi tranquilamente. Mas no outro dia cedo correu a notícia dentro do Seminário e meu reitor, o Revmo. Cônego José Villac, quis me ver e ficou convicto que fora o demônio que me atacou porque iria pregar na festa de S. Miguel Arcanjo. O detalhe interessante é que todas aqueles hematomas e feridas, no outro dia à tarde, já haviam sumido inteiramente, ficando apenas uma pequena marca nos lábios até hoje.

Outros fatos: Fui ordenado sacerdote em 08 de dezembro de 1974 e no início do ano seguinte, D. Antônio de Castro Mayer, de saudosa memória, colocou-me nesta mesma paróquia de Nossa Senhora do Terço. E poucos dias após a posse, apareceu na sacristia onde eu estava um homem desconhecido. Disse-me: padre gostaria de conversar em particular com você. Chamei-o para uma sala mais retirada. Ele disse-me: Padre, eu desde bem novo sempre me envolvi com coisas relacionadas ao demônio. Cheguei até aos mais altos graus. Agora, estão me dizendo que, para eu conseguir o máximo, tenho que entregar minha alma ao demônio. Que você acha? Respondi-lhe: não acho nada, devemos ter certeza de estarmos com Deus e rejeitarmos o demônio. Aí disse tudo o que ele devia fazer. Não respondeu nada, despediu-se e foi-se embora. Qual foi sua intenção, só saberei no dia do juízo.

Outro fato: Era meu sacristão o Sr. Ayres Penha, de santa memória. Quando me lembro dele, fico pensando que foi um santo, e como era negro, penso que foi um outro S. Benedito. Que rapaz educado e caridoso! Todos os campistas que tiveram a graça de conhecê-lo devem concordar comigo: já deve estar no céu. Pois bem! Um dia ele disse-me: Padre Elcio, fique atento, porque fiquei sabendo que há na cidade uma mulher extremamente estranha, é uma agente comunista de S. Paulo, mas que percorre o Brasil todo com uma missão diabólica: seduzir os padres que pregam contra o comunismo. Caso ela não consiga, ela espalha calúnias contra eles. E acho que ela usa o confessionário, porque ali o padre fica sem defesa por causa do sigilo sacramental. Por isso, se ela aparecer e pedir confissão V. Reverendíssima, não atenda! Agradeci muito a ele. No outro dia uma mulher ligou pra mim pedindo confissão. Perguntei: a senhora é paroquiana minha? Ela não quis dizer de onde era. Só disse que: “não sou daqui”. Pedi que ela viesse depois de três dias e marquei a hora e disse que, primeiro, gostaria de conversar em particular com ela. Como eu tinha em Campos um grande amigo militar, por sinal capitão, expus pra ele toda esta história. Ele disse que iria combinar tudo com o Serviço Nacional de Informação, SNI. A sacristia era separada da sala dos paramentos com uma cortina, e os agentes do SNI ficaram atrás com os microfones. A estranha mulher chegou na hora exata e parou na porta e perguntou: não tem ninguém aqui para gravar minha conversa? Disse-lhe sem mentir: Fique tranquila e sente-se aqui.

Hoje, com minha longa experiência em exorcismos, tenho certeza que aquela mulher estava possessa. Ela desviou a conversa e não falou nada que pudesse comprometê-la. A não ser pelo demônio ela não podia saber e nem de longe desconfiar de nada. Mas, ao sair foi seguida dos agentes do SNI. O que se deu depois não sei.

Atendendo os doentes, porém, topei com uma mulher que me pareceu ser a tal comunista. Mas, como não tinha certeza, fui conversar com ela. Pois bem, ela não quis se confessar, mas suas conversas foram no sentido de me seduzir, e quando começou a me tocar com maldade, virei as costas e sai quase correndo. Mas tive a inspiração de pedir no hospital a prancheta onde estavam os seus dados pessoais. Sendo eu padre e prometendo guardar segredo, logo mo cederam. Só posso dizer que ficou confirmado ser a tal comunista possessa.

Caríssimos, os comunistas, que são na verdade ateus, mas, vão às missas celebradas por comunistas padres e nela comungam, embora sejam favoráveis à lei do aborto e a tudo o que destrói a família, podem estar certos, estão possessos de demônios, espíritos malignos espalhados pelos ares.

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, defendei a nossa querida Pátria do Comunismo! Amém!

Coluna do Padre Élcio: “A abominação da desolação no Lugar Santo”.

Evangelho do 24º Domingo depois de Pentecostes – o último do ano litúrgico — S. Mateus XXIV, 15-35.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 24 de novembro de 2018

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Quando virdes no lugar santo a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, quem ler, entenda. Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; e o que se achar no terraço, não desça para ir buscar coisa alguma de sua casa; e o que estiver no campo, não volte para tomar a sua túnica. Ai, porém, das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Rogai, pois, que a vossa fuga não seja nem no inverno, nem em dia de sábado. Porque haverá grande aflição, qual nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. E se estes dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas, por causa dos Eleitos, serão abreviados esses dias. Então, se alguém vos disser: Aqui está Cristo, ou Ele está ali, não lhes deis crédito. Porque, se levantarão falsos Cristos e profetas, e farão tão grandes prodígios e milagres, que (se fosse possível) até os Eleitos seriam enganados. Vede que já vo-lo predisse. Se, pois, vos disserem: Ei-lo, está no deserto, não saiais. Ei-lo, aqui, no interior da casa, não lhes deis crédito. Porque, como o raio parte do Oriente e é visível até o Ocidente, assim, será a vinda do Filho do homem. Onde quer que esteja o corpo, aí se ajuntarão as águias. Logo após a tribulação daqueles dias, o sol se escurecerá, a lua não dará mais a sua luz, as estrelas cairão do céu, e as forças do céu serão abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande poder e glória. E enviará seus Anjos com forte clamor de trombetas e reunirão os eleitos, dos quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus. Da figueira aprendei, pois, uma comparação. Quando seus ramos já estão tenros e as folhas brotam, sabeis que já está próximo o verão; assim, também, quando virdes todas estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas se cumpram. Passará o céu e a terra, mas minhas palavras não passarão”.

 

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Estamos no último Domingo do Ano Litúrgico. É a profecia de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a ruína de Jerusalém e sobre o fim do mundo. Para boa compreensão deste Evangelho não se deve perder de vista que Nosso Senhor fala, ao mesmo tempo, da ruína de Jerusalém e do fim do mundo. Os desastres espantosos e extraordinários que assinalaram o fim do povo judeu são apenas uma imagem da confusão e desordem que há de preceder o fim do mundo. Jesus parece ter diante de si, um só espetáculo, onde estão confundidos estes dois acontecimentos, e os pormenores que Ele profetisa, são aplicáveis, ora à tomada de Jerusalém, ora ao fim do mundo, ora aos dois fatos indistintamente.

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Em resumo Jesus Cristo ensina: que o Templo e a cidade de Jerusalém serão destruídos; que no fim do mundo (que só Deus sabe quando é) Ele voltará  em sua glória para julgar todos os homens. O Divino Mestre alerta os seus discípulos que não devem dar crédito aos falsos cristos que aparecerão e nem temer as perseguições, mas perseverar até o fim.

Devem estar sempre preparados, porque o dia do juízo virá como um ladrão, quando menos se esperar. Alguns sinais, no entanto, podem indicar sua proximidade. Mesmo assim, é preciso lembrar o que diz a Bíblia: “Mil anos, diante do Senhor, é como um dia” (2 Pedro III, 8).  Pouco depois da morte de Nosso Senhor, surgiram muitos falsos profetas que se apresentaram como sendo o Messias. Tinham por objetivo principal sublevar o povo contra a odiosa dominação dos romanos, e, entre muitos distinguiram-se Teudas que arrasta as multidões a caminho de Jerusalém, levando-as a acreditar que o Jordão se abriria à sua passagem; Barchochebas e Simão, o Mago, que multiplica simulacros de prodígios e esparge redes de enganos. “Antiguidades”, de Josefo, são como que um comentário das palavras evangélicas. Aos ruídos de guerra sucede a própria guerra, guerra de morte na Palestina, em todas as regiões do Império. A esterilidade é contínua – dizia o historiador Suetônio. Perto de Nápoles, o solo tremia já com rugidos sinistros. Jerusalém e Roma estremeciam com um terremoto, e se sentia já o começo das dores, quer dizer, a perseguição, as cruzes, as bestas, as luminárias, erguidas, soltas, acesas pelo verdugos de Nero. E chega a abominação da desolação; o Templo convertido em cidadela das tropas do governador da Síria, a cidade entregue à tirania, o efod pontifical adornando o peito de um labrego, as hordas de João de Giscala fechando as portas da cidade, e Tito caminhando a marchas forçadas, para erguer à sua volta fossos, torres e muros e fazer dela o sepulcro do povo de Israel. “Jamais povo algum, – dizia Josefo – terá sofrido tantas calamidades, misturadas com tantos crimes”. O próprio Tito, imperador Romano, confessava que Deus tinha combatido pelos sitiantes, cegando os judeus e arrancando-lhes os seus baluartes inexpugnáveis. Em sete meses de assédio, morreu mais de um milhão de homens, e os que ficaram foram distribuídos por todas as províncias do Império com a marca de escravos na fronte. Josefo diz que tal foi a fome, que as mães chegaram a devorar os próprios filhos. Se as desgraças do mundo inteiro desde a criação, fossem comparadas às que os judeus sofreram então, achar-se-iam inferiores a elas”.

Segundo São Jerônimo, é preciso ter estado na Palestina para julgar da situação das suas cidades e praças, após o seu tremendo castigo. “Apenas se descobrem, diz ele, alguns vestígios de ruínas onde outrora se levantaram grandes cidades. Os pérfidos vinhateiros, depois de ter assassinado os servos, e, finalmente, o Filho de Deus, não têm mais agora o direito de entrar na cidade de Jerusalém senão para chorar, e ainda para que lhes seja permitido chorar sobre as ruínas da cidade santa, são obrigados a pagar um certa soma de dinheiro. Os que outrora tinham comprado o sangue de Jesus Cristo, compram agora as suas próprias lágrimas. Vede este povo lúgubre que chega no aniversário da tomada de Jerusalém e da sua destruição pelos romanos. Essas velhas decrépitas, estes velhos carregados de anos e andrajos, são outras tantas testemunhas da cólera de Deus. O bando miserável se reúne, e enquanto brilha o instrumento do suplício do Salvador na Igreja da
Ressurreição, enquanto o estandarte da Cruz está deslumbrantemente desdobrado por sobre o monte das Oliveiras, este povo desgraçado chora sobre as ruínas do seu Templo”.

Sobre o Templo de Jerusalém Jesus dissera que não ficaria pedra sobre pedra. Esta profecia se cumpriu no ano 70, quando depois de tomarem Jerusalém, os soldados chefiados por Tito atearam fogo ao Templo. Mais tarde Juliano Apóstata, com a intenção de reedificá-lo, destruiu completamente a parte que ficara. Que será de nós, ó Senhor, no dia em que nos chamardes a dar-vos contas? Com um coração traspassado de dor, nós  Vos pedimos humildemente perdão. Amém!

Coluna do Padre Élcio: “Abrirei em parábolas os meus lábios”.

 Evangelho do 26º Domingo depois de Pentecostes – Transferido o 6º domingo depois da Epifania.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 17 de novembro de 2018

Naquele tempo, propôs Jesus ao povo esta parábola: O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou em seu campo. Este grão é, em verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida, é a maior de todas as hortaliças e chega a tornar-se uma árvore, de maneira que as aves do céu vêm e fazem seus ninhos entre os seus ramos. Disse-lhes ainda outra parábola: O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que ela fique levedada. Todas estas coisas disse Jesus ao povo, em parábolas; e não lhe falava senão em parábolas, para que se cumprisse o que estava escrito pelo Profeta?Abrirei em parábolas os meus lábios e publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Neste domingo a Santa Igreja apresenta para nossa meditação, mais duas parábolas: a do grão de mostarda e a do fermento.

Os Santos Padres dão-nos vários sentidos da parábola do grão de mostarda:
Parabola da Semente de Mostarda
A parábola do grão de mostarda.
1º – PRIMEIRA SIGNIFICAÇÃO:  A pregação do Evangelho, isto é, da doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desde o princípio, com efeito, a pregação da doutrina  de Nossos Senhor foi como uma semente muito pequena, como um grão de mostarda, lançado primeiramente pelo próprio Divino Mestre e pelos Apóstolos na Judeia e depois em toda terra, no meio de contradições e de perseguições. Jesus dizia: “Quando Eu for levantado da terra, atrairei tudo a mim”. E São Paulo diz: “Prego a Jesus crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios”. Mas este grão de mostarda germinou, cresceu e fez-se árvore (na palestina o pé de mostarda chega até a três metros de altura) em que as aves do céu, isto é, as almas fiéis e generosas vêm pousar em multidão, à espera de voarem para o Céu.

2º – SEGUNDA SIGNIFICAÇÃO: A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como o grão de mostarda, a Igreja era pequena em seus começos, e está hoje espalhada por todo o mundo; tornou-se uma grande árvore onde os pássaros, isto é, os cristãos de todos os séculos, vêm buscar abrigo e alimento. Os grandes e belos ramos desta grande árvore são os ensinos que saem do firmíssimo tronco, que é a Igreja. As almas nobres e verdadeiramente aladas, os que sabem erguer-se acima das misérias da vida, encontram repouso, paz e tranquilidade, à sombra de sua doutrina.

O escândalo da cruz, a severidade da sua moral, as heresias nascentes, as terríveis perseguições durante séculos, devastando pastores e ovelhas, tudo isto parecia condenar a Igreja ao desaparecimento, como acontece com um grãozinho de mostarda que cai no chão e é pisado. Mas, ó maravilha! o pequenino grão de mostarda (já figurado pela pequenina pedra desprendendo-se da montanha, e mostrado ao profeta Elias sob a figura da pequenina nuvem que, pouco a pouco, se avoluma no horizonte) desenvolve-se admiravelmente de século para século, e transforma-se numa grande árvore que estende seus ramos até aos confins da terra e cobre o mundo inteiro com a sua benéfica sombra.

3º – TERCEIRA SIGNIFICAÇÃO: A graça de Deus em nossas almas. A graça é, muitas vezes, no princípio, quase imperceptível: é um bom  pensamento, uma santa inspiração, uma secreta impulsão, um bom exemplo, uma simples palavra… Mas esta graça germina, cresce, aumenta na alma, torna-se como uma grande árvore, e produz frutos de santidade e de salvação, que edificam e alegram toda a Igreja.

4º – QUARTA SIGNIFICAÇÃO: O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo: Referindo-se à sua Morte e Ressurreição Jesus disse que, se o grão não cair na terra e morrer, não germina e nem dá fruto. Tendo aparecido na terra pobre e humilde, vive nela vida obscura e pobre e é perseguido, reduzido a quase nada como um verme, na Sua Paixão; é sepultado e como que semeado na terra… Mas sai de lá triunfante e glorioso, estendendo a sua doutrina e o seu poder por toda a terra, e recebendo as adorações do mundo inteiro.

Vejamos agora a parábola do fermento. Esta parábola parece-se com a da mostarda; mas suscita uma ideia de certo modo diferente. Se a parábola do grão de mostarda nos revela a expansão gradual do Evangelho e o seu extraordinário desenvolvimento, esta do fermento faz-nos ver o trabalho interior da graça na alma dos eleitos.

Com efeito, aqui o fermento é tomado como figura da graça de Deus, que infundida em nossas alma por meio dos sacramentos, ali se desenvolve insensivelmente e produz frutos de santidade e de salvação, se não lhe pomos obstáculos. É mister o fervor, o calor do amor de Deus para que este fermento divino tenha todo o efeito em nossa alma. Aqui pensamos especialmente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. O pão eucarístico que a Igreja nos dá e que é posto em nós como um fermento sagrado, para nos penetrar, mudar e transformar em Jesus Cristo, fazer de nós com Ele, um mesmo espírito e uma mesma carne, a fim de que nos tornemos um pão místico, digno de ser oferecido a Deus.

Todos os fiéis que comungam, e mais especialmente os que comungam com frequência, deveriam ser para todos aqueles que os cercam ou que eles frequentam, quer fossem cristãos quer descrentes, um como fermento salutar; isto é, assim como o fermento transforma a massa, assim, o verdadeiro cristão deve operar, naqueles com quem se mistura, uma feliz transformação, convertendo-os, tornando-os melhores, fazendo deles frutos saborosos, dignos e fiéis discípulos de Jesus Cristo.

Senhor Jesus, abri os olhos da nossa alma, para que compreendamos as celestes instruções que nos dais em vossas divinas parábolas. Amém!

Coluna do Padre Élcio: “Enquanto os homens dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio entre o trigo”.

Evangelho do 25º Domingo depois de Pentecostes – Transferido o 5º domingo depois da Epifania – S. Mateus XIII, 24-30.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 10 de novembro de 2018

“Naquele tempo, disse Jesus às turbas esta parábola: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. Enquanto, porém, os homens dormiam, veio o seu inimigo, semeou o joio entre o trigo, e retirou-se. Quando a erva cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. Então os criados do pai de família foram ter com ele e lhe disseram: Senhor, porventura não semeaste boa semente em teu campo? Donde vem, pois o joio? Respondeu-lhes ele: O homem inimigo fez isto. Perguntaram-lhe os servos: Queres que vamos arrancá-lo? Não, respondeu ele, para que não suceda que tirando o joio, arranqueis juntamente com ele o trigo. Deixai crescer um e outro até a ceifa; e no tempo da ceifa, direi aos segadores: Colhei primeiro o joio e atai em feixes para o queimar, o trigo, porém, recolhei-o em meu celeiro”.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Alguns versículos mais adiante, refere São Mateus que, depois de a multidão ter partido, os discípulos se aproximaram de Jesus, pedindo-Lhe: Explica-nos a parábola da cizânia no campo.

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Jesus Cristo atende o pedido e, em poucas palavras, explica a parábola assim: Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem, que desceu a trazer à terra a verdade e a virtude. – E o campo é o mundo, que Ele veio iluminar, fecundar e salvar. – Ora, a boa semente são os filhos do reino, isto é, os justos, os eleitos, aqueles em quem a doutrina e os exemplos de Jesus frutificaram (se bem que a virtude e o estado de graça desses sejam amissíveis neste mundo – o que não acontece na ordem natural: o trigo nunca vira joio). –  E a cizânia são os filhos do espírito maligno, isto é, os maus, os ímpios, os hereges, que, pelas suas ações, são verdadeiros filhos de Satanás, (se bem que a sua malícia e corrupção possam ser lavadas e apagadas neste mundo, pela penitência – o que não acontece na ordem natural: o joio nunca vira trigo). – E o inimigo que a semeou é o demônio, que, por ódio a Deus e aos homens, faz o contrário do Salvador e semeia o erro e a mentira para nos perder. – A ceifa é a consumação dos séculos, isto é, o fim o mundo, o juízo universal. – E os ceifeiros são os Anjos, que terão o encargo de separar os bons dos maus.

Do mesmo modo, pois, acrescenta o Salvador, que a cizânia é arrancada e queimada no fogo, assim será na consumação do século. O Filho do Homem enviará os seus Anjos; eles tirarão do seu reino todos os escândalos e aqueles que operam a iniquidade; e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos de ouvir, ouça!

Caríssimos, esta parábola tem sobretudo por fim: 1º precaver-nos contra a malícia e embustes do demônio. 2º recomendar-nos a paciência com os pecadores, esperando a sua conversão; – 3º enfim, inspirar aos maus, salutar temor do juízo e do inferno, e aos bons, a desconfiança de si mesmos e a esperança da glória eterna.

Gostaria de insistir em uma observação final: Os superiores, sejam eclesiásticos, civis, militares e familiares, devem sempre vigiar porque o demônio, O INIMIGO, nunca dorme, e a ele não se pode dar lugar. Se os superiores, os governantes não estiverem sempre vigilantes, o diabo semeia a cizânia entre o trigo, isto é, introduz os maus, como por exemplo os comunistas, na Igreja, nos governos, nos exércitos; e quanto à família procuram introduzir o vírus da ideologia de gênero. Filhos que são do diabo, pai da mentira, os comunistas usam a falsidade, a astúcia, a duplicidade camaleônica, enfim a mentira. Foi sempre assim. Um padre missionário chamado George escreveu um livro com o título “God’s Under Ground”, livro este no qual narra seu apostolado clandestino em países comunistas. No capítulo V diz ter se encontrado num convento de monges com um general do Exército Vermelho. Era em território Polonês e o Padre George estava acompanhado de seus companheiros de resistência clandestina. Os comunistas tinham expulsado do tal convento alguns monges e as suas celas foram tomadas por oficiais russos. Foi aí que o Padre George encontrou-se com este general que pensou estar conversando com camaradas e assim falou abertamente: “Quanto à religião, não se espantem em ver os monges ainda aqui. Meus amigos, sabemos o que estamos fazendo. Não esquecemos que existe um irreconciliável abismo entre a religião e o Estado Soviético. O materialismo dialético nunca poderá chegar a um acordo com o Cristianismo. Nunca existiu um comunista sincero, que não fosse também ateu. Não pensem que nos esquecemos disso. Mas, no momento, o problema é complexo. Estamos agora nos assenhoreando de grande número de países católicos, como a Polônia. Este povo retardado ainda tem grande apego à sua Religião; se a atacarmos abertamente, nunca atenderão à nossa propaganda. Isto é absurdo, mas é verdade. O melhor que temos que fazer  –  e isto foi decidido nos postos mais altos de Moscou  – é desarmar a oposição inicial desta gente, alterando um pouco a nossa tática. Queremos que eles acreditem que a política mudou e que a liberdade religiosa é o projeto da URSS. Os meus homens têm ordens severas para não destruir as Igrejas destes lugares e não importunar os monges que ficaram na parte do convento a eles destinada por mim, Ficarão aqui para mostrarmos à população polonesa que nós não somos anti-religiosos. Eu mesmo, de vez em quando, vou tomar um copo de vinho com o velho abade. Nas festas principais, apareço na Igreja. Somos muito mais espertos do que os nazistas; eles se tornaram detestáveis para as populações que conquistaram no oriente, porque atacaram de frente a religião. Os senhores vêem o resultado   –  são odiados em todos os lugares. Os senhores verão. Daqui em diante vão começar a acontecer coisas estranhas para a religião. Não permitam que a confusão se estabeleça entre os camaradas; expliquem bem este plano aos membros de nossas células, como expliquei aos senhores. Estamos projetando muitas novidades para esta zona. No dia da Páscoa, por exemplo, o embaixador soviético de Constantinopla deverá comparecer à procissão da tarde, levando uma vela a fim de manifestar o seu respeito ao Patriarca Ecumênico de lá”.

Deu uma risada e comentou:

– Imaginem só! Um homem que há trinta anos faz parte dos Militantes Ateus! Eu o conheço bem. Mas devemos fazer estas pequenas coisas sem importância para o bem do Partido. O embaixador não perderá praticando essa experiência sem maldade  –  e a imprensa mundial ficará emocionada. Deixemos essa velha gente daqui ter as suas Igrejas. O nosso trabalho é com os moços. Precisamos doutriná-los completamente. Precisamos chamá-los para nós. Devemos reforçar a nossa influência com os governos futuros destes países. Graças ao acordo de Yalta. [Não é supérfluo lembrar que foi por meio deste acordo que a Rússia Soviética pôde dominar os países da chamada “Cortina de Ferro]. Mas continuou: “E então, camaradas, poderemos acelerar a marcha. Arrasar todas as escolas religiosas. Abolir os seus crucifixos antiquados. Exterminar a imprensa católica e as organizações da juventude cristã. Então, anunciaremos à população que a tal organização religiosa ortodoxa que mantivemos em Moscou era falsa”. E não há perigo. Muito em breve toda a Europa oriental será ateia. Mas agora, é mais prudente ganhar um pouco de tempo”.

Caríssimos, creio que todos devem ter compreendido. Não podemos dormir, mesmo porque os esquerdistas dizem que o comunismo hodierno é diferente; levará a felicidade aos pobres porque será adequado à realidade de cada país; não é mais aquele comunismo do século passado. Não nos deixemos enganar, não durmamos nem um segundo! Fiquem sabendo que a infiltração nos governos democráticos, pela ocupação de cargos administrativos continua a constituir uma tática poderosa dos comunistas. Que S. Excelência, o Presidente eleito do nosso Brasil cristão, fique sempre vigilante!

Ó bom Jesus, que haveis semeado em nossas almas a boa semente da vossa palavra e da vossa graça, ajudai-nos a conservá-las e a fazê-las frutificar sem mistura de cizânia, a fim de que sejamos sempre trigo puro, digno de ser recolhido nos celeiros do Vosso Pai celeste. Amém!

Coluna do Padre Élcio: “Senhor, salvai-nos, que perecemos”.

Evangelho do 24º Domingo depois de Pentecostes – Transferido o 4º domingo depois da Epifania – S. Mateus VIII, 23-27

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com, 3 de novembro de 2018

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Esta barca agitada pela tempestade é uma das mais perfeitas imagens da Igreja, que transporta sobre o mar deste mundo os discípulos e servos de Jesus. O divino Mestre está lá também, realmente presente, mas oculto e parecendo dormir. Quantas e quantas vezes, desde 20 séculos, a Igreja tem visto a sua existência ameaçada pelas tempestades! Quantas perseguições, ou cruentas e declaradas, ou surdas e hipócritas! Mas devemos ter fé porque Jesus disse: “Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. De fato, a Igreja conhece o poder d’Aquele que vela, quando parece dormir. A Igreja é indefectível, malgrado todas as borrascas: perseguições sangrentas, heresias e/ou cismas. As portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja de Cristo! A Santa Madre Igreja, nas promessas de sua origem e no desenvolvimento de sua vida sempre trouxe  o signo inconfundível da Divindade; malgrado, pois, as tempestades, as maquinações dos comunistas, os escárnios lançados contra a sua moral e seus dogmas; e não obstante as infiltrações modernistas e comunistas em suas fileiras e mesmo como veneno em suas veias, ela regenera o mundo que se efemina no prazer e se dissolve na corrupção.

Mais atualmente, serena e intangível assiste o esboroar dos tronos, o extinguir-se dos foros comunistas. Resistiu impávida e tranquila à violência dos criminosos, aos sofismas dos falsos doutores, ao gargalhar satânico da ironia impotente, à perfídia rebelde de filhos orgulhosos e corruptos, conjugados numa vasta conjuração contra a VERDADE. A Igreja, firme nas promessas de imortalidade do seu Divino Fundador, contemporiza com dignidade magnânima e, uns após outros, vai enterrando os seus inimigos não arrependidos, e generosa e alegremente, perdoando os que se humilham e se convertem. Ininterruptamente, e mesmo em tempo de crise como o nosso, a Igreja continua a semear a verdade e o bem nas almas. Se Deus conosco, quem contra nós?…

Mas em certas tempestades mais violentas, como se dá na crise atual na Igreja e na sociedade, Jesus parece dormir, enquanto que tsunamis parecem tragar-nos a nós e até a Santa Igreja. Máxime, nestas horas, é mister que resistamos fortes na fé, conservando inabalável a confiança de que Jesus, mesmo que pareça dormir, Ele vela por sua Esposa mística e por nós. Enquanto os maus tramam seus complôs, governantes conjurados contra a Igreja parecem prestes a subvertê-la e levá-la à ruína total, os fiéis atemorizados por tão ingentes perigos, chamam por Jesus. Jesus, então se levanta, comanda as ondas e os ventos; Jesus, com um seu olhar, com um sopro de sua boca, destroça os inimigos da Igreja, frustra seus malignos projetos, desfaz suas criminosas intrigas, e, então faz-se calma e a barca da Igreja retoma tranquila o seu curso através dos oceanos e serenamente leva seus filhos às praias da eterna bem-aventurança, ao porto da salvação, à Pátria do repouso eterno.

Caríssimos, hoje, nesta crise sem precedentes, se considerarmos as coisas de maneira puramente humana, não se verá de onde possa vir o socorro. Sem sombra de dúvida, porém, este socorro virá. Jamais duvidemos disto! Nosso Senhor Jesus Cristo, que parece dormir no fundo da sua barca, a Igreja, levantar-se-á, estenderá suas mãos onipotentes, seus inimigos cairão à Sua direita e à Sua esquerda, e a  Santa Madre Igreja sairá triunfante e mais forte da crise violenta em que os seus inimigos esperavam vê-la perecer. Assim sempre foi e assim sempre será!

Esta barca é também figura de nossa pobre alma, tantas vezes batida por toda espécie de tempestades, durante a viagem no mar perigoso deste mundo. A alma fiel está com Jesus; Ele acompanha-a no mar tempestuoso do mundo. É por suas ordens, é por suas inspirações, é por seus sinais que ela se engajou no tumulto dos afazeres e nos cuidados daqui em baixo. E, no entanto, embora com Jesus, na sociedade de Jesus, embora unida a Ele pela graça, a alma é sujeita às tormentas. Abandonados a nós mesmos, pereceríamos infalivelmente. Mas se Jesus está conosco e é a nosso favor, que receio podemos ter? Felizes as almas que trazem Jesus consigo e sabem recorrer a Ele!

Caríssimos e amados irmãos, as tempestades que acometem a nossa alma são muitas e variadas. São exteriores ou interiores. Entre as exteriores podemos enumerar: as doenças mais imprevistas, longas, dolorosas, dispendiosas; o luto, a perda dos que nos são caros, cuja morte nos enche de grande tristeza; a perda dos bens de fortuna, que nos precipita na miséria ou em dificuldades; calúnias, ódios, processos injustos, vinganças a que nos encontramos expostos, ainda que inocentes etc., etc.

Tempestades interiores: Mais ordinariamente o demônio deixa em paz os seus escravos. “Os cães não mordem nas pessoas da casa” diz São Francisco de Sales. As almas fiéis a Jesus, porém, são agitadas pelas tentações que vêm do demônio, da carne e do mundo. As paixões se agitam dentro delas: o orgulho, a volúpia, a inveja, a cólera, a vingança, a ambição, fazem-lhes terríveis assaltos. Estas nossas paixões como que rugem no íntimo do nosso ser e tentam revoltar-se contra o espírito, para nos arrastar ao mal.  Podemos ainda enumerar: os escândalos, as seduções do mundo, com as suas máximas falsas, as suas ilusões e os seus prazeres. O espírito de fé diz-nos, entretanto, que qualquer luta ou tempestade da vida é sempre querida, permitida ou pelo menos não impedida por Deus. Como dizia Santa Teresinha: “Tudo é graça, tudo é fruto do amor infinito de Deus”. Deus é Pai que nos prova unicamente porque nos ama.

As tempestades da nossa vida fazem que reconheçamos a nossa fraqueza e nos obrigam a recorrer a Jesus; porque sem Ele o que seria de nós?! No meio das tempestades rezamos com mais fervor; praticamos as virtudes mais sublimes: a fé, a confiança em Deus, a submissão à Sua vontade, a paciência e a caridade. As provações servem para, nesta vida, expiarmos as nossas faltas e as nossas imperfeições e merecermos uma coroa melhor no céu. E sobretudo nos tornam mais semelhantes a Jesus.

Assim, fazendo da nossa parte o que pudermos, ponhamos toda a nossa  confiança em Jesus e apressemo-nos a recorrer a Ele com fé e amor. Caríssimos, não deixemos passar uma tão bela ocasião de praticar a humildade, a penitência, a paciência e de aumentar assim os nossos méritos para o céu.

Irmãos caríssimos, não esqueçamos que, mesmo nestas tempestades, Jesus não teve em vista senão um maior bem para nós; agradeçamos-Lhe com toda a nossa alma; conservemo-nos sempre em união com Ele e seremos auxiliados. Ó doce Jesus, o importante é que estejais no coração de cada um de nós! Amém!