IBP sob nova direção.

Um leitor nos envia sua tradução de matéria do blog Disputationes Theologicae, gerido por egressos do Instituto do Bom Pastor, sobre a eleição do novo Superior Geral do instituto. Reproduzimos abaixo o trecho mais importante:

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Padre Luis Gabriel Barrero, novo Superior do IBP.

O recente Capítulo do Instituto Bom Pastor deixou muitos observadores atônitos. O resultado foi a eleição como Superior Geral de um padre quase desconhecido da América Latina. Ordenado na Fraternidade de São Pio X, ele a deixou e se vinculou à diocese de São Bernardo, no Chile. Dutante todo esse período, celebrou a Missa segundo o Novus Ordo, por quinze anos, antes de ingressar no Instituto Bom Pastor, em 2014. Este padre chama-se Luis Gabriel Barrero e é pouco conhecido pelos padres, seminaristas e fiéis [do IBP].

O que realmente aconteceu no Capítulo e como explicar essa eleição? Esta é a pergunta que foi dirigida aos nossos editores [do blog] por alguns leitores. A resposta a essa pergunta traduz em última análise a crise de identidade do IBP, também apoiada pelas recentes confirmações recebidas pelos confrades do IBP, incluindo alguns Padres Capitulares.

Nós não voltaremos ao que já escrevemos e discutimos extensivamente, mas para entender o que aconteceu nos últimos dias, é crucial reler nossos artigos que cobrem o longo período da demanda para nos alinharmos à hermenêutica de continuidade, deixando de lado as críticas construtivas e renunciando a “todo exclusivismo” (com uma reação não franca, não muito filial, mas servil), até que com o “golpe de Fontgombault” emergisse a classe dominante do Instituto no período 2013-2019. O que aconteceu foi parcialmente previsível, mesmo que apenas como conseqüência da aniquilação da identidade e da consciência de que se engole o que é contrário às suas próprias especificidades.

Em suma, no capítulo de 2019, o atual Superior, o Padre Philippe Laguérie não foi reeleito. Fomos informados de que ele teve apenas dois votos na eleição do Superior Geral. Então, ele concorreu ao cargo de assistente simples, mas novamente fomos informados que ele teve apenas dois votos. Seu concorrente, o Padre Vella, anteriormente um dos mais fiéis ao Padre Laguérie, desta vez se apresentou como candidato independente, e obteve poucos votos na eleição do Superior Geral. O padre Raffray, também um pilar do governo do Padre Laguérie, se tornou seu rival no Capítulo, também teve muito poucos votos. No entanto, o evento inesperado foi que, desde o início, o candidato com mais votos foi um certo Padre Barrero; alguns dos eleitores nos disseram que ninguém sabia qual era seu passado e que a maioria deles não sabia que, durante muitos anos, ele havia escolhido o rito da missa nova e abandonado o rito tradicional.

Não demorou muito tempo para que os Padres Capitulares entendessem que todas essas vozes poderiam ser apenas a conseqüência de um plano relacionado a um grupo do IBP dependente da Associação Cultural “Montfort”, oriunda de uma divisão da TFP, mas que manteve os mesmos métodos de organização e estratégias de comando. Os eleitores franceses estavam e estão em minoria, e isso também porque, ao que  parece, o Padre Aulagnier – já há algum tempo vinculado à “Montfort”  – e aos financiadores membros da mencionada associação e que, por um sistema complexo, “redistribuem” as doações do outro lado do atlântico – já há havia tempo tomado a decisão – mas com discrição- de apoiar o partido sul-americano, que está particularmente na moda.

O resto é conhecido: o Padre Barrero – com a ajuda da Polônia – tornou-se o novo Superior Geral do IBP; o padre Aulagnier manteve seu lugar como primeiro Assistente Geral; o Padre Vella pôde permanecer como segundo assistente geral, um pequeno consolo, o que em substância, é uma derrota. O Padre Laguérie desaparece completamente de cena e no comunicado oficial sequer há os agradecimentos de praxe. Espontaneamente, vem à mente: “ele não aceitou os verdadeiros amigos, e …”. Quanto a outros detalhes sobre o desenrolar e a “preparação” do capítulo, como não são essenciais para entender o que realmente aconteceu, é melhor nem tratar a respeito.

Padre Laguerie reeleito Superior Geral do Instituto do Bom Pastor.

Foi anunciada hoje, festa do Santíssimo Nome de Maria, a confirmação, pela Comissão Ecclesia Dei, da reeleição do Padre Philippe Laguerie como superior do Instituto do Bom Pastor.

A reeleição de Laguerie ocorre enquanto o instituto passa por uma situação conturbada, após a anulação da votação anterior que elegera o atual reitor do seminário Saint Vincent, Padre Roch Perrel, como novo superior.

Perrel representava uma ala no instituto contrária às recentes propostas de Roma, quais sejam:  a mudança de rito “exclusivo” para “próprio”, o que permitiria, ao menos formalmente, que seus membros celebrassem conforme o Missal de Paulo VI; e a adoção do Magistério “integral” na vida do seminário, incluindo o uso do Catecismo da Igreja Católica e o magistério recente, ao passo em que seria necessário deixar para trás a famosa “crítica construtiva” aos textos conciliares. Tais pontos desejáveis pela Santa Sé foram expressos na carta de monsenhor Guido Pozzo ao fim da visitação apostólica realizada no instituto, que divulgamos com exclusividade. Vale ressaltar que aquilo que hoje é indesejado para a Santa Sé foi aprovado por ela mesma, em 2006, quando da ereção do IBP.

Diversas manobras foram feitas pelo superior interino do instituto, o abade emérito de Fontgombault, Dom Antoine Forgeot, que levaram à recomposição do capítulo, com várias mudanças no quadro de eleitores, e que culminaram na reeleição do candidato supostamente aberto às aspirações da comissão Ecclesia Dei.

Laguerie foi questionado publicamente, várias vezes e por mais de um membro do instituto, por sua alegada abertura às solicitações romanas, que, segundo eles, minariam a identidade e o “carisma” do IBP.

É possível que a eleição, por conta dessas manobras, seja canonicamente questionada nas instâncias competentes.

Recurso aceito.

O ex-superior do Instituto do Bom Pastor teve êxito. Haverá uma segunda eleição.

Kreuz.net | Tradução: Fratres in Unum.com –  A Comissão Pontifícia ‘Ecclesia Dei’, responsável pelos tradicionalistas, aceitou um recurso do padre Philippe Laguérie (59), informou o sítio ‘cordialiter.blogspot.co.at’ em 31 de julho.

Superior desde 2006

Padre Laguérie é um ex padre da Fraternidade São Pio X. Ele foi expulso da Fraternidade em setembro de 2004.

Dois anos mais tarde ele foi encarregado da direção do Instituto Bom Pator, fundado em 8 de setembro de 2006, como sociedade de vida apostólica de direito pontifício, na cidade francesa de Bordeaux.

O motivo não está claro

No início de julho, tornou-se conhecido que o Instituto havia eleito um novo superior geral.

Agora o recurso do padre Laguérie ao Vaticano contra essa eleição foi aceito. Haverá uma nova eleição.

Segundo informação do blogue, os motivos internos do Instituto do Bom Pastor “não estão claros”.

Rapidinhas do dia. Tirania na Ecclesia Dei e Fellay em Roma.

A Igreja Patriótica Chinesa, inspiração da Ecclesia Dei?
A Associação Patriótica Chinesa, inspiração da Ecclesia Dei?

O Padre italiano Stefano Carusi, sacerdote e professor do seminário do Instituto do Bom Pastor, afirmou hoje ter recebido uma ordem ameaçadora da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei para que retire do ar dois artigos do blog Disputationes Theologicae, do qual é editor.

Disputationes não se deixará amordaçar“, assim Padre Carusi intitula seu artigo. O sacerdote declara que o pedido é inaceitável por ferir os cânones 212 e  215 do Código de Direito Canônico, acrescentando: “Fornecemos esta informação por se tratar de um fato de natureza pública: a Igreja não é um regime de absolutismo jacobino e Disputationes prefere contar com a força probatória dos argumentos. Paz e Bem a todos!”.

Fogo amigo. Carusi é atacado inclusive por um confrade de instituto: “o posicionamento eclesial de certos membros [do IBP] não é claro, como se pode ver no site que se intitula Disputações teológicas”, declarou o Padre Guillaume de Tanouärn, um dos fundadores do IBP, que em passado recente na FSSPX era contrário a qualquer contato com a Santa Sé e que hoje recrimina exatamente um dos artigos execrados pela Ecclesia Dei. O problema para a Comissão Pontifícia e para Tanouärn? A defesa feita pelo Padre Carusi da exclusividade do rito tradicional e da possibilidade de uma crítica “séria e construtiva” aos textos do Concílio Vaticano II, características constitutivas de seu instituto (aprovadas pela Santa Sé em 2006, diga-se de passagem). De acordo com Tanoüarn, Carusi e outros pretenderiam fazer do IBP uma “Fraternidade dentro da Igreja”, em oposição ao mínimo exigido pela Ecclesia Dei de “formar seus seminaristas com o Catecismo da Igreja Católica” e “gozar de seu rito próprio sem lançar o anátema sobre a nova forma do rito romano”.

* * *

Dom Fellay em Roma. Por sua vez, Andrea Tornielli informa que Dom Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, esteve em Roma nos últimos dias para uma reunião na mesmíssima Comissão Ecclesia Dei. O encontro, considerado positivo pelas fontes de Tornielli, teria examinado algumas das modificações feitas por Fellay ao preâmbulo doutrinal proposto pela Santa Sé, em setembro de 2011, para uma regularização canônica da FSSPX. A primeira versão do documento foi rejeitada pela Fraternidade, que enviou como resposta um estudo do Padre Jean-Michel Gleize evidenciando a “questão crucial” que separa Menzingen e Roma. A Santa Sé então solicitou ao Superior Geral que esclarecesse esta sua manifestação, considerada “insuficiente”; Fellay teria, então, adaptado o texto inicial do preâmbulo doutrinal, enfatizando a importância da Tradição e fazendo alterações; significativas aos olhos dos “lefebvristas” e não substanciais aos olhos dos “romanos”. Esta última resposta, aparentemente, foi bem recebida pela Cúria e, segundo alguns, até pelo Papa.

Na próxima quarta-feira, 16, os Cardeais membros da Congregação para a Doutrina da Fé se reunirão para analisar estas modificações; o parecer de cada um será submetido ao Papa Bento XVI, para sua decisão final.

Apreensão. Tornielli ainda acrescenta que a carta dos três bispos — Williamson, Tissier de Mallerais e Galarreta — ao conselho geral da Fraternidade teria deixado a Santa Sé apreensiva. No Brasil, o Padre Ernesto Cardozo, sacerdote do priorado de São Paulo, anunciou hoje o seu “desconhecimento da autoridade de Mons. Fellay, dada sua pertinácia e afastamento dos princípios do Fundador” e sua “repulsa à postura deste Monsenhor, baseada em seus pareceres e políticas totalmente apartadas do sim-sim, não-não do Evangelho e dos fundamentos dados por Mons. Lefebvre”. Há cerca de três semanas, em comum acordo com seus superiores, Cardozo deixou o priorado de São Paulo tendo como destino provisório o Mosteiro da Santa Cruz. O motivo da mudança foi uma homilia em que expressou abertamente esta sua posição, causando  a admiração de uns e a preocupação de outros no Priorado Padre Anchieta. A missiva publicada hoje correu o mundo, sendo repercutida na blogosfera católica, especialmente nos sites de lingüa espanhola. Divisões se anunciam, como não deixou de reconhecer Dom Fellay, embora as proporções sejam ainda desconhecidas.

Ecclesia Dei, o grande entrave?

O Padre Michel Simoulin, um dos sacerdotes mais antigos da Fraternidade São Pio X e reitor por mais de uma década do seminário de Ecône, em artigo divulgado hoje por Tradinews, é taxativo: não aceitarão um acordo “que não garanta que sejamos livres dos bispos locais, bem como da funesta ‘Ecclesia Dei'”. Como se sabe, Simoulin recentemente defendeu Dom Bernard Fellay e sua política de aproximação com a Santa Sé. Trata-se, portanto, de um sujeito insuspeito de “radicalismo”. E por que a Fraternidade quer se ver livre da Ecclesia Dei?

Alguns falam que o verdadeiro entrave nas negociações entre Santa Sé e Fraternidade é precisamente esta Comissão. Mais especificamente o seu Secretário, Monsenhor Guido Pozzo, cuja tese de doutorado trata do assentimento devido ao Vaticano II e que supostamente teria sido “driblado” por outros oficiais vaticanos, a fim de que tudo caminhasse bem nas últimas semanas.

A carta de Pozzo ao Superior do Instituto do Bom Pastor mostra sua atuação na defesa de suas idéias, mesmo que isso custe a revisão de um estatuto aprovado pela Ecclesia Dei há pouco mais de cinco anos, na gestão Castrillón Hoyos.

A resposta do Papa ao preâmbulo reformulado de Dom Fellay deverá vir à luz nos próximos dias. A grande data para a Fraternidade parece ser o dia 27, festa de Pentecostes, quando se encerrará a Cruzada de Rosários lançada na Páscoa do ano passado. Com o desenlace das negociações com a Fraternidade, saberemos se a política de Pozzo será chancelada ou não por Bento XVI.

Carta de Monsenhor Guido Pozzo ao Superior do Instituto do Bom Pastor.

Exclusivo: Após receber a confirmação da autenticidade deste texto de fonte seguríssima [inicialmente publicado aqui], publicamos o post redigido no início desta manhã.

* * *

Neste momento decisivo das relações entre a Santa Sé e a Fraternidade São Pio X, vem a público um excerto de uma carta de Monsenhor Guido Pozzo, secretário da Comissão Ecclesia Dei, dirigida ao Padre Phillippe Laguerie, Superior Geral do Instituto do Bom Pastor. Após 5 anos de existência, o IBP acaba de passar por uma visitação canônica em vista de sua aprovação definitiva por parte da Santa Sé. O que segue é um extrato da comunicação dos resultados desta visitação, datada de 23 de março de 2012.

Perguntamo-nos se é desta forma que Monsenhor Guido Pozzo pretende dar confiança à Fraternidade São Pio X para que aceite a proposta de regularização canônica feita pela Santa Sé. Levando em consideração os seus desejos para o IBP, parece-nos altamente improvável que as negociações entre a Santa Sé e a FSSPX cheguem a bom termo.

ANEXO
Nota sobre as conclusões da visitação canônica do Instituto do Bom Pastor

De maneira geral, é necessário aprofundar o carisma fundador do Instituto, pensando mais no futuro do que no passado. Para preparar o próximo capítulo geral, será útil refletir sobre a pastoral do Cristo.

Padres fundadores do Instituto do Bom Pastor no dia da ereção do Instituto, 8 de setembro de 2006, em Roma. O primeiro à esquerda, Pe. Fernando Guimarães, então secretário do Cardeal e hoje bispo de Guaranhuns; ao centro, Sua Eminência Cardeal Dario Castrillon Hoyos; e ao fundo, O Bom Pastor.
Padres fundadores do Instituto do Bom Pastor no dia da ereção do Instituto, 8 de setembro de 2006, em Roma. O primeiro à esquerda, Pe. Fernando Guimarães, então secretário do Cardeal e hoje bispo de Garanhuns; ao centro, Sua Eminência, o Cardeal Dario Castrillon Hoyos.

Cada um terá a peito aprofundar as características de uma sociedade de vida apostólica, que evite toda forma de individualismo. Para isso, será bom contatar outras sociedades de vida apostólica aptas a ajudar nesta reflexão sobre a vida comunitária.

A questão da prática da forma extraordinária, como é formulada nos Estatutos, deve ser precisada no espírito de Summorum Pontificum. Seria conveniente simplesmente definir esta forma como “rito próprio” do Instituto, sem falar de “exclusividade”.

No que diz respeito ao seminário de Courtalain, a avaliação é positiva, mas conviria integrar o estudo do Magistério atual dos Papas e do Vaticano II. A formação pastoral deveria ser feita à luz da Pastores dabo vobis e inserir, na formação doutrinal, um estudo atento do Catecismo da Igreja Católica.

Para resolver a questão da implantação do seminário, salvo uma ampliação em Courtalain mesmo, seria possível interrogar a Conferência Episcopal da França, para que ela mesma sugerisse os nomes de dioceses onde instalá-lo.

Mais que sobre uma crítica, mesmo que “séria e construtiva”, sobre o Concílio Vaticano II, os esforços dos formadores deverão levar a uma transmissão da integralidade do patrimônio da Igreja, insistindo na hermenêutica da renovação na continuidade e tomando por apoio a integridade da doutrina católica exposta no Catecismo da Igreja Católica.

Para melhorar o funcionamento do Conselho e preparar o Capítulo geral, conviria pedir o parecer de um canonista. Sugerimos os nomes dos Reverendíssimos Padres Pocquet du Haut-Jussé, s.j.m. e Le Bot, o.p.. Uma reunião mensal do Conselho parece oportuna.

É necessário desejar que um bom discernimento seja feito para as vocações provenientes do Brasil, bem como uma reflexão sobre o acolhimento dos padres do Instituto nas diferentes dioceses. É importante que o Bispo acolha e valorize o carisma específico do Instituto para o bem de toda a diocese e, ao mesmo tempo, que os padres do Instituto se insiram realmente com um espírito de comunhão no conjunto da vida eclesial da diocese.

A implantação de um Conselho econômico ajudará a Paróquia Santo-Elói a se tornar juridicamente mais conforme com as outras paróquias da arquidiocese de Bordeaux.

A escola Angélus, na arquidiocese de Bourges, deve ser mais acompanhada pelo Superior geral. Incentiva-se a busca de um reconhecimento diocesano.

* * *

[Atualização – Segunda-feira, 16 de abril de 2012, às 18:55] Confirmando o que afirmávamos pela manhã, segue a imagem do documento acima citado:

“Oxalá fosse verdade tanta beleza”.

Da página no Facebook do Reverendíssimo Padre Rafael Navaz Ortiz, superior do Distrito Latino-americano do Instituto do Bom Pastor:

Mons. Nicola Bux chama a Mons. Fellay:

“Na plena comunhão eclesial, com a grande família que constitui a Igreja Católica, a vossa voz não será asfixiada, o vosso comprometimento não será negligenciável nem negligenciado, mas poderá dar, com o de tanto outros, frutos abundantes que de outra forma permaneceriam desperdiçados.

Oxalá fosse verdade tanta beleza:

Não é que eu ignore a boa vontade de Mons. Nicola Bux, mas a realidade tem sido outra e está mostrando o contrário pelo tratamento dado ao Instituto do Bom Pastor (IBP) por parte dos bispos do Chile, em especial de Santiago e seus arredores… que não toleram o IBP com sua especificidade recebida da Santa Sé e consagrada na aprovação de seus estatutos; se nega a ele inclusive sua existência canônica. É o desprezo e o desdém, o abandono e a dispersão como formas modernas de perseguição eclesiástica dessaa parte da “grande família católica”, “obras são amores (desamores, neste caso) e não boas razões”. É o “grande pecado” de celebrar exclusivamente o rito antigo e o compromisso estatutário de colaborar com o Papa, enquanto seja possível, numa visão do Concílio Vaticano II à luz da Tradição.

Rezemos!

Créditos ao leitor Eduardo Gregoriano.

Capela Santa Maria das Vitórias: Missa Solene em Anápolis, Goiás.

Nossos amigos do Missa Tridentina em Brasília noticiam a Santa Missa Solene celebrada no domingo, dia 14 de agosto, pelo revmo. Pe.  João Batista Costa, da Associação Santa Maria das Vitórias, de Anápolis, com a assistência de seminaristas do Instituto do Bom Pastor.

Segundo nossos colegas, “essa foi a primeira vez que o padre rezou uma Missa Solene; a chamada Missa Solemnis distingue-se da Missa Cantata (como é comumente feita aos domingos na capela) pela presença de ministros sagrados em assistência ao padre: diácono e subdiácono (embora a substituição de um subdiácono por um outro membro do clero seja tolerada). O papel de subdiácono foi desempenhado pelo seminarista Luis Carlos; o brasiliense Diácono Daniel Pinheiro – primeiro diácono brasileiro do IBP, ordenado recentemente em Bordeaux (França) pelo eminentíssimo Cardeal Dario Castrillón Hoyos“.

Dê um pulinho no site deles e veja mais fotos.

Rumores infundados sobre o fracasso das discussões entre Roma e FSSPX.

(Summorum Pontificum Observatus) O sítio Disputationes Theologicae, dirigido por membros do Instituto do Bom Pastor e de ótimo comportamento, acaba de publicar uma coluna sob o título: “O fracasso dos colóquios doutrinais com a Fraternidade São Pio X e a questão de um ‘ordinariato tradicional’” [versão portuguesa aqui].

O artigo, de um tom muito duro, o que certamente se explica da parte de um “irmão inimigo” muito próximo, pode ser resumido em três objetivos:

1)      O artigo tem em conta rumores segundo os quais os colóquios organizados pela Comissão Ecclesia Dei, no âmbito da Congregação para a Doutrina da Fé, seriam notoriamente um “fracasso” que faria dar a impressão aos olhos de todos que a Fraternidade é cismática. Rumores infundados: o autor do artigo interpretou mal as informações que recebeu (às quais se acrescentam também os rumores vindos de uma minoria ativa de padres franceses da FSSPX hostil a um reconhecimento canônico). Com efeito, parece que o tom dos representantes da FSSPX teria se mostrado “fechado”. Mas dos dois lados se comemora realmente o fato de que as discussões foram muito francas e que permitiram, de fato, alcançar o objetivo, no fim das contas modesto, que lhes era designado: determinar precisamente quais eram os pontos controversos e conhecer qual era a doutrina da FSSPX sobre esses pontos.

2)      O artigo parece dar uma notícia inédita: uma solução canônica vantajosa será proposta (e pontua: “antes do verão”) à FSSPX, um ordinariato, que lhe asseguraria uma independência de ação no que diz respeito aos bispos. Com efeito, essa informação contradiz parcialmente os rumores sobre o fracasso das discussões e é conhecida há muito tempo. É notório em Roma, desde o fim do ano passado, que o Santo Padre considera pessoalmente propôr novamente uma solução desse tipo a Dom Fellay.

3)      Por último, dessas circunstâncias, com justa razão:

  • O artigo lamenta o fato dos colóquios não terem resolvido o fundo do problema do Vaticano II. Mas esses colóquios ocorreram. O que, somado a outros acontecimentos (a publicação do memorável livro de Mons. Gherardini sobre a não-infalibilidade do Concílio, a notável obra histórica de Roberto de Mattei sobre a história de Vaticano II que reabilita o papel da minoria conciliar, o congresso organizado sobre o tema pelos Franciscanos da Imaculada, etc.), mostra que doravante “a palavra é livre” e que esse trabalho de reajuste a propósito do Concílio poderá continuar, de agora em diante, ao ar livre.
  • O artigo lamenta o fato de que uma solução muito vantajosa para o FSSPX penalizará os institutos Ecclesia Dei, que não têm, ao contrário da FSSPX, bispos próprios, e que são submetidos por seus apostolados e ordenações à boa vontade de bispos “oficiais”. É verdade, e valeria a pena refletir, de fato, como se fez em Roma no fim do pontificado de João Paulo II, sobre as soluções canônicas nesse sentido (que passam, concretamente, pela nomeação de bispos específicos). É possível, sobretudo, deduzir que “um desafio”, como se diz, e que uma responsabilidade considerável pesam hoje sobre os ombros do Papa e de Dom Bernard Fellay que, realmente, poderão realizar um ato cuja importância para toda a Igreja estará na estrita linha, quanto as suas consequências práticas, do Motu Proprio Summorum Pontificum.

Porque, em 27 de outubro de 2011, não se deve “fazer memória deste gesto histórico” de Assis-1986.

Por Padre Paul Aulagnier, Instituto do Bom Pastor

Tradução: Fratres in Unum.com

Em 1º de janeiro de 2011, por ocasião da oração do Angelus, o Papa Bento XVI anunciou sua intenção de renovar a cerimônia inter-religiosa de Assis, de 27 de Outubro de 1986:

No próximo mês de Outubro, irei como peregrino à cidade de são Francisco, convidando os irmãos cristãos das diferentes confissões, os expoentes das tradições religiosas do mundo e, idealmente, todos os homens de boa vontade, a unir-se neste caminho com o objetivo de recordar aquele gesto histórico desejado pelo meu Predecessor e de renovar solenemente o empenho dos crentes de cada religião a viver a própria fé religiosa como serviço para a causa da paz”.

Ele já o havia anunciado em sua mensagem para a Paz para o ano 2011, intitulada: “A liberdade religiosa, caminho para a Paz”. Escreveu: “Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um factor de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

Sabemos, no entanto, que o Papa Bento XVI, enquanto ainda Cardeal, não quis assistir a esta “jornada de orações inter-religiosas para a paz”, devido ao risco de sincretismo em uma tal jornada. Ele também desejou, desde que está sobre a sede de Pedro, duas vezes, dar precisões sobre esta jornada, talvez nessa perspectiva de aniversário.

Em uma mensagem dirigida ao bispo de Assis, em 2 de Setembro de 2006, escrevia: “Para que não haja dúvidas acerca do sentido de quanto, em 1986, João Paulo II quis realizar, e que, com uma sua expressão, se costuma qualificar como “espírito de Assis”, é importante não esquecer a atenção que então foi dada para que o encontro inter-religioso de oração não se prestasse a interpretações sincretistas, fundadas numa concepção relativista. […] Por isso, mesmo quando nos encontramos juntos a rezar pela paz, é necessário que a oração se realize segundo aqueles caminhos distintos que são próprios das várias religiões. Esta foi a escolha de 1986, e tal escolha não pode deixar de ser válida também hoje. A convergência do que é diverso não deve dar a impressão de uma cedência àquele relativismo que nega o próprio sentido da verdade e a possibilidade de a obter”.

Mas, como simples observação: ele não rezou com os judeus e rabinos da sinagoga de Roma por ocasião de sua última visita? Umas são palavras. Outras as atitudes.

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Uma declaração surpreendente de Dom Fellay, superior da FSSPX.

Por Padre Paul Aulagnier – Instituto do Bom Pastor

Tradução: Fratres in Unum

Em 23 de dezembro de 2010, Dom Fellay, encontrando-se em Nova Caledônia para celebrar a missa de meia-noite, no dia de Natal, na pequena capela da comunidade de Katiramona, teve a oportunidade de responder a algumas perguntas de um jornalista de “Nouvelles Caledoniennes”.

Duas ou três reflexões do prelado me chamaram a atenção:

Eis a primeira: “Aliás, o Papa regressa às idéias tradicionais. Ele vê muito bem que há um desvio e que é necessário corrigi-lo. Estamos, talvez, mais próximos do Papa do que pareça”.

E por último: “Sempre sustentamos que não queremos caminhar por contra própria. Afirmamos que somos e permanecemos católicos. Desejamos que Roma nos reconheça como verdadeiros bispos. Aliás, não se usa mais a palavra cismático contra nós. Portanto, se não somos cismáticos, nem heréticos, somos verdadeiros católicos. Além disso, o Papa diz que há somente um problema de ordem canônica. Basta um ato de Roma dizendo que o problema acabou e que reentramos na Igreja. Isso virá. Estou muito otimista”.

Esta última declaração é extremamente importante e, confessemos, ligeiramente desconcertante.

Ao ler essa última passagem, nos dizeres do próprio Dom Fellay e do Soberano Pontífice, não haveria mais problemas doutrinais entre Roma e FSSPX, mas apenas um problema canônico: “há somente um problema de ordem canônica. Basta um ato de Roma dizendo que o problema acabou e que reentramos na Igreja. Isso virá. Estou muito otimista”.

Tem-se a impressão que hoje as discussões teológicas com Roma, empreendidas a pedido da FSSPX, não têm mais a mínima importância. Ao menos Dom Fellay não faz nenhuma alusão abertamente.

A FSSPX afirmava ontem, todavia, que essas discussões eram capitais, de primeira ordem, e que determinavam a sequência dos acontecimentos. Constituiriam uma diligência lógica, ou seja, que era impossível considerar um acordo com Roma antes de qualquer ajuste doutrinal, e cronológica, ou seja, que uma vez resolvido este difícil problema doutrinal viria então, e só então, o problema canônico, em si fácil de resolver. Eis a importância que davam a essas conversações doutrinais. Hoje, nada disso, nada próximo, nada mais de “conversações doutrinais” (?). Elas parecem ter sido lançadas ao “sótão das velhas idéias”. Já não atrai a mínima atenção, o mínimo interesse. Não se vê mais que o problema canônico. É a atitude do próprio Papa:“Além disso, o Papa diz que há somente um problema de ordem canônica”.

Ah bom! Ficarmos felizes em saber.

Mas por que ter anunciado “urbi et orbi”, se é possível dizer, que antes de qualquer acordo canônico, era necessário resolver os pontos doutrinais contestados a respeito do Vaticano II, como, por exemplo o problema da liberdade religiosa, como o problema do diálogo interreligioso?… Estes problemas estão, portanto, resolvidos? Por acaso foram resolvidos nas suas conversações teológicas?

Caso a resposta seja positiva, como ler textos como a última declaração do Vaticano, sob a pluma de Bento XVI, intitulado “a liberdade religiosa, caminho para a paz”? Este texto é um “copiar colar” do documento conciliar “Dignitatis humanae”. O Pontífice retornaria às idéias tradicionais sobre esse assunto, aquelas defendidas por seus predecessores como Leão XIII, Pio X, Bento XV, Pio XI e Pio XII? Retomaria o “magistério de sempre”? Quanto a mim, custa-me a crer.  Leiamos:

A liberdade religiosa é também uma aquisição de civilização política e jurídica. Trata-se de um bem essencial: toda pessoa deve poder exercer livremente o direito de professar e manifestar, individual ou comunitariamente, a própria religião ou a própria fé, tanto em público como privadamente, no ensino, nos costumes, nas publicações, no culto e na observância dos ritos. Não deveria encontrar obstáculos, se quisesse eventualmente aderir a outra religião ou não professar religião alguma. Neste âmbito, revela-se emblemático e é uma referência essencial para os Estados o ordenamento internacional, enquanto não consente alguma derrogação da liberdade religiosa, salvo a legítima exigência da justa ordem pública. Deste modo, o ordenamento internacional reconhece aos direitos de natureza religiosa o mesmo status do direito à vida e à liberdade pessoal, comprovando a sua pertença ao núcleo essencial dos direitos do homem, àqueles direitos universais e naturais que a lei humana não pode jamais negar”.

(Vemos hoje como se concede o direito à vida com o direito ao aborto e direito à eutanásia já adotados em vários Estados da Europa….)

Dom Fellay estaria de acordo com esta declaração vaticana tão equívoca e por conseguinte falsa? Custa-me a crer. Ao menos que se afaste do pensamento dos Papas dos séculos XIX e XX, até Pio XII, sobre esse assunto. Está ele, portanto, próximo, sobre esse assunto, do pensamento expresso por Bento XVI? Ele diz, de fato, quando responde ao jornalista: “Estamos, talvez, muito mais próximos do Papa do que pareça”. Estivesse eu lugar no deles, vigiaria… Mas talvez tenha falado num momento de euforia…

Ao querer resolver primeiro e antes de tudo o problema doutrinal, Dom Fellay complicava não somente a vida, mas se afastava na mesma proporção do regulamento canônico desejado por Roma ,pelo menos desde o ano 2000, desde o ano jubilar. Veja o regulamento dos padres de Campos! E não se pense que foi a regularização canônica que fez Dom Rifan “evoluir” ou “se desviar”, foi Dom Rifan ele mesmo, ou talvez sua enorme astúcia…

O texto continua:

A liberdade religiosa não é patrimônio exclusivo dos crentes, mas da família inteira dos povos da terra. É elemento imprescindível de um Estado de direito; não pode ser negada, sem ao mesmo tempo minar todos os direitos e as liberdades fundamentais, pois é a sua síntese e ápice. É «o papel de tornassol para verificar o respeito de todos os outros direitos humanos». Ao mesmo tempo que favorece o exercício das faculdades humanas mais específicas, cria as premissas necessárias para a realização de um desenvolvimento integral, que diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em cada uma das suas dimensões”.

E se tiver assimilado bem o ensinamento da encíclica de Leão XIII, “Libertas praestantissimus”, comentado por Dom Lefebvre no seu livro “C’est moi l’accusé qui devrais vous juger!”, dificilmente se poderá afirmar que o problema doutrinal sobre este assunto tenha sido resolvido.

Ademais, o Vaticano, neste texto, convida-nos mesmo a comemorar o 25º aniversário da jornada de Assis de 1986, que tanto havia escandalizado o nosso santo fundador. Naquele dia, vimos o Soberano Pontífice, João Paulo II, enfileirado com os  “ líderes” das “religiões”, esquecendo-se por um instante, parece, que era o “Vigário de Cristo”, Ele, verdadeiro Deus e verdadeiro homem; o Sucessor de Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”:

Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um fator de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz”.

Veremos uma jornada idêntica

Portanto, eis anunciada uma nova jornada sincretista. Não basta dizer que ela não o será para que não o seja. Como diz o professor Amerio em seu livro “Stat veritas”, “não se pode promover o sincretismo e em seguida advertir que é necessário tomar cuidado para evitar o sincretismo” (p 139).

Realmente, tenho dificuldade em acreditar que “basta um ato de Roma dizendo que o problema acabou e que reentramos na Igreja”. Não o creio. Simplesmente não penso dessa forma.

Sempre pareceu-me prudente – terminaria eu por ter razão? — se manter no pensamento de Dom Lefebvre, expresso na sua carta de 21 de novembro de 1987 — carta que nos faz pensar, em razão de sua importância e de coincidência de data com a sua famosa declaração de 1974, ela também de 21 de novembro — e que pedia:

– que nos aceitem tal como somos, sem procurar nos fazer desviar em nada de nossa ligação com a Tradição litúrgica e doutrinal. Que nos seja reconhecido o direito à missa tridentina. Algo já feito, melhor ainda, o direito a este rito é um direito universalmente reconhecido por Roma para qualquer padre. E é necessário a má vontade evidente dos bispos para ver tão pouco do fruto do Motu Proprio de Bento XVI.

– que se levante as excomunhões dos bispos sagrados por Dom Lefebvre, os quatro. Coisa já feita.

– que se reabilite a FSSPX e que Roma aceite as modificações dos estatutos quanto à sucessão de Dom Lefebvre. É algo a fazer, mas isso seria coisa fácil.

– que se reconheça, no estatuto canônico a ser dado à FSSPX, um jurisdição própria e pessoal à autoridade superior, uma espécie de isenção a exemplo da organização dos ordinariatos militares.

– por último, que os diversos institutos fiéis à missa tridentina sejam unidos numa espécie de “federação” ou de “confederação” e vinculados a Roma, a uma espécie de “Congregação romana”, para regulamentar com os episcopados os diferentes problemas inerentes aos desenvolvimentos da “Tradição”. Está em via de constituição. Mas isso permanece ainda no pensamento de Bento XVI. Ele o disse em seu Motu Proprio “Summorum Pontificum”.

Penso que o Instituto do Bom Pastor se prestaria de bom grado a tal “organização canônica”. O Sr. Padre Laguérie poderia exprimir seu parecer sobre esse assunto.