Padre Sosa: ataques contra o Papa Francisco buscam influenciar o próximo conclave.

IHU – “Os ataques contra o Papa Francisco na Igreja hoje” são “uma luta entre os que querem a Igreja sonhada pelo Concílio Vaticano II e os que não querem”, afirmou Arturo Sosa, superior geral dos jesuítas, à agência de notícias Foreign Press Association em Roma no dia 16 de setembro.

A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada por America, 16-09-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Em entrevista em italiano, ele falou: “Sem dúvida, existe uma luta política acontecendo na Igreja hoje”. Mas, acrescentou, “estou convencido de que não é só um ataque contra esse papa. Francisco está convencido do que vem fazendo, desde que foi eleito papa. Ele não vai mudar”. E os seus críticos “sabem que ele não vai mudar”, disse o Pe. Sosa, concluindo: “Na realidade, estes ataques são uma maneira de influenciar a eleição do próximo papa”.

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Superior dos jesuítas insiste em negar a existência do diabo.

REDAÇÃO CENTRAL, 22 Ago. 19 / 09:00 am (ACI).- O Superior Geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa, afirmou em uma entrevista publicada em 21 de agosto que “o diabo existe como uma realidade simbólica” e “não como uma realidade pessoal”.

O diabo – Pe. Arturo Sosa. Créditos: Pixabay e Eastern Africa Jesuits

Pe. Sosa disse estas palavras em uma entrevista concedida à revista ‘Tempi’, do Movimento Comunhão e Libertação, por ocasião de sua participação no Meeting de Rimini, realizado na Itália, onde deu sua conferência “Aprendendo a olhar o mundo através dos olhos do Papa Francisco”.

O superior dos jesuítas foi perguntado se “o diabo existe”, ao que respondeu: “de várias maneiras”.

“É necessário entender os elementos culturais para se referir a esse personagem. Na linguagem de Santo Inácio, é o espírito maligno que leva você a fazer as coisas que vão contra o espírito de Deus. Existe como mal personificado em várias estruturas, mas não nas pessoas, porque não é uma pessoa, é uma forma de executar o mal”.

“Não é uma pessoa como a pessoa humana. É uma forma do mal estar presente na vida humana. O bem e o mal estão em luta permanente na consciência humana e nós temos os meios para indicá-los. Reconhecemos Deus como bom, inteiramente bom. Os símbolos são parte da realidade e o diabo existe como uma realidade simbólica, não como uma realidade pessoal”, disse.

O superior dos jesuítas reiterou assim as suas declarações de maio de 2017, quando disse ao jornal espanhol ‘El Mundo’ que “fizemos figuras simbólicas, como o diabo, para expressar o mal”.

“No meu ponto de vista, o mal faz parte do mistério da liberdade. Se o ser humano é livre, pode escolher entre o bem e o mal. Nós, cristãos, acreditamos que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, portanto Deus é livre, mas Deus sempre escolhe fazer o bem, porque é todo bondade. Fizemos figuras simbólicas, como o diabo, para expressar o mal. Os condicionamentos sociais também representam essa figura, pois algumas pessoas agem assim porque estão em um ambiente onde é muito difícil fazer o contrário”, expressou em 2017.

Estas palavras foram criticadas nas redes sociais e refutadas pelo sacerdote italiano Sante Babolin, conhecido como o “exorcista de Pádua”, que lembrou ao Padre Sosa que a doutrina da Igreja ensina que “o mal não é uma abstração” e que o diabo, Satanás, existe.

Uma semana depois de suas declarações, um porta-voz de Pe. Sosa afirmou a ‘The Catholic Herald’ que os comentários do superior geral dos jesuítas deveriam ser lidos no contexto. Disse que a frase “nós fizemos” não deveria ser tirada do contexto. “Penso que não é correto isolar frases particulares da resposta total sobre a questão do diabo”, expressou.

“Pediu-se ao Pe. Sosa que comentasse a questão do mal. Em sua resposta, assinalou que o mal é parte do mistério da liberdade. Ressaltou que, se o ser humano é livre, isso significa que pode fazer o bem ou o mal; caso contrário, não seria livre”.

“A linguagem humana usa símbolos e imagens. Deus é amor. Dizer que Deus simboliza o amor não é negar a existência de Deus, o diabo é mal. Da mesma forma, dizer que o demônio simboliza o mal não é negar a existência do demônio”, disse o porta-voz.

Assim, assegurou que, “como todos os católicos, o Padre Sosa professa e ensina o que a Igreja professa e ensina. Ele não tem um conjunto de crenças separadas do que está contido na doutrina da Igreja Católica”.

A mídia britânica perguntou ao porta-voz se Pe. Sosa acredita que o diabo é um indivíduo com alma, intelecto e livre arbítrio. O porta-voz respondeu: “Como disse em minha resposta ontem, o Padre Geral Arturo Sosa acredita e ensina o que a Igreja acredita e ensina. Ele não tem outro conjunto de crenças além do que está contido na doutrina da Igreja Católica”.

No numeral 391 do Catecismo, a Igreja Católica afirma a existência do diabo ao ensinar que Satanás é “um anjo destronado” que tentou “nossos primeiros pais”. “A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus”.

Da mesma forma, o numeral 395 afirma que “o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus”.

Esta não é a primeira vez que Pe. Sosa dá declarações controversas. Em fevereiro de 2017, o sacerdote colocou em dúvida a veracidade dos evangelhos.

Na entrevista publicada em 18 de fevereiro pelo meio italiano ‘Rossoporpora’, o religioso – ao falar sobre a indissolubilidade do matrimônio – disse que, embora ninguém possa mudar a palavra de Cristo, deve-se refletir “sobre o que Jesus realmente disse” e colocá-las no contexto, porque “naquela época ninguém tinha um gravador para registrar suas palavras”.

“Ouso dizer: a Igreja nunca esteve tão bem como hoje” (III) – Noviciado Jesuíta fecha as portas.

Noviciado Interprovincial Paulo Apóstolo encerra atividades

Fundado em 1980, a obra trouxe como missão a formação do jovem que desejava se tornar jesuíta

Por Jesuítas Brasil – No dia 2 de fevereiro, os noviços Carlos Miguel, Fernando Vieira e João Elton professarão os primeiros votos. Na mesma ocasião, os jesuítas Inácio Rhoden, Jorge Knapp, Paulo Tadeu e Roque Follmann vão celebrar 25 anos de Companhia de Jesus. Celebrações diferentes, mas que vão marcar história, pois serão lembradas como as últimas atividades do Noviciado Interprovincial Paulo Apóstolo, que após 33 anos de existência encerra seus trabalhos.

Fundado em 1980, o Noviciado trouxe como missão a formação do jovem que desejava se tornar um jesuíta. Durante este tempo, o noviço pode aprofundar a espiritualidade inaciana, além de conhecer a história, os documentos e a missão atual da Companhia de Jesus. O Noviciado tem em seus registros o ingresso de 330 noviços, destes, 193 professaram os votos e 75 permaneceram como jesuítas.

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A anarquia institucionalizada, segundo o Superior Geral dos Jesuítas.

Prepósito jesuíta: “Liberdade de falar não é contestação”

As exéquias de Martini.
As exéquias de Martini.

Rádio Vaticano“Existe um princípio de Santo Inácio muito claro: encontrar Deus em todas as coisas. O Cardeal Carlo Maria Martini via a realidade de modo tão positivo porque tinha aquela abordagem, aquela visão onde Deus trabalha em tudo. Encontrou Deus em todas as coisas e em todas as pessoas. Parte daí o grande respeito que tinha pelos fiéis e não-fiéis, de qualquer origem fossem”.

“Todos têm uma centelha de Deus que precisa ser encontrada, e espero que no mês que vem, no Sínodo sobre a Nova Evangelização convocado pelo Papa, possamos ser tocados por ela”.

É o que diz em uma entrevista publicada pelo jornal milanês “Corriere della Sera” Padre Adolfo Nicolás, Prepósito-Geral da Companhia de Jesus.

“A liberdade inaciana – explica o superior jesuíta – é fruto de um aprofundamento da fé e não uma contestação. Já nos tempos de Santo Inácio, a Igreja era mais frágil e soube encontrar a profundidade da busca humana de Deus, da verdade e de tudo o que tem sentido. É esta profundidade que dá a liberdade e que deixa falar sobre muitos temas que outros se sentem impedidos de abordar”.

A declaração de Pe. Nicolás esclarece o sentido da última entrevista concedida pelo Cardeal Martini, em 8 de agosto, publicada pelo “Corriere della Sera”. (CM)

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Nota da redação: Em uma entrevista arranjada em agosto para ser publicada após a sua morte, Martini questiona: “A Igreja ficou 200 anos para trás. Como é possível que ela não se sacuda?”. E prossegue com suas lamentações: “As nossas igrejas são grandes, as nossas casas religiosas estão vazias, e o aparato burocrático da Igreja aumenta, os nossos ritos e os nossos hábitos são pomposos”, “a Igreja deve reconhecer os próprios erros e deve percorrer um caminho radical de mudança, começando pelo papa e pelos bispos”, “os escândalos da pedofilia nos levam a tomar um caminho de conversão. As questões sobre a sexualidade e sobre todos os temas que envolvem o corpo são um exemplo disso […] Devemos nos perguntar se as pessoas ainda ouvem os conselhos da Igreja em matéria sexual”, e ainda “Os sacramentos não são uma ferramenta para a disciplina […] Eu penso em todos os divorciados e nos casais em segunda união, nas famílias ampliadas. Eles precisam de uma proteção especial […] A questão sobre se os divorciados podem comungar deve ser invertida”.

Não fosse o estardalhaço midiático, tanto no âmbito secular como no eclesial, sequer tocaríamos nesse assunto por aqui. “Deixai aos mortos o enterrar os seus mortos”, ensinou Nosso Senhor.

Mas é difícil suportar justificativas das mais absurdas, como a do Pe. Nicolás, em silêncio — já o é a própria diplomacia eclesiástica, com sua aplicação à risca do aforismo “De mortuis nihil nisi bonum” — as condolências do Papa que o digam.

Santo Inácio nunca poderia conceber que a “liberdade inaciana” fosse instrumentalizada a ponto de justificar atos inimagináveis de rebeldia para com o Magistério da Igreja. Uma pesquisa rápida no histórico do Fratres mostra um Martini que defendeu, nas últimas décadas, nada menos que o reconhecimento das uniões civis de homossexuais, a ordenação de mulheres, a correção da encíclica Humanae Vitae com sua condenação dos métodos anticoncepcionais, o fim do celibato, além da convocação do Concílio Vaticano III — o II já estaria ultrapassado. Realmente, um Hans Küng que deu certo.

“Liberdade de falar não é contestação”, mesmo que se coloque em xeque pontos centrais da moral e disciplina católicas?  Qual é, então, o motivo para tamanha intolerância demonstrada — sobretudo pelos que defendem a liberdade do Cardeal Martini em falar o que bem entendia — para quem pede esclarecimentos ou mesmo correções de certas formulações do último Concílio Pastoral? Onde abundou a pilantragem, superabundou a incoerência.