Ir contra a corrente.

Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”; está fora de moda? na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã.

Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!

O Senhor chama alguns ao sacerdócio, a se doar a Ele de modo mais total, para amar a todos com o coração do Bom Pastor. A outros, chama para servir os demais na vida religiosa: nos mosteiros, dedicando-se à oração pelo bem do mundo, nos vários setores do apostolado, gastando-se por todos, especialmente os mais necessitados.

Nunca me esquecerei daquele 21 de setembro –eu tinha 17 anos– quando, depois de passar pela igreja de San José de Flores para me confessar, senti pela primeira vez que Deus me chamava. Não tenham medo daquilo que Deus lhes pede! Vale a pena dizer “sim” a Deus. N’Ele está a alegria!

Do discurso do Papa Francisco aos voluntários da Jornada Mundial de Juventude – 28 de julho de 2013

O Papa no Brasil em imagens (XIII).

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Rio de Janeiro, 28 de julho de 2013, Missa em Copacabana: Casal com duas crianças nos braços (uma das quais nos pareceu sofrer de anencefalia) apresenta as ofertas usando camiseta com os dizeres: “Pare o aborto”.

Às vésperas da legalização prática do aborto no Brasil, poucas referências a este crime abominável, que brada ao Céu e clama a Deus por vingança, foram feitas durante a JMJ: da boca do Santo Padre saiu o pedido de proteção à “vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido”. E até agora foi só. Nenhuma outra palavra mais contundente que poderia mudar o triste cenário em nosso país. Rezemos para que as últimas horas do Sucessor de Pedro no Brasil nos reserve uma providencial intervenção.

Outra referência, mais clara, foi feita pelos autores da Via Sacra.

Humanismo integral e diálogo construtivo.

papaO sentir comum de um povo, as bases do seu pensamento e da sua criatividade, os princípios fundamentais da sua vida, os critérios de juízo sobre as prioridades, sobre as normas de ação, assentam e crescem numa visão integral da pessoa humana. Esta visão do homem e da vida, tal como a fez própria o povo brasileiro, muito recebeu da seiva do Evangelho através da Igreja Católica: primeiramente a fé em Jesus Cristo, no amor de Deus e a fraternidade com o próximo. Mas a riqueza desta seiva deve ser plenamente valorizada. Ela pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e construtor de um futuro melhor para todos.

[…]

A liderança sabe escolher a mais justa entre as opções, após tê-las considerado, partindo da própria responsabilidade e do interesse pelo bem comum; esta é a forma para chegar ao centro dos males de uma sociedade para vencê-los com a ousadia de ações corajosas e livres. No exercício da nossa responsabilidade, sempre limitada, é importante abarcar o todo da realidade, observando, medindo, avaliando, para tomar decisões na hora presente, mas estendendo o olhar para o futuro, refletindo sobre as consequências de tais decisões. Quem atua responsavelmente submete a própria ação aos direitos dos outros e ao juízo de Deus. Este sentido ético aparece hoje como um desafio histórico sem precedentes. Temos que inseri-lo na sociedade. Além da racionalidade científica e técnica, na atual situação, impõe-se o vínculo moral com uma responsabilidade social e profundamente solidária.

[… ]

Para completar a reflexão, além do humanismo integral, que respeite a cultura original, e da responsabilidade solidária,considero fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, porque todos somos o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica e cultura familiar e cultura da mídia. É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos. Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas.

Do discurso do Papa Francisco no encontro com autoridades, empresários e representantes da sociedade civil no Teatro Municipal do Rio de Janeiro – 27 de julho de 2013.

Alô, é da CNBB?

“Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus”.

59992_439283412846378_1072449794_nChamados por Deus. É importante reavivar em nós esta realidade que, frequentemente, damos por descontada em meio a tantas atividades do dia a dia: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi”, diz-nos Jesus (Jo 15,16).Significa retornar à fonte da nossa chamada.

No início de nosso caminho vocacional, há uma eleição divina. Fomos chamados por Deus, e chamados para permanecer com Jesus (cf. Mc 3, 14), unidos a Ele de um modo tão profundo que nos permite dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20). Este viver em Cristo configura realmente tudo aquilo que somos e fazemos.

E esta “vida em Cristo” é justamente o que garante a nossa eficácia apostólica, a fecundidade do nosso serviço: ‘Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4).

[…] Chamados a promover a cultura do encontro. Em muitos ambientes, infelizmente, ganhou espaço a cultura da exclusão, a “cultura do descartável”. Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. Queridos Bispos, sacerdotes, religiosos e também vocês, seminaristas, que se preparam para o ministério, tenham a coragem de ir contra a corrente.

Homilia do Santo Padre, o Papa Francisco, na Catedral do Rio de Janeiro – 27 de julho de 2013.

O Papa no Brasil em imagens (IX).

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Rio de Janeiro, 26 de julho de 2013: Papa atende confissão de jovens na Quinta da Boa Vista.

“Senhor meu, Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração de Vos Ter ofendido e merecido o Inferno; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de Vossa Divina Graça, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender; e espero alcançar o perdão de minhas culpas por Vossa infinita misericórdia. Amém”

E você como é? Como Pilatos, como o Cirineu, como Maria?

Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: “Para onde vais, Senhor?”.E a resposta de Jesus foi: “Vou a Roma para ser crucificado outra vez”. Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na cruz. Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos.

[…]

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Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida.

O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de “Terra de Santa Cruz”. A cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.

Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cirineu, Maria, as mulheres… Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cirineu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cirineu, como Maria?

Papa Francisco na Via Sacra rezada na Praia de Copacabana – 26 de julho de 2013.