‘Querida Amazonia’ — Francisco dá seu aval a Leonardo Boff, mas joga Fritz Löbinger no Tibre.

Por Edward Pentin, National Catholic Register, 12 de fevereiro de 2020 | Tradução: FratresInUnum.comA Exortação Apostólica publicada recentemente confirma que, no pontificado do papa Francisco, a política tem prioridade sobre a religião. Ao mesmo tempo em que mantém o pé no acelerador da “ecologia integral”, ele pisou no freio da agenda religiosa do Sínodo. 

Os cardeais Burke, Müller e Sarah (e seu co-autor, Bento XVI), bem como os poucos prelados que defenderam fervorosamente o celibato sacerdotal, têm motivos para comemorar. Agora eles podem ignorar os promotores do sacerdócio a baixo custo, especialmente os bispos Fritz Löbinger, Erwin Kräutler e seus parceiros no “caminho sinodal” alemão. Schluss! Não há abertura para viri probati ou “diaconisas”. 

O Papa Francisco reconhece que devem ser feitos esforços para que as comunidades mais isoladas da Amazônia não fiquem privadas da Eucaristia e dos sacramentos da Reconciliação e Unção dos enfermos (números 86 e 89). Ele também admite que a vida e o ministério sacerdotal não são monolíticos (nº 87). No entanto, ele afirma que a solução se sustenta no sacramento das Ordens Sagradas que configura o sacerdote a Cristo (n° 87), que é o Esposo da comunidade que celebra a Eucaristia e é representado pelo celebrante (n° 101). Ao fazê-lo, ele encara os dois principais argumentos daqueles que se opõem ao sacerdócio de padres casados. 

O Papa propõe como solução rezar pelas vocações sacerdotais e dirigir as vocações missionárias para a Amazônia (n° 90). Ele ainda reclama do absurdo que é o fato de que mais padres dos países amazônicos estejam indo para os Estados Unidos e Europa do que para missões em seus próprios países! (nota 132). 

Como havia sido anunciado nos últimos dias, não há sequer uma menção indireta à possibilidade de ordenar homens casados ​​que sejam líderes comunitários. Em vez disso, Francisco insiste no fato de que não se trata apenas de facilitar uma maior presença de ministros ordenados que podem celebrar a Eucaristia, mas de promover um encontro com a Palavra de Deus e o crescimento em santidade por meio de vários tipos de serviços pastorais. Isso pode ser desenvolvido por leigos (n° 93), como o bispo Athanasius Schneider argumentou judiciosamente com base em sua própria experiência lidando com a falta de padres na Rússia soviética. 

Devido à mesma configuração do sacerdote a Cristo, Esposo da comunidade, e à ampla e generosa obra missionária já realizada por mulheres nas áreas de batismo, catequese e oração (n° 99), o Papa Francisco encerra a discussão sobre a ordenação de mulheres afirmando que seria uma forma de reducionismo “clericalizar” as mulheres, na crença de que elas obteriam um status mais alto na Igreja somente se admitidas nas Ordens Sagradas (nº 100). Pelo contrário, as mulheres contribuem na Igreja à sua maneira, tornando presente a terna força de Maria, a Mãe (n. 101). 

Se tem alguém que deve estar pelo menos em parte satisfeito, é o Cardeal Walter Brandmüller. Ele denunciou o Instrumentum Laboris do Sínodo da Amazônia, alegando que era um convite à apostasia, na medida em que entendia a “inculturação” como uma renúncia à pregação do Evangelho e a aceitação das religiões pagãs como um caminho alternativo de salvação. Seu recado pelo visto chegou a Santa Marta. 

“Querida Amazônia” se dissocia do conceito de “inculturação” promovido pela Teologia Indígena – liderada principalmente pelos Padres Paulo Suess e Eleazar López – e adota a versão light da constituição conciliar Gaudium et Spes. A última abordagem da inculturação consiste em uma mera adaptação do Evangelho à compreensão de todos, expressando a mensagem de Cristo em termos apropriados a cada cultura (nota 84).

Trata-se, portanto, de uma inculturação que, embora não rejeite nada de bom que existe na cultura amazônica, faz dela um objeto de redenção (n ° 67), leva à plenitude, à luz do Evangelho (n° 66), e quer enriquecê-lo pelo Espírito Santo através do poder transformador do Evangelho (n ° 68). 

Isso obriga a Igreja a adotar em relação às culturas uma atitude confiante, mas também atenta e crítica (nº 67). Acima de tudo, exige que ela não se envergonhe de Jesus Cristo (n. 62), nem se limite a transmitir aos pobres uma mensagem puramente social em vez da grande mensagem de salvação (n. 63), pois esses povos têm o direito de ouvir o Evangelho. Sem essa evangelização, a Igreja se tornaria uma mera ONG e abandonaria o mandato de pregar a todas as nações (nº 64). Em vez dos missionários da Consolata e outros que se gabam de não batizarem ninguém em 60 anos, o documento apresenta São Turíbio de Mogrovejo e São José de Anchieta como modelos de grandes evangelizadores da América Latina (n ° 65). 

Ao contrário do que foi dito acima, numa tentativa aberta, mas fracassada, de se justificar pelos cultos idólatras escandalosos à Pachamama nos Jardins do Vaticano e na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco declara que, no contexto de uma espiritualidade inculturada, é de alguma maneira possível que símbolos indígenas, mitos carregados de significado espiritual e festivais religiosos cobertos de significado sagrado, sejam usados sem necessariamente incorrer em idolatria (nº 79). 

O cardeal Brandmüller todavia tem outro motivo para se indignar, além dessa defesa infrutífera do culto a Pachamama. Citando abundantemente sua encíclica Laudato Si, o Papa Francisco reafirma sua visão de mundo “Teilhardiana” e da Nova Era, de um universo no qual “tudo está conectado” (nº 41). Os louvores ao misticismo indígena que leva os aborígines não apenas a contemplar a natureza, mas a sentirem-se intimamente ligados a ela a ponto de considerá-la como mãe (n ° 55). De fato, a Mãe Terra é mencionada duas vezes na exortação (Nº 42). 

Uma referência passageira a Deus Pai como Criador de todos os seres do universo é insuficiente para dissipar o sabor “panteísta” de tais passagens, uma vez que segue uma citação de um verso da poetisa Sui Yun sobre “comunhão com a floresta” (diga-se de passagem que essa poetisa Peruana é conhecida pelo caráter desinibido e erótico de suas criações: “minha poesia é genital”, afirma ela) (n ° 56). 

No entanto, o aspecto mais defeituoso do documento é sua total adesão aos postulados e à agenda da Teologia da Libertação em sua versão ecológica reciclada por Leonardo Boff e assumida pelos documentos do Sínodo.

Numa clara manifestação de “clericalismo” (já que o Magistério da Igreja não tem autoridade em questões científicas ou econômicas) e, acima de tudo, indo contra o desejo de progresso da grande maioria da população Amazônica, a exortação pós-sinodal assume, sem o necessário discernimento, um diagnóstico catastrófico e mentiroso de ONGs ambientais e partidos de esquerda sobre a suposta devastação da Amazônia: a floresta está sendo destruída (nº 13); a construção de usinas hidrelétricas e hidrovias está prejudicando os rios (nº 11); a região enfrenta um desastre ecológico (nº 8); as populações estão sendo dizimadas lentamente pelos novos colonizadores (nota 13) ou forçadas a migrar para cidades onde encontrariam a pior forma de escravização (nº 10).

Segundo o Papa, é preciso se sentir ultrajado (nº 15) e possuir um saudável senso de indignação (nº 17). Nesse contexto, não é nada amenizante que o comunista chileno Pablo Neruda e Vinicius de Moraes, autor brasileiro de um famoso poema intitulado “Senhores barões da terra”, que advogam pela luta armada, estejam entre os poetas-profetas que denunciam os males do desenvolvimento econômico. [1]

Pior ainda, as soluções alternativas propostas pelo Papa Francisco correspondem aos sonhos coletivistas mais avançados dos antropólogos neo-marxistas, que vêem a vida tribal da selva como um modelo para o mundo futuro.

De acordo com o documento, o “bom viver” dos indígenas expressa a verdadeira qualidade de vida (nos 8, 26 e 71) e é o cumprimento da utopia da harmonia pessoal, familiar, comunitária e cósmica, expressa, por sua vez, pela abordagem comunitária da existência e estilo de vida austero e simples (n ° 71): “Tudo é compartilhado; os espaços privados – típicos da modernidade – são mínimos … Não há espaço para a noção de um indivíduo separado da comunidade ou da terra ”(nº 20).

Nesse quesito, o povo indígena tem muito a nos ensinar (n ° 71), e os cidadãos devem se permitir ser “reeducados” por eles, pois é através deles que Deus quer que abraçemos sua misteriosa sabedoria (n ° 72 )

Dadas essas fantasias eco-tribalistas e coletivistas do Papa Francisco, não é de admirar que ele seja o líder para quem as correntes esquerdas radicais de todo o mundo estão se voltando!

Em resumo, essa estranha exortação pós-sinodal – que se recusa a citar o Documento Final do Sínodo dos Bispos que o motivou – representa, ao mesmo tempo, uma aceleração sócio-econômica e um freio eclesiológico que deixará tanto Gregos como Troianos insatisfeitos.

Mas não há dúvida de que os mais insatisfeitos serão os prelados e especialistas no campo alemão que investiram longas horas de trabalho intelectual e centenas de milhares de Euros em uma assembléia sinodal que acabou dando à luz a um pássaro aleijado, incapaz de voar porque uma de suas asas foi amputada.

Caberá aos historiadores resolver o enigma das razões que levaram o Papa Francisco a interromper a tão divulgada abertura aos padres casados. Seria para “evitar um cisma, ou pior ainda, uma desestabilização [do pontificado] que teria sido fatal”, como sugere Franca Giansoldati, de Il Messagero? Ou é só um passo atrás agora, na esperança de pegar impulso para avançar dois passos adiante em breve? (A referência na nota 120 à proposta do Sínodo de desenvolver um “rito amazônico” nos obriga a permanecer vigilantes, principalmente quando o autor do documento é claramenre “ardiloso”).

Como dizem os Franceses: quem viverá verá.

Mas para aqueles entre nós, que nos esforçamos por um ano inteiro para bloquear a agenda revolucionária do Sínodo para a região da Amazônia (incluindo o site panamazonsynodwatch.info, que um analista americano chamou de “centro da resistência”), temos algumas razões para satisfação.

Mesmo que Francisco tenha dado seu aval à Leonardo Boff, pelo menos ele jogou os gerentes da Löbinger, Kräutler & Suess no Tibre.

Exclusivo: Boff com Lula em Roma?

Lula, e Boff?, em Roma no dia seguinte ao lançamento da Exortação apostólica pós-Sinodal “Querida Amazônia”.

Por FratresInUnum.com, 7 de fevereiro de 2020 — Fontes murmurantes revelaram-nos que, na próxima quarta-feira, Luiz Inácio Lula da Silva e, quem diria, Leonardo Boff serão recebidos pelo Papa Francisco em audiência, dia seguinte ao que acontecerá o lançamento da Exortação Apostólica “Querida Amazônia”.

Trata-se de informação não confirmada, e que, esperamos, não se concretize.

O próprio Boff afirmou que Francisco não pretendia recebê-lo enquanto Bento XVI estivesse vivo. Algo poderia ter mudado esse posicionamento de Francisco? Talvez o episódio do livro de Sarah-Sarah-Bento? Nesta semana, a imprensa italiana divulgou que Francisco teria afastado o chefe da Casa Pontifícia, dom Georg Gänswein, de suas funções, embora não o tenha destituído de cargo.

“Não quero mais vê-lo”, foi a dura frase atribuída a Bergoglio. O desaparecimento de Gänswein das audiências com Francisco ocorreu quase que simultaneamente ao episódio do livro. Ainda indiscrições vaticanas que nos chegam dão conta de que o cardeal Sarah, em audiência com Francisco, demonstrou documental e cabalmente que tinha tudo acertado com Bento XVI sobre a coautoria do livro. Seria, então, uma retaliação bergogliana a Ratzinger? Enfim, só podemos conjecturar a respeito.

O fato é que o esquerdismo deste pontificado, além de patológico, tornou-se indissimulável. Após ter recebido o recém-eleito presidente da Argentina e não ter mencionado com ele o absurdo do seu iminente projeto de lei acerca do aborto, Francisco acolheu a jato o seu pedido e receberá Lula. Resta -nos saber se o cortesão Boff irá na mala do condenado.

Lula teria audiência neste próprio dia mas, alegando a recepção do pontífice, conseguiu evadir-se.

O deslumbramento deste papa impede-o de enxergar a realidade. Tentando “passar o pano” na impopularidade de Lula, Francisco tenta de algum modo reerguer a decadente esquerda latino-america, sob a liderança do petista brasileiro. Contudo, a popularidade de Francisco está ela também em queda livre e a associação do condenado Lula à sua pessoa apenas acelerará ainda mais a sua completa desmoralização como pontífice da Igreja Católica.

Com esta medida politiqueira, Francisco sacrifica o último resíduo de credibilidade que o seu cargo lhe dava e, ademais, desacredita o documento que divulgará, o qual é de claríssima inspiração boffiana.

Para os alienados que sobrevivem dentro das muralhas do Vaticano, o povo aqui fora não conta. A ideologia cegou as suas mentes. São fanáticos bergoglistas e não recuarão um milímetro sequer.

A semana que vem promete!

Não é de hoje…

Por FratresInUnum.com, 6 de agosto de 2019 – A foto divulgada no Twitter de Leonardo Boff é a prova cabal daquilo que sempre soubemos: Jorge Mario Bergoglio foi preparado por décadas para ser o pontífice que anistiaria de vez o teólogos da libertação.

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Bergoglio é o quarto, da direita para a esquerda, na fila de cima. Boff é o segundo, da esquerda para a direita, de gravata, na fila de baixo.

Segundo Boff, a foto lhe teria sido enviada pelo próprio papa argentino, em correspondência privada. A relação entre os dois, como comprova a foto, é bastante antiga. Não é de se admirar das antecipações feitas por Boff, que incluíram até a anunciação do nome “Francisco”, escolhido apenas no dia seguinte pelo “eleito” no último conclave.

A falsidade, a simulação, a teatralidade com a qual os progressistas se disfarçaram nas últimas décadas demonstra o quão inescrupulosos são, o quanto são psicopatas. Eles não têm sentimento de culpa, são incapazes de sinceridade, organizaram um paciente plano para a tomada do poder, uma extensão daquele traçado pela esquerda latino-americana para conquistar o poder em seus respectivos países.

O grande problema que enfrentam, porém, é que de pouco serve alcançar os cargos de comando e não possuir a hegemonia intelectual e imaginativa de seu povo. Francisco é a cabeça dos progressistas, os quais são um corpo estranho na totalidade dos católicos, incluídos aí muitos clérigos. Eles perderam completamente o controle intelectual sobre a Igreja: quanto mais agem, mais se desprendem da multidão dos fiéis. O resultado disso não pode ser um impeachment, figura desconhecida no direito canônico e incongruente com a natureza do poder papal; mas, certamente, serão expurgados, cedo ou tarde, pela totalidade dos fiéis. O teatro está acabando.

E não poderia ser diferente. As esquerdas tentaram chegar ao poder pelas armas, mas não conseguiram. Depois, obtiveram o controle dos meios de produção intelectual, mas, como estes por natureza não poderiam se prestar à formação de verdadeiros intelectuais, mas apenas à de militantes obedientes, obtiveram uma horda de papagaios retardados.

A foto comprova apenas o êxito de um fracasso, a genealogia de uma grande estupidez cujas últimas aparências de sanidade estão se desfazendo como a fumaça ao soprar do vento.

“Hoje, estamos em um rigoroso inverno”.

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Francisco recebeu em São Damião esta mensagem: reconstruir a Igreja que está em ruínas. Hoje, estamos em um rigoroso inverno, e o próprio castelo que os dois últimos papas criaram está em ruínas. E agora um novo papa vem de fora dos muros de Roma, quase dos confins do mundo, como ele mesmo disse, externo àqueles círculos de poder. E eu acredito que, acima de tudo, ele trabalhará internamente à Cúria para resgatar a credibilidade da Igreja, manchada pelos imbróglios, pelos escândalos dos pedófilos e do banco vaticano… E depois fará uma abertura ao mundo moderno, porque tanto Bento XVI quanto João Paulo II interromperam o diálogo com a modernidade.

[…]

A nossa Igreja [latino-americana] não é mais o espelho da Igreja europeia. É uma Igreja fonte, que desenvolveu um rosto e uma teologia próprias, uma pastoral com raízes nas culturas locais. Francisco trará essa vitalidade à Igreja universal, para acabar com o inverno rigoroso e entrar em uma perspectiva de primavera. Bergoglio oferece essa esperança, e a promessa de que o papado possa ser vivido de forma diferente.

Leonardo Boff em entrevista ao jornal Il Manifesto, 15/03/2013

Na imagem, a basílica de São Pedro ontem, 26 de fevereiro de 2018, ainda a aguardar a tal “primavera” da era Francisco. Há anos não havia tamanha nevasca em Roma.

A “perspectiva protestante” das “teologias da libertação”, como “parte da teologia moderna”.

Por Hermes Rodrigues Nery – FratresInUnum.com, 9 de novembro de 2017

Tanto na Mensagem de Natal à Cúria romana (2005), quanto à exposição que fez ao clero romano (em 14 de fevereiro de 2013), Bento XVI permaneceu convicto de que as incompreensões do Concílio Vaticano II se deram pelo modo como os mass media estimularam e se simpatizaram por “uma hermenêutica da descontinuidade e da ruptura”1, causando confusão, “e também de uma parte da teologia moderna”2.

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Talvez esteja aqui, nessa colocação, o que aproxima e o que distancia Joseph Ratzinger do grupo que elegeu Jorge Mário Bergoglio, em 2013. Isso porque certos tradicionalistas dizem que tanto Ratzinger, quanto Bergoglio estão em sintonia com a mesma visão modernista de Igreja, a diferença está apenas no grau, sendo que Bergoglio mostrou-se disposto, desde o início a pisar no acelerador, por uma revolução sem precedentes, como um novo João XXIII.

Mas Bento XVI há muito havia colocado a mão no breque, aí talvez começou a se distinguir. Na sua exposição ao clero romano, Bento XVI associou a “hermenêutica da descontinuidade e da ruptura”3 estimulada pelos mass media e também por “uma parte da teologia moderna”4.

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Boff: Ajudei o papa a escrever a ‘Laudato si’. Haverá uma grande surpresa. Talvez padres casados ou mulheres diáconos.

Por Marco Tosatti, 27 de dezembro de 2016 | Tradução: André Sampaio – FratresinUnum: Leonardo Boff, o bem conhecido expoente da teologia da libertação, concedeu uma entrevista ao jornal alemão Kölner Stadt-Anzeiger. Boff, que tem 78 anos, falou livremente sobre a Igreja, e revelou alguns detalhes de sua relação com o Pontífice e de possíveis decisões futuras.

boff_-825x510A fonte da qual nós obtivemos o material que lhes oferecemos é um artigo de Maike Hickson para o One Peter Five. Sobre quanto se refere ao tema dos padres casados no Brasil, remetemos vocês a também alguns artigos que publicamos no passado acerca da matéria. É interessante notar como as declarações de Boff vão na mesma linha e direção de quanto escrevemos. Já há dois anos

Sobre a teologia da libertação, Boff diz que “Francisco é um de nós”. Em particular pela atenção aos problemas ecológicos, dos quais Boff se ocupou. O Pontífice leu os livros desse temário de Boff? “Mais que isso. Pediu-me material para a Laudato si’. Dei-lhe o meu conselho e lhe enviei coisas que escrevi… Contudo, o Papa me disse de maneira direta: ‘Boff, não me envie as cartas diretamente’.”

Por que não? “Disse-me: ‘Se o fizer, os subsecretários as interceptarão e eu não as receberei. Em vez disso, envie as coisas ao embaixador argentino junto à Santa Sé, com quem tenho um bom contato, e elas chegarão seguras às minhas mãos.” O embaixador é um velho amigo do Pontífice. ”E depois, um dia antes da publicação da encíclica, o Papa fez chamar-me para agradecer-me pela ajuda.”

No que diz respeito a um encontro pessoal, Boff falou ao Pontífice em relação a Bento XVI, que, quando Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, teve um papel importante na sua condenação: “Mas o outro ainda está vivo, afinal de contas!”. “Ele [Francisco] não aceitou isso [não aceitou o receio, a hesitação de Boff].  ‘Il Papa sono io’ [‘O Papa sou eu’], respondeu (em italiano no texto [do jornal alemão], n.d.r.). E fomos convidados a ir.”

À pergunta sobre por que a visita não se realizou ainda, Boff respondeu: “Eu havia recebido um convite e havia já desembarcado em Roma. Mas justamente naquele dia, imediatamente antes do início do [segundo] Sínodo da Família em 2015, 13 cardeais, entre os quais o alemão Gerhard Müller, puseram em pé uma rebelião contra o Papa com uma carta endereçada a ele que foi publicada – que surpresa! – em um jornal. O Papa estava irado e me disse: ‘Boff, não tenho tempo. Devo restabeler a calma antes que o Sínodo comece. Nós nos veremos em um outro momento’”.

Boff depois disse, sobre o futuro: “Esperem e vejam! Ainda recentemente o cardeal Walter Kasper, que é um estreito confidente do Papa, me disse que logo haverá alguma grande surpresa”.

Que tipo de surpresa? “Quem o sabe? Talvez um diaconato para as mulheres, após tudo. Ou a possibilidade de que os padres casados se envolvam no trabalho pastoral. Este é um pedido explícito dos bispos brasileiros ao Papa, especialmente da parte de seu amigo o cardeal Cláudio Hummes. Ouvi que o Papa quer atender ao seu pedido – inicialmente por um período experimental, no Brasil.”

Boff depois falou que uma decisão nesse sentido não mudaria nada para ele: “Pessoalmente, não tenho necessidade disso. Não mudaria nada para mim, porque faço aquilo que sempre fiz: batizo, presido a exéquias, e, se me ocorre de chegar a uma paróquia sem padre, celebro a missa com o povo”.

Leonardo Boff é, desde décadas, uma figura proeminente da teologia da libertação. Para uma biografia completa, remetemos à Wikipedia, da qual extraímos este parágrafo:

“A atividade de Boff continuou depois de 1992 como teólogo da libertação, escritor, docente e conferencista. Ele permanece também envolvido com as comunidades eclesiais de base brasileiras. Em 1993 se tornou professor de ética, filosofia da religião e ecologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da qual é professor emérito desde 2001. Nos anos seguintes se ocupou, de maneira sempre mais profunda, de política, tornando-se um verdadeiro e próprio teórico marxista, e se converteu em um expoente do considerado Movimento Antiglobalização (sempre foi convidado, na qualidade de orador, para as reuniões em Porto Alegre). Boff esteve sempre próximo das posições do Movimento Sem Terra brasileiro. Em 2001 lhe foi conferido o Right Livelihood Award [Prêmio de Subsistência com Equidade, também conhecido como Prêmio Nobel Alternativo]. Ele se tornou um defensor de Lula no momento da eleição deste como presidente do Brasil, mas se distanciou posteriormente, acusando-o de moderantismo. Atualmente (2010) vive no Jardim Araras, uma reserva ecológica em Petrópolis, junto de sua companheira Marcia Maria Monteiro de Miranda (ativista dos direitos humanos e ecologista), e tem seis filhos adotivos.”

Boff discursará em paróquia de Guarapuava. Com anúncio da Diocese. Nunca é tarde para denunciar um herege.

E seus parceiros nas dioceses. Leonardo Boff, que recentemente esteve, sem nenhuma objeção do ordinário local, em Caxias do Sul, agora é convidado de uma paróquia da diocese de Guarapuava, PR. A divulgação, no site oficial da Diocese – eles perderam completamente a vergonha -, ocorre em cima da hora: a diocese publicou em seu site apenas hoje e a conferência começará daqui a 10 minutos. Mas, para nós, nunca é tarde para escancarar a safadeza heterodoxa de hereges, que odeiam a Igreja, mas não deixam de gozar de suas benesses, e seus simpatizantes favorecedores.

Um leitor informa:

Laudetur Jesus Christus!

Pedimos gentil e caridosamente a publicação da seguinte notícia, que apareceu hoje no site da nossa Diocese: http://www.diopuava.org.br/2015/08/leonardo-boff-estara-hoje-na-paroquia-santa-cruz/

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O teólogo herético Leonardo Boff, que esteve novamente em nossa cidade para um evento ambiental, palestrará na paróquia dos passionistas, que outrora já recebeu um outro teólogo da libertação da América Latina, Enrique Dussel.

Por amor a Nosso Senhor crucificado, ofendido pelos sacerdotes da paróquia dos passionistas, denuncie esse escândalo!

Muito obrigado!

Era Francisco: está aberta a gaiola das loucas.

Uma leitora nos escreve:

Será realizada uma palestra sobre Democracia e Direitos Humanos, a ser ministrada pelo Sr. Leonardo Boff, no dia 03/07/2015, às 18 horas, junto ao Teatro do Colégio Murialdo, cidade  de Caxias do Sul – RS. Colégio esse, pertencente a uma congregação religiosa.

Referido evento contará com a presença do Ministro petista da Secretaria de Direitos Humanos, Sr. Pepe Vargas, e possui o apoio de diversas entidades, entre elas: CUT; PT; DCE-UCS; Pastorais Sociais; Escola de Formação, Fé, Política e Trabalho; PCdoB; Caritas Diocesana; Livraria Paulus; Universidade de Caxias do Sul – UCS; etc.

Convidamos a todos os interessados para participar do “panelaço” que está sendo organizado, na data e local do próprio evento, como forma de protesto contra o apoio e realização deste.

Seguem também os contatos do senhor  Bispo diocesano de Caxias do Sul -Dom Alessandro Ruffinoni,  e da Coordenação Diocesana de Pastoral, para manifestações de repúdio.

Dom Alessandro Ruffinoni
Fone/Fax: (54) 3025-2896
domalessandro@diocesedecaxias.org.br

Coordenação Diocesana de Pastoral
Fone: (54) 3211.5032
E-mail: diocesedecaxias.pastoral@gmail.com

Defendendo Messori contra os falsos dogmas de Boff.

Por Monsenhor Antonio Livi* | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: As considerações que Vittorio Messori publicou no Corriere della Sera a respeito do pontificado do Papa Bergoglio, em 24 de dezembro (republicado pelo La Nuova Bussula Quotidiana do dia 28 de dezembro) têm suscitado, como se esperava, muitas reações diferentes. Muitos manifestaram o seu acordo, outros o criticaram duramente. Não vou entrar no mérito daquelas avaliações, que, em todo caso, considero como legítimas. Trata-se de um jornalista sério, um historiador bem documentado e, especialmente, de um Católico de fé sincera e esclarecida. Há muitos anos que eu o conheço pessoalmente, li todos os seus livros, começando com o primeiro e mais famoso, “Hipótese sobre Jesus”, que dava espaço demais para uma interpretação fideísta de Pascal, mas, ainda assim fez uma apologética eficaz e notável. Nos últimos tempos, sempre li com interesse e prazer sua coluna no jornal Il Timone. Quem dera houvesse mais jornalistas católicos assim! Lamentável, eu sempre disse, que não tenham mais permitido que ele continuasse a escrever no Avvenire [ndr: publicação da Conferência Episcopal italiana]… Teria sido um bem para o “jornal da Igreja Católica” (e também para mim, que também fui literalmente excluído daquele jornal).

Mas, repito, não entro no mérito de suas considerações sobre o pontificado do Papa Bergoglio, porque sou da opinião de que em relação aos acontecimentos dentro da Igreja, os jornalistas deveriam se limitar à informação, que é o seu trabalho e sua missão específica, sem tentar influenciar a opinião pública com suas opiniões pessoais, inevitavelmente parciais, no sentido de que eles conseguem descrever apenas uma parte da realidade eclesial e expressar sobre ela o ponto de vista de apenas uma parte do povo de Deus.

Como eu já escrevi, também aqui na Bússola, eu prefiro que a atualidade da Igreja seja tratada do ponto de vista competente e autenticamente teológico ou do ponto de vista exclusivamente pastoral. Eu mesmo, preocupado, como sacerdote, com a grande desorientação doutrinária que percebo entre os fiéis, intervim muitas vezes sobre a “questão Bergoglio”, exortando os católicos a ignorar aquilo que é o pão de cada dia dos “vaticanistas” (as frases e gestos que sugerem “abertura “ou” fechamento”, nomeações e destituições de altos prelados) e, ao invés, interessar-se mais, de forma inteligente, por tudo aquilo que é propriamente o Magistério da Igreja. Ali, nos documentos do Magistério da Igreja (que em certos pontos-chave são imutáveis e eternos e em outros procedem historicamente com as oportunas “reformas na continuidade”) os católicos, hoje como sempre, encontram o guia seguro de sua consciência, a orientação segura para professar e viver a sua fé em suas vidas diárias.

Mas, agora resolvi intervir na questão Messori, não para aprovar ou desaprovar o que ele escreveu, mas para defendê-lo (como se deve) das críticas violentas e equivocadas de um certo religioso que se apresenta como teólogo e acusa o jornalista de má-fé ou ignorância em matéria teológica. Trata-se de Leonardo Boff. Sua crítica a Messori representa, por assim dizer, a soma de todos os disparates que os ideólogos da “teologia da libertação” já escreveram tanto antes como após a condenação pela Santa Sé, de sua mensagem sobre o Evangelho e a ação da Igreja no mundo.

Boff acusa Messori de desconhecer o papel do “Espírito” que, segundo ele, agiria também e ainda melhor fora da Igreja Católica, a qual não sabe “aprender com os outros.” Com este propósito, Boff, arvorando-se em defensor do ofício daquele que ele chama de Espírito Santo, começa a escrever: “significa blasfemar contra o Espírito Santo pensar que os outros pensam só de modo errado. Por isso é extremamente importante uma Igreja aberta como a quer Francisco de Roma. É necessário que seja aberta às irrupções do Espírito chamado por alguns teólogos de ‘a fantasia de Deus’, por causa de sua criatividade e novidade, na sociedade, no mundo, na história dos povos, nos indivíduos, igrejas e até mesmo na Igreja Católica”, a qual antes de Francisco, teria sido muito ligada a Cristo, “cristocêntrica” demais.

Segundo o ex-franciscano, que quando lhe é conveniente posa de amante da doutrina (a sua), Vittorio Messori é terrivelmente deficiente em matéria de teologia: ele “incorre no erro teológico de cristomonismo, ou seja, somente Cristo conta. Não há realmente um lugar para o Espírito Santo. Tudo na Igreja é resolvido só com Cristo, algo que o Jesus dos Evangelhos exatamente não quer”.

Então, voltando a vestir os panos do anti-dogmático, acrescenta: “sem o Espírito Santo, a Igreja torna-se um instituição pesada, chata, sem graça, sem criatividade e, a um certo ponto, não tem nada a dizer ao mundo que não seja doutrina sobre de doutrina, sem suscitar esperança e alegria de viver”.  O pobre Messori também seria um ignorante em matéria de sociologia religiosa, pois não teria ainda compreendido que a América Latina é o verdadeiro centro da Igreja Católica de hoje, apesar do número de latino-americanos que se declaram católicos estar diminuindo exatamente por causa do proselitismo generalizado das seitas protestantes (na verdade, talvez seja exatamente por isso que Boff acredita que a América Latina está na vanguarda).

O cristianismo e a teologia teriam feito grandes progressos na América Latina (no Brasil, que é a pátria de Leonardo Boff, no Peru, que é a pátria de Gustavo Gutiérrez, e na Argentina, que é a pátria de Jorge Mario Bergoglio) pelo fato de terem dado ouvidos ao “Espírito”, graças também à cultura nativa (pré-colombiana) que teria libertado a Igreja da abstração doutrinal da teologia européia, a alemã em particular (o alvo polêmico é sempre Bento XVI, lembrado com carinho por Messori), por saber interpretar o Evangelho em sintonia com os ideais de libertação das massas populares. Convém dizer, a propósito, embora não seja muito importante aqui, que o mito da teologia indígena latino-americana é imediatamente desmentido, sem querer, pelo próprio Boff, quando ele cita como única autoridade teológica seu mestre Johan Baptist Metz, precursor na Alemanha daquela “teologia política” da qual derivam os teólogos da libertação latino-americanos, que foram todos formados na Bélgica, França e Alemanha, começando pelo peruano Gustavo Gutiérrez. E não é justamente do centro da Europa, precisamente da Alemanha, que saiu Karl Marx, o principal inspirador da “teologia da libertação”?

Mas isso que eu disse é apenas um parêntese sarcástico. O discurso sério é o teológico. Em primeiro lugar, porque a abordagem teológica é a única que me interessa quando se fala de atualidade eclesial e de possíveis mudanças na doutrina da Igreja e, depois, porque o tema principal do discurso de Boff é precisamente a “voz do Espírito “, que o Papa Bergoglio teria ouvido humildemente enquanto seus predecessores, particularmente Bento XVI, teriam ignorado por estarem fechados no “cristocentrismo” que para Boff significa dogmatismo, legalismo, tradicionalismo, o centralismo do Vaticano.

Ora, eu me pergunto: que sentido há, teologicamente falando, em arrogar-se exclusividade na interpretação “do que o Espírito diz às igrejas”? E ainda, que sentido há, teologicamente falando, em contrapor à doutrina dogmática e moral da Igreja a sua própria interpretação dos desígnios do Espírito Santo? Discursos dessa natureza são compreensíveis, ainda que ilógicos, na boca dos hereges e cismáticos, na boca dos propagandistas de algumas das muitas seitas que invadiram o Ocidente cristão, vagamente relacionadas com o cristianismo ou diretamente inspiradas pelo budismo, mas não na boca de quem se apresenta como católico e ainda mais como um teólogo católico.

A norma fundamental de um discurso autenticamente teológico, como deixei claro no meu tratado sobre a verdadeira e a falsa teologia (onde Leonardo Boff não é mencionado, mas são citados os seus mestres) é a intenção de explicar racionalmente a verdade revelada por Deus em Cristo Jesus, o qual confiou a interpretação autêntica do seu Evangelho à sua Igreja, isto é, aos Apóstolos e seus legítimos sucessores, os bispos em comunhão com o Papa, o qual goza individualmente do carisma da infalibilidade.

Em termos práticos, isto significa que alguém como Boff, que despreza os dogmas e atribui a si mesmo aquela infalibilidade que não reconhece no Magistério da Igreja, não fala como teólogo. Claro, eu reconheço o seu direito de ter suas idéias, ainda que sejam as mais loucas sobre o cristianismo, mas, se ele fala em público, dirigindo-se aos católicos, eu tenho o dever de alertar aos fiéis de que ele não possui a autoridade que compete a um teólogo da Igreja Católica. Como eu sempre digo nesses casos, trata-se de um falso profeta ou um mau mestre. E isso eu já disse várias vezes sobre Vito Mancuso e Enzo Bianchi, e não hesitei em dizer o mesmo também sobre Bruno Forte e Gianfranco Ravasi, que ocupam postos de destaque na hierarquia da igreja [ndr: o primeiro, secretário do Sínodo para a Família nomeado pessoalmente por Francisco e rejeitado, recentemente, pelos bispos italianos em eleição para vice-presidente da Conferência Episcopal; o segundo, Cardeal presidente do Pontifício Conselho para a Cultura]. Quem quiser dar ouvidos às suas teorias, que saibam pelo menos que o fazem por sua própria conta e risco (da alma, é claro). E disso eu adverti a todos que eu podia.

Para terminar com Boff, eu pergunto:  o que um cristão sabe do Espírito Santo, que como Deus é absolutamente transcendente? Sua Pessoa, no seio da “Trindade imanente”, é particularmente inacessível ao conhecimento humano, tanto assim que ele é chamado de “o Deus desconhecido”, e também a sua ação no mundo (a chamada economia trinitária) é totalmente invisível, senão por revelação pública. Mas a revelação pública é aquela do Filho de Deus, o Verbo Encarnado, Emmanuel, “Deus conosco”.

Aquilo que podemos saber dos mistérios de Deus é apenas o que Cristo revelou. Como é possível que alguém queira contrapor sua própria pretensão de conhecimento da ação do Espírito ao que o mesmíssimo Espírito nos revelou em Cristo? E Cristo nos revelou que o Espírito Santo foi enviado diretamente por Ele e pelo Pai no dia de Pentecostes, para tornar eficaz em todo o mundo, por todo o tempo da história, a ação salvífica da Igreja de Cristo, mediante o anúncio do Evangelho e da graça dos sacramentos. Isto é o que nós sabemos do Espírito Santo e apenas isso pode ser dito teologicamente, ou seja, com seriedade, com a pretensão de ser ouvido pelos fiéis.

O verdadeiro teólogo explica e aplica ao seu tempo e às pessoas a quem se dirige a verdade contida na revelação pública, ou seja, na doutrina da Igreja. O verdadeiro teólogo não pretende, como fazem os gnósticos, saber mais do que se pode saber sobre os mistérios de Deus. Ele é como qualquer outro fiel, uma pessoa que em um tempo qualquer acolheu com fé sincera a revelação divina. O verdadeiro teólogo, acima de tudo, não substitui a verdade divina por suas próprias conjecturas pessoais e arbitrárias, seja lá qual for a sinceridade com a qual essas sejam propostas ao povo (pior ainda se mentem deliberadamente sabendo que mentem, então esses falsos profetas não seriam apenas uns iludidos, mas verdadeiros “enganadores”, como o Anticristo do qual nos fala as Escrituras).

* Antonio Livi, ex-aluno de Étienne Gilson e professor da Universidade Lateranense de Roma, é sacerdote e filósofo.