Medjugorje, a história definitiva (VIII): Proibição das peregrinações. Uma declaração do atual bispo diocesano.

Uma declaração de Dom Ratko Peric

Dom Ratko Peric.
Dom Ratko Peric.

A imprensa local novamente retornou ao fenômeno de Medjugorje.  O motivo é a carta do Arcebispo Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, de 26 de maio de 1998, para Dom Aubry, da ilha francesa de Reunion, no Oceano Índico. Motivados pela interpretação dada a esta carta pela mídia, nos dispusemos a fazer uma breve cronologia a respeito da opinião dos expertos e da posição oficial da Igreja que, até esta data, permanece inalterada, com relação aos acontecimentos de Medjugorje.

Aparições não reconhecidas. O fenômeno das “aparições” em Medjugorje foi estudado por três comissões. Na segunda comissão, o bispo local de Mostar, Dom Zanic, chamou especialistas de faculdades eclesiais e instituições científicas. No dia 2 de maio de 1986, os membros da comissão votaram non constat de supernaturalitate, ou seja, que os “eventos” em Medjugorje não envolvem aparições sobrenaturais. Tendo informado a Congregação, com a concordância do bispo de Mostar, a antiga Conferência Episcopal estabeleceu uma nova comissão em 1987 que trouxe os resultados das investigações para os bispos no outono de 1990.  Com base nos estudos da Conferência dos Bispos, reunidos em Zadar no dia 10 de abril de 1991, foi feita uma declaração negativa a respeito de Medjugorje: “Com base nas investigações feitas até agora, é impossível confirmar que os eventos envolvem aparições ou revelações sobrenaturais”. Estas “aparições” devem ser consideradas “ditas aparições” ou “alegadas aparições”. A Congregação para a Doutrina da Fé também se refere a elas com pontos de interrogação.

Nas atuais circunstâncias, a possibilidade de um estudo futuro sobre as ditas aparições em Medjugorje não foi levantada pela Conferência Episcopal da Bósnia-Herzegovina. As ditas aparições e suas “mensagens” foram dirigidas contra o bispo local desde o começo (1981) e estão fortemente ligadas com a “questão da Herzegovina” que tanto preocupa a Santa Sé que gostaria de resolvê-la tão logo fosse possível. Isso se refere à desobediência da província Franciscana da Herzegovina na execução do decreto papal a respeito de certas paróquias na diocese de Mostar-Duvno.

Visitas “Privadas”. Por conta da falta de autenticidade das “aparições sobrenaturais” em Medjugorje, o bispo local, Dom Zanic, se posicionou contra a organização de visitas ao lugar das ditas aparições. A antiga Conferência Episcopal declarou que “peregrinações oficiais organizadas como se já fossem aceitas pela Igreja, não são permitidas”.

A Congregação para a Doutrina da Fé escreveu à Conferência Episcopal Italiana em 1985, com a sugestão aos bispos italianos de que “eles publicamente desencorajem a organização de peregrinações ao lugar das ditas ‘aparições’, bem como todos os outros meios de publicidade, especialmente com relação à mídia, que poderia prejudicar um exame calmo dos ‘eventos’ por parte da comissão especial que foi estabelecida canonicamente para este propósito”.

A Conferência Episcopal reunida em Zadar, ao declarar ser impossível confirmar a autenticidade das “aparições” ou das “revelações” em Medjugorje, também mencionou que existem “grandes reuniões de pessoas de todas as partes do mundo que vem à Medjugorje por motivos religiosos e por outros motivos”.

Visitas “privadas” desta natureza nunca foram matéria de controvérsia, dado que visitar Medjugorje seria similar a visitar qualquer outra paróquia católica. No entanto, sempre foi afirmado, de forma clara, que isto não pode ser feito de forma oficial, usando a igreja e o púlpito para pregar a autenticidade das ditas aparições e proclamar o lugar um “santuário” de aparições não reconhecidas [pela Igreja].

A Congregação para a Doutrina da Fé escreveu ao Arcebispo francês Daloz de Besançon em 1995, e ao Bispo Taverdet de Langres em 1996, que “do que foi dito, segue que peregrinações oficiais a Medjugorje, que a apresentem como um lugar de aparições Marianas autênticas, não devem ser organizadas nem a nível paroquial ou diocesano, pois isso seria uma contradição do que foi afirmado pelos bispos da ex-Iugoslávia em sua declaração anterior”. [1]

Com relação às “peregrinações à Medjugorje de natureza privada”, a Congregação mantém que elas são permitidas “sob a condição de que não sejam consideradas uma autenticação dos eventos que continuam acontecendo e que demandam uma posterior investigação pela Igreja”. Assim sendo, não há nada de novo aqui. Peregrinações oficiais ou eclesiais não são permitidas, bem como são proibidas as visitas “privadas” que tenham a intenção de provar que as ditas “aparições” e “mensagens” são autênticas. Consequentemente, a posição oficial do bispo local é a mesma posição oficial da Conferência Episcopal de 1991. E tanto os padres quanto os fiéis deveriam aderir a esta posição.

Mostar, 21 de julho de 1998.

+Ratko Peric

Bispo de Mostar

Medjugorje, a história definitiva (VII): Os videntes – Marija Pavlovic.

Marija Pavlovic nasceu no dia 1º de abril de 1965. Ela se casou com Paolo Lunetti no dia 1ª de abril de 1993 e foi para a Cote d’Azur, na França, em lua de mel. O casal agora tem três filhos: Mikaele, nascido no dia 14 de julho de 1994, Francesco Maria, nascido no dia 24 de janeiro de 1996 e Marco Maria, nascido no dia 19 de julho de 1997. A senhora Lunetti vive atualmente em Monza, Itália, numa casa “palaciana” de seis andares [1]. Ela recebeu nove segredos e ainda recebe aparições diárias. É tão íntima de Nossa Senhora que a Santíssima Virgem se permite ser acariciada se Marija o pede. Uma freira que esteve presente enquanto Marija testemunhava uma aparição, relata:

Marija me perguntou se eu queria tocar a Virgem. Eu disse sim imediatamente. Ela então tomou minha mão direita e a subiu até o ombro da Virgem: ela então guiou minha mão para baixo enquanto me dizia o que eu estava tocando. Eu mesma não vi nem senti nada. Assim, eu a acariciei até embaixo, nos pés.

Certamente, essa loucura ridícula e quase blasfema é suficiente para privar Pavlovic de qualquer credibilidade.

Marija recebe de Nossa Senhora e revela a “Mensagem para a Paróquia de Medjugorje e para o mundo” no dia 25 de cada mês.

Medjugorje, a história definitiva (VI): Os videntes – Mirjana.

Mirjana Dragicevic nasceu em Sarajevo no dia 18 de março de 1965. Sua 1ª visão aconteceu no dia 24 de junho de 1981 e, depois de receber o décimo segredo no dia 25 de dezembro de 1982, ela parou de receber aparições diárias. Mirjana disse que ficar longe de Nossa Senhora lhe causava um enorme sofrimento e que elas achavam difícil se separar mesmo depois de terem estado juntas por 45 minutos [1]. Nossa Senhora garantiu a Mirjana que a vidente deveria retornar a sua rotina diária e viver no futuro sem seus conselhos maternais. Ela avisou Mirjana que os primeiros meses sem seus encontros diários seriam muito duros para a vidente, o que de fato se provou. Mirjana entrou em um estado de depressão profunda, evitou o contato com todas as pessoas e se trancou num quarto chorando, esperando que Nossa Senhora aparecesse para ela e lhe chamasse pelo nome. Nossa Senhora lhe deu um grande presente ao prometer que apareceria para Mirjana no aniversário da vidente pelo resto de sua vida. No entanto, um ano é um longo período, visitantes vinham de todas as partes e então Nossa Senhora mudou de ideia. No dia 2 de setembro de 1987, Mirjana recebeu uma locução interna e, desde então, no segundo dia de todo mês, ela recebe uma locução interna ou uma aparição de Nossa Senhora e, algumas vezes, elas rezam juntas pelos que não crêem. A partir do dia 2 de janeiro de 1997, estas visitas deixaram de ser privadas. Mirjana sabe a hora exata em que Nossa Senhora vai aparecer, das 10 às 11 da manhã, e esta reunião mensal é agora aberta ao público.

Mirjana recebeu todos os 10 segredos. Ela alega tê-los recebido de Nossa Senhora num pergaminho que foi examinado por “especialistas lingüísticos” que afirmaram que o mesmo foi escrito numa língua desconhecida. Tal fato é oportuno, pois se este não fosse o caso, os segredos não seriam mais secretos. O único precedente para um documento escrito numa língua desconhecida é o do “Livro de Mórmon”. É de se perguntar por que Nossa Senhora teria dado os dez segredos a Mirjana, que só fala croata, numa língua desconhecida e se por algum milagre a vidente consegue entendê-los. Afirma-se também que, tendo-se analisado o pergaminho via carbono para datação e análise da composição, o mesmo é feito por uma substância desconhecida [2].

Mirjana casou-se com Marko Soldo no dia 16 de setembro de 1989 e tem dois filhos, Marija (nascida no dia 8 de dezembro de 1990) e Verônica (nascida no dia 19 de abril de 1994). Ela está casada e vive em Medjugorje.

Mirjana tem a honra de ser a única vidente a receber uma aparição do demônio. Ele apareceu para ela no dia 14 de abril de 1982 enquanto a vidente esperava por Nossa Senhora. Ele vestia as mesmas roupas usadas por Nossa Senhora, tinha um rosto terrivelmente negro, porém com os traços de Maria. Ele a fitou com seus olhos incandescentes e negros e lhe ofereceu todos os prazeres do mundo, mas Mirjana recusou. Um pouco mais tarde, Nossa Senhora apareceu e disse: “Me desculpe, mas você tinha que vê-lo para saber que ele existe e que você será tentada neste mundo” [3].  Até onde sei, esta é a única ocasião em que Nossa Senhora pediu desculpas a um vidente, e nenhuma explicação é dada do porque ela não ordenou ao demônio que se manifestasse aos outros videntes de Medjugorje para prová-los da sua existência.


[1] Nota da Tradutora. Aqui, o texto não deixa claro se Nossa Senhora também “achava duro” ter que se separar da vidente. É o que parece, apesar de absurdo.

Medjugorje, a história definitiva (V): Os videntes – Vicka.

Vicka (Vida) Ivankovic, nascida no dia 3 de setembro de 1964, é a mais velha dos videntes. Ela tem recebido aparições diárias desde o dia 24 de junho de 1981. No entanto, em alguns dias, não houve nenhuma aparição, ao passo que, em outros dias, Vicka recebeu cinco ou mais aparições. Ela recebeu nove dos dez segredos e ainda recebe aparições diárias. Vicka está sempre disposta a falar para qualquer grupo grande de peregrinos que queiram lhe encontrar e colocar suas perguntas para que Nossa Senhora lhe transmita as respostas.

Ela afirma que, por dois anos, do dia 7 de janeiro de 1983 até 10 de abril de 1985, Nossa Senhora recontou sua vida em grande detalhe e que esta autobiografia será publicada no tempo oportuno. Ela também afirmou numa entrevista a uma emissora australiana, que eu possuo gravada em vídeo, que Nossa Senhora a levou num tour guiado pelo Céu, Inferno e Purgatório. Jakov Colo, o vidente mais novo, também foi convidado a participar do tour. Nossa Senhora tomou Vicka pela mão direita e Jakov pela esquerda e eles saíram flutuando. Vicka se perguntou quanto tempo duraria a jornada e ficou espantada em descobrir que durou somente um segundo. O tour teria durado 20 minutos. Vicka não explicou como ela conseguiu ter tamanha precisão com relação ao tempo de duração do tour. O Céu é uma sala bem grande onde pessoas usando túnicas cinza, amarelo e rosa se encontram andando, rezando e cantando enquanto pequenos anjos flutuam sobre elas. O Purgatório é um grande espaço onde ninguém pode ser visto, mas é possível sentir que as almas que ali se encontram estão se batendo e se socando[1]. Há um grande fogo no Inferno onde entram as almas e dali emergem como feras.

Outra de suas estórias é a do motorista de táxi a quem foi dado um lencinho ensangüentado que ele estava prestes a jogar num rio. Uma mulher misteriosa vestida de preto que, evidentemente, mostrou ser Nossa Senhora, o impediu bem a tempo, pois se ele tivesse feito isso [jogado o lencinho no rio] o mundo seria destruído[2]. Nenhuma pessoa esclarecida que leia o relato feito por Monsenhor Zanic [antigo bispo de Medjurgorje] a respeito de Vicka, ou que saiba de sua tentativa de tirar dinheiro de benfeitores holandeses ao dizer para eles que Nossa Senhora desejava que financiassem a construção de um hotel pelo pai de um de seus amigos, pode deixar de concluir que ela é uma mentirosa habitual [3].

Em janeiro de 2002, Vicka casou-se com Mário Mijatovic da paróquia de Grandino. Eles vivem na paróquia de Medjugorje.


[1] Nota da trad. Os verbos utilizados pelo autor são, respectivamente, “beating” e “thumping”. Outra possível tradução seria “surrando e batendo”. No entanto, o sentido permanece o mesmo.

[2] De acordo com o capítulo “Maio de 1990”, parte 6, desde mesmo livro.

[3] Medjugorje Incredibilities, Novembro de 1997.

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.

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Leia mais:

Medjugorje, a história definitiva (IV): Fala o Bispo Diocesano de Medjugorje.

Trechos de uma declaração de Dom Pavao Zanic *, Bispo de Mostar-Duvno, publicada em maio de 1990.

Dom Pavao Zanic.
Dom Pavao Zanic.

Vicka nunca negou que Nossa Senhora disse tais coisas ou que ela escreveu tais coisas em seu diário. A certeza e a autenticidade disso podem ser confirmadas por uma fita gravada pelo padre Grafenauer durante suas conversas com as videntes Vicka e Marija. O padre deixou cópias dessas fitas na paróquia em Medjugorje, com o bispo e também com a Conferência Episcopal em Zagreb.  Essa fita deveria ser ouvida!

Uma conversa com Vicka

Padre Grafenauer: O bispo tem o dever de julgar se esta aparição é ou não é Nossa Senhora.

Vicka: Ele pode julgar como quiser, mas eu sei que é Nossa Senhora.

Padre: A Igreja diz, daqueles que confiam em si mesmos, que isto já é um sinal de que Nossa Senhora não está aparecendo.

Vicka: Que quem duvida, permaneça duvidando. Eu não duvido.

Padre: Isso não é bom… certa vez, você disse ao bispo que ele deveria prestar mais atenção em Nossa Senhora do que no Papa.

Vicka: Sim, eu falei.

Padre: Isso significa que o bispo deve ouvir mais você do que o Papa.

Vicka: Não, não eu.

Padre: Mas o bispo não sabe o que é este fenômeno e talvez não seja Nossa Senhora.

Vicka: Sim, é Nossa Senhora.

Padre: Você disse ao bispo que a culpa é dele e que aqueles dois (Vego [leia mais aqui] e Prusina) são inocentes e que eles podem exercer suas funções sacerdotais.

Vicka: Sim, eu falei.

Padre: Eles podem ouvir confissões?  Nossa Senhora mencionou isso?

Vicka: Sim.

Padre: Se Nossa Senhora disse isso e o Papa diz que eles não podem…

Vicka: O Papa pode dizer o que ele quiser. Eu estou dizendo o que é!

Padre: Veja, é por isso que podemos chegar à conclusão que não é Nossa Senhora… quando o Papa diz não, eles não podem celebrar Missa, eles não podem ouvir confissões e, por outro lado, Nossa Senhora afirma que eles podem fazer ambas as coisas! Isso não pode ser!

Vicka: Eu sei o que é certo! (O que Nossa Senhora disse).

Padre: Isso não pode ser verdade. Eu coloco a minha mão no fogo de como essa não é Nossa Senhora falando. Quando uma pessoa tem um dom maior, há também um maior perigo do demônio agir nessa pessoa.

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Que degradante humilhação para Nossa Senhora! A partir dessas afirmações, ela está destruindo a obediência à Igreja, a obediência ao bispo, aos superiores da Ordem OFM e ao Santo Padre. Ela está defendendo Vego!

* Dom Pavao Zanic faleceu em 11 de janeiro de 2000.

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.

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Leia mais:

Medjugorje, a história definitiva (III): Fraude Filmada.

O ex-padre Vego teve um papel importante no segundo incidente. Os “videntes” e seus manipuladores franciscanos mantiveram, de forma consistente, que durante os seus “êxtases” eles ficavam imóveis e sem comunicação com o mundo exterior. No dia 14 de janeiro de 1985, um cinegrafista francês chamado Jean-Louis Martin quis testar tal afirmação enquanto os “videntes” diziam estar em êxtase na Igreja de são Thiago. Ele fez um movimento brusco com seus dedos em direção aos olhos de Vicka Ivankovic. Vicka teve um sobressalto e jogou a cabeça para trás. Felizmente, todo o fato foi filmado e eu possuo o vídeo que mostra o incidente em câmera lenta. A menina saiu da sala e voltou alguns minutos depois acompanhada por ninguém menos que seu velho amigo Ivica Vego vestindo um belo casacão azul. Vego estava no comando da situação e deu a maior parte das explicações. O fato de ele estar ainda tão envolvido com os videntes, mesmo depois de ter sido expulso de sua ordem, é de grande importância. A explicação apressadamente fabricada que Vego instruiu Vicka a dar é a seguinte:

Quando eu cheguei à capela, eu vi Jean-Louis, vi todas as pessoas, mas quando o êxtase começou, eu não vi nada além da Virgem Maria que trazia o Menino Jesus em seus braços e, naquele momento, eu vi que Jesus iria cair no chão, então eu fiz um movimento para pegar o Menino Jesus para que Ele não caísse no chão.

Dificilmente se pode encontrar um caso mais evidente de mentira. É inconcebível que durante uma aparição de Nossa Senhora com o Menino Jesus, a criança poderia possivelmente escorregar. Se, per impossible, isso aconteceu, é de uma coincidência absurda que vai para além dos limites da credibilidade, além de absurdo ter que acreditar que isso aconteceu no momento exato em que o jornalista fez o movimento em direção aos olhos de Vicka e, finalmente, ainda que ela estivesse falando a verdade, que ela teria se movido se afastando da aparição e não em direção a ela!

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.

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Leia mais:

Medjugorje, a história definitiva (II): A defesa de um Padre imoral.

Os "videntes" de Medjugorje.
Os "videntes" de Medjugorje.

Antes de expor a documentação para provar a falsidade das supostas aparições, lhes darei dois exemplos do grau de credibilidade que deveria ser dado aos ditos videntes de Medjugorje. O primeiro incidente foi documentado numa declaração do Monsenhor Zanic [então bispo diocesano de Medjugorje] de 1990, que foi impressa em sua totalidade em maio de 1990.  Essa declaração diz respeito a um padre franciscano, expulso da Ordem Franciscana por uma ordem direta do Papa João Paulo II. Padre Vego seduziu uma freira, irmã Leopolda e, quando ela engravidou, ambos abandonaram a vida religiosa e começaram a viver juntos perto de Medjugorje, onde o filho dos dois nasceu. Eles agora têm dois filhos.

Mas, antes disso, o padre Vego se recusou a aceitar a sua expulsão e continuou a celebrar Missa, a administrar os sacramentos e a conviver com sua amante. Mas por que mencionar este fato desagradável? O motivo é que os videntes alegaram que Nossa Senhora apareceu a eles 13 vezes afirmando que o padre Vego era inocente, que ele tinha direito de celebrar Missa como qualquer outro padre e que o bispo era duro demais!

Qualquer leitor com uma verdadeira noção do ser católico, um sensus catholicus, não precisará ler mais nada para perceber a amplitude da desonestidade dos videntes, uma desonestidade que não pode ser desculpada com base na defesa de que eles foram manipulados por seus mentores franciscanos. Que credibilidade pode-se dar aqueles que alegam que a Mãe de Deus lhes disse repetidamente que um padre imoral, expulso de sua Ordem por ordem do próprio Papa, é inocente, e que o bispo, que agiu da única forma adequada, é a parte culpada?! E como um teólogo supostamente respeitável, como o padre René Laurentin, que ganhou muito dinheiro com livros sobre Medjugorje, reage quando confrontado com tais fatos? O Monsenhor Zanic nos dá a resposta. Laurentin implorou a ele que não publicasse os detalhes do incidente.

Monsenhor Zanic afirmou que esta tem sido a posição consistente do padre Laurentin – esconder a verdade e defender a falsidade. Apesar da verdade sobre o Padre Iviva Vego não poder mais ser negada, seu livro de orações ainda é vendido em Medjugorje e em outros lugares às centenas de milhares de cópias!  Os propagandistas de Medjugorje ainda insistem que Ivica Vego é a parte inocente e que o bispo é o culpado. A “prova” que os defensores têm é que Nossa Senhora supostamente disse para Vicka que este é o caso e, no que lhes diz respeito, qualquer afirmação da vidente Vicka é uma verdade auto-evidente. Num livreto pró-Medjugorje publicado em 1991, Nossa Senhora supostamente diz o seguinte, no dia 3 de janeiro de 1982:

Ivica não é culpado. Que ele mantenha a fé ainda que seja expulso. Eu não cesso de repetir, “paz, paz, paz” e, no entanto, a agitação aumenta. Ele não é culpado (Nossa Senhora repetiu isso três vezes). O Bispo não mantém a ordem. É por causa disso que ele é responsável. A justiça que vocês não viram, voltará. [1]

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.


[1] Bishop Zanic – What Went Wrong? (Saint James Publishing, P.O.Box 380244 – Birmingham, Alabama), p.5

Medjugorje, a história definitiva (I): Credibilidade das Mensagens.

As mensagens de Medjugorje são, na maioria das vezes, de uma banalidade ímpar e poderiam ser compiladas por qualquer criança de 10 anos com um conhecimento mínimo de orações e devoções tradicionais e de doutrina. Eis um exemplo típico de mensagem (publicada no dia 6 de outubro de 1996):

Medjugorje
Medjugorje

Queridas crianças, hoje eu vos convido a oferecer suas cruzes e sofrimentos pelas minhas intenções. Filhinhos, eu sou sua mãe e quero ajudá-los a alcançar a graça de Deus. Filhinhos, ofereçam seus sofrimentos como um dom de Deus de modo que eles se tornem a mais linda flor de alegria. Por isso, filhinhos, rezem para que vocês possam compreender que o sofrimento pode se tornar alegria e a cruz, o caminho para a alegria. Obrigada por atender meu chamado.

Pode-se notar que é normal oferecer orações, sofrimentos e alegrias de cada dia pelas intenções de Nosso Senhor através do Imaculado Coração de Maria, e não pelas intenções de Nossa Senhora.

Desejo lhes transmitir mensagens de uma forma inédita na história.[1]

Dificilmente alguém poderia negar que a “aparição” ocorre sempre que um dos visionários deseja é, certamente, algo inédito na história.

Rezando, vocês me ajudaram a realizar os meus planos. Implorarei de meu Filho que todos os meus planos sejam realizados. [2]

Filhinhos, sem vocês eu não posso ajudar o mundo. [3]

Isso significa que a intercessão da nossa Advogada cheia de graça depende totalmente dos videntes de Medjugorje?

 Deixarei um sinal para os infiéis.

Este é um desenvolvimento interessante, pois, como demonstrarei mais tarde, o sinal prometido tinha, originalmente, a intenção de provar a veracidade das aparições para os fiéis.

Filhinhos, eu quero que vocês vivam e mudem toda a negatividade interior, de modo que tudo se torne positivo e vivo.  [4]

Esta mensagem parece ter vindo direto de um manual Nova Era.

Algumas mensagens são de ortodoxia dúbia. No dia 1º de outubro de 1981, a aparição anunciou: “Para Deus, todas as religiões são iguais”, usando a palavra croata “iste”. Numa declaração mais detalhada, a aparição insiste que todas as religiões são iguais:

Só há um Deus para todos, mas as pessoas inventaram [5] várias religiões. Meu Filho é o único Mediador e Salvador de todas as pessoas, mas, do modo que vejo, as pessoas vivem bem se elas praticam bem as suas religiões, se elas seguem as suas consciências.

Nossa Senhora está dizendo aqui que a religião Católica foi inventada pelos homens? Como uma religião que foi fundada pela encarnação de Deus pode ser colocada no mesmo nível que as religiões inventadas pelos homens?

Medjugorje depois de 21 anos – 1981-2002 – A História Definitiva, Michael Davies. Tradução de Patrícia Medina.


[1] R. Franken, A Journey to Medjugorje (1999),  p. 36

[2] Ibid.

[3] Ibid.

[4] Franken, p.37

[5] Nota da Tradutora: a expressão utilizada originalmente foi “conjured up”. O verbo traduz-se por “fazer truques” ou “fazer aparecer”, ou ainda, “intentar por meio de conspiração. Conspirar, tramar, maquinar. Insurgir-se, rebelar-se”. Uma outra forma de traduzir a infame frase seria: “as pessoas maquinaram várias religiões”.