Desiderio Desideravi, veneno mortal.

Por Padre Jerome Brown, FratresInUnum.com, 30 de junho de 2022 – Certas histórias com as quais se busca educar as crianças chamam a atenção para coisas que, embora possuam uma aparência bonita, atraente e, dependendo, até mesmo apetitosa, podem conter em si um mortífero veneno.

Infelizmente, para o mundo católico, isso deixa cada vez mais as páginas dos livros de fábulas para encontrar lugar nas primeiras páginas dos documentos assinados pelo Papa Francisco.

Ontem, dia de Ss. Pedro e Paulo, recebemos mais um tapa: Desiderio Desideravi.

Lindíssimas palavras. Palavras que o Verbo Encarnado usou para manifestar seu ardente desejo de instituir o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e o Sacerdócio Católico, e que na pena de Francisco caíram como mais uma pedrada sobre o Rito Tradicional.

Nela, obstinadamente, afirma Francisco o seu desejo de que nas várias línguas – não mais “a uma só voz” – exista uma única e idêntica oração (litúrgica, forma litúrgica) que deve advir de Traditionis Custodes, isto é, sem a menor hesitação, o Papa deixa mais que evidente que Traditionis Custodes tem por finalidade destruir o que fora denominada “forma extraordinária” ou “forma tradicional” do Rito Romano.

E, para isso, o Papa pretende estabelecer uma espécie de rede que desde a formação dos futuros sacerdotes até a própria vida paroquial fomentem uma liturgia nem séria, nem brincalhona, nem criativa demais, nem excessivamente rígida, nem hierática, nem desleixada.

A questão é que para boa parte do mundo católico essa liturgia já existe. É a liturgia tradicional que as autoridades romanas buscam destruir.

Não deixa de ser impressionante a capacidade de Francisco de pedir que sejam deixadas de lado as divergências, divergências que existem particularmente graças a ele e aos seus documentos de belos nomes e conteúdos mortais.

Opção preferencial por heterodoxos.

FratresInUnum.com, 16 de junho de 2022: O bispo emérito Dom Luc Van Looy, da Bélgica, pediu ao Papa que não o torne cardeal. No país baixo, a notícia de sua nomeação ao colégio cardinalício causou furor: Van Looy nada fez, por anos, para evitar abusos infantis. O bispo é um ferrenho progressista e grande inimigo da missa tradicional. Francisco aceitou o pedido.

Francisco: “Número de grupos restauradores é impressionante”.

As múmias progressistas, embalsamadas desde os anos 60, não podem conceber que os jovens querem a Tradição e não as suas vãs ideologias.

papa-francesco-bergoglio-copVaticano, 14 jun. 22 / 03:57 pm (ACI).- O papa Francisco disse que há um “restauracionismo que chegou para amordaçar o Concílio’’. “O número de grupos ‘restauradores’ – por exemplo, existem muitos nos Estados Unidos – é impressionante” disse o papa em entrevista aos editores de revistas jesuítas da Europa. A entrevista, feita em 19 de maio, foi publicada hoje (14),

“Um bispo argentino me disse que lhe havia sido pedido para administrar uma diocese que havia caído nas mãos desses ‘restauradores’. Eles nunca haviam aceitado o Concílio. Há ideias, comportamentos que nascem de um ‘restauracionismo’ que basicamente não aceitou o Concílio”, disse o papa, também ele jesuíta.

Na entrevista, foi perguntado ao papa sobre o “caminho sinodal que alguns pensam ser herético”. O Caminho Sinodal Alemão começou em dezembro de 2019 e reúne bispos e leigos da Alemanha para abordar o exercício do “poder” na Igreja, a moral sexual, o sacerdócio e o papel da mulher na Igreja. Um documento aprovado pelo Caminho Sinodal Alemão propõe a mudança da dutrina moral da igreja sobre sexo, especialmente sobre homossexualismo, o fim do celibato sacerdotal e a ordenação de mulheres.

“O problema surge quando o caminho sinodal provém das elites intelectuais, teológicas, e é muito influenciado por pressões externas. Há algumas dioceses onde o caminho sinodal está sendo feito com os fiéis, com o povo, lentamente”, disse o papa.

Francisco também disse que falou ao bispo de Limburg  e presidente da Conferência Episcopal Alemã, dom Georg Bätzing, que “na Alemanha há uma Igreja evangélica muito boa. Não precisamos de duas”.

O perigo de nosso tempo, segundo Francisco.

Vaticano, 02 jun. 22 / 02:00 pm (ACI).- O papa Francisco criticou na quarta-feira (1º) as pessoas que “se dizem guardiãs de tradições, mas de tradições mortas”, dizendo que não avançar é perigoso para a Igreja hoje. Francisco falava aos organizadores de uma conferência sobre educação. Para Francisco é vital progredir “extraindo das raízes”.

A conferência foi organizada para avaliar o trabalho realizado até agora em relação ao Pacto Global pela Educação proposto por Francisco.

“Agradeço-vos por tudo o que fazeis a serviço da educação, que é também a contribuição específica que estais a oferecer ao processo sinodal da Igreja. Continuem caminhando nessa direção, do passado para o futuro, crescimento contínuo”, disse.

“E esteja atento ao ‘retrocesso’ tão em voga hoje, que nos faz pensar que, dando um passo atrás, podemos preservar o humanismo”, acrescentou o papa.

Francisco disse que “há a moda – em todas as épocas, mas nesta época da vida da Igreja eu considero perigosa – que em vez de buscar nas raízes para avançar – o que significa boas tradições – nós ‘recuamos’, não subindo ou descendo, mas para trás”.

Dom Salvatore Cordileone proíbe Presidente da Câmara dos EUA, ferrenha abortista, de comungar.

O Arcebispo de San Francisco, EUA, Dom Salvatore Cordileone, proibiu Nancy Pelosi, proeminente figura do partido Democrata norte-americano e atualmente presidente da Câmara dos Representantes, de se aproximar da Sagrada Comunhão. No Twitter, o aguerrido arcebispo anunciou:

“Após diversas tentativas de falar com a presidente Pelosi, a fim de ajudá-la a entender o grave mal que está perpetrando, o escândalo que está causando, e o perigo a que coloca sua alma, determinei que ela não deva ser admitida à Sagrada Comunhão”.

O episcopado americano, considerado atualmente um dos mais refratários à agenda do Papa, há décadas discute a postura que os bispos devem ter acerca de políticos católicos que defendem o aborto. O presidente Joe Biden e Nancy Pelosi são as figuras mais importantes a adotarem essa posição.

Do outro lado do Atlântico

Biden, por sua vez, esteve há pouco em Roma de Francisco. O assunto não foi abordado oficialmente e dizem que o presidente teria comungado.

Em entrevista, Biden afirmou a jornalistas que o Pontífice lhe garantiu “que está feliz com ele”, que o considera o “um bom católico” e que ele deve continuar a receber a comunhão.

Francisco já se manifestara sobre o tema em setembro passado, quando disse que considera o aborto “assassinato”, mas que “nunca negou a comunhão para ninguém”.

Biden, na era da misericórdia, é outro “católico pra valer”.

Becciu nega desvio e diz que Papa aprovou €1 milhão para libertar freira.

Ansa, 5 de maio de 2022 – O cardeal Angelo Becciu, que está no meio de duas grandes investigações do Vaticano por desvios financeiros, compareceu nesta quinta-feira (5) perante o tribunal criminal do Vaticano e revelou que o papa Francisco autorizou gastos de 1 milhão de euros para libertar uma freira colombiana que estava em cativeiro por mais de quatro anos no Mali antes de ser solta em 2021.

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Reforma da Cúria Romana – Novidades iniciais.

Por FratresInUnum.com, 19 de março de 2022, com informações de Catholic Sat – Com nove anos de construção, o Papa Francisco realiza o ato mais significativo do seu pontificado com a completa revisão e reforma da Cúria Romana, com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, publicada hoje, entrando em vigor no domingo de Pentecostes.

Algumas iniciais reflexões sobre a Reforma:

1. Embora diga expressamente que todos os dicastérios da Cúria são iguais, o Secretário de Estado supera ainda a Congregação para a Doutrina da Fé em eminência e cresce em poder.

2. Todas as Constituições Apostólicas, Decretos Pontifícios, Carta Apostólica, etc. são agora elaborados pelo Secretário de Estado, sem menção da revisão costumeira e dos comentários pela Congregação para a Doutrina da Fé, como era o caso anteriormente.

3. O Papa é agora Prefeito do Dicastério para a Evangelização, Propaganda Fide.

4. O papel da Congregação para a Doutrina da Fé é promover e proteger a integridade da doutrina católica em questões de fé e moral, valendo-se do depósito da fé e também buscando uma compreensão cada vez mais profunda diante de novas questões.

5. O novo dicastério para o serviço da Caridade terá como Prefeito o Esmoleiro Pontifício.

6. O Dicastério para as Igrejas Orientais parece permanecer inalterado, com exceção de não ser mais uma ‘Congregação’, mas um ‘Dicastério’, como todos os outros escritórios da Cúria Romana.

7. A Forma Extraordinária do Rito Romano, abolida há menos de um ano por Traditionis Custodes, contraditoriamente, está de volta como frase oficial do Vaticano, como se nada tivesse acontecido, e seu regulamento está sob a competência do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

8. O Dicastério para as Causas dos Santos parece estar inalterado na estrutura.

9. O processo de nomeação dos Bispos envolverá os membros do Povo de Deus da respectiva diocese. O que isso significa na prática, teremos que esperar para ver.

10. O Dicastério para o Clero parece inalterado em estrutura e competência, assim como o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada.

11. Não se sabe o que fez ou qual era o propósito da Congregação para os Leigos, a Família e a Vida, e ainda não tenho certeza qual seja, na realidade, o propósito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida.

12. O Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos continua sua missão de 50 anos pelo ecumenismo, implementando o Vaticano II e o Magistério pós-conciliar na mencionada missão.

13. O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso passa agora a ser um Dicastério que regula as relações com os membros de religiões não cristãs, com exceção do judaísmo, cuja competência pertencerá ao Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (sic!).

14. Cultura e Educação foram fundidas em um Dicastério. Parece bastante forçado. A regulamentação da educação católica está firmemente na alçada dos bispos, conferências episcopais etc., com o apoio deste Dicastério.

15. O Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral já não tem uma seção específica para os Refugiados, que passa a fazer parte integrante da sua competência.

16. Dicastério para os Textos Legislativos parece inalterado em estrutura e competência.

17. O Dicastério para a Comunicação se envolverá mais em nível educativo com a divulgação dos próprios aspectos teológicos e pastorais da ação comunicativa da Igreja.

18. O Prefeito da Secretaria de Economia torna-se o Ministro de fato das Finanças do Estado da Santa Sé.

19. O Ofício do Camerlengo permanece inalterado.

A Consagração da Rússia e da Ucrânia. Reaberto o caso Fátima!

Por FratresInUnum.com, 16 de março de 2022 – Para a surpresa de todo o orbe católico, na última terça-feira, a Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou a notícia de que o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, na tarde do próximo dia 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor, durante uma celebração penitencial.

O tema, um dos mais apaixonantes da história recente da Igreja, merece a nossa atenta consideração.

A derrocada da versão oficial

O mero anúncio da iniciativa do Papa Francisco de consagrar a Rússia faz cair por terra de modo cabal a narrativa de que a Consagração da Rússia, tal como Nossa Senhora pediu, teria sido feita por João Paulo II em 1984 e ratificada como suficiente pela própria Irmã Lúcia. 

Os jogos de palavras e as minuciosíssimas restrições mentais foram estudados à exaustão por autores como Fr. Michel de la Saint-Trinité, Malachi Martin, Solideo Paolini, Antonio Socci, Christopher Ferrara, Paul Kramer, Nicholas Gruner e Saverio Gaeta. Se já não restava dúvidas de que a Santa Sé manipulou fatos e textos para evadir-se da Consagração da Rússia e esquivar-se de tratar seriamente as questões relativas ao chamado “Terceiro Segredo de Fátima”, agora, a versão oficial cai completamente em descrédito. 

De fato, no ano 2000, o então Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o Card. Tarcísio Bertone, na apresentação do documento “A Mensagem de Fátima”, havia escrito que “a Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este ato, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: ‘Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984’ (carta de 8 de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento”.

Este “como Nossa Senhora queria” se refere ao fato de que o “ato foi solene e universal” ou à concreta petição de que a Rússia fosse consagrada?… As palavras da Irmã Lúcia, dispostas dessa forma, induzem o leitor a pensar que ela teria concretamente afirmado que seria desnecessário consagrar nominalmente a Rússia, o que contradiria o que a própria Irmã Lúcia afirmou quando disse em outras ocasiões que era a Consagração da Rússia e não a Consagração do mundo que Nossa Senhora teria pedido.

Quanto ao “Terceiro Segredo de Fátima”, as incongruências são ainda maiores. Por exemplo, a versão oficial diz explicitamente que “uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do ‘segredo’, tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: ‘Porquê o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?’. Resposta da Irmã Lúcia: ‘Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente depois. Agora pode-se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa’”.

Como se vê, a própria Irmã Lúcia apela, no final, para a “interpretação do papa”, como que tomando distância do assunto e deixando ampla margem para eventualmente percebermos uma restrição mental. Nós precisamos nos colocar na pele da Irmã Lúcia: imaginem o que é, para uma monja carmelita formada na mais profunda e religiosa obediência receber um mandato expresso da Santa Sé… Ela simplesmente não conseguiria sustentar a sua posição diante de uma ordem autoritativa dos superiores!

Todavia, quando a questão se reacendeu, no dia 31 de maio de 2007, o Card. Bertone foi à TV, no programa “Porta a porta” e mostrou o envelope em que a Irmã Lúcia escrevera: “Por ordem expressa de Nossa Senhora, este envelope pode ser aberto em 1960”. 

Ora, como a Irmã Lúcia não teria se contradito? O que o Vaticano nos está querendo esconder?

Por essas e outras razões, percebemos claramente que a Consagração da Rússia está intimamente conectada com a revelação completa do “Terceiro Segredo de Fátima”, o qual, na verdade, é necessário para que se compreenda a real necessidade deste ato solene do Papa e dos bispos. A Santa Sé não pode privar os católicos de toda a verdade sobre Fátima, não pode censurar Nossa Senhora. A versão oficial se tornou insustentável, também e sobretudo naquilo que se refere ao “Terceiro Segredo”.

Possivelmente, os acontecimentos relatados no “Terceiro Segredo” estão acontecendo de modo tão clamoroso que já não é mais possível para a alta hierarquia colocar em dúvida a veracidade do evento “Fátima”. Uma das testemunhas do “Terceiro Segredo”, o Pe. Malachi Martin, disse que “Rússia e Kiev estão envolvidas” aí. Basta ver o vídeo com um trecho de uma sua importante entrevista.

O que fica claro, porém, é que a iniciativa de Francisco coloca um fim à questão, a qual, de resto, era bastante evidente: de fato, a Rússia ainda não foi consagrada tal como Nossa Senhora havia pedido.

Um brevíssimo resumo da questão “Consagração da Rússia”

Como se sabe, o “Segredo de Fátima” possui três partes, na segunda das quais, Nossa Senhora disse às crianças: “A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra peor. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sufrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será consedido ao mundo algum tempo de paz” (os erros ortográficos correspondem ao documento original).

Em 13 de junho de 1929, no convento das Irmãs Doroteas, em Tuy, a Irmã Lúcia recebeu uma aparição da Santíssima Virgem, que lhe disse: “é chegado o momento em que Deus pede ao Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação; sacrifica-te por esta intenção e ora”.

Em março de 1937, ela escreve a Pio XI nos seguintes termos: “O bom Deus promete terminar a perseguição na Rússia, se Vossa Santidade se dignar fazer e mandar que o façam igualmente os Bispos do mundo católico, um solene e público ato de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e de Maria, e aprovar e recomendar a prática da devoção reparadora”. 

A resposta de Pio XI foi um clamoroso silêncio. De fato, ele não acreditava nessas intervenções sobrenaturais e costumava dizer que “se Cristo quisesse dizer alguma coisa para a Igreja, diria para mim, que sou o seu vigário”, ignorando que Deus se serve sempre dos pequenos para tocar o coração dos grandes. 

Pio XII fez a Consagração, mas de forma privada. 

A partir de João XXIII, as relações com Moscou se intensificam. Paulo VI, um dos principais articuladores da política de abertura para com o regime comunista, prossegue com a mesma atitude. 

João Paulo II coloca em crise a Oustpolitik, dificultando a posição de distensão com o regime soviético, sustentada pelo Cardeal Casaroli.

Em 1982, um ano após o atentado que quase lhe tirou a vida, João Paulo II compôs uma Consagração a Nossa Senhora, na qual não se mencionou a Rússia. Em 1984, ele fez a Consagração do mundo, mas mencionou apenas “aqueles homens e aquelas nações, que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade”. 

Meses depois, a Irmã Lúcia deu uma entrevista à revista “Sol de Fátima” em que afirma: “Não houve participação de todos os bispos e não houve menção da Rússia.” O entrevistador pergunta: “Então a consagração não foi feita como foi pedida por Nossa Senhora?” e a Irmã Lúcia respondeu: “Não. Muitos Bispos não deram importância a este ato”.

O teólogo Pe. René Laurentin deu uma entrevista à revista Chrétiens-Magazine, em março de 1987, afirmando que “a Irmã Lúcia continua insatisfeita. […] Ela pensa, parece, que a consagração não foi feita de acordo com o pedido de Nossa Senhora”.

“Tarde demais!” – As profecias sobre a Consagração

Deus, porém, não engana os seus servos. E assim foi com a Irmã Lúcia. Numa comunicação íntima, Nosso Senhor lhe disse: “Não quiseram atender ao meu pedido. Como o Rei da França, arrepender-se-ão; e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo”.

Nosso Senhor se referia aí ao fato de que Ele pedira ao Rei de França, Luís XIV, que a consagrasse ao seu Sacratíssimo Coração. O Rei não quis atender ao pedido feito através de Santa Margaria Maria Alacoque e, em exatos 100 anos, seu sucessor, Luís XVI, fê-la na prisão, mas já era tarde demais: ele foi logo depois guilhotinado, durante a sangrenta Revolução Francesa.

Em carta ao seu confessor, aos 18 de maio de 1936, a Irmã Lúcia escreveu: intimamente, tenho falado a Nosso Senhor do assunto; e há pouco perguntava-Lhe por que não convertia a Rússia sem que Sua Santidade fizesse essa consagração”. Foi esta a resposta: “porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Coração Imaculado de Maria, para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração”.

A este propósito, vem a calhar uma visão profética tida por Jacinta no leito de sua enfermidade, segundo relato da própria Irmã Lúcia na “Terceira Memória”: “passado algum tempo, a Jacinta ergue-se e chama por mim: – Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre em uma Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com Ele”?

Essa visão parece explicar de modo muito nítido que a Consagração pedida pela Santíssima Virgem seria, um dia, feita, mas que, dada a desobediência de oito papas, seria tarde demais… Agora, há quase 100 anos do pedido feito por Nossa Senhora à Irmã Lúcia, estamos diante de mais uma tentativa.

As condições requeridas

Em 1917, a Santíssima Virgem anunciara que viria a pedir a Consagração da Rússia. Depois, em 1929, detalhou em que consistiria essa Consagração: deveria ser consagrada a Rússia pelo Papa, ato ao qual deveriam unir-se os bispos de todo o mundo (Ela não diz que precisariam fazê-lo simultaneamente nem no mesmo lugar). 

O ato de reparação mencionado por Lúcia na carta a Pio XI de 1937 parece não fazer parte da essência mesma do próprio ato de consagração, mas, sim, ser uma decorrência lógica deste, pois a Consagração consiste em transferir a Deus a posse sobre um objeto ou pessoa, reconhecendo o seu domínio absoluto sobre aquilo e o seu direito de dispor daquilo como bem o queira, subtraindo-o de outros domínios que são alheios à sua vontade (ou seja, reparando simultaneamente a inadequação daquele objeto à finalidade própria da consagração).

É importante que se distinga muito bem aquilo que pertence à substância da Consagração daquilo que é uma decorrência acidental da mesma, pois não faltam aqueles que não desistem de encontrar sempre detalhes mínimos que invalidariam um ato que, pela sua própria natureza, corresponderia à petição da Santíssima Virgem.

Ademais, alguns têm objetado que a adição da Ucrânia à Consagração poderia invalidá-la de acordo com a petição de Nossa Senhora. A isso cabe-nos dizer que, à época do pedido, a Ucrânia pertencia ao território da Rússia e, além disso, a própria Rússia nasceu de Kiev, atual capital da Ucrânia. Por fim, Nossa Senhora pediu a Consagração da Rússia e não mencionou nenhuma cláusula excludente: fazendo-a, devemos pressupor que está feita! 

Eventuais problemas da próxima Consagração

As condições requeridas pela Santíssima Virgem precisam ser decididamente obedecidas. Diante do que dissemos, podemos mencionar as duas principais condições

  1. A consagração deve ser feita pelo Papa. Ora, diante das questões que se levantam no atual pontificado, como podemos garantir essa questão? A renúncia de Bento XVI foi válida? A eleição de Bergoglio foi válida, diante da manipulação da máfia de St. Gallen? Caso essas dificuldades tenham uma resposta positiva, as heresias pronunciadas por Francisco, especialmente no caso de Amoris Lætitia, o qual foi objeto de pública advertência por parte de quatro cardeais, não o fariam perder ipso facto o sumo pontificado?

A nossa impressão é que tais questões são muitíssimo difíceis de serem resolvidas, demandam a autoridade magisterial e infalível da Igreja, e que, na pior das hipóteses, estaríamos naquilo que o Direito Canônico chama de jurisdição de suplência em caso de erro comum e, sendo assim, estando na posição de cabeça da Igreja, Francisco poderia eventualmente fazer a Consagração.

Não será isso a que alude a misteriosa linguagem do Segredo de Fátima quando descreve a confusa figura de “um Bispo vestido de Branco que ‘tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre’”?

  1. A consagração deve ser feita por todos os bispos em união com Ele. Na comunicação da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni afirma que “na sexta-feira, 25 de março, durante a Celebração da Penitência que presidirá às 17h na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. O mesmo ato, no mesmo dia, será realizado em Fátima por Sua Eminência o Cardeal Krajewski, Esmoleiro de Sua Santidade, como enviado do Santo Padre”.

Ali, não se mencionam os bispos de todo o mundo. Esta seria uma omissão grave. 

Hoje, a presidência do CELAM convocou todos os bispos das 22 conferências episcopais latino-americanas a se unirem a Francisco no ato de Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. Que o mesmo aconteça com os demais episcopados do mundo inteiro e, sobretudo, que venha a conclamação por parte da Santa Sé! Rezemos por isso!

Consequências da Consagração

Nossa Senhora deixou bem claro que a finalidade da Consagração é a conversão da Rússia. Deus usa muitas vezes instrumentos inadequados, ineptos, para alcançar os seus fins. Precisamos ter confiança na Divina Providência e esperar que Deus se sirva da boa disposição dos seus filhos nessa hora decisiva da história humana. 

Talvez, a situação nebulosa que esteja para acontecer mais adiante (não esqueçamos que o Vaticano tem informações muito mais precisas do que todos nós) e o perigo de uma guerra atômica sejam aquelas circunstâncias que obrigam os homens da Igreja a acreditar, mesmo que tenham tido o coração duro até agora.

Nossa Senhora deixou muito claro que, feita a Consagração, “a Rússia se converterá”. Esta, aliás, é uma prova de que as Consagrações anteriores não foram válidas e, portanto, será o fruto que teremos de verificar caso esta o seja.

É muito interessante a linguagem da Santíssima Virgem. Ela não afirma a conversão dos russos, mas a conversão da Rússia: ou seja, Ela está falando de um Estado Católico, do reinado social de Jesus Cristo numa nação e na bênção que isso será para o mundo inteiro.

Numa carta ao seu diretor espiritual, em18 de maio de 1936, Irmã Lúcia escreveu:

“Intimamente, tenho falado com Nosso Senhor sobre o assunto [da consagração da Rússia]; e há pouco perguntava-Lhe por que não convertia a Rússia sem que Sua Santidade fizesse essa consagração. ‘Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Imaculado Coração de Maria, para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração’. Mas, meu Deus, o Santo Padre não me há-de crer, se Vós mesmo não o moveis com uma inspiração especial. ‘O Santo Padre! Ora muito pelo Santo Padre! Ele há de fazê-la, mas será tarde! No entanto, o Imaculado Coração de Maria há-de salvar a Rússia. Está-Lhe confiada’”.

Mesmo que o ato de consagração não seja efetivamente realizado dentro das condições pedidas por Nossa Senhora, algo da benevolência divina se desatará sobre nós, como aconteceu com as Consagrações de 1942 e de 1984, que encurtaram a 2ª. Guerra Mundial e conseguiram a queda da União Soviética.

Uma questão crucial fica, ainda, em pé: nós precisamos saber as palavras de Nossa Senhora quanto ao “Terceiro Segredo”, pois apenas isso nos mostrará o verdadeiro porquê dessa Consagração. 

Não podemos cair numa esperança pueril e romântica, de que o triunfo do Imaculado Coração de Maria chegará semana que vem, nem no fatalismo de quem acha impossível que aconteça uma especial intervenção divina mediante a Consagração. 

Fato é que a grande graça de que necessitamos não é apenas uma “paz bélica”, o mero cessar da guerra. A graça maior será entender o que Nossa Senhora falou para que se abra o nosso entendimento para compreendermos sobrenaturalmente o que está acontecendo na Igreja e no mundo. De que adiantaria uma “paz bélica” com o mundo submerso no pecado (desde as mais grotescas heresias até as mais absurdas abominações como o aborto e a sodomia generalizada, desde o triunfo dos hereges dentro da Igreja até a perseguição dos bons no interno da mesma)?

Independentemente do que belicamente há de acontecer, a grande solução para todos os problemas está nas palavras do Santo Anjo na visão do “Terceiro Segredo”: “Penitência! Penitência! Penitência!”. É chegada a hora da conversão. E, neste sentido, não deixa de ser eloquente que a Consagração seja feita durante uma sexta-feira da Quaresma e no contexto de uma celebração penitencial, no dia em que celebramos a festa da Encarnação do Verbo, “por nós homens e pela nossa salvação”, pois a conversão dos homens de Igreja a Cristo é uma etapa necessária para a conversão do mundo.

A síndrome do pato manco, ou o isolamento do Papa.

Por Benoit et Moi | Tradução: FratresInUnum.com * – Na política, existe uma expressão ouvida com frequência e muito temida pelos governantes: o pato manco, que designa um pato incapaz de seguir o grupo e que se torna, portanto, o alvo dos predadores.

Esse apelido também é conferido a um dirigente que, por diversas razões, especialmente porque está chegando ao fim do mandato, perdeu o poder. E o modo mais claro de identificar um pato manco é ver a reação de seus amigos: quando o deixam sozinho, quando o grupo o abandona, há um sinal indiscutível de que o pobre palmípede está nas últimas[1].

Parece que é o que está acontecendo com o papa Francisco: sua claudicação não é somente o efeito de uma ciática, é também o efeito da perda de poder devido à gestão catastrófica de seu pontificado, e aos sinais nítidos de que seu fim se aproxima. O fato de que nada menos que Andrea Riccardi, figura de proa da Comunidade de Santo Egídio, tenha publicado um livro intitulado La Chiesa bruccia (A Igreja queima) é extremamente sintomático. Parece que a peronização provocada por um papa peronista tenha também seus lados obscuros, pois, diz-se que os peronistas acompanham seus colegas até a porta do cemitério, mas não entram, e é precisamente o que está acontecendo.

O papa está sozinho

Um dos erros mais graves que um dirigente que sofre da síndrome do pato manco pode cometer é dar ordens universais muito severas, pois ele corre o risco de ser desobedecido e revelar, assim, sua fraqueza. E é exatamente o que parece acontecer com o papa Francisco após a publicação do motu proprio Traditionis custodes. Por ora, a única adesão clara e universalmente conhecida que ocorreu é a de Dom Ángel Luis Ríos Matos, bispo de Mayaguez, em Porto Rico, que publicou um decreto hilariante no qual ele anuncia que, ainda que não seja celebrada a missa tradicional em sua diocese, ele a proíbe mesmo assim, e, aproveitando o embalo, ele também aproveita para proibir o uso da casula romana, das toalhas de linho e do véu umeral.

Similar disposição foi tomada pelos bispos da Costa Rica. Os tiranos engendram tiranias patéticas, e Bergoglio engendrou incontáveis bispos medíocres que povoarão tristemente os Prados de Asfódelos[2] (é curioso que nas fotos que se encontra facilmente na internet, Dom Ríos Matos apareça sempre vestido com todos os ornamentos episcopais possíveis). E, não sei o porquê, mas tudo isso me lembra o romance de Evelyn Waugh, Black Mischie[3].

O site Rorate Coeli faz uma lista das missas proibidas pelos bispos. Veremos o que acontecerá, mas, até agora, as reações foram aquelas que havíamos predito neste blog há alguns dias, ainda que, devo admitir, tenha sido surpreendido pela rapidez e clareza com as quais os bispos franceses, ingleses e americanos reagiram.

A Conferência episcopal francesa, com estas circunlocuções tipicamente gaulesas, tirou a bola de campo. Para eles, não se trata de discutir sobre a lex orandi ou a lex credendi da igreja do Papa Francisco, mas, de fato, de que o motu proprio os convida a refletir sobre a importância da Eucaristia na vida da Igreja, e que, em setembro, após as férias, eles se reunirão sobre isso.

Na mesma linha, o bispo de Versalhes, onde estão instaladas importantes comunidades tradicionalistas, já fez saber por escrito que, em sua diocese, as coisas continuarão como estavam, e o mesmo foi dito, logo após a publicação do documento, pelo arcebispo de São Francisco, seguido por numerosos outros bispos americanos – por exemplo, o de Cincinatti – que, mais discretamente, informaram aos padres e fiéis próximos do rito tradicional que eles não promoverão nenhuma mudança, apesar das ordens pontifícias.

Na Inglaterra, a maioria dos bispos fizeram a mesma coisa: logo após a publicação do motu proprio, eles mesmos anunciaram, de modo oficial e selado, que, em suas dioceses, não haveria nenhuma mudança em relação à missa tradicional. E o curioso é que, em sua maioria, quer sejam franceses, americanos ou ingleses, não são bispos com simpatias tradicionalistas particulares, mas bispos com tendências claramente liberais. Logo, por que essa reação tão rápida, tão clara e tão contrária aos desejos pontifícios evidentes?

Pode-se apenas conjecturar sobre a resposta, mas podemos propor algumas. Uma coisa que fica clara é que os bispos não temem mais as “misericórdias pontifícias”, o que teria acontecido, sem dúvida, outrora. E isso é um sinal evidente da síndrome do pato manco: Francisco poderia demitir Salvatore Cordileone de sua sé arcebispal? Ele não tem mais força para fazer isso. O episcopado americano está muito furioso com o papa, e a ameaça de uma “misericórdia” em razão da não aplicação do motu proprio seria combatida pela Conferência dos bispos. A declaração dos bispos franceses, ainda que para alguns ela dê a impressão de eles estão lavando as mãos, é um tipo de blindagem: aqui a gente vai refletir sobre a Eucaristia, dizem eles, e, quanto às proibições, cada bispo verá o que fará. E já vimos o que eles fazem: eles não proíbem nada.

Este é precisamente o nó do problema: os bispos dos dois lados do Atlântico não querem iniciar uma guerra inútil. Em suas dioceses, graças ao Summorum Pontificum, a pax liturgica foi concretizada. As coisas funcionam, e funcionam bem: as ideologias, salvo em casos raros, desapareceram. E o crescimento constante das comunidades, dos padres e das vocações tradicionalistas já era considerado como uma bênção, e não um perigo, ou seja, precisamente a visão oposta àquela apresentada por Bergoglio em seu documento.

Localmente, nas dioceses, os únicos que funcionam mais ou menos bem são os grupos litúrgicos tradicionais. Na Europa, exterminar a missa tradicional significaria importar diretamente da África curas de misa y olla[4].

Se todo documento jurídico deve ser interpretado conforme o espírito do legislador, o que sobressai do motu proprio é que o papa Francisco quer evitar quebrar a unidade sobre as questões litúrgicas. Assim, com toda legitimidade e com toda tranquilidade de espírito, os bispos que julgam que, em suas dioceses, a diversidade litúrgica do rito romano não gera problema e não fere a unidade, podem ignorar a norma. Mais honestamente, a maioria dos bispos não tem vontade de entrar em uma guerra que não existe senão na mente de Bergoglio e de seus ideólogos de serviço, desta vez, Andrea Grillo. Como escreveu justamente Tim Stanley em The Spectatorparecemos viver nos anos de Leonid Brejnev, na União soviética: um governo de gerentes, ligados a uma velha fotografia desgastada que retrata a situação de um país que não existe mais.

É inconcebível que a Igreja latina tenha caído ao longo dos dois últimos séculos em um hiperpapalismo tão extremo que permita manifestações tais como Traditionis custodes, na qual o papa de Roma se intromete a tal ponto em cada dioceses, que ele indique ao bispo quais paróquias ele pode ou não erigir. É um contrassenso impensável na Igreja medieval e impensável na igreja oriental. Como disse o cardeal Müller, em sua carta de leitura indispensável, os bispos são colocados enquanto pastores e “não simples representantes de um escritório central, com possibilidades de promoção”.

A carta do cardeal Müller desmonta, além do mais, os artifícios teológicos sobre os quais Bergoglio tentou construir seu motu proprio, explicando, por exemplo, o que significa e o que não significa a lex orandi – lex credendi, e mostrando os absurdos bergoglianos. Trata-se de um fato histórico: em 1646, o papa Inocêncio X, sob instigação dos jesuítas, suprimiu (o termo utilizado era redução) a florescente congregação dos educadores fundada por São José Calasanz – os piaristas – por meio do breve Ea quae pro felici. Assim que ficou conhecido, espalharam-se críticas. Ingoli, secretário da Propaganda fidei, ao ver o documento impresso, disse: “Em outro pontificado, eles poderiam utilizá-lo como tampa para os potes”, e o padre Orsini, internúncio da Polônia, escreveu: “É um Breve feito com um machado… Não tenha dúvidas… que, em outro pontificado, será anulado”. E, com efeito, foi o que aconteceu.

Em resumo, Bergoglio sofre da síndrome do pato manco. Com a publicação de Traditionis custodes, ele ficou amplamente desacreditado e acelerou o declínio e o fim de seu pontificado catastrófico.

* Nosso agradecimento a um caro leitor pela gentileza da tradução fornecida.

Nota: a dureza e a ironia da carta do cardeal Müller se juntam a expressões de repúdio de Bergoglio provenientes de outros meios. Michel Onfray, o popular ateu e filósofo progressista francês, escreveu no Le Figaro que a missa em latim é um patrimônio universal ao qual não se pode tocar e desqualifica Bergoglio, classificando-o de “jesuíta e peronista” cuja formação é a de um “químico”. José Manuel de Prada, em ABC, declarou que ele tira o chapéu para entrar na igreja, mas não levanta a cabeça, o que pede o motu proprio franciscano.

[1] No mundo político anglo-saxão, um lame duck designa um eleito cujo mandado chega ao fim, e, mais particularmente, um eleito ainda no cargo, enquanto seu sucessor, já eleito, ainda não ocupa o cargo.

[2] Um lugar dos Infernos na mitologia grega.

[3] Em francês “Diablerie”, 1932: caricatura dos esforços de Hailé Sélassié Iº para modernizar a Abissínia. Narração irônica, cínica e convincente de um fracasso retumbante.

[4] Em linguagem familiar designa padres que possuem uma baixa formação e pouca autoridade.