A culpa é da escada.

Por Padre Jerome Brown, FratresInUnum.com, 7 de agosto de 2022 – Muitas mulheres que sofrem violência doméstica, por mil razões, acobertam seus algozes com várias desculpas. Certa vez, uma policial me falou que finalmente pôde ajudar uma senhora que umas duas vezes por semana “caía da escada”, embora morasse numa casa de apenas um andar…

Enquanto lia os comunicados oficiais que o Opus Dei e seu Prelado escreveram sobre o último Motu Proprio de Francisco, como sempre com um lindo nome — Ad Charisma tuendum — e um efeito devastador, sentia-me como alguém vendo uma mulher de braço quebrado e olho roxo, que com um sorriso envergonhado dizia ter caído da escada e que seu marido é muito bom para com ela.

Pois bem, a perpétua memória da Ut sit de João Paulo II durou pouco. Aliás, parece que todas as “perpétuas memórias” encontram um ponto final em Francisco. Não há nada que ele não queira mudar. Até mesmo à memória do “lava pés” Bergoglio quis dar seu ar pessoal introduzindo também mulheres. Se até algo instituído por Cristo pode ser “aperfeiçoado” por Bergoglio, quanto mais o que foi feito pelos Vigários de Cristo dos quais Bergoglio parece ser o supremo moderador, reformador, inventor.

O que acontece com a “Obra” é apenas um canapé do que espera os institutos tradicionais que buscam a todo o custo os “green cards” eclesiásticos.

Resta saber se eles dirão que caíram da escada.

Missa Antiga no Opus Dei.

Kreuz.net | Tradução: Fratres in Unum.com – Segundo o sítio riposte-catholique.fr, no dia 5 de agosto, um religioso chileno, Pe. Federico Monckeberg, da Prelazia Pessoal Opus Dei, celebrou uma Missa Antiga em Santiago do Chile. O fundador do Opus Dei, São Josemaria Escriva († 1975), celebrou a missa no rito tradicional no mesmo altar, em 1974. O fundador nunca celebrou no Rito Novo.

A obra luterana do Opus Dei.

Por Tradición Digital | Tradução: Fratres in Unum.com

A Grande Enciclopédia Rialp [GER] nos serve de fonte para encontrar um breve esquema sobre a autoridade dos concílios. Nomeadamente, no verbete “Concílio“, no ponto 2, dedicado à autoridade doutrinal dos concílios:

No âmbito das decisões doutrinais os concílios têm autoridade:

– segundo o grau em que conste;

a) Os concílios particulares têm, portanto, autoridade:

– na medida em que se integram ao conjunto do Magistério ordinário, participando assim da infabilidade de que esse conjunto goza;

– na medida em que estão em conformidade com a voz da Igreja universal, que ressoa através deles.

b) Os concílios ecumênicos:

se se limitam a propor uma doutrina, se remetem à hipótese anterior (tratada em a);

– se, todavia, a definem com toda sua autoridade, recebendo a confirmação do Romano Pontífice, gozam de infabilidade por si mesmos e são, enquanto tais, regra segura da verdade (caso dos concílios que emitem cânones definitórios).

Ou seja, um Concílio Ecumênico que não define nada e nem o Papa demonstra sua intenção de definir a doutrina expressa ao colocar nele a sua assinatura, simplesmente propõe uma doutrina. Neste caso, seu valor doutrinal é relativo ao conjunto do magistério precedente e à conformidade com a Tradição, dos quais receberia sua infalibidade. É o que expressa belamente essa enciclopédia com esta frase: “em conformidade com a voz da Igreja universal que ressoa através do mesmo”. Pelo que, é óbvio, se não houvesse tal conformidade não teria autoridade a esse respeito.

Ademais, consta que a autoridade dos concílios é variada e há de se fazer constar o grau da mesma para saber ao que se ater. A GER ressalta esta disparidade dos concílios que pode fazer variar em muito sua autoridade e os modos dela, de forma que é difícil sistematizar algo para todos os concílios.

Não duvidamos que nos próximos dias o Cardeal Koch — ou o próprio prefeito Müller, quando retornar das férias — publicará a condenação da Grande Enciclopédia Rialp por seu luteranismo, retirando-lhe as licenças que previamente lhe haviam concedido.

“Mau critério”.

Ayres Brito ladeado por Ives Gandra Martins, supernumerário, e Carlos Alberto di Franco, numerário do Opus Dei.
Ayres Brito ladeado por Ives Gandra Martins, supernumerário, e Carlos Alberto di Franco, numerário do Opus Dei.

O Ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Brito esteve no IICS (Instituto Internacional de Ciências Sociais) para encerrar um seminário sobre a liberdade de imprensa. Não é preciso lembrar que o Ministro Ayres Brito é um defensor ferrenho do aborto e do casamento homossexual. Sua posição sobre a liberdade de imprensa não é, também, das mais ortodoxas, afinal, ele proclama a ampla e irrestrita liberdade de expressão, até mesmo para a “Marcha da Maconha”.

O que causa espanto é que o IICS é o braço acadêmico do Opus Dei no Brasil. Lamentavelmente, os membros da Obra que dirigem a instituição não se incomodaram em convidar como palestrante um notório inimigo da Fé Católica. É fato que Nosso Senhor andava com publicanos e prostitutas, mas com o propósito de convertê-los. Não há relatos de que Ele os convidava para prelecionar sobre o erro e o vício.

Nos dizeres de Monsenhor Juan Claudio Sanahua, frequentemente “o diálogo se transforma em ‘dialoguismo’, no qual é concedido o inegociável, e, com a desculpa de se descobrir o que é positivo nas diferentes manifestações sociais e culturais contaminadas de paganismo, muitos católicos não resistem a nenhuma de suas exigências abusivas, coonestam o erro, ocultam sua fé, não demonstram que são cristãos e, com frequência, se mostram mais amigos do inimigo de Deus que de seus irmãos de fé.” (Mons. Juan Claudio Sanahuja. Poder Global e Religião Universal. Ed: Katechesis).

Parece ser exatamente este o caso. Para usar um jargão da Obra, o convite deveria ser considerado, no mínimo, como “mau critério”.

[Atualização: 6 de junho de 2012, às 16:03] O link citado acima está com algum problema técnico ou seu conteúdo foi retirado do ar. A página cache pode ser vista aqui.

Mesmo os amigos do Papa desconfiam um pouco dos “lefebvristas”.

Por John L. Allen Jr. | Tradução: Fratres in Unum.com

Roma – Mesmo nos círculos mais simpáticos à leitura do Concílio Vaticano II feita pelo Papa Bento XVI, parece haver um pouco de ansiedade rondando o que pode significar trazer à comunhão os maiores críticos do Concílio, a tradicionalista FSSPX.

Ao menos, alguns dos defensores do papa parecem acreditar que um claro sinal de adesão ao CVII deve ser o preço do retorno.

Recentemente, esta impressão veio à tona durante uma conferência sobre o 50º aniversário do CVII realizada nos dias 3 e 4 de maio na Universidade Santa Cruz, dirigida pelo Opus Dei.

Após o CVII, a fraternidade tradicionalista – popularmente conhecida como “lefevristas” por causa do fundador, o finado arcebispo francês Marcel Lefebvre – rompeu com Roma em função das mudanças na liturgia e dos ensinamentos do Concílio a respeito do ecumenismo, do diálogo inter-religioso e da liberdade religiosa.

Em meados de abril, porém, a FSSPX assinou um preâmbulo doutrinal submetido pelo Vaticano como pré-condição para a reintegração. Isso poderia abrir o caminho para findar o único cisma formal ocorrido depois do Vaticano II, talvez como uma prelazia pessoal ou outra estrutura eclesial que permita aos lefevristas certa autonomia.

A conferência na Universidade Santa Cruz, com o tema “Vaticano II: o valor permanente de uma reforma para a nova evangelização” foi, em grande parte, uma reunião de pensadores vigorosamente empenhados na “hermenêutica da continuidade” do Papa Bento XVI para a interpretação do Concílio, notoriamente delineada em seu discurso de dezembro de 2005 à Cúria Romana.

Como o papa, vários palestrantes se distanciaram de leituras opostas que colocam, de acordo com eles, demasiada ênfase no CVII como algo que deixou de lado, ou modificou, práticas ou ensinamentos católicos anteriores.

Porém, na medida em que estes temas foram se desenvolvendo, certa ansiedade em relação aos lefevristas veio à tona. Isso de deu de forma indireta, certamente nunca tomando uma posição de oposição à reintegração [da FSSPX], mas tal ansiedade foi inequívoca.

O padre da Opus Dei, pe. Johanner Grohe, um historiador eclesiástico da Universidade Santa Cruz, pesquisou vários esforços feitos durante e após o CVII para colocar em dúvida a autoridade do concílio tanto por parte de teólogos progressistas – que argumentavam que  o CVII não era verdadeiramente “ecumênico”, pois os Ortodoxos e os Protestantes não foram representados – quanto de  críticos tradicionalistas – que apresentavam o CVII como meramente “pastoral” e, portanto, sem caráter obrigatório nas questões de fé.

De maneira ampla, pe. Grohe defendeu a autoridade do CVII, insistindo que seu ensinamento é “obrigatório” e “deve ser aceito por aqueles que querem entrar em comunhão com a Igreja Católica”.

Grahe finalizou sua palestra com um chamado a uma “profissão de fé” que explicitamente inclua os ensinamentos do CVII para qualquer pessoa que queira unir-se à Igreja.

“No diálogo com aqueles que gostariam de entrar na Igreja Católica, é impossível não pedir ‘uma adesão de fé teológica às afirmações do CVII que lembram as verdades da fé’,” afirmou Grohe, citando uma frase de outro padre da Opus Dei, monsenhor Fernando Ocáriz, que fez parte do time de negociação com os Lefevristas.

Os Lefevristas, evidentemente, são o grupo mais famoso que atualmente está envolvido num diálogo sobre sua entrada na Igreja.

Grohe argumentou que uma “profissão de fé”, um modo histórico de encapsular o cerne das crenças que alguém deve possuir para ser considerado católico, poderia ser atualizada com uma referência ao CVII.

“Uma profissão de fé que abarque uma tradição conciliar desde Nicéia até o CVII deixaria claro que os ensinamentos do último concílio estão inseridos da longa e frutífera história do magistério da Igreja”, afirmou Grohe.

Uma defesa ainda mais radical de parte do legado do CVII veio do padre franciscano David Maria Jaeger, ao falar sobre o documento conciliar Nostra Aetate, a respeito das religiões não cristãs.

Um veterano das negociações vaticanas com Israel sobre os impostos e a situação jurídica das propriedades da Igreja, Jaeger hoje atua como juiz na Rota Romana, a principal corte do Vaticano.

Jaeger lembrou do ensinamento do documento sobre o judaísmo, incluindo sua feroz rejeição ao anti-semitismo. Este também tem sido um ponto de discordância com os lefevristas; quando Bento XVI levantou as excomunhões dos quatro bispos tradicionalistas em janeiro de 2009, houve uma comoção mundial relacionada com os comentários feitos por um destes bispos em que questionava a realidade do Holocausto.

Jaeger afirmou, na conferência da Universidade Santa Cruz, que “um real e preocupante” problema com a recepção da Nostra Aetate tem sido “uma tendência, aqui e ali dentro do Catolicismo, de olhar com tolerância grupos marginais de exagerada visibilidade midiática que verdadeiramente denunciam a doutrina do concílio”, afirmou Jaeger.

Apesar de Jaeger não ter mencionado os Lefebvristas, ele expressou preocupação sobre as condições sob as quais qualquer pessoa que tenha dúvidas sobre o CVII possa achar o caminho de volta à Igreja.

“É obrigatório aqui expressar a viva esperança de que tal tolerância seja sempre firmemente rejeitada”, disse, “e que nós não nos contentemos com uma quase-adesão que é somente um engodo, acompanhada por óbvias reservas mentais e verbais ao ensinamento do CVII em geral e do Nostra Aetate em particular”.

No resto de seu discurso, Jaeger rejeitou várias leituras da Nostra Aetate, populares entre os teólogos católicos progressistas – por exemplo, que ela reconheceria a revelação em outras religiões como “paralela ou complementar” ao Cristianismo, ou que apresentaria o Judaísmo como um “meio paralelo de salvação para os judeus”, enquanto o Cristianismo seria somente para “os gentios”.

Espalhar tais idéias, argumentou Jaeger, torna inevitável que sempre que líderes da Igreja lembrem a doutrina oficial nestes pontos, muitos judeus vejam isso como um recuo à Nostra Aetate – que, insistiu, não seria o caso pois, de acordo com ele, o documento nunca desejou propor estes dois pontos.

Neste contexto, o evento da Santa Cruz sugere que não são somente os suspeitos de sempre, ou seja, os críticos do Vaticano ou do papado de Bento XVI , que se perguntam sobre o preço que poderia ser pago para receber os Lefebvristas de volta. Também aí se incluem alguns amigos de Bento XVI.

O Opus Dei processado.

Giacomo Galeazzi – La Stampa | Tradução: Fratres in Unum.com

A poderosa organização católica, fundada na Espanha em 1928 e que conta com 80 mil membros em todo o mundo (dos quais 1600 na França), será levada ao Tribunal de Paris por uma jovem francesa que acusa a Obra de “manipulação mental”.

Com 29 anos, ela pesa apenas 39 quilos. Um calvário que durou 16 anos, quando em 1985 desavisadamente ingressou no Opus Dei, unindo-se a uma Escola de Hotelaria na região francesa de Aisne. No ano de 2001, seu advogado denunciou a organização reconhecida pela Igreja Católica, acusando-a de “manipulação mental” e de “condições de trabalho degradantes”. E em setembro acontecerá a primeira audiência em Paris: depois de 9 anos de investigação, dois membros da Associação de Culturas Universitárias e Técnicas (ACUT), associação estreitamente ligada ao Opus Dei, serão de fato processados pela acusação de “trabalho clandestino”, como informam fontes judiciárias.

É a história de Catherine T., que primeiro cai nas mãos de um “mestre, um diretor de consciência”, explica a mulher, que em 1987 a obriga a professar os votos de obediência, pobreza e castidade. Catherine se converte, desta forma, em numerária adjunta, isto é, uma responsável por trabalhos domésticos, obtendo durante 13 anos contratos de trabalho com organizações ou associações que, segundo o advogado Rudolf Bosselut, “dependem exclusivamente do Opus Dei”.

A ACUT reconhece apenas uma “ligação espiritual com o Opus Dei, mas nada além disso”. Os advogados da associação, ademais, negam as acusações realizadas pela mulher. “Não há nada de verdadeiro nelas. Ela foi paga com base nos trabalhos que realizou”, afirmou Thierry Laugier.

O reinado social de Jesus Cristo achincalhado por um Padre do Opus Dei.

“O Estado é totalmente incompetente — a laicidade inclui isso, não? — para afirmar se Deus existe ou não; nunca isso será objeto de uma afirmação legal”, afirmou o sacerdote do Opus Dei Rafael José Stanziona de Moraes.

A Igreja Católica, por sua vez, ensina na Constituição Dogmática Dei Filius, do Concílio Vaticano I:

A própria Santa Madre Igreja sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza à luz natural da razão humana a partir das coisas criadas: ‘porque, desde a criação do mundo, as Suas perfeições invisíveis, postas por Suas obras à consideração da inteligência, se tornam visíveis’ (Rm 1, 20).” (Dei Filius)

Se alguém disser que o único e verdadeiro Deus, Criador e Senhor nosso, não pode ser conhecido com certeza por meio das coisas criadas, à luz natural da razão humana – seja anátema.”

“Se alguém disser que não é possível ou não é conveniente que o homem seja instruído, por meio da Revelação divina, sobre Deus e sobre o culto que se Lhe deve tributar – seja anátema”.

Ensina também o Papa Leão XIII (o tão incensado atualmente “Papa da doutrina social da Igreja”, mas de magistério esquecido) em sua carta encíclica Immortale Dei:

[E]vidente é que ela [sociedade] deve, sem falhar, cumprir por um culto público os numerosos e importantes deveres que a unem a Deus. Se a natureza e a razão impõem a cada um a obrigação de honrar a Deus com um culto santo e sagrado, porque nós dependemos do poder dele e porque, saídos dele, a Ele devemos tornar, à mesma lei adstringem a sociedade civil. Realmente, unidos pelos laços de uma sociedade comum, os homens não dependem menos de Deus do que tomados isoladamente; tanto, pelo menos, quanto o indivíduo, deve a sociedade dar graças a Deus, de quem recebe a existência, a conservação e a multidão incontável dos seus bens. É por isso que, do mesmo modo que a ninguém é lícito descurar seus deveres para com Deus, e que o maior de todos os deveres é abraçar de espírito e de coração a religião, não aquela que cada um prefere, mas aquela que Deus prescreveu e que provas certas e indubitáveis estabelecem como a única verdadeira entre todas, assim também as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não existisse, ou prescindir da religião como estranha e inútil, ou admitir uma indiferentemente, segundo seu beneplácito. Honrando a Divindade, devem elas seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais o próprio Deus declarou querer ser honrado. Devem, pois, os chefes de Estado ter por santo o nome de Deus e colocar no número dos seus principais deveres favorecer a religião, protegê-la com a sua benevolência, cobri-la com a autoridade tutelar das leis, e nada estatuírem ou decidirem que seja contrário à integridade dela.

Agora até o Opus Dei pula no trem em movimento.

Os papólatras neoconservadores se encontram numa situação difícil desde o ‘Summorum Pontificum’.

O sítio ‘Sector Católico’ mostra uma famosa fotografia de Santo Escrivá durante a celebração da Missa Antiga.
O sítio ‘Sector Católico’ mostra uma famosa fotografia de Santo Escrivá durante a celebração da Missa Antiga.

(Kreuz.net) Na prelatura pessoal católica esse era o segredo mais bem guardado. O fundador da Obra, Monsenhor Josemaría Escrivá de Balaguer († 1975), não conseguiu encarar o Rito Novo. Até a sua morte ele somente celebrava a Missa Antiga.

“Não joguem fora os Missais [Antigos], eles voltarão” – ele teria dito aos membros do Opus Dei pouco tempo depois da destruição litúrgica após o Concílio Vaticano Segundo.

Entretanto, chegou uma hora em que a palavra do fundador não valia tanto no Opus Dei. O rito dos pais se tornou um tabu absoluto para a comunidade por motivos politicamente eclesiais. Desejava-se a qualquer preço que eles saíssem do seu próprio papel de fachada – se necessário, a bem da verdade.

Entretanto, nesse ínterim, o vento litúrgico soprou no Vaticano.

Por isso, segundo informações do blog espanhol ‘Sector Católico’, a Missa Antiga também será celebrada na basílica romana de Santo Eugênio. A grande igreja está sob o controle do Opus Dei e se localiza próxima à Casa Central da Prelatura Pessoal, no sofisticado bairro romano de Parioli.

Não está claro se com esse passo litúrgico o Opus Dei irá testemunhar a sua confiança no Papa, na verdade ou em ambos. Então, em duas décadas, a atitude do Opus Dei alinhada com a política da Igreja fez com que inúmeros expoentes parcialmente líderes da Prelatura assumissem posições cada vez mais liberais – e, ao que parece, acreditassem nelas. Consequentemente, o Motu Proprio ‘Summorum Pontificum’, de 7 de julho de 2007, a princípio, foi totalmente ignorado pela Prelatura.

Entretanto, agora parece que chegou a hora da virada.

No seminário internacional Sedes Sapientiae, em Roma, dirigido pelo Opus Dei, os seminaristas também estão aprendendo sobre o Rito Antigo desde alguns meses.

O seminário forma futuros padres seculares, que foram enviados à Roma por seus bispos para concluírem seus estudos. Segundo informações do blog, até mesmo os seminaristas internos do Opus-Dei, que freqüentam o seminário Collegio Romano della Santa Croce, em Roma, estão sendo instruídos no Rito Antigo, tão amado por seu fundador.

* * *

De um editorial do Washington Times

Em “O Código da Vinci”, livro e filme, o Opus Dei foi retratado como uma força radical vigilante ultra-direitista despachando monges assassinos para liquidar hereges. A verdade é que o Opus Dei nunca foi muito corajoso em reagir às tendências modernistas que minaram a tradição em sua própria igreja. O exemplo mais óbvio é como o grupo foi ativamente contrário àqueles que combateram nas trincheiras por décadas para trazer de volta a antiga Missa em Latim, que fora suprimida após o liberalizante Concílio Vaticano Segundo de 1962-65.

The Washington Times – 16 de fevereiro de 2010

Não poderíamos dizer melhor. Com raras exceções, a “Obra” foi tão contrária ao Summorum Pontificum quanto uma instituição pode ser enquanto reivindica ser “fiel ao Papa”. Muitos na prelazia simplesmente parecem não gostar tanto do Papa Bento XVI, particularmente , se comparado a seu predecessor. (Sobre o assunto mencionado no editorial, fomos informados que o evento envolvendo um dissidente pró-aborto na propriedade do Opus Dei em D.C. foi cancelado)

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Atualização: Bem, parece que em algum lugar eu atingi um nervo. A resposta básica a este post por parte dos que discordam com o que foi escrito acima é uma das seguintes: (1) o jornal não é confiável; (2) São Josemaría Escrivá de Balaguer é um SANTO, um S A N T O , você sabia disso????; (3) ninguém celebra a Missa de Paulo VI melhor que a Obra.

Nenhuma destas respostas discute o seguinte:

(a) Do editorial: “A verdade é que o Opus Dei nunca foi muito corajoso em reagir às tendências modernistas que minaram a tradição em sua própria igreja”. É mentira? Isso não significa que os membros ou amigos da Obra nunca fizeram nada em favor da Tradição.

(b) Do comentário: “A ‘Obra’ foi tão contrária ao Summorum Pontificum quanto uma instituição pode ser”. Reitero e acrescento: para os católicos tradicionais espalhados pelo mundo, a resposta absolutamente decepcionante do Opus Dei ao Summorum Pontificum foi trágica e desesperadora. Se parecia existir uma organização dentro da Igreja que fosse liturgicamente preparada para uma reversão completa para a Missa e Liturgia Tradicional, pareceria ser a Obra. Enquanto o seguir cegamente toda palavra emanada de qualquer dicastério Romano impediu o escrupuloso OD de (re)adotar  a Missa Tradicional em masse no período 1970-2007, o próprio pronunciamento do Papa, de sua própria vontade (motu proprio), pareceu remover qualquer obstáculo de consciência que os membros ou amigos da Obra possam ter tido. Com raríssimas exceções, simplesmente não houve resposta.

(c) Quanto ao OD simplesmente “não gostar” do Papa Bento XVI tanto quanto gostava do Papa João Paulo II, é mais uma matéria de percepção do que de ouvir dos próprios padres e amigos da Obra. Provavelmente, é o segredo pior escondido na Igreja… Se alguém precisa de evidência disso, basta lembrar os dois momentos nos quais o Santo Padre foi praticamente jogados aos cães seculares, após Summorum e depois do levantamento das excomunhões dos bispos da SSPX. Onde estavam estes “novos Jesuítas” para serem vistos? Eles foram totalmente estridentes ao se defender do conteúdo de um livro de ficção, mas quando o Papa vivo e atual precisou de defesa pública, onde eles estavam?

Fonte: Rorate-Caeli