Esclarecimento de Pe. Fabio de Melo.

Após Fratres in Unum associar suas palavras às do herege Loisy, Pe. Fabio de Melo vem a público prestar um esclarecimento em seu site oficial.

Queridos amigos,

Em virtude da polêmica que envolveu minha fidelidade à Ortodoxia Católica, venho esclarecer alguns pontos.

Em nenhum momento da minha vida atentei contra a sacralidade da Igreja Católica Apostólica Romana. Sou Mestre em Teologia Dogmática e zelo muito para que minha pregação esteja de acordo com os ensinamentos da Igreja. Este é o credo que professo: “Creio na Santa Igreja Católica Una, Santa, Católica e Apostólica.” Nunca inventei uma crença particular, ou um modo diferente de compreender esta profissão de fé.

A expressão que usei no programa de “De frente com Gabi”, “Jesus queria o Reino de Deus, mas nós demos a Ele a Igreja” é uma expressão muito usada nos bastidores acadêmicos que frequentei em minha vida, e está distante da proposta herética que ela já representou em outros tempos. O significado evoluiu.

Nossa Fundação é Santa, pois fomos instituídos pelo Cristo. “A Igreja é um corpo, em que nós somos os membros e Jesus Cristo é a cabeça (Col 1,18; I Cor 12,27). Na cabeça o Reino já está estabelecido. Em Cristo, o Reino já está plenamente manifestado. Mas os membros do corpo ainda estão no contexto da busca, pois continuamos arrastando as consequências adâmicas do nosso pecado. E por isto, mesmo que em Cristo o Reino já esteja plenamente manifestado, em nós, Igreja, povo de Deus, ele continua sendo a meta que nunca deixamos de buscar.

O Concílio Vaticano II, através de sua Constituição Dogmática Lumen Gentium, enfatizou que a Igreja é povo de Deus. O povo é errante, pois apesar de estar mergulhado nas graças do batismo, ainda sofre as consequências da fragilidade que o pecado lhe deixou. O mesmo Concílio declarou “O Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus…” (LG 3).

Presente em mistério. Isto é, cabe a nós, membros deste corpo, apressar a sua chegada. A Igreja é triunfante, mas também é peregrina, penitente, pois que carrega em sua carne a fragilidade de seus membros.

Sim, a Igreja é santa, mas comporta em seu seio os pecadores que somos nós. E por isso dizemos, também com o perigo da imprecisão teológica: “A Igreja é Santa e pecadora”. Bento XVI sugeriu modificar a expressão. “A Igreja é Santa, mas há pecado na Igreja”. Notem que ele salvaguarda a santidade na essência.

Mas o pecado existe na Igreja. Por isto rezamos nas liturgias diárias pelo Santo Padre, pelos bispos, pelo clero, pelo povo de Deus. Clamamos por purificação, luzes em nossas decisões, pois sabemos que é missão do Espírito encaminhar na terra a Igreja que ainda não é Reino de Deus (porque maculada pelos nossos pecados), e que ao Cristo damos diariamente. Mas nós caminhamos na esperança. Sabemos que um dia todas as partes do corpo estarão agindo em perfeita harmonia com a cabeça. Seremos a “Jerusalém Celeste”.

Eu assumo que errei ao usar a expressão. Eu não estava numa sala de aula, lugar onde a Ortodoxia convive bem com a dialética. Não considerei que muitos telespectadores poderiam não entender o contexto da comparação. E por isso peço desculpas. E junto às desculpas, faço minha retratação. Nunca tive problema em assumir meus equívocos. Usei uma expressão que carece ser contextualizada com outras explicações, para que não pareça irresponsável, nem tampouco herética.

Repito. Eu não nego nem neguei a definição dogmática expressa na Lumem Gentium, Número 5.

“O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras: «cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está próximo» (Mc. 1,15; cfr. Mt. 4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo (Mc. 4,14): aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo (Luc. 12,32), já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cfr. Mc. 4, 26-29). Também os milagres de Jesus comprovam que já chegou à terra o Reino: «Se lanço fora os demónios com o poder de Deus, é que chegou a vós o Reino de Deus» (Luc. 11,20; cfr. Mt. 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a sua vida em redenção por muitos» (Mt. 10,45).”

E quando Jesus, tendo sofrido pelos homens a morte da cruz, ressuscitou, apareceu como Senhor e Cristo e sacerdote eterno (cfr. Act. 2,36; Hebr. 5,6; 7, 17-21) e derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai (cfr. Act. 2,33). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.”

Agradeço pela prece dos que me acompanharam neste momento tão sofrido.

Com minha benção,

Padre Fábio de Melo.

Fabio de Melo, um herege descarado. O sono profundo da Diocese de Taubaté.

Trechos seletos da participação de Pe. Fabio de Melo no programa “Altas Horas” de 18 de janeiro de 2014:

CASAMENTO GAY: A dicotomia entre a questão religiosa e a civil – Espezinhando a fé católica sem nenhum pudor – ver vídeo.

“A gente precisa dividir bem a questão. Uma é a questão religiosa, o posicionamento das religiões, que têm todo o direito de não aceitar, de não ser a favor. É um direito de cada religião. Se você faz parte daquela religião, daquela instituição, você vai submeter-se à regra. Só que há também a questão cível, que não podemos interferir, que não é religiosa, que é o direito de duas pessoas reconhecerem uma sociedade que existe entre elas.”

PALAVRÕES NA MISSA: “Meus fiéis já estão acostumados” – ver vídeo.

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Nota do Fratres – A infeliz entrevista tem suscitado um acalorado debate nas redes sociais, inclusive gerando pronunciamentos — finalmente! — de alguns padres da linha “conservadora”, que se manifestaram publicamente a respeito. Lamentamos que seja esse o modelo de sacerdócio habitualmente apresentado aos católicos de todo o Brasil, tanto por parte de canais de TV ditos católicos — um deles, em especial, que vez ou outra promove uma missa tridentina em suas dependências, mas que não abre mão de ter como maior estrela de sua grade de programação um verdadeiro herege descarado como Fabio de Melo — como também por grande parte do episcopado brasileiro. Um católico não pode deixar de ficar embasbacado com a tolerância, ou melhor, a leniência criminosa da Diocese de Taubaté, onde Fabio de Melo é incardinado e na qual ele supostamente exerce seu “ministério”. Queremos repelir — e fazemo-lo com firmeza — os rumores, seguramente infundados, de que a diocese recebe mensalmente uma grande quantia proveniente dos shows do padre artista.

No discurso de Fabio de Melo no programa da TV Globo, observa-se claramente a exaltação do humanismo, em que algumas verdades fundamentais da Fé Católica são omitidas ou, no máximo, justificadas como crenças pessoais — a religião verdadeira é relegada ao âmbito privado da sociedade, conseqüência lógica do subjetivismo e relativismo de Fabio de Melo. A verdadeira Evangelização é substituída por regras de convivência pacífica entre as diversas maneiras de pensar. A realidade do pecado é totalmente omitida em temas polêmicos, como as uniões civis de pessoas do mesmo sexo ou a finalidade da sexualidade. A religião católica seria, então, um mero conjunto de normas de boa vizinhança entre os homens e nenhuma porta verdadeiramente estreita. 

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Atenção: blog em recesso – comentários demorarão mais do que o habitual para serem liberados.

Novo DVD de Fabio de Melo. Participação especial, Jesus Sacramentado.

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Gravação do DVD do padre Fabio de Melo no rincão da Canção Nova, 6 de abril de 2013. Queiram os entendidos em liturgia informar, na caixa de comentários, se há alguma previsão para a exposição do Santíssimo Sacramento na gravação de um show musical, como uma “atração” a mais do espetáculo (juntamente com Adriana, Celina Borges, etc…).

Habemus Fábio.

Padre Fábio rebate críticas do padre Marcelo e diz que o colega também não usa batina; ele votou em Dilma e acha que igreja faz ‘voto de cabresto’ ao discutir aborto só nas eleições.

Por Mônica Bergamo – Folha de São Paulo

O Padre Fabio faz missa ao lado da estátua de cera do papa João Paulo 2º. Fotos Karime Xavier/Folhapress.
O Padre Fabio faz missa ao lado da estátua de cera do papa João Paulo 2º. Fotos Karime Xavier/Folhapress.

Uma mulher vestindo calça de ginástica entra na Catedral São Francisco de Chagas, em Taubaté (140 km de SP), com a missa das 8h já em andamento. Senta-se no primeiro banco e saca o celular. Aponta o aparelho para o altar. Não está interessada na arquitetura da igreja nem na estátua de cera do papa João Paulo 2º, entregue recentemente. Busca um clique do padre Fábio de Melo.

O sacerdote conduz a missa a poucos dias de começar a divulgação de seu 16º CD, “No Meu Interior Tem Deus”, de música caipira e textos religiosos. “Fazia celebrações aqui três vezes por semana, mas tive que parar, porque era muita aglomeração”, diz ele ao repórter Diógenes Campanha. Passou a marcar as missas sem avisar. “Mas o povo acaba sabendo. E elas ligam para avisar as outras, você viu?” Embora pertença à Diocese de Taubaté, ele não tem paróquia fixa.

“Pensaram que eu teria uma igreja só pra mim, um santuário. Mas não quero, iria virar lugar de peregrinação. Não posso ter igreja paralela.” É uma clara referência a outro sacerdote cantor, e popstar: o padre Marcelo Rossi, que inaugura em dezembro o Santuário Mãe de Deus, em SP, com capacidade para 100 mil pessoas, e recebe caravanas de várias cidades.

Farpas entre os dois já voaram para lá e para cá. O padre Marcelo, por exemplo, critica o padre Fábio por trocar a batina por camisas de marcas famosas em aparições públicas. Em abril, disse em entrevista: “Já alertei o Fábio para que não deixasse de usar batina. E ele está usando, por acaso? Bem se vê que eu não tenho influência sobre ele”. “Eu tive três contatos com o padre Marcelo, dois pessoalmente e um por telefone. E não lembro de, em nenhum momento, ter conversado sobre isso com ele.” O assessor de imprensa da Sony, gravadora dos dois padres, cutuca o repórter e pergunta se “isso é o foco da matéria”.

O padre Fábio prossegue: “Aquilo que ele usa não é uma batina também. É uma espécie de um hábito franciscano, embora ele seja um padre diocesano”. As farpas continuam: “O maior padre comunicador da história do Brasil é o padre Zezinho, que nunca usou batina. É um homem que faz um trabalho sério e nunca foi menos padre porque não usa batina”.

“Não somos amigos . Se eu precisar falar com ele [padre Marcelo], não sei como encontrá-lo. Nós dois trabalhamos com música, mas de forma diferente: eu componho, escrevo as minhas músicas. Faço questão de ter uma identidade musical.” Já o padre Marcelo só interpreta. “Ele faz uma linha mais litúrgica, que canta nas missas e nas celebrações dele.” O padre Marcelo não foi localizado para comentar.

Com uma veste de veludo preta e verde, com a inscrição “Filho do Céu”, nome de uma de suas músicas, escrito na estola, o padre Fábio atende fiéis no fim da missa. “O senhor me tirou da macumba com uma palavra”, diz uma senhora. Ela teve um derrame e pede que benza seu olho. “Tira [foto] com o anjo aqui”, diz outra mulher. “Está vendo o que eu passo?”, diz o padre. “Minhas velhinhas são muito táteis. Às vezes, o assédio é perigoso.”

“Uma vez, em Maringá, tinha uma mulher parada na porta do meu quarto [no hotel]. Disse: ‘Vem cá, eu gostaria de fazer uma massagem no senhor'”. Ele diz que anda sempre com dois assessores para evitar tais surpresas. E evita ficar sozinho com um deles, “porque tudo pode gerar uma insinuação”.

Ele tira a batina e veste camisa azul da Zara, calça e sapatos sociais pretos. Segue para a Fundação Dom José Antônio do Couto. Lá, adultos e crianças ajudam a restaurar as imagens do Museu de Arte Sacra de Taubaté. “Quis um projeto social simpático. A igreja não tem que continuar antipática à sociedade.” Os santos do museu estão todos “de cabecinha tombada, triste. A religião deixou de falar do amor de Deus para falar de culpa. Você, um homem contemporâneo, não se identifica.”

No almoço, pede badejo grelhado e penne integral com legumes. Procura álcool em gel na bolsa transpassada preta e cinza, para limpar as mãos. “Minha equipe sempre anda com um”, diz. “Só faço isso quando vou comer. Se fizer a cada cumprimento, fico com síndrome de José Serra.” A revista “Piauí”, em 2009, descreve que Serra usa o produto sempre que cumprimenta estranhos e não tem como lavar as mãos.

Ao contrário do padre Marcelo, que esconde o voto, o padre Fábio revela que optou por Dilma Rousseff em 2010. “Se eu pudesse, colocaria a mulherada toda no poder.” Um e-mail em que ele desejava boa sorte a Dilma no “dia histórico” da eleição foi divulgado quando um hacker invadiu a caixa postal dela. “Me correspondi com ela por um ano. Eu a atendi numa oportunidade na [comunidade católica] Canção Nova. Ficamos amigos.”

Também foi na Canção Nova que conheceu o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), para quem foi dar uma entrevista há alguns anos. “Tivemos uma identificação com algumas questões sobre o mundo. O Gabriel tornou-se, desde aquele momento, um amigo com quem converso sobre questões que normalmente não tenho a oportunidade de falar. Chamo isso de parentesco espiritual.”

“Quando você tem uma amigo assim, diminui a sensação de solidão, de orfandade na vida. É aquela coisa de ‘que bom, vou estar com meu amigo hoje'”. Conta ter também “gratidão” por Chalita ter lido seu primeiro livro. “Ele me abriu muitas portas, em todas as editoras.” Escreveram juntos dois volumes de “Cartas entre Amigos”.

O padre critica o uso político do aborto por alguns setores da igreja, na campanha eleitoral. Panfletos contra Dilma foram distribuídos em celebrações, pregando que não se votasse nela por ter defendido a descriminalização da prática. “Naquele segundo turno, vivemos um momento delicado, em que questões importantes poderiam ter sido discutidas e não foram. Parecia, mais uma vez, uma imposição idiota: ‘Não vote nela por causa disso’. Depois ninguém voltou a falar do assunto, porque era interesse de ocasião.” Para ele, a igreja não pode discutir o tema só na eleição, “para não fazer voto de cabresto quando o povo tiver que decidir”.

Ele se declara “radicalmente contra” o aborto, mesmo em caso de risco para a mãe ou violência sexual. “A vida está acontecendo. E mesmo que metade seja de um estuprador, metade é minha [da mulher]. Sou a guardiã dessa vida.”

Já os homossexuais, afirma, são “mal interpretados” ao lutar pelo reconhecimento de sua união. “A necessidade de se falar sobre o casamento gay nasceu porque, após a morte de um dos cônjuges, a família, que nunca cuidou deles, quer ficar com aquilo que eles construíram juntos. Aí eu te pergunto: um conceito religioso pode cometer essa injustiça? Não.” Ele é contra os gays se casarem na igreja. “E em nenhum momento nos pediram para fazer isso. Eles não estão reivindicando cerimônia religiosa.”

FRASES

“Não somos amigos. Se eu precisar falar com ele [padre Marcelo] hoje, não sei como encontrá-lo”

“A igreja não tem que continuar antipática à sociedade”

“Era interesse de ocasião [a igreja usar o aborto na campanha]”

Pe. Fábio de Melo fala sobre PL 122: “Bendita lei!”

Reproduzimos a matéria de o “O possível e o extraordinário“, do sempre atento e rápido no gatilho Wagner Moura.

Eu não tenho o direito de usar de palavras agressivas que venham ferir a dignidade das pessoas. [E isso] foi justamente a palavra do deputado Jean, que estava defendendo a causa homossexual naquele momento. Eu creio que o Brasil esteja passando por um momento muito delicado em que nós precisamos fazer prevalecer o bom senso, o equilíbrio, sobretudo no momento em que discutimos essas questões. Não queira ter uma opinião formado sem antes você ter conhecido de verdade o que diz essa bendita lei.” – Pe. Fábio de Melo mostrando o lado bom do PL 122

Nosso querido Pe. Fábio de Melo foi indagado por uma telespectadora, em seu programa do dia 1/06/11, a respeito do fanatismo religioso que estaria em ascensão no Brasil por causa dos últimos fatos envolvendo a militância homossexual no país (a qual pretende criminalizar a crítica ao homossexualismo além de educar adolescentes de escolas públicas para uma cultura “homoafetiva”). Em resposta, Pe. Fábio comentou as entrevistas ao Jornal Nacional concedidas pelo pastor Silas Malafaia (principal organizador da marcha contra o PL 122, realizada em Brasília, ontem) e pelo deputado federal Jean Willys (ex-BigBrother e principal defensor da criminalização da crítica contra o homossexualismo).

Pe. Fábio expôs o pensamento dos entrevistados. Ele concordou, em tom de ponderação, com a postura do pastor que defendia o direito de poder pregar de acordo com valores contrários à prática homossexual. Depois, com entusiasmo, demonstrou que a posição do deputado Jean também era sensata e, refletindo sobre a mensagem do deputado, o padre falou sobre respeito ao outro e solidariedade:

“O que nós não podemos admitir é que nosso discurso religioso possa ferir a dignidade humana mesmo quando nós queremos ser proféticos. Eu acho que há uma forma de ser profeta sem você precisar ferir a dignidade do outro. Você tem todo direito de se posicionar contrário a muitas coisas mas não tem o direito de perder o que é fundamental ao cristianismo: o amor ao outro. (…) O que eu tenho agora e posso dizer pra vocês é o reconhecimento daquilo que eu considero justo, do que algumas pessoas reinvidicam”.

Uma crítica aos tuiteiros também teve espaço no discurso humanista do Pe. Fábio de Melo. Ele falou sobre fanatismo e cegueira exemplificando o assunto com “a onda do twitter, [na qual] todo mundo [vai] dizendo e querendo forjar uma resposta rápida: você é contra, você é a favor”. Para o padre os cristãos correm risco de ter posicionamento idiotizado sobre uma questão que, a seu ver, ainda não estaria muito claro. “Se você faz questão de defender o posicionamento da sua igreja, não esqueça que a Igreja a quem você serve tem um fundador cuja atitude o tempo todo foi o amor, a solidariedade e o respeito às pessoas. Jesus morreu justamente pelos marginalizados! Precisamos ter muito cuidado para que o nosso discurso não seja um lugar confortável onde nós podemos nos esquecer da nossa verdadeira missão”.

Marcado pelo respeito ao ser humano, em seu discurso do Pe. Fábio de Melo não citou eventos agressivos promovidos por militantes homossexuais contra cristãos. Ações positivas da marcha de 20 mil cristãos organizada em Brasília também não receberam destaque na fala do padre focada em lembrar os cristãos contrários ao PL 122 que a defesa do valor da família não pode ser “desrespeitosa com os seres humanos (…), [pois] isso pode gerar um crime muito pior do que aquele que você está querendo evitar com sua defesa”.

Se não servem para a evangelização os padres “showman” da TV, o que dizer dos padres carnavalescos?

“A comunicação deve favorecer a comunhão na Igreja, de outro modo se converte em protagonista, ou pior ainda, introduz divisão. Para a evangelização não servem os sacerdotes showman que vão à TV […] O sacerdote não deve improvisar quando utiliza os meios de comunicação, nem pode comunicar a si mesmo, mas [comunicar] dois mil anos de comunhão na Fé. Esta mensagem pode ser transmitida apenas através de sua própria experiência e de sua vida interior”.

Monsenhor Mauro Piacenza, secretário da Congregação para o Clero, na jornada de estudos “A comunicação na missão do sacerdote”, 18 de novembro de 2009, da Faculdade de Comunicação da Pontifícia Universidade da Santa Cruz.