Por Pe. Cristóvão | Fratres in Unum.com
Os progressistas andam contentes. Vivem dizendo que Bento XVI foi a última expressão de resistência ao Concílio, juntamente com João Paulo II, do qual é herdeiro. Entretanto, dizem eles, agora é a hora em que, afinal, a revolução conciliar chegará ao seu objetivo. Com Francisco, a Igreja entraria em sua nova era. E cantam vitória. E tripudiam.
Mas, será?

Esquecem-se eles que a Igreja não é como qualquer outra organização social. A dinâmica de seu organismo tem características muito peculiares, que a subtraem subitamente do alcance da ciência sociológica. Uma destas é a lentidão do seu metabolismo.
Como sociedade guiada por anciãos, a autoridade de governo sobre ela nunca representa perfeitamente as tendências do seu tempo, excetuando-se os casos extraordinários de pastores visionários, que enxergaram muito à frente e conseguiram discernir que as mudanças, apesar de aparentemente convulsivas, são na verdade evanescentes e só ostentam a definitividade do eterno e imutável Deus, da verdade da fé, da indefectibilidade do catolicismo.
Em síntese, “olhar para frente”, na Igreja, significa ultrapassar as modas e chegar àquilo que é estável, duradouro, perene…
Contudo, quando tais visionários faltam, ficamos reféns de perspectivas de curto alcance e, embora estas se travistam de um otimismo efusivo, ao fim e ao cabo, todos percebem que são um delírio “quase” patológico.
Este me parece ser o caso de Papa Francisco. Francamente, não há nada em sua postura que me evoque uma visão realmente de longo alcance. Ao contrário, ele parece mais alguém perdido no tempo, fixado naquele entusiasmo futurista típico dos anos 70 ou 80 do século passado… Ele representa bem aquela geração.
E não é sem razão que é justamente a parcela da população que naquelas décadas já era adulta que se entusiasma ao ver a reedição de suas utopias de outrora, agora desempoeiradas e desfraldadas em plena Loggia de São Pedro.
Os jovens, ao contrário, não têm feeling com Francisco. Com ele não se passa nem de longe o mesmo fenômeno dado durante o pontificado de Bento XVI, quando uma multidão de jovens, coroinhas, acólitos, seminaristas, néo-sacerdotes se encheram de vida ao ver o renascimento da Igreja de sempre, e agora têm de amargar goela abaixo a rotulação, dada por Francisco, de restauracionistas.
Toda uma plêiade de jovens foi reduzida a uma mera classificação pejorativa em sua boca, o que demonstra bem o desatino de sua percepção pastoral, ferreamente encarcerada naquelas décadas confusas do pós-concílio. Definitivamente, Francisco não é o papa do futuro, mas do passado.
É interessante notar como a admiração por sua pessoa – nunca pelo sublime ofício que ocupa – é despertada sobretudo entre incrédulos, comunistas, hereges, imorais, gays, abortistas, roqueiros, satanistas, fofoqueiros de plantão, enfim, personalidades boçais sem as quais o mundo televisivo nunca iria para a frente…, mas, na Igreja, os olhares dos fieis ainda brilham quando se vislumbra o vulto de seu predecessor.
Francisco vive chamando Bento de vovô, mas, na verdade, embora a opinião pública o tenha estigmatizado, suas palavras ecoavam com a autoridade de um pai, enquanto seu sucessor é somente objeto de uma vaga simpatia, típica daquela devotada a um “avô”. Com efeito, ele se pôs rapidamente na posição de um bom velhinho, entusiasmado, com a irreverência de um Chespirito caricaturado e a poesia de um John Lennon do túnel do tempo, sem a gravidade requerida de um papa, a confiabilidade esperada de um pastor e a respeitabilidade suposta de um pai.
Se há algo patente na reação dos jovens a Francisco é a sua total apatia, o desconcerto mal disfarçado, o mal-estar incontido, a nostalgia de uma referência forte, a perplexidade de quem se sente perdido dentro de casa e órfão de pai vivo.
A única salvação para o “legado” de Francisco será o uso autoritário que ele faz de seu poder, pelo qual favorece ostensivamente a diplomacia vaticana. Com Francisco, a Igreja não se tornará mais pastoral, como propalam os progressistas; antes, ela está se tornando mais política do que nunca, e politicamente correta.
Ele não é o líder dos católicos, mas o porta-voz dos discursos da ONU, das ONGs, da Nova Ordem Mundial, dos Illuminati. Se algum católico não se deu ainda conta disso, as Fundações internacionais já o perceberam, e não cessam de usar o magistério franciscanista contra a própria doutrina da Igreja e contra a dignidade humana em geral. Falta apenas a alguns cristãos a clarividência de poderem verbalizar o que já sentem, simples assim: #FranciscoNãoMeRepresenta!
Ele só tem uma saída: o aparelhamento eclesial. Por isso suas movimentações grotescas, o fracasso na dissimulação de sua manipulação no sínodo e em tudo o mais, a pressa em remover seus inimigos (Piacenza, Cañizares, Burke, além de soldados de pouca monta) e nomear seus cúmplices. Em definitiva, aquilo que foi Lula para o Brasil, é Francisco para a Igreja.
Contudo, contra eles corre um relógio inexorável: a ampulheta da vida. Alguém já disse que os maiores reformadores da Igreja são o infarto e o derrame cerebral. Talvez seja uma afirmação fisiológica demais…, não sei! Porém, uma coisa é certa: toda esta gente está confinada no surto de uma época que não convence mais.
Ao contrário de Bento XVI, este sim, um visionário, que soube ler as ânsias do âmago da mocidade católica e despertar seus mais genuínos desejos de santidade, e fez escola!, Francisco passará para a história como um papa obtuso, cultivador das defecções de nossa civilização adoecida, também ele doente, de miopia histórica, refém de sua geração, réu do mesmo destino dos insanos, que não conseguem transcender sua própria biografia, reproduzindo compulsivamente os mesmos padrões de sua mentalidade tacanha, provinciana, que não consegue ir além da presumível “bondade” de umas intenções equivocadas.
Não sou futurólogo, nem me agrada a adivinhação, mas talvez esta cafonice chegue ao seu fim, talvez seja o canto do cisne daquela primeira geração do pós-concílio, e que, no final deste pesadelo, voltemos à normalidade, tendo apenas de remover alguns deslocados que foram promovidos, os mesmos que estavam silenciados em sua insignificância e agora se inebriam com sua própria loquacidade ensandecida, mas que não serão capazes de lidar com as novas gerações que, cansadas deles mesmos, os farão sentir-se tais quais são: ridículos.
No fundo, teremos de pagar pra ver. Mas não me parece impossível que, dadas estas circunstâncias, este seja um eventual desfecho.
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