Instrumentum Laboris de 2015: um ataque à Veritatis Splendor

Por Roberto de Mattei | Tradução: FratresInUnum.com*: O Instrumentum Laboris de 21 de junho de 2015 oferece todos os elementos para se compreender o que está em jogo no próximo Sínodo. A primeira consideração é de método. O § 52 do Relatório do Sínodo de 2014 não recebeu (nem os parágrafos 53 e 55) a maioria qualificada de dois terços, exigida para sua aprovação, nos termos do regulamento, mas apesar disso foi inserido no documento definitivo. Era uma coerção clara, que confirma o plano de abrir as portas aos divorciados recasados, apesar da oposição de grande parte dos Padres sinodais e, sobretudo, do ensino contrário da Igreja. Estamos muito próximos de uma sutil linha vermelha, que ninguém, nem sequer o Papa, pode atravessar.

Na audiência geral de 5 de agosto, o Papa Francisco disse que “os batizados que estabeleceram uma nova convivência depois da falência do matrimônio sacramental não estão excomungados; com efeito, estas pessoas não devem absolutamente ser tratadas como tais: elas fazem parte da Igreja”.

Resulta, contudo, que ninguém afirma que os divorciados recasados estão excomungados. Não se deve confundir a privação do sacramento da Eucaristia (a que estão obrigados pelo seu estado de pecado) com a excomunhão, que é a mais grave das penas eclesiásticas, a qual exclui da comunhão da Igreja. Os divorciados recasados ​​continuam sendo membros da Igreja e estão obrigados a observar seus preceitos, a participar do Sacrifício da Missa e a perseverar na oração (Catecismo da Igreja Católica, n° 1651). A indissolubilidade do matrimônio, no entanto, continua a ser uma lei divina proclamada por Jesus Cristo e solenemente confirmada pela Igreja ao longo de sua história. Para se ter acesso à Eucaristia, a Igreja exige o estado de graça, normalmente obtido através do sacramento da penitência. O casal que se divorciou e casou de novo encontra-se objetivamente entre os “que obstinadamente persevera[m] em pecado grave manifesto” (Código de Direito Canônico, n° 915), ou “em estado objetivo de pecado mortal”, o que “se for de notoriedade pública, é agravado pelo escândalo” (Opção preferencial pela família. 100 perguntas e 100 respostas a respeito do Sínodo, Ed. Supplica Filiale, Roma 2015, n° 63). Se os divorciados recasados não têm planos de retificar essa situação de ofensa pública e permanente a Deus, eles não podem sequer ter acesso ao Sacramento da Penitência, que exige o propósito sério de não voltar a pecar. A figura do divorciado recasado, como bem observou o cardeal De Paolis, “contradiz a imagem e o papel do matrimônio e da família, de acordo com a imagem que a Igreja nos oferece”.

Como tornar quadrado o círculo? Para uma análise abrangente do Instrumentum Laboris remeto à excelente análise de Matthew McCusker no site de “Voice of the Family”. Cinjo-me a algumas considerações relativas à abordagem do documento sinodal sobre o tema das coabitações extramatrimoniais.

O novo Catecismo da Igreja Católica, no n° 2390, diz que a expressão “uniões livres” (coabitações) “tenta camuflar situações diferentes: concubinato, recusa do matrimônio como tal, incapacidade de se ligar por compromissos a longo prazo. Todas estas situações ofendem a dignidade do matrimônio; destroem a própria ideia de família; enfraquecem o sentido da fidelidade. São contrárias à lei moral: o ato sexual deve ter lugar exclusivamente no matrimônio; fora dele constitui sempre um pecado grave e exclui da comunhão sacramental”.

Pelo contrário, o Instrumentum Laboris sugere a ideia de que as coabitações extraconjugais não são ilícitas intrinsecamente, mas apenas “parcialmente” .

“No caso em que o amadurecimento da decisão de chegar ao matrimônio sacramental por parte de conviventes ou de pessoas casadas civilmente ainda esteja numa fase virtual, incipiente, ou de aproximação gradual, pede-se que a Igreja não se subtraia à tarefa de encorajar e de promover este desenvolvimento. Ao mesmo tempo, agirá bem se demonstrar apreço e amizade em relação ao compromisso já assumido, do qual reconhecerá os elementos de coerência com o desígnio criatural de Deus” (n° 57).

Tratar-se-ia, em uma palavra, de aproveitar a parte de bem que haveria no mal, ou melhor, de não considerar como “absoluto” nenhum mal. Há aqui uma confusão implícita entre o nível ontológico e o nível moral. Se no plano ontológico só o bem é absoluto, enquanto o mal é mera privação de bem, no plano moral o bem e o mal têm uma dimensão de absoluto que não pode ser ignorada.

Mas o documento é ainda mais claro nos parágrafos seguintes. As coabitações – afirma ele – não são ruins ou intrinsecamente ilícitas, mas “incompletas” em relação ao casamento, faltando-lhes apenas a “plenitude” (nn° 62-65). “O sacramento do matrimônio, como união fiel e indissolúvel entre um homem e uma mulher, chamados a aceitar-se reciprocamente e a acolher a vida, é uma grande graça para a família humana”. Mas a Igreja “deve ser também capaz de acompanhar quantos vivem no matrimônio civil ou convivem, na descoberta gradual dos germes do Verbo que aí se encontram escondidos, para os valorizar até à plenitude da união sacramental” (n° 99). “A escolha do matrimônio civil ou, em vários casos, da convivência frequentemente não é motivada por preconceitos nem por resistências em relação à união sacramental, mas por situações culturais ou contingentes. Em muitas circunstâncias, a decisão de viver juntos é sinal de um relacionamento que quer estruturar-se e abrir-se a uma perspectiva de plenitude” (n° 102).

Que as coabitações extramatrimoniais não sejam consideradas ilícitas demonstra-o o fato de que, para o Instrumentum Laboris, elas não devem ser de nenhum modo condenadas. “A atitude dos fiéis em relação às pessoas que ainda não chegaram à compreensão da importância do sacramento nupcial deve manifestar-se principalmente através de uma relação de amizade pessoal, aceitando o outro como é, sem o julgar, indo ao encontro das suas necessidades fundamentais e, ao mesmo tempo, dando testemunho do amor e da misericórdia de Deus ” (n° 61).

“A mensagem cristã deve ser anunciada, privilegiando uma linguagem que suscite a esperança. É necessário seguir uma comunicação clara, cativante e aberta, que não moralize, nem julgue e nem sequer controle, mas dê testemunho do ensinamento moral da Igreja, permanecendo contemporaneamente sensível às condições das pessoas na sua individualidade” (n° 78); “uma comunicação aberta ao diálogo livre de preconceitos é necessária particularmente em relação àqueles católicos que, em matéria de matrimônio e de família não vivem, ou não se encontram em condições de viver, em pleno acordo com o ensinamento da Igreja” (n° 81)

O que está ausente no texto, mais do que uma condenação, é qualquer forma de julgamento ou de avaliação moral. No entanto, sabemos que não existem atos humanos neutros ou não passíveis de um julgamento moral. Cada ação pode e deve ser avaliada de acordo com o critério da verdade e da justiça, como São Paulo nos ensina a fazer (Rom, 1-26-32: 1 Cor. 6: 9-10; 1 Tm 1,9).

A abordagem sociológica e isenta de julgamento moral do Instrumentum Laboris é confirmada pela utilização dos termo “irreversibilidade” e “irreversível”, que na versão portuguesa ocorre três vezes, no tocante à situação dos divorciados recasados. Na verdade, um fracasso matrimonial pode ser irreversível, mas um estado habitual de pecado, como a coabitação, sempre é reversível. No entanto, lemos no documento: “É bom que estes caminhos de integração pastoral dos divorciados recasados civilmente sejam precedidos por um discernimento oportuno da parte dos pastores, a respeito da irreversibilidade da situação e da vida de fé do casal em uma nova união (…) segundo uma lei de graduação (cf. FC, 34), no respeito pelo amadurecimento das consciências” (n° 121). “Para enfrentar a supramencionada temática, existe um comum acordo acerca da hipótese de um itinerário de reconciliação ou caminho penitencial, sob a autoridade do Bispo, para os fiéis divorciados recasados civilmente, que se encontram em situação de convivência irreversível” (n° 123).

Se a situação dos divorciados recasados é em alguns casos irreversível, como pretende o Instrumentum Laboris, isso significa que também é irreversível a situação moral de pecado mortal público e permanente em que eles se encontram, excluindo-os, por isso mesmo, dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia… a menos que se considere essa situação como não sendo pecaminosa, mas virtuosa. E esta é a linha que o documento parece sugerir. O casamento indissolúvel é apresentado como um ideal cristão elevado, mas dificilmente alcançável. Na vida concreta, as uniões civis podem representar fases imperfeitas, mas positivas, de uma vida em comum, que não pode ser separada do exercício da sexualidade. A união sexual não é considerada intrinsecamente ilícita, mas um ato de amor a ser avaliado segundo as circunstâncias. Uma relação sexual perde seu caráter moral negativo se os parceiros a mantiverem com convicção, de modo estável e duradouro.

O Instrumentum Laboris não nega tanto a Exortação Familiaris Consortio de João Paulo II (22 de Novembro 1981), quanto nega a encíclica Veritatis Splendor do mesmo Papa (6 de agosto de 1993), com a qual parece querer acertar as contas. A partir dos anos sessenta do século XX, difundiram-se no interior da Igreja as novas teorias morais de autores como o jesuíta Josepf Fuchs e o redentorista Bernhard Häring, que em nome do primado da pessoa sobre a natureza humana, negavam o caráter absoluto das normas morais, considerando-as apenas como uma necessidade de auto-realização (ver. por exemplo, o Padre Fuchs, The Absolutness of Moral Terms, in “Gregorianum”, 52 (1971) pp. 415-457).

Deste personalismo, que influenciou a constituição pastoral Gaudium et spes do Concílio Vaticano II (7 de dezembro de 1965), decorreram os erros do “proporcionalismo”, do “teleologismo” e do “consequencialismo”, explicitamente condenados pela encíclica Veritatis Splendor (nn. 74- 75).

Contra essas teorias têm escrito, de uma forma mais do que convincente, Ramón García de Haro (La vita cristiana, Ares, Milão, 1995) e, mais recentemente, Livio Melina, José Noriega e Juan Jose Pérez Soba (Camminare nella luce, i fondamenti della morale cristiana, Cantagalli, Siena 2008), reafirmando a doutrina dos absolutos morais, segundo a qual existem atos ilícitos que não podem ser justificados por qualquer intenção ou circunstância. A união sexual fora do casamento legítimo é um deles. “Os atos que, na tradição moral da Igreja, foram denominados «intrinsecamente maus» (intrinsece malum)” – estabelece a Veritatis Splendor – “são-no sempre e por si mesmos, ou seja, pelo próprio objeto, independentemente das posteriores intenções de quem age e das circunstâncias ” (n° 80).

Em seu discurso à Cúria Romana em 20 de dezembro de 2010, Bento XVI reiterou que uma ação má em si nunca pode ser aceita. Denunciando o crime de pedofilia, o Papa não refazia o fundamento ideológico numa “perversão fundamental do conceito de vida moral”. Ele afirmou: “Defendia-se – mesmo no âmbito da teologia católica – que o mal em si e o bem em si não existiriam. Haveria apenas um «melhor que» e um «pior que». Nada seria em si mesmo bem ou mal; tudo dependeria das circunstâncias e do fim pretendido. Segundo os fins e as circunstâncias, tudo poderia ser bem ou então mal. A moralidade é substituída por um cálculo das consequências e, assim, deixa de existir. Os efeitos de tais teorias são, hoje, evidentes. Contra elas, o Papa João Paulo II, na sua Encíclica Veritatis Splendor de 1993, com vigor profético apontou na grande tradição racional da vida moral cristã as bases essenciais e permanentes do agir moral.”

Com essas palavras ficam pulverizadas as teorias do mal menor e da ética de situação. A discussão está toda aí. De um lado, os católicos fiéis ao Magistério da Igreja, que creem no caráter objetivo e absoluto da moral; e de outro os inovadores, que reinterpretam a ética com critérios subjetivos e relativistas, torcendo a Moral para conformá-la aos seus desejos e interesses. Há mais de 50 anos que se discute, mas agora se colhe o que foi semeado (Roberto de Mattei).

*Nosso agradecimento a um caro amigo pela tradução fornecida. 

“A mudança já está em curso e não se volta mais atrás”.

Entrevista com o ministro da Família do Vaticano. “Foi respeitado o mandado de Francisco”.

Por Giacomo Galeazzi – Vatican Insider | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: “A mudança já está em curso e não se volta mais atrás”. No Sínodo da família, as resistências contra a comunhão aos divorciados novamente casados e outras formas de convivência de fato “não modificaram um caminho que agora já está em curso”, garante o Arcebispo Vincenzo Paglia. “Foi respeitado o mandado de Francisco: acolher e sair”, diz o ministro da Família do Vaticano.

No Sínodo emergiu uma parte da hierarquia que se opõe à obra de renovação de Francisco? 

“Em primeiro lugar gostaria de esclarecer uma coisa. A Igreja, com o Sínodo, tomou a responsabilidade de refletir sobre a difícil situação que atravessam as famílias do mundo. É importante ter essa perspectiva para  entender o que está em jogo e, portanto, também a honestidade e a importância do debate. Como eu gostaria que em todas as outras instituições políticas, sociais, econômicas, se fizesse o que fizemos no Sínodo. De frente a um mar de problemas era evidente que se conduzisse um debate articulado e animado. Você fala sobre alguma oposição à renovação querida pelo Papa Francisco. O próprio Papa alertou sobre duas tentações, aquela de arrogar-se em defesa de posições auto-referenciais e a outra do bonismo superficial.  O Sínodo foi convocado para ouvir a situação das famílias reais de hoje e vir ao seu encontro de um modo apaixonado e certamente não severo. Não foi e não deve ser uma mera repetição da Doutrina. Francisco pede uma Igreja que se coloca a caminho para acomodar a todos e recolher os necessitados. Jesus em primeiro lugar – disse o Papa Francisco – dá-nos o exemplo. A assembléia sinodal – mesmo com todas as suas limitações – procurou debruçar-se sobre o coração dos problemas das pessoas, famílias, querendo saber como responder. Eu acho que ainda é necessário continuar a ouvir e buscar respostas. O texto final – mesmo com toda a lentidão com que se apresenta – no entanto, abriu o caminho que deve agora prosseguir nas dioceses até o Sínodo Ordinário do próximo ano. Não podemos nos fechar em uma fortaleza que se entrincheira na rigidez dos preceitos”.

As novidades foram freadas? 

“Repito, o caminho já foi aviado. Francisco está diante de todos nós, e abre o caminho. Ainda que alguma coisa não tenha funcionado como deveria, ele exercitou sua missão de pastor universal. Poderíamos dizer – comparando com uma imagem de veículos automóveis – que na franqueza do debate nem todos os pistões do motor se moveram em harmonia. Por isso, a máquina do Sínodo também precisou de alguns empurrões. Mas o resultado é que o carro foi igualmente colocado em movimento, saiu da garagem e já está na estrada. Não em um circuito fechado e reparado, mas pelas estradas do mundo, as mesmas percorridas pelo bom samaritano que, ao contrário do sacerdote e do levita não prosseguiu mais além, mas parou e se encarregou do ferido, ou seja, das inúmeras famílias feridas. É inevitável deixar-se ferir. É daqui que parte o caminho sinodal que deveremos percorrer esse ano. E não só os bispos, os 191 que participaram do Sínodo, mas todos, também as famílias cristãs. Espero que em todas as partes do mundo, haja uma espécie de despertar, o debate, a discussão, a ajuda para as famílias. Se inicialmente houve um questionário e, logo em seguida, um Sínodo Extraordinário, espero que agora se dê início a uma ação mais direta nas ruas para individualizar caminhos e soluções viáveis.

Por isso é que deveria ser evitada a lógica do muro contra muro?

“Absolutamente sim. Não quero dizer que devemos reduzir os debates, muito pelo contrário, eu gostaria que se levantasse as preocupações e o compromisso. Isso é o que eu pretendo ajudar , bem como o Conselho Pontifício para a Família. Nosso trabalho como pastores – eu diria a todos, incluindo as famílias – é sair da sacristia e das paredes das igrejas para ir ao encontro de pessoas em carne e osso. Não percamos  tempo tentando salvaguardar posições abstratas. Somos chamados mais à  “salus animarum” do que à  “salus principiorum.” Temos que ir para a rua com o evangelho e com aquela  “simpatia imensa” pelo homem da qual falava o bem-aventurado Paulo VI.

Mas não existe um atraso cultural? 

“Eu diria que há um atraso tanto cultural como espiritual, um atraso em amar, em compreender de modo apaixonado os outros. O individualismo que hoje impera arrisca criar uma sociedade de pessoas solitárias. O Sínodo, através da reproposição da família como o motor da sociedade, pede a todos que redescubram a força cultural daquela palavra que está lá no início da Bíblia: ‘Não é bom que o homem esteja só’. Esta página está agora em perigo por causa do culto ao ego. O amigo Giuseppe De Rita fala de “egolatria”, uma seita em cujo altar se sacrifica tudo, até mesmo os afetos mais queridos. Redescobrir as dimensões familiares da vida significa ajudar a sociedade a ser mais firme e mais forte, menos “líquida” e mais coesa. Todos, sem exceção, precisamos de um amor mais robusto, mais generoso, que nos faça estender os braços, que nos faça abrir nossos corações. Na cruz, Jesus não olha para si mesmo, ele não chora sobre si mesmo e nem sobre seus próprios problemas. Ele olha para o jovem discípulo e sua mãe idosa, olha para cada um de nós. Os jovens sem esperança e os adultos endurecidos pela vida”.

Falando mais que francamente. Nova entrevista do Cardeal Raymond Leo Burke sobre o Sínodo dos Bispos.

Entrevista feita pelo repórter e jornalista Terry Jeffrey com o Cardeal Raymond Burke sobre o equívoco da hierarquia da Igreja ao emitir um relatório parcial escandaloso sobre os trabalhos do Sínodo dos Bispos para a família, em desacordo com as Palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Tradição do Magistério da Igreja.

Pedimos a nossos leitores que destaquem, na caixa de comentários, os trechos mais significativos da entrevista, ajudando, assim, aqueles que não podem assistir ao vídeo.

Igreja sem rumo, diz Burke. Não a cambalhotas doutrinárias, diz Pell .

Por Chiesa et Post Concilio | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: A mídia nacional e internacional continua recorrendo às muitas declarações oficiais sobre as disputas que permaneceram em aberto no âmbito da assembléia sinodal.

O artigo publicado pelo Il Foglio ontem [aqui], fornece uma síntese que deveríamos ter em mente enquanto aguardamos os novos movimentos e desenvolvimentos subsequentes da situação.

O articulista reconhece no Cardeal Raymond Leo Burke, um dos cardeais “que apoiam e celebram” a missa no rito antiquior”, que o Papa Emérito Bento XVI, “monge em clausura”, definiu como “grande” em uma recente mensagem enviada ao delegado geral do Coetus Summorum Pontificum [aqui].

O que me dá a oportunidade para reafirmar a nossa perplexidade sobre a figura do “papa emérito” e sobre algumas de suas expressões naquela mensagem que, se formos verificar novamente, talvez poderia parecer irônica, quando fala sobre a  “paz litúrgica”, a qual infelizmente hoje corre mais risco (não podemos ignorar a história dos Franciscanos da Imaculada e o agravamento de muitas restrições, removidas algumas exceções) devido à aversão que suscitou na época em que Summorum Pontificum foi aprovado como uma exortação cheia de esperança para os mais jovens e talvez com uma autoridade significativa ao indicar nos “grandes” cardeais que apoiam e celebram o rito antigo, o katechon da situação, não só no que diz respeito à liturgia, mas também sobre alguns argumentos de peso, por ele citados no contexto dos dois documentos divulgados ao mesmo tempo: a mensagem lida na Universidade Urbaniana [aqui] e a saudação à conferência internacional “o respeito pela vida, o caminho para a paz”, promovido pela Fundação Ratzinger na Universidade Pontifícia Bolivariana de Medellín.

Perplexidade até agora não resolvida, exceto para aqueles que não percebem nenhum problema, como se estivéssemos vivendo uma situação “normal”. Na verdade, o inédito e anômalo que nos impõem provoca reações diferenciadas entre os católicos: Além da indiferença dos tíbios, há aqueles que pertencem à “torcida papista” e que não vão além da superfície; há quem sobe em palhas para defender o indefensável; quem se fecha como uma ostra para não ver; há aqueles que tomados pelo desânimo param de remar contra a corrente, há quem se cale e prefere ficar em silêncio por opção intensificando a oração e o oferecimento; e há aqueles que têm a coragem de se levantar e fazer perguntas, mesmo quando eles são incômodas e a audácia de expressá-las na esperança de que cheguem até alguém que não está irremediavelmente massificado e assim contribuir para defender a fé verdadeira.

O articulista fornece uma ampla citação das declarações do Cardeal Burke, em entrevista publicada no site Vida Nova:

“Desde que Kasper começou a divulgar sua opinião, uma parte da imprensa espalhou a idéia de que a Igreja tem intenção de mudar a sua disciplina. E isto criou sérias dificuldades pastorais. A pedra fundamental da Igreja é o matrimônio. Se não ensinamos e vivemos bem essa realidade, estamos perdidos. Deixamos de ser Igreja”. Não tem nada a ver com o Papa, assegura Burke, o qual todavia observa que “há pessoas que sofrem um pouco” de enjôo, porque lhes parece que a nave da igreja perdeu a bússola”.

Note-se que se trata da confusão “diabólica”, da qual falava o Bispo nativo da Filadélfia, Charles Chaput da Filadélfia, após a disputa teológica áspera e cerrada na sala do sínodo.

E, quanto ao Cardeal Pell, nota-se que ele escolheu voltar aos temas do Sínodo, durante a peregrinação anual que a cada mês de outubro celebra o Motu Proprio promulgado em 2007 por Joseph Ratzinger, o qual liberou o Rito Romano antiquior, instando os católicos a se organizar na batalha nas dioceses entre aqueles que querem tornar definitivas as aberturas dos inovadores e aqueles que querem bloqueá-las levados pela consciência de que o mistério divino não pertence somente à misericórdia, mas também à santidade e justiça. Algo que também foi mencionado pelo Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller.

Estas são as palavras do Cardeal Pell:

“Antes do próximo outubro, os católicos devem trabalhar para construir um consenso que supere as atuais divisões… Claro que a doutrina se desenvolve, no sentido que entendemos a verdade de modo mais profundo, mas, na história católica, não existem cambalhotas doutrinárias”. Isto porque “a tradição apostólica anunciada primeiramente por Cristo e fundamentada nas Escrituras é a pedra angular da verdade e da genuína prática pastoral.”

E o Papa, em tudo isso, tem um papel fundamental. Na verdade, nos deixa perplexos o “ter que construir consenso”, porque a verdade não depende do consenso e na Igreja ela é afirmada e confirmada com autoridade. E, depois das observações descritas, aqui residem todas as incógnitas:

“O papel do sucessor de São Pedro sempre foi vital para a vida cristã e católica, principalmente porque é a pedra angular da fidelidade doutrinária e a resolução de todos os conflitos, tantos doutrinais como pastorais. A Igreja não foi fundada sobre a rocha da fé de Pedro. Mas sobre o próprio Pedro. “[Mas primeiramente sobre Cristo].

O fato de que cardeais alguns e bispos falem de modo claro é já um indício de que não estamos sozinhos na sã reafirmação dos princípios perenes. Vamos aguardar pelos próximos movimentos dos que agora parecem se engajar como lados contrapostos.

Agora se inicia um ano dramático para a Igreja.

A “Revolução de Outubro” do Sínodo falhou, e com ela acabou também a primeira parte do pontificado bergogliano. Qual será a segunda parte? 

Por Antonio Socci | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: O discurso de encerramento feito no sábado por Francisco nos leva a intuir. Talvez aquele que se inicia será um dos anos mais dramáticos e confusos da história da Igreja.

MAQUIAVELISMO

Antes de mais nada, o Papa Bergoglio descarregou sobre o Cardeal Kasper (e companhia) toda a responsabilidade pela derrota, após tê-lo usado como testa de ferro para quebrar a resistência dos cardeais ortodoxos, tanto no Consistório de fevereiro como no Sínodo.

A maioria rejeitou a “revolução” que Kasper, a mando de Bergoglio sugeria. Assim o Papa em seguida se distanciou de suas teses, desqualificando-as como “a tentação do “bonismo” destrutivo, que em nome de uma misericórdia enganadora, enfaixa as feridas sem antes curá-las e medicá-las; que trata os sintomas e não suas causas e raízes”.

Pena que foi exatamente sobre essas absurdas teses kasperianas que ele permitiu que a Igreja fosse traumaticamente dividida por meses e também por meses seguidos tais teses foram divulgadas pelos meios de comunicação como a grande novidade do pontificado de Bergoglio, sem qualquer desmentido.

Pena que foi o próprio Papa Francisco que impôs o mesmo Kasper como relator único para o Consistório de fevereiro e ainda elogiou sua tese como sendo  “teologia de joelhos” (Kasper sempre declarou, sem ser desmentido, que tinha feito tudo combinado com o Papa).

A fina flor dos intelectuais e jornalistas Católicos que há um tempo atrás se classificavam como “ratzingerianos”, agora ansiosos por uma recolocação abraçaram e aplaudiram as revolucionárias teses kasperianas. Assim como todos os jornais seculares.

Ver agora a ruptura que faz Bergoglio deveria ser humilhante para todos aqueles papólatras apressados.  E deveria também levar a imprensa marron laica como_ La Repubblica_ a reconhecer que errou feio.

Ao invés disso, ninguém teve coragem de fazê-lo. Evidentemente porque todos acreditam que a disassociação tardia de Bergoglio da tese derrotada é só uma questão tática.

No entanto constatam que, tanto do Consistório de fevereiro como do Sínodo de outubro, o único que saiu derrotado e “desacreditado” foi o próprio Bergoglio.

Claro, que existem ainda os últimos “japonêses” ( alusão aos japoneses que ainda não acreditavam que a Guerra tinha acabado) os quais ressaltam que sobre temas controversos como a comunhão para divorciados novamente casados e homossexuais (parágrafos 52, 53 e 55), embora não tendo atingido os dois terços dos votos (resultando em sua rejeição pelo Sínodo ), há no entanto a maioria absoluta e, portanto não se trata de uma derrota. Mas este argumento é risível porque aqueles eram textos que já haviam sido corrigidos e emendados, não eram as explícitas teses “kasperianas” e “fortianas.”

Na verdade, o “Relatio post disceptationem,” da metade do Sínodo, aquela “revolucionária”, foi rejeitada e re-escrita. E a “Relatio Synodi” é um outro texto (“mais equilibrado, balanceado e desenvolvido”, como deixou claro o próprio Padre Lombardi).

SURPRESA

Assim, o resultado do Sínodo é uma verdadeira e própria “surpresa de Deus” e se o Papa Bergoglio fosse de fato aberto a tais surpresas, reconheceria que não é possível um “desalojamento” scalfariano do Catolicismo, que acabaria por atropelar os sacramentos, os mandamentos e o magistério.

Como ele mesmo disse: “esta é a Igreja, nossa mãe! E quando a Igreja, na variedade dos seus carismas, se expressa em comunhão, não pode errar: é a beleza e a força do “sensus fidei”, que é doado pelo Espírito Santo.”

Então, por que não reconhecer serenamente o que emergiu a partir do Sínodo? Por que não acolher o sopro do Espírito?

Na realidade, ao que parece, o papa argentino não gosta muito  destas “surpresas de Deus”, que fizeram naufragar a sua “revolução” e – de acordo com alguns observadores – estaria disposto a ganhar por baixo da mesa a partida que ele perdeu em campo.

CONTRA OS CATÓLICOS

E isso pode ser visto a partir dos pontos sucessivos em seu discurso conclusivo. Na verdade, mesmo antes de tomar distância de Kasper, ele condenou (mais uma vez) como “endurecimento hostil” na “letra” (isto é, o Evangelho sem subterfúgios) a posição dos Católicos que se opunham à Kasper.

Ele rotulou como “tradicionalistas” e “intelectualistas” aqueles que simplesmente recordaram o Magistério de sempre da Igreja, os Evangelhos e São Paulo, e até Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.

Mas se os Católicos, apostólicos romanos que professam a posição da Igreja de todos os tempos e de todos os papas anteriores, para Bergoglio são dignos de condenação, então não está claro quem seria pra ele seu rebanho e o magistério católico (no entanto, também é verdade que o mesmo Bergoglio disse a Scalfari que “Deus não é católico” …)

O PAPA REI

Logo em seguida, no discurso de encerramento, o Papa recorda aquele argumento que seus “adversários” usaram para lhe opor, o argumento vencedor: o Papa não é o dono do Evangelho, da doutrina e da tradição da Igreja, mas o seu servidor. Ele reconheceu, concordando. Mas logo em seguida, acrescentou um final surpreendente.

Ele disse: a Igreja é de Cristo – é a sua esposa – e todos os bispos, em comunhão com o Sucessor de Pedro, têm a missão e o dever de custodiá-la e de servi-la, não como donos, mas como servidores. O Papa, neste contexto, não é o senhor supremo, mas sim um supremo servidor – o “servus servorum Dei”; a garantia da obediência e da conformidade da Igreja à vontade de Deus, ao Evangelho de Cristo e à Tradição da Igreja, deixando de lado todo arbítrio pessoal, mesmo sendo – por vontade do próprio Cristo – o “Pastor e Doutor supremo de todos os fiéis” (Can. 749) enquanto gozando “da potestade ordinária que é suprema, plena, imediata e universal na Igreja” (cf. Cann. 331-334). “

A primeira parte desta citação desmente os bergoglianos mais fanáticos que tanto na mídia católica como secular, nas últimas semanas espalhavam a teoria de que o Papa poderia fazer o que ele quisesse até com sacramentos (alguém chegou a chamá-lo de “senhor absoluto”).

Nossos leitores se lembarão que exatamente nessa mesma coluna, no dia 5 de outubro do ano passado, eu havia escrito citando uma página de Joseph Ratzinger: “O papa não pode dizer: A igreja sou eu, ou: a tradição sou eu, mas, pelo contrário, ele tem precisas restrições, incorpora uma obrigação da Igreja em conformar-se à palavra de Deus. “

Recebi insultos e investidas dos fanáticos como se eu tivesse deslegitimado o Papa. Bem, sábado à noite Francisco repetiu a mesma coisa.

Ele acrescentou, no entanto como uma surpresa, a citação do Código de Direito Canônico que lhe dá um poder inquestionável sobre todos os fiéis e sobre a Igreja universal.

Aquele Francisco que foi ostensivamente apresentado como “Bispo de Roma” e evitava o título de Papa a todo custo, de repente redescobriu as prerrogativas de poder mais pesadas do Pontífice, as prerrogativas do Papa Rei.

Na verdade, já no Sínodo ele exerceu o seu poder através da estrutura de gestão, a fim de orientá-lo e controlá-lo, de uma forma muito pouco sinodal ou conciliar. Tanto foi, que conseguiu suscitar fortes protestos por causa do “amordaçamento”.

A própria decisão de fazer com que cheguem às dioceses um documento que contém os três pontos que o Sínodo rejeitou sobre os divorciados recasados e gays, dá a impressão de que ele se sobrepôs ao próprio Sínodo e quer continuar a batalha (em Roma se diz que ” nun ce vonno sta ” ou seja: “se não querem, vai assim mesmo” ). Recomeça o caos.

EXPURGOS

Um observador como John Allen acredita que agora se passará aos “ajustes de contas”  ou seja, as demissões ou rebaixamentos daqueles que mais se opuseram à revolução Kasper-Bergoglio, começando pelos cardeais Burke e Mueller.

Se assim for, aquela citação do Código significaria: “vocês me dizem que eu não posso tocar a Doutrina, mas lhes recordo que eu posso decidir a sua sorte.”

Seria o início dos expurgos e depurações realmente vergonhosos, que só serviriam para deixar ainda mais desconcertados um povo cristão já em estado de choque.

A confusão em que a Igreja se viu nos últimos meses se tornaria realmente dramática. Será que é isso que ele quer?

Allen registrou os comentários pós-sinodo de um Cardeal: “Eu não acho (que Bergoglio) seja um grande estrategista… Pensava que havia um plano por trás do caos… agora eu me pergunto se não é justamente o caos o seu verdadeiro plano.”

Só podemos esperar por uma surpresa de Deus: a de que o Papa Bergoglio inverta a sua direção.

Antonio Socci

“Para Francisco, uma fragorosa derrota: tradicionalistas obtiveram uma grande vitória”.

“Mesmo em 2015, será  difícil para Francisco ir muito além disso sem correr o risco de um cisma.”

Por Rorate-Caeli | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: Professor Odon Vallet é um especialista em história das religiões e civilizações e, por ser considerado como um forte e radical “progressista”, ele é um dos prediletos na mídia francesa para falar como uma voz amiga da agenda secular quando se trata de questões católicas.

Ele foi entrevistado pelo diário popular “20 Minutes” sobre os resultados da Assembléia do Sínodo dos Bispos de 2014:

Em que sentido o texto provisório [a relation de Bruno Forte] sinaliza um passo importante? 

O texto provisório incluía duas aberturas. Uma com  relação aos divorciados recasados e outra a respeito dos homossexuais. Não foi uma revolução, mas uma evolução. Não foi proposta a admissão de divorciados recasados ao sacramento, mas simplesmente de prever, quer por anulação do casamento, ou por um procedimento de penitência, eles pudessem ser readmitidos ao sacramento. Para os homossexuais, não era uma questão de reconhecer o casamento, mas para sublinhar os “dons e qualidades” que eles poderiam oferecer à Igreja. Eles seriam bem recebidos, sem no entanto oficialmente terem sua  união civil reconhecida.

Uma evolução que não passou no momento da votação … 

No texto final, nenhuma alusão foi feita novamente a esses dois temas polêmicos. Foi uma fragorosa derrota para o papa Francisco, uma afronta. Pior ainda, um Cardeal [editor nota: Raymond Leo Burke, da oposição conservadora] americano chegou a declarar que o papa tinha causado “um grande dano por não dieclarar abertamente qual era a sua posição.” Na realidade, Francisco permaneceu em silêncio para garantir a liberdade a todos os participantes. É a primeira vez em pelo menos 50 anos, que um cardeal opõe-se abertamente ao Papa. É a primeira vez também, em vários séculos, que  Bispos e cardeais não tem confiança nele.

Como explicar isso? 

A quase totalidade destes prelados foram nomeados por João Paulo II e Bento XVI. Suas opiniões são mais conservadoras do que as do papa. Alguns chegam a questionar a sua legitimidade. Eles não aceitaram a renúncia de Bento XVI. [***] E uma vez que o Papa Francisco disse que também renunciaria e que seu pontificado seria breve, alguns estão começando a jogar com o tempo e esperando pela eleição de seu sucessor.

No entanto, é na verdade o papa Francisco que terá a palavra final? 

Após o segundo sínodo, em 2015, o Papa [teria] normalmente que tomar as decisões sob o formato de uma exortação apostólica. Mas é quase impossível que o Papa vá contra bispos e cardeais. Isso provocaria o risco de um cisma na Igreja. Tradicionalistas católicos tiveram uma grande vitória e a França desempenhou um papel importante neste processo.

Não foi uma vitória simbólica para os homossexuais? 

Esta tentativa de mudança tocou os espíritos em paróquias e dioceses. [*] Muitos clérigos que fazem preparação para casamentos estavam contentes ao ver que o Sínodo parecia levar essas realidades em consideração. Mas o retrocesso final os deixaram perturbados. Em muitos países, tais como a França e a Alemanha, a Igreja Católica está profundamente dividida. O grande sucesso dos protestos [nota Rorate: A Manif pour tous] contra o casamento para todos [Rorate nota: mariage pour tous, um eufemismo Socialista Francês para casamento civil entre pessoas do mesmo sexo” ] previu esse fracasso do Papa Francisco. Não nos esqueçamos de que o centro de gravidade do corpo episcopal é claramente conservador. O Papa  perdeu por enquanto qualquer margem de manobra, apesar de sua imensa popularidade [**]. Mas uma vez que ele é ardiloso, ele tomará algum tempo pra refletir e tentar assumir o controle de outra maneira.

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É uma análise correta do momento. Gostaríamos apenas de acrescentar algumas poucas notas. Em primeiro lugar, [*]  o relatório provisório inflamou os espíritos em todos os lugares e de maneiras muito diferentes, mas não meramente, como Vallet implica, de esperança e expectativa entre os pseudo-católicos que não acreditam em nada. Pelo que recebemos dos leitores oriundos de várias paróquias e de um particular leitor da África, o relatório provisório acendeu um  fogo de indignação em muitos espíritos tanto nas paróquias como também em dioceses. E se tem algo que podemos dizer é que os leigos em países africanos (e, certamente, em cada nação asiática) são muito mais conservadores em questões morais do que os seus próprios bispos. Segundo, que [**] a inegável imensa “popularidade” do papa em contextos seculares é muito menos perceptível a nível paroquial, onde o efeito  “Francisco” é insignificante, isso se existente – e quanto mais dedicado e completamente catequizado é um determinado grupo, menos popular o papa é. Daí o risco imenso, senão for de um cisma claro, uma divisão forte e duradoura entre o papa, sacerdotes e os leigos. Francisco tem muito apoio para mudar a doutrina católica … mas esse apoio vem principalmente de pessoas que raramente vão à igreja, isso se ainda podemos considerá-los como Católicos de fato. Em terceiro lugar, [***] a renúncia do ex-papa é um problema inexistente, apenas na mente dos novos Ultramontanists liberais.

Um ponto adicional diz respeito ao Cardeal Burke, este servo exemplar da Igreja. Ele não tem sido outra coisa senão humilde ao aceitar pacientemente todas as humilhações. A maneira como ele foi tratado por Francisco é constrangedora não para ele, mas sim para o papa. Pense no quão diferente eram João Paulo II e Bento XVI para com seus dissidentes mais radicias como o anti-Africano cardeal alemão Walter Kasper, e muitos outros da mesma linha, que nunca foram humilhados ou ameaçados de rebaixamento e exílio, apesar de suas posições – muito pelo contrário. E eles agiram assim não porque eram frouxos, mas porque lutavam pra salvaguardar a unidade da Igreja.

Francisco, por outro lado, brincou com fogo e trouxe a Igreja à beira do precipício, sua mais séria divisão em cinco séculos, a fim de implementar aquilo que o seu próprio nomeado, o Cardeal Pell chama de “agenda secular”. Nem mesmo em um Sínodo, cujos membros foram escolhidos a dedo por ele e dirigido pelo cardeal Baldisseri sob seu commando, ele foi capaz de alcançar 2/3 dos votos naquelas questões que lhe eram as mais queridas, isso mesmo depois de terem sido consideravelmente diluídas. Comparem e contrastem isso tanto com o Vaticano I como o Vaticano II, onde nem mesmo as questões mais controversas atingiram esse nível de discordância da inequívoca vontade do Papa – e mesmo quando havia uma proporção muito menor de “non placet” votos (menos ainda de 10%), os textos foram alterados para se obter acordos e se chegar o mais próximo possível da unanimidade. E em vez de aceitar graciosamente a exclusão dos parágrafos rejeitados, ele procedeu incluindo as passagens rejeitadas no texto, o que faz com que todo o processo sinodal perca o sentido … Apesar de tudo isso, como diz Vallet, ele é “ardiloso” o suficiente para prosseguir adiante em sua tentativa, independente dos riscos graves e extremamente elevados para a unidade da Igreja envolvidos nisso. Que Nosso Senhor e Nossa Senhora possam proteger a Igreja.

“Se eu não tivesse falado com todas as letras, o Sínodo acabaria pior”.

Presidente da Conferência Episcopal Polonesa: – Acabemos com essa ilusão de que só agora a ‘misericórdia’ começou, após 2000 anos! – A Familiaris Consortio é suficiente.

Por Marek Lehnert – Vatican Insider* | Tradução: Fratres in Unum.com – O Arcebispo Stanislaw Gadecki, arcebispo de Poznan, na Polênia, e presidente da conferência episcopal de seu país, está feliz consigo mesmo e com os demais que pensavam como ele pela determinada crítica à Relatio post disceptationem do Sínodo sobre a Família. O prelado polonês denunciou uma ruptura clara com o ensinamento de João Paulo II sobre a questão, bem como a visão pouco clara sobre a finalidade do próprio Sínodo.

Dom Stanislaw Gadecki.
Dom Stanislaw Gadecki.

Falando ontem a uma rádio polonesa, Gadecki reiterou que muitos Padres Sinodais partilhavam de seus sentimentos, considerando o texto “fortemente ideologizado, porque ele levava em conta mais o lado sociológico do que o teológico”, mas, acima de tudo, porque “algumas das suas teses pareciam destruir o magistério da Igreja. ”

“Tenho a impressão de que se eu não tivesse falado claramente, as coisas poderiam ter acabado bem pior. Acho que era necessário dizer alguma coisa por causa dos pedidos das famílias, elas estavam apavoradas. Alguma coisa tinha que ser dita, de modo a não confirmar para as pessoas a certeza de que estávamos prestes a abandonar a doutrina da Igreja. Porque tudo tinha que ter um formato mais sério, mais detalhado e analisado.”

“Felizmente – acrescentou o prelado polonês – os circuli minores realizaram um trabalho muito sério, considerando palavra por palavra, e aquele trecho que resultou no terceiro texto é muito mais sério, graças a Deus.”

O presidente dos bispos poloneses considera que no Sínodo recente “não aconteceu nada de revolucionário.” Em 1981, a exortação “Familiaris Consortio”, de João Paulo II, “já expunha tudo muito antes disso.” O que acontece é que “todo mundo já esqueceu, e agora há a impressão de que a Igreja tornou-se subitamente misericordiosa, ao passo que ela não o era até então, que ela tornou-se iluminada, e não era antes.”

“Essas são todas ilusões, que são o produto da miopia, do fato de que olhamos para as duas últimas semanas e exclamamos: isso não existia antes! Ao contrário, tudo isso já existia. Não se pode dar a  impressão de que durante dois mil anos não havia misericórdia na Igreja, que agora a misericórdia aparece inesperadamente. A misericórdia faz sentido se ela estiver relacionada à verdade”, declarou o arcebispo Stanislaw Gadecki à rádio estatal polonesa.

* Tradução a partir da versão inglesa de Rorate-Caeli.

A verdadeira história deste Sínodo. Diretor, atores, auxiliares.

Novos paradigmas sobre divórcio e homossexualidade são agora especialidade da casa para os vértices da Igreja. Nada foi decidido, mas o Papa Francisco é paciente. Um historiador americano refuta a tese de “La Civiltà Cattolica”.

Por Sandro Magister | Tradução: Gercione Lima – Fratres in Unum.com: ROMA, 17 out 2014 – “E voltou a soprar o espírito do Concílio”, foi o que disse o cardeal filipino Luis Antonio Tagle G, uma estrela em ascensão na hierarquia mundial, bem como um historiador do Vaticano II. E é verdade. No sínodo que está prestes a terminar há muitos elementos em comum com o que aconteceu naquele grande evento.

A semelhança mais impressionante é a distância entre o sínodo real e o sínodo virtual veiculado pela mídia.

Mas existe uma semelhança ainda mais substancial. Tanto no Concílio Vaticano II como neste sínodo,  as mudanças de paradigma são o produto de uma condução meticulosa. Um protagonista do Concílio Vaticano II como o Pe. Giuseppe Dossetti – habilíssimo estrategista entre os quatro cardeais moderadores que estavam no comando da máquina conciliar – o afirmou com orgulho. Ele disse que “virou a sorte do Concílio”, graças à sua capacidade de pilotar a assembléia, algo que ele aprendeu com a sua prévia experiência política como líder do maior partido italiano.

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“Onde houver dúvida, que eu leve…

Por Pe. Cristóvão – Fratres in Unum.com

… a fé”. Esta era a oração atribuída a São Francisco, deste que Bergoglio apresenta ao mundo como seu modelo, sua inspiração. De fato, um modelo, mas ao revesso. Com Bergoglio, no que se refere à Igreja, a oração do Seráfico Patriarca de Assis está em perfeita realização, ao contrário.

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“Onde houver fé, que eu leve a dúvida”, sim, pois hoje suas atitudes e palavras demonstram que ele não se preocupa nem em dissimular seu ativismo liberal. Enquanto os bispos católicos se contorciam para defender a doutrina, ele os atacava, explicitamente, impiedosamente, aplicando-lhes as mesmas palavras dirigidas por Nosso Senhor contra os mestres da Lei.

É o que vem reportado por “L’Osservatore Romano”:

“O Papa Francisco exortou a questionar-se sobre o motivo pelo qual os doutores da lei não compreendiam os sinais dos tempos, invocando um sinal extraordinário. E propôs algumas respostas: a primeira é ‘porque eram fechados. Fechados no seu sistema, tinham elaborado muito bem a lei, uma obra-prima. Todos os judeus sabiam o que se podia fazer, o que não se podia fazer, e até aonde se podia ir’. Mas Jesus surpreende-os fazendo ‘coisas estranhas’, como por exemplo ‘acompanhar com os pecadores, comer com os publicanos’. E os doutores da lei ‘não gostavam disso, era perigoso; estava em perigo a doutrina, que eles, os teólogos, tinham elaborado ao longo dos séculos’”.

Quer dizer, de repente, quem era ortodoxo passa a ser “mestre da lei”, “fariseu”, o anátema. Não lhe basta o reproche tout court, pune. O card. Burke, que se comportou nos últimos dias como heroico confessor da fé, segundo informações, está sendo removido do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica.

Bispos africanos sendo vilipendiados por Kasper, por serem mais conservadores. Grupos de bispos se manifestando contra a escandalosa traição do texto de trabalho da “Relatio” ao magistério unânime da Igreja. Manipulações gritantes, que propiciaram a elaboração de um documento que só pode ter sido escrito pelo “Exterminador do futuro”… Senão, como um texto que deveria conter o resultado de umas discussões poderia reproduzi-lo em diversas línguas antes que as mesmas tivessem acontecido? O Vaticano está contratando ciganas? Ou o card. Baldisseri é a versão curial da Mãe Dinah?

Mas os danos não param por aí. A maioria dos padres sinodais foi favorável à inclusão elogiosa aos gays e aos recasados na “Relatio Synodi” – o que é uma vergonha! –, mas, como para a aprovação é necessário o sufrágio de dois terços dos votantes, eles sucumbiram à minoria. Contudo, Bergoglio não se deu por vencido: “em um movimento audaz, o Papa não apenas pediu que se dessem a conhecer os três parágrafos mencionados, mas também deu instruções para que os mesmos façam parte da ‘Relatio Synodi’, ainda que sob a categoria de ‘não aprovados formalmente’. Assim, de fato, deixou aberto o debate sobre os mesmos. A discussão se estenderá durante mais um ano, envolverá todas as dioceses do mundo e concluirá com outra assembleia do Sínodo, em outubro de 2015”.

Este Sínodo é uma piada, e de péssimo, de blasfemo gosto! Entretanto, como dizia o Apóstolo São Paulo, de “Deus não se zomba” (Gal. VI,7). Estes homens perderam o temor do Senhor, estão chamando o juízo de Deus sobre si e, mais dia, menos dia, este virá.

A Igreja virou um inferno a céu aberto, enquanto Bergoglio diz “fazei-me um  instrumento da vossa”… “paz?”. Não!, ninguém pode ser instrumento da paz quando diz sê-lo, mas, com suas ações confessa dia após dia “onde houver união, que eu leve a discórdia”.

Diz, mas talvez também escreva, pois todo este cenário de conflito desenrolava-se sob os salpiques do correio elegante entre Bergoglio e Baldisseri, B&B – daria um lindo logo para uma nova marca de perfumes! Engraçado para quem se acha moderno… Poderiam, ao menos, usar o whatsapp. Assim, poupariam os padres sinodais do constrangimento de se verem manipulados in loco e clamorosamente.

Mas, no fim das contas, Bergoglio é o soberano absoluto, a ele se rende a opinião pública, a Igreja, a fé e…, quem sabe?, até mesmo Cristo – óbvio, não o verdadeiro Cristo-Rei, mas este hippie que eles inventaram, à margem do Evangelho.

Todavia, a desgraça das desgraças, a meu ver, é que estamos testemunhando a “Santa Sé” ensinando a “obstinação no pecado”, “negando a verdade conhecida como tal”, o que a tradição católica, lendo obedientemente a Escritura, chamou sem titubeios de “pecado contra o Espírito Santo”. E isto sem disfarces, à luz do dia.

E as almas vão para o inferno, e Nossa Senhora pede para rezarmos pela conversão dos pecadores, e Bergoglio o acha antiquado… Não! Melhor colocar todo mundo dentro. Afinal de contas, com ele, conversando a gente se entende.

O melhor presente que Bergoglio poderia dar à Igreja seria reconhecer a confusão que está criando e renunciar. Mas, enfim, a sua vaidade nada franciscana não lhe permitirá reconhecer seus erros: ele prefere corrigir os “erros” de toda a Tradição da Igreja, do Evangelho, e até mesmo de Nosso Senhor.

Cabeças vão rolar. O sínodo continua. Novidades vêm aí. E é bom estarmos preparados para a pior de todas as provas: olhar para a Sede de Pedro e encontrar novamente a negação, a recusa, o perjúrio, o grito de “nescio hominem istum quem dicitis”, “não conheço este homem de quem falais” (Marc. XV,71).

Como dizia o Profeta, “não criam, os reis da terra e todos os habitantes do mundo, que entrassem o opressor e o inimigo pelas portas de Jerusalém” (Lam. IV,12).

A São Francisco, disse Cristo: “Vai, e reconstrói a minha Igreja”. Bergoglio ouviu, e o está fazendo, mas ao contrário.

Burke confirma: “Sim, o Papa me rebaixou”. “O Papa faz muito mal ao deixar de falar abertamente a sua posição”. Sínodo “projetado para mudar a doutrina da Igreja”.

Por Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com – Publicamos aqui para registro dos acontecimentos atuais todas as citações publicadas pelo BuzzFeed da entrevista com o Cardeal Burke:

Um cardeal de alto escalão disse ao BuzzFeed News na sexta-feira que o encontro mundial de líderes da Igreja que está chegando ao fim em Roma parecia ter sido projetado para “enfraquecer a doutrina e pratica da Igreja” com a aparente bênção do Papa Francisco.

[…]

Se o Papa Francisco havia selecionado alguns cardeais para dirigir o encontro, a fim de promover suas opiniões pessoais sobre questões como o divórcio e o tratamento das pessoas LGBT, Burke disse, ele não estaria observando o seu mandato como líder da Igreja Católica.

De acordo com minha compreensão da doutrina e disciplina da Igreja, não, isso não seria correto“, disse Burke, afirmando que o papa havia “feito muito mal” por deixar de dizer “abertamente qual era a posição dele.”

[…]

O papa, mais do que qualquer outra pessoa, como pastor da igreja universal, é obrigado a servir à verdade“, disse Burke. “O papa não é livre para alterar a doutrina da Igreja em relação à imoralidade dos atos homossexuais ou à insolubilidade do casamento ou qualquer outra doutrina da fé.”

[…]

Na entrevista ao BuzzFeed News, Burke confirmou publicamente pela primeira vez os rumores de que lhe haviam dito que Francis pretendia rebaixá-lo do cargo de guardião chefe do direito canônico para para um cargo menos importante como patrono da Soberana Ordem Militar de Malta. [* ]

“Estou tenho apreciado muito e tenho sido feliz prestando esse serviço. Portanto, e uma lástima ter de abandoná-lo,” disse Burke, explicando que ele ainda não havia recebido uma notificação de transferência. “Por outro lado, na Igreja, como sacerdotes, temos que estar sempre prontos para aceitar qualquer missão que nos for dada. E assim eu confio ao aceitar essa missão, confio que Deus vai me abençoar, no final das contas, isso é o que é mais importante “.

  …
A [Relatio post disceptationem] agora está sendo revisada com o feedback das discussões dos pequenos grupos, realizada nesta semana, e uma versão final está prevista para ser votada no sábado. Burke disse esperar que a comissão que está redigindo o novo relatório produza um “documento digno“, mas disse que sua “confiança está um pouco abalada” pela linguagem da minuta preliminar, acrescentando que falta “uma boa base tanto nas Sagradas Escrituras como na doutrina perene da Igreja.”     …

Enquanto Francisco não tem demonstrado nenhum sinal de que apoia a revisão da doutrina da Igreja de que o homossexualismo é pecaminoso, parece que, a partir dessa experiência, ele assumiu o desejo de minimizar os conflitos sobre a sexualidade, a fim de ampliar a mensagem da Igreja.

Porém, Burke disse que a Igreja deve sempre chamar uma “pessoa que está envolvida em atos pecaminosos […] à conversão, de forma amorosa, mas, obviamente, como um pai ou mãe de família, de maneira firme para o bem da próprio pessoa. “não pode haver” uma diferença entre a doutrina e a prática “sobre questões como o homossexualismo ou qualquer outra coisa, disse Burke.

A Igreja não exclui ninguém quem é de boa vontade, mesmo que essa pessoa está sofrendo de atração pelo mesmo sexo ou mesmo agindo segundo essa atração“, disse Burke. “Se as pessoas não aceitam a doutrina da Igreja sobre essas questões, então elas não estão pensando com a Igreja e precisam examinar a si mesmas sobre esso ponto e corrigir sua maneira de pensar ou sair da Igreja, se elas não podem absolutamente aceitar. Elas certamente não são livres para mudar o ensino da igreja de acordo com suas próprias idéias. “[Fonte]

[* Atualização (11:50 GMT): “A pedido de vários leitores, BuzzFeed News publicou uma transcrição da parte da entrevista em que o Cardeal Burke fala sobre sair da Assinatura”.]

BuzzFeed News: devo perguntar-lhe sobre os relatos de que o senhor está senod destituído da Assinatura. Qual é a mensagem que essa destituição quer transmitir? O senhor acha que está sendo destituído em parte por causa da sua sinceridade sobre estas questões?

Cardeal Burke: A dificuldade – eu tenho conhecimento de todos os relatos, obviamente. Ainda não recebi uma notificaao oficial de transferência. Obviamente, estas questões dependem de atos oficiais. Quero dizer, posso ser informado de que vou ser transferido para um novo cargo, mas até que eu tenha uma carta de transferência na minha mão, tenho dificuldade em falar sobre esse assunto. Não sou livre para comentar sobre o motivo pelo qual acho que isso poderá vir a acontecer.

BFN: Já lhe disseram que o senhor vai ser transferido?

CB: Sim.

BFN: Obviamente o senhor é uma pessoa muito respeitada. Isso deve ser decepcionante.

CB: Bem, eu tenho que dizer, a área em que eu trabalho é uma área para a qual estou preparado e eu tentei prestar um serviço muito bom. Gosto e tenho sido muito feliz prestando este serviço, por isso é uma decepção ter de deixá-lo.

Por outro lado, na Igreja, como sacerdotes, temos que estar sempre prontos para aceitar qualquer missão que nos for dada. E assim eu confio que, ao aceitar esta missão, confio que Deus vai me abençoar, e isso é o que importa no final das contas. E embora eu teria gostado de continuar trabalhando na Assinatura Apostólica, vou entregar-me a ao novo trabalho para o qual estou sendo designado…

BFN: O senhor quer dizer, como chanceler da Ordem de Malta, não é mesmo?

CB: É chamado de patrono da Soberana Ordem Militar de Malta, é isso mesmo.