Embate eclesial sobre Jornada Mundial da Juventude. Bispo Auxiliar do Rio se retrata.

1) Artigo que causou celeuma:

“A Jornada Mundial da Juventude é do Rio de Janeiro”

Por Dom Antonio Augusto Dias Duarte

RIO DE JANEIRO, terça-feira, 18 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – A decisão do Papa Bento XVI anunciada no dia 21 de agosto passado em Cuatro Vientos foi nítida e inquestionável: “Compraz-me agora anunciar que a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro. Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão de pô-la em marcha e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira”.

A JMJ 2013 é do RJ e cabe à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em íntima e harmoniosa comunhão com o Pontifício Conselho para os Leigos, que é o principal responsável das Jornadas Mundiais, ser a primeira e oficial organizadora desse evento eclesial.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil como organismo a serviço da comunhão das arquidioceses e dioceses brasileiras, através da sua recém criada Comissão Episcopal Pastoral da Juventude, juntamente com as diversas instâncias governamentais do país, com empresas e patrocinadores, com associações e movimentos e com novas comunidades e instituições financeiras, serão ao longo desse período preparatório importantes colaboradores da nossa Arquidiocese carioca, mas não têm a primazia nem a oficialidade organizativa da JMJ 2013.

Nesses dois meses que passaram desde a JMJ Madrid houve, nas redes sociais e nos encontros com certas esferas da juventude brasileira, muitas notícias ambíguas e até mesmo desconcertantes que acabaram gerando incertezas e perplexidades no seio da Comissão organizadora Local, com sua sede no 7º andar do Edifício João Paulo II, onde está o governo arquidiocesano.

Camisetas ditas oficiais são oferecidas num site de jovens conectados, pronunciamentos de pessoas qualificadas dentro da Igreja confundem as mentes dos jovens sobre quem é, de fato e de direito, o organismo oficial responsável pela JMJ 2013, logomarcas e músicas que acompanham eventos prévios da Jornada, são mostrados na mídia como sinais oficiais desse evento, além do aparecimento de algumas empresas que atribuem a si o monopólio publicitário desse futuro acontecimento.

Todas essas afirmações e iniciativas são, sem dúvidas nenhuma, compreendidas dentro do momento eufórico causado pela decisão de Bento XVI, mas tiram a paz e as forças necessárias daqueles que devem pôr em marcha todos os trabalhos desse mega-evento eclesial e vão dificultando muito a união de esforços que deve existir entre o Pontifício Conselho para os Leigos, a Arquidiocese do Rio de Janeiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e os Governos, Federal, Estadual e Municipal.

A JMJ 2013 é do RJ, e tal realidade não é de jeito nenhum um bônus para a Arquidiocese, já que ela colocou sobre seus ombros um ônus inimaginável, mas tudo que se realiza e se vive em comunhão e na graça dentro da Igreja Católica torna-se um jugo suave e um peso leve.

Os padres e os leigos voluntários que desde Madrid estão à frente dos diversos departamentos que estruturam o Comitê Organizador local, merecedores de confiança de Dom Orani e dos seus bispos auxiliares, necessitam muito daquela força pedida pelo Santo Padre Bento XVI a Deus após o anúncio oficial feito em Cuatro Vientos.

Eles pedem também a presença dessa comunhão pacífica de trabalhos e de esforços de todas as instâncias eclesiais e civis, para que interesses pessoais de caráter econômico e político não estejam por cima do que é o mais essencial nas Jornadas Mundiais: o encontro íntimo e particular dos jovens com Jesus Cristo.

Nos meses preparatórios desse mega-evento eclesial nada mais rico em termos humanos e nada mais profundo em termos divinos do que a existência do respeito mútuo, da justiça e da caridade cristãs, para que no intervalo de tempo entre a JMJ 2011 Madrid e JMJ 2013 Rio se consiga uma participação substanciosa da juventude mundial, uma aproximação maior dos jovens à Igreja Católica e a melhora da imagem da Santa Madre a Igreja na mídia nacional e internacional.

O que o Rio de Janeiro mais deseja é tornar amável o caminho do bem, que Deus veio trazer ao mundo, é anunciar com alegria aos nossos jovens do Terceiro Milênio a beleza atual do Evangelho, é contagiar os peregrinos, as autoridades, os jornalistas, as empresas, etc, com o estilo aberto, acolhedor, amistoso e comunitário do povo carioca que na sua fé e na sua esperança sabe dizer ao mundo que é possível conjugar as belezas naturais do Rio de Janeiro com as belezas divinas, como falava o Beato João Paulo II em 1997 ao pisar no solo da Cidade Maravilhosa: “ao lado da arquitetura humana está a arquitetura divina”.

O projeto de Deus para o Brasil e, mais concretamente, para o Rio de Janeiro, sede da JMJ 2013, é exatamente evidenciar a beleza da unidade dentro da diversidade, da comunhão eclesial dentro das distinções participativas, da fraternidade cristã dentro da pluralidade de interesses.

A JMJ 2013 e o RJ são os dois braços abertos para o Brasil e para o mundo como se vê no Cristo Redentor no alto do Corcovado.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

* * *

2) Retratação de Dom Antonio

Retratação pública do artigo “JMJ é do RJ”

Por Dom Antonio Augusto Dias Duarte

RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 19 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Considerando a repercussão negativa do artigo que escrevi sobre a Jornada Mundial da Juventude 2013 no Rio de Janeiro, desejo esclarecer os seguintes pontos.

1.       Não foi a minha intenção em nenhum momento desse escrito criticar a presidência da CNBB por quem nutro o devido respeito através das pessoas do Emmo. Sr. Cardeal Raymundo Damasceno Assis, do Exmo. Dom José Belisário da Silva e do Exmo. Dom Leonardo Ulrich Steiner.

2.       Tampouco pretendi desmerecer o esforçado e dedicado trabalho pastoral do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, o Exmo. Dom Eduardo Pinheiro da Silva, que está preparando a peregrinação dos símbolos da JMJ, a Cruz e o ícone de Nossa Senhora, e nem os seus assessores e equipe jovem que com ele se empenham nessa imensa tarefa.

3.       Assumo a total responsabilidade pelo artigo e peço o perdão do Exmo. Dom Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que tem recebido inúmeros comentários e pedidos de esclarecimento sobre o referido artigo. Certamente isso representou para ele um peso maior acrescentado ao imenso fardo já presente sobre os seus ombros pelo governo dessa Arquidiocese e pela responsabilidade adquirida com a vinda da JMJ para o Rio de Janeiro.

4.       Ao escrever este artigo a minha intenção era informar sobre as diversas instâncias organizadoras da JMJ 2013 e sobre os distintos passos que estão sendo dados para a confecção da marca e dos demais elementos que caracterizam esse evento jovem.

5.       Sei que a realidade acima dita não foi expressa com a devida prudência e propriedade e reconheço aqui o meu enorme erro no campo da comunhão eclesial. Sei também que o reconhecimento e a retificação dos erros pessoais cometidos na vida e na missão que me foi confiada integram o dinamismo próprio do cristianismo.

6.       Quero terminar essa retratação publica pedindo aos meus irmãos no episcopado e a todos os jovens que estão se empenhando na realização das etapas prévias da Jornada Mundial da Juventude no Brasil inteiro o seu perdão fraterno.

7.       Coloco-me nos braços de Nossa Senhora da Conceição Aparecida para que Ela como Advogada nossa, Consoladora dos aflitos e Mãe da Misericórdia obtenha-me as graças necessárias para converter todos os momentos da minha vida no bem espiritual que Deus deseja: “Omnia in bonum”.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

13 comentários sobre “Embate eclesial sobre Jornada Mundial da Juventude. Bispo Auxiliar do Rio se retrata.

  1. Que drama! Estou quase chorando por esses grandes problemas enfrentados pelos nossos Bispos, sobre quem faz o quê e quem é responsável por quem.

    E a Tradição continua sem advogado.

    Vanitas vanitatum et omnia vanitas

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  2. É… quando o assunto é secundário (neste caso, quando o assunto é uma ninharia qualquer) e envolve a boa vizinha eclesial, sobretudo com a suprema CNBB, até retratação os bispos fazem! Mas quando o assunto é Fé…….

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  3. Eu gostei e foi muito do artigo, a CNBB não tem nenhum poder sobre as arquidioceses do Brasil, é apenas uma reunião fraterna de bispos, que devem unir seus esforços na promoção da fé em Jesus Cristo, Nosso Senhor. Entretanto, parece que determinadas autoridades ficaram um tanto aborrecidas quando o Sr. Bispo Auxiliar disse que as maiores autoridades nessa JMJ são o Pontifício Conselho para os Fiéis Leigos e a Arquidiocese do Rio de Janeiro.

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  4. Ridículo…lamentável…Esse é o nível do nosso episcopado.

    Com esse clero medíocre o que podemos esperar em relação aos bispos?

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  5. N me importo nem um pouco da jmj ser somente do Rio de Janeiro, que se virem, inclusive com as contas a pagar. ************ Que a cnbb n serve pra nada todo mundo sabe, mas que ela tem um poder oculto todo mundo sabe….

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  6. Quanta palhaçada para agradar os lobos da CNBB…Santo Atanásio colocaria esses hereges no seu devido lugar.Mas hoje quase só temos bispos frouxos.O que a CNBB quer é usar a JMJ para fazer propaganda da teologia da libertação.Desde sempre foi assim , desde que ela foi fundada pelo diabólico Helder Camara agente do comunismo internacional no Brasil- na época Dom Helder agiu sorrateiramente para enfrquecer a posição consevadora de Dom Jaime Câmara então arcebispo do RJ que sustentava o grupo de intelectuais católicos fieis ao Papa e ao romanismo da revista ORDEM…Helder consegui com suas artimanhas desmontar a ORDEM e criar no Brasil uma nova intelectualidade “católica” de cor vermelha que deu origem aos Boffs e Bettos.A CNBB é um braço da revolução marxista internacional.

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  7. Pobre Dom Antonio Augusto Dias Duarte, sendo mordido pelos ferozes lobos mitrados disfarçados em pele de ovelha.
    A CNBB quer na verdade é mandar na organização da JMJ Rio, pra mostra “otoridade” (quem é que manda) e ridicularizar o Santo Padre à sua bagunça liturgica (tem medo que Arquidiocese do Rio faça uma liturgia verdadeiramente Romana, diferente a da CNB do B)

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  8. O que infelismente e desgraçadamente é coisa rara em nossa Terra de Santa Cruz são “Bispos” fiéis ao Papa e comprometidos com a santa tradição católica.
    Precisamos de Bispos realmente machos que não tenham medo desse covil de lobos mitrados (cnbb) um bando de TL´S que não tem o minimo de respeito e obediência ao Santo Padre.

    Quem deveria se retratar ao Papa era a CNBB essa covil de lobos disfarçado de bispos , que de católicos e de cristãos estão longe de ser … estão sim longes de Roma e bem próximos de Cuba.

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  9. Gosto muito de alguns comentários aqui no blog. Aliás, aprendo muito aqui. no entanto tenho uma coisa a dizer: vocês que defendem tanto a tradição deveriam reaprender o conceito de juízo temerário.

    (especialmente para o post do possível novo prefeito da Doutrina da fé)

    Sobre a retratação do bispo, eu sinceramente não acho necessária. Ele não falou nada de absurdo.Mas, como a colegialidade é dogma…

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  10. Não vi incoerência alguma no artigo de Dom Antonio Augusto. Pelo contrário, só expressa a realidade. A organização é no Rio, principalmente toda a logística em relação a locais, deslocamentos, hospedagens, etc… com o suporte e apoio de CNBB e setores, Dioceses e Arquidioceses.

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