Novo cardeal volta a contrariar o ensino da Igreja sobre uniões civis homossexuais.

O cardeal brasileiro Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M., insiste que as uniões civis homossexuais são meramente uma questão de segurança financeira, não uma questão de teologia moral, e que o ensino moral católico não pode ser imposto aos não crentes.

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Por Louis Knuffke, 1º de setembro de 2022, LifeSiteNews: O novo cardeal Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M., voltou a defender as uniões civis para homossexuais, alegando que a questão é meramente de segurança financeira, não uma questão de teologia moral, e que os cristãos não podem impor sua moralidade a não-cristãos.
Os comentários do [ex] secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, [atual] arcebispo de Manaus e [ex] bispo auxiliar de Brasília, capital do país, vieram durante entrevista ao LifeSiteNews no Vaticano por ocasião da recente elevação do prelado ao Colégio dos Cardeais pelo Papa Francisco.
“Em 2014, Vossa Eminência defendeu o reconhecimento das uniões civis homossexuais. Então, minha pergunta é, dado que o ensinamento da Igreja sobre a pecaminosidade dos atos homossexuais é parte do depósito da fé, como você justifica o reconhecimento legal de tais uniões?”, foi perguntado a Steiner por LifeSiteNews.
Invocando o apoio do Papa Francisco sobre o assunto, Steiner respondeu que se tratava de obter segurança financeira para os homossexuais.
“Muitos deles vivem juntos até o fim de suas vidas sem segurança”, disse o cardeal. “Eles não têm assistência dos serviços de saúde. Isso é muito sério. Já vi pessoas indo para o fim (de suas vidas) sem dinheiro. Assim, você pode ver que o Papa Francisco falou muitas vezes sobre isso”.
Ele então afirmou que a teologia moral não tinha relação com a questão, insistindo: “Não se trata de uma questão fundamentalmente moral. Isso é sobre uma vida. Esta é uma questão sobre um filho de Deus.”
O cardeal foi então desafiado sobre sua aceitação dos ensinamentos da Igreja. “Você aceita a pecaminosidade dos atos homossexuais?” Em resposta, Steiner disse que os cristãos não podem declarar os atos homossexuais um pecado para aqueles que não têm fé: “Como podemos dizer se é pecado se eles não vivem a fé cristã?”
Steiner já apoiou anteriormente as uniões civis homossexuais. “É preciso haver um diálogo sobre os direitos da vida compartilhada entre pessoas do mesmo sexo que decidem viver juntas. Eles precisam de amparo legal da sociedade”, disse o cardeal em entrevista à O Globo em 2014.
O Ministério pró-LGBT New Ways também relatou em 2014 os comentários de Steiner, nos quais ele justificou as uniões civis invocando “aceitação”, “respeito”, “compaixão” e “sensibilidade”.
“Você poderia dizer”, declarou Steiner, “que o Papa está ecoando o que o Catecismo da Igreja Católica diz sobre os gays: ‘Eles devem ser aceitos com respeito, compaixão e sensibilidade. Deve-se evitar todo sinal de discriminação injusta em relação a eles.” Entende-se que aceitá-los com respeito, compaixão e sensibilidade significa caminhar e estar com o homossexual e ajudá-lo a compreender, aprofundar e orientar sua condição de filho ou filha de Deus… ”
“A aceitação e o caminhar com eles são necessários para refletir sobre o que se encaixa ou não na realidade vivida pelos homossexuais e o que, de fato, é deles por direito, para o bem deles e da sociedade.”
Conforme relatado anteriormente pelo LifeSiteNews, “em 2014, o Papa Francisco disse que a Igreja precisava ‘considerar’ opções como uniões civis”.
“‘Estados civis querem justificar as uniões civis para regular (normalizar) diferentes arranjos de coabitação – motivados pela necessidade de regular (normalizar) aspectos econômicos entre as pessoas, por exemplo, no fornecimento de seguros ou benefícios de saúde”, disse ele. “Isso consiste em diferentes tipos de arranjos de vida que eu não saberia enumerar com precisão. Devemos considerar casos diferentes e avaliar cada caso em particular.’”
“Novamente, em outubro de 2020, o Papa Francisco apoiou as uniões civis homossexuais. ‘O que temos que criar é uma lei de união civil’, disse o Papa no documentário ‘Francesco’.
“No entanto, em 2003, o então Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI), sob a direção do Papa São João Paulo II, emitiu uma declaração clara e firme sobre a obrigação de ‘todos os católicos’ de rejeitar a legalização das uniões civis homossexuais. O documento, intitulado ‘Considerações sobre as propostas de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais’, afirma que ‘todos os católicos são obrigados a se opor ao reconhecimento legal das uniões homossexuais’”.

O Espírito Santo e os armários.

Por Padre Jerome Brown, FratresInUnum.com,  25 de junho de 2022 – Nunca compreendi bem a expressão “sair do armário”. Depois de ouvir algumas vezes sem entender, finalmente me explicaram que “sair do armário” significa assumir publicamente não só a desordenada e anti-natural tendência homossexual, mas também apresentar-se como pecador público, assumindo, para o desprezo do Sangue de Cristo, a prática pecaminosa da sodomia, muitas vezes de forma habitual através de uniões com pessoas do mesmo sexo.

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Estatística é estatística. Segundo o Relatório Sauvé: 80% dos abusos sexuais na Igreja foram homossexuais.

Por Que no te la cuenten, 6 de outubro de 2021 | Tradução: FratresInUnum.com – A estatística é a estatística; e quando realizada por meios tão díspares como o The New York Times e a própria Conferência Episcopal Francesa, dificilmente se unem em consenso para mentir.

Ora, surgiu recentemente um novo relatório acerca dos abusos sexuais cometidos pelo clero nas últimas décadas. E o que se diz? O que vimos salietando há anos: que a imensa maioria de abusos foram abusos homossexuais.

2019. Relatório Pensilvânia (EUA): 80% dos abusos sexuais do clero foram abusos homossexuais.

2021 (04 de Outubro). Relatório Sauvé (França): 80% dos abusos sexuais do clero foram abusos homossexuais.

“Mas, padre! Não é porque alguém tem estas tendências que necessariamente será um pederasta!” — dirá alguém.

Sim, é verdade. Porque todos somos chamados à santidade; mesmos os que têm estas tendências.

Mas assim como não convém dar fósforo e combustível a um pirómano, ou ao viciado em jogos dar-lhe entrada gratuita ao cassino, a Igreja ordenou que não ingressassem ao seminário pessoas com tendências homossexuais arraigadas.

Porque estatística é estatística.

São Pedro Damião, ora pro nobis!

Que no te la cuenten…

P. Javier Olivera Ravasi, SE

Cardeal Sérgio da Rocha celebra missa “em memória das vítimas da transfobia”.

FratresInUnum.com, 22 de abril de 2021 – Nós nunca pensamos que ele fosse disso… Inclusive, houve até quem duvidasse, que achou que fosse fake news, mas não era: com forte e forçado sotaque baiano, Dom Sérgio da Rocha, cardeal arcebispo primaz do Brasil, anterior presidente da CNBB, celebrou uma Missa “em memória das vítimas da transfobia”, como anunciou o G1.

A transmissão começou com a saudação de uma pessoa que disse: “Boa tarde a todos, a todas e a todes (sic!), eu sou Scarlette Sangalo, sou da comunicação do CPDD, além de transformista. Eu estou aqui, na Capela das Dorotéias, no Garcia, e já já vai começar a Missa em pról dos LGBTs assassinados, trans, lésbicas, gays, travestis, enfim, todas…”

Na sequência, falou Renildo Barbosa, que disse: “vamos assistir este marco histórico, que é uma missa celebrada aqui na Igreja, pelo Cardeal”, o que demonstra bem a consciência profunda que os promotores da celebração tinham acerca do alcance deste fato.

Cada palavra do sermão foi devidamente calibrada pelo cardeal, que teve o trabalho de redigi-lo (ou pedir para que alguém redigisse), a tal ponto que ele chegou ao requinte de evitar a letra Q (de Queer) da sigla LGBTQI+. Mas, no cuidado das palavras, ele não ocultou os seus sentimentos.

“Precisamos dizer ‘não’ à violência nas suas múltiplas faces. A violência contra a população LGBTI+ é um sinal triste de uma sociedade que convive com constantes violações da vida, da dignidade, dos direitos de tantas vítimas de morte brutal. A vida, a dignidade das pessoas, principalmente de grupos sociais mais vulneráveis, têm sido continuamente violadas em muitos lugares. Não se pode justificar nem reproduzir a violência disseminada na sociedade”.

Ele também deu explicações estatísticas: “Dados divulgados este mês sobre as mortes violentas de LGBTQI+ ocorridas em 2020 apontaram que o Nordeste ocupa tristemente o primeiro lugar no número de mortes no país, seguido pelo Centro-oeste. E que as capitais mais violentas foram Salvador e São Paulo… Temos muito a fazer para transformar esta triste realidade e construir uma cultura de fraternidade e de paz, de respeito à vida e à dignidade de cada pessoa, especialmente as que vivem em situações de exclusão social”.

Dom Sérgio valeu-se, na homilia, dos dados do Grupo Gay da Bahia, liderado por Luiz Mott (que, pelo contexto das palavras da Sra. Conceição, que falou ao final da Missa, estava presente na Cerimônia). Estes dados são há muito tempo questionados por checadores, que acusam o grupo de divulgar “casos de mortes por acidente, infarto, bala perdida, troca de tiros com a polícia, disputa de ponto de prostituição entre travestis, mortes ocorridas em outros países e até assassinatos de heterossexuais cometidos por homossexuais como se fossem ‘crimes motivados por homofobia no Brasil’”.

Em todo o caso, considerando-se os dados do Grupo Gay da Bahia, o número de assassinatos de homossexuais no Brasil vem se reduzindo há três anos. A explicação dada por Luiz Mott ao Portal Aids chega a ser incrível: “a explicação mais plausível para a diminuição em 28% do número total de mortes violentas de LGBT em comparação com o ano anterior se deve ao persistente discurso homofóbico do Presidente da República e sobretudo às mensagens aterrorizantes de seus seguidores nas redes sociais no dia a dia, levando o segmento LGBT a se acautelar mais, evitando situações de risco de ser a próxima vítima, exatamente como ocorreu quando da epidemia da Aids e a adoção de sexo seguro por parte dessa mesma população”.

Como Dom Sérgio da Rocha tem coragem de emprestar a Igreja e a sua púrpura cardinalícia para isso? Como pode permitir-se usar como palanque para esse tipo de absurdo? Mas a louvação não para por aí.

Na oração dos fieis, foi feita uma prece especial pelos mortos e familiares da Comunidade LGBTQIA+ (seja lá o que isso queira dizer, é a sigla do momento, até que se adicione outras letras). O cardeal, porém, não quis distribuir a Comunhão (possivelmente para evitar fotos), deixando aos padres que o fizessem. Vale notar que a Assembleia estava constituída por pastores, pais e mães-de-santo, além de militantes do movimento gay da Bahia.

Ao final da Missa, uma transformista cantou “Ave Maria do Morro”. O Cardeal agradeceu emocionado a execução, dizendo, por fim: “espero que, cada vez mais, a Igreja seja misericordiosa, acolhedora e solidária”, sugerindo discretamente maior “abertura”…

O que está acontecendo na Igreja? Além das absurdidades vistas na Alemanha, aqui no Brasil, duas sedes cardinalícias, Rio de Janeiro e, agora, Salvador, tornam-se palcos para a ostentação e naturalização da homossexualidade… O que está acontecendo com os cardeais? Serão ordens recebidas de cima? O que se está preparando? Qual será o apogeu disso tudo? A eleição de um papa abertamente homossexual? 

A que nível chegamos! O Primaz do Brasil, que tradicionalmente é um arcebispo sensato, equilibrado, austero, agora se presta a este tipo de panfletagem… Precisamos rezar muito, pois, com pastores assim, o povo fiel ficará cada dia mais desorientado e a cólera divina será cada vez mais insultada. Eles estão provocando a ira de Deus e isso não pode terminar bem.

Obrigado pela resposta ao dubium! Mas quando responderá aos dubia, Santo Padre?

Por José Antonio Ureta

FratresInUnum.com, 4 de abril de 2021 – Pouco mais de um mês após o escândalo de Ushuaia, que indiretamente crepitou no Papa Francisco, a Congregação para a Doutrina da Fé, sob a forma de resposta a um dubium, declarou ilícitas as cerimônias de bênção de uniões homossexuais.

Como indiquei em meu artigo “Com a palavra o Papa Francisco”, as circunstâncias gravíssimas do caso obrigavam o Papa a intervir, sob pena de seu silêncio ser interpretado como aprovação: foi um caso no país natal do Pontífice; os “beneficiários” foram dois secretários do governo local, um dos quais é trans; estiveram presentes na cerimônia o atual governador e a ex-governadora, que realizou o primeiro “casamento” homossexual da América Latina; a Paróquia é central na cidade e o celebrante era um salesiano, a Congregação mais importante de toda a Patagônia; e, o pior de tudo, o “casal” declarou que o Pároco havia informado o Bispo, o que este último negou apenas parcialmente.

Francisco não quis intervir pessoalmente, mas o fez através da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), aproveitando a circunstância de que, “em alguns ambientes eclesiais, se estão a difundir projetos e propostas de bênçãos para uniões de pessoas do mesmo sexo”, numa velada referência ao Caminho Sinodal alemão. Mas o documento foi apresentado oficialmente ao Papa numa audiência e obteve a sua aprovação explícita. Essencialmente, declara que “não é lícito conceder uma bênção a relações, ou mesmo a relações estáveis, que implicam uma prática sexual fora do matrimônio (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher, aberta, por, si à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo”.

Respondendo ao dubium: “A Igreja dispõe do poder de abençoar as uniões de pessoas do mesmo sexo?”, o Cardeal Luis Ladaria, Prefeito da CDF, explica que, para uma relação humana poder ser objeto de uma bênção, é necessário que “aquilo que é abençoado seja objetiva e positivamente ordenado a receber e a exprimir a graça, em função dos desígnios de Deus inscritos na Criação e plenamente revelados por Cristo Senhor”. O que, obviamente, não acontece nas uniões homossexuais.

Além disso — acrescenta o comunicado —, tal bênção também é ilícita “enquanto constituiria, de certo modo, uma imitação ou uma referência de analogia à bênção nupcial; todavia, “não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família”.

Alegra-nos que a Santa Sé tenha finalmente feito ouvir a sua voz em rápida reação ao acontecido em 6 de fevereiro na Patagônia argentina, e, ainda mais, refutasse os altos Prelados que se pronunciaram a favor da celebração de tais cerimônias, que exprimem a clara intenção de “aprovar e encorajar uma escolha e uma práxis de vida que não podem ser reconhecidas como objetivamente ordenadas aos desígnios divinos revelados”.

Lamentamos, porém, que o documento não diga que as uniões homossexuais estáveis são mais graves e pecaminosas do que as esporádicas – porque endurecem o pecador no seu vício e o levam à impenitência – e que até insinue o contrário ao tecer elogios à “presença, em tais relações, de elementos positivos, que em si são dignos de ser apreciados e valorizados”.

Se nos alegra que a resposta ao dubium reitere uma verdade tão evidente como a de que a Igreja “não abençoa nem pode abençoar o pecado” (era o que faltava!), ficamos um pouco decepcionados com a ausência de uma agravante: que se trata de relações que constituem uma “depravação grave” e um daqueles pecados que “bradam ao Céu” (Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357 e 1867).

A nossa satisfação seria plena se o Santo Padre, aproveitando o impulso dessa declaração, desse finalmente uma resposta aos cinco dubia apresentados pelos Cardeais Meisner, Caffarra, Brandmüller e Burke, sobre a correta interpretação do capítulo VIII de Amoris lætitia

A reputação do Papa Francisco ficaria ainda mais comprometida se aparecesse aos olhos dos católicos como conivente com a recepção sacrílega da Sagrada Comunhão por parte de divorciados civilmente recasados ​​do que se parecesse conivente com a escandalosa “bênção” de uma união homossexual em Ushuaia.

O início do ano Amoris lætitia, no dia 19 de março, é uma boa ocasião para ele exercer o munus petrino, confirmando os seus irmãos na fé e respondendo “sim” ou “não” às cinco perguntas feitas pelos Cardeais, cujo teor nós aproveitamos a oportunidade para relembrar:

  1. Pergunta-se se — de acordo com quanto se afirma em Amoris lætitia, nn. 300-305 — tornou-se agora possível conceder a absolvição no Sacramento da Penitência e, portanto, admitir à Sagrada Eucaristia uma pessoa que, estando ligada por vínculo matrimonial válido, convive, more uxorio, com outra sem que estejam cumpridas as condições previstas por Familiaris consortio, n.º 84, e, entretanto, confirmadas por Reconciliatio et pænitentia, n.º 34, e por Sacramentum caritatis, n.º 29. Pode a expressão “[e]m certos casos”, da nota 351 (n.º 305) da Exortação Amoris lætitia, ser aplicada a divorciados com uma nova união que continuem a viver more uxorio?
  1. Continua a ser válido, após a Exortação pós-sinodal Amoris lætitia(cf. n.º 304), o ensinamento da Encíclica, de São João Paulo II, Veritatis splendor, n.º 79, assente na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja, acerca da existência de normas morais absolutas, válidas sem qualquer exceção, que proíbem atos intrinsecamente maus?
  1. Depois de Amoris lætitia, n.º 301, ainda se pode afirmar que uma pessoa que viva habitualmente em contradição com um mandamento da Lei de Deus, como, por exemplo, aquele que proíbe o adultério (cf. Mt 19, 3-9), se encontra em situação objectiva de pecado grave habitual (cf. Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Declaração de 24 de Junho de 2000)?
  1. Depois das afirmações de Amoris lætitia, n.º 302, relativas às “circunstâncias atenuantes da responsabilidade moral”, ainda se deve ter como válido o ensinamento da Encíclica, de São João Paulo II, Veritatis splendor, n.º 81, assente sobre a Sagrada Escritura e sobre a Tradição da Igreja, segundo a qual: “as circunstâncias ou as intenções nunca poderão transformar um ato intrinsecamente desonesto pelo seu objeto, num ato ‘subjetivamente’ honesto ou defensível como opção”?
  1. Depois de Amoris lætitia, n.º 303, ainda se deve ter como válido o ensinamento da Encíclica de São João Paulo II, Veritatis splendor, n.º 56, assente sobre a Sagrada Escritura e sobre a Tradição da Igreja, que exclui uma interpretação criativa do papel da consciência e afirma que a consciência jamais está autorizada a legitimar exceções às normas morais absolutas que proíbem ações intrinsecamente más pelo próprio objeto?

Ou teremos de esperar por outro escândalo na Argentina para que Vossa Santidade se digne responder a esses distintos Prelados, dois dos quais aguardam a sua resposta já na eternidade?

Homossexuais no seminário. Uma pesquisa clamorosa no Brasil.

Por Sandro Magister, 13 de maio de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com – A pesquisa não é muito recente, seus resultados foram publicados na primavera de 2017 em português, na “Revista Eclesiástica Brasileira”. Mas,“Il Regno – Documenti” publicou nestes dias a tradução integral para o italiano, fazendo-a, assim, conhecida a um público mais vasto, em uma questão que é ardente atualidade.

OmoA questão é a da homossexualidade nos seminários.

Desde há alguns meses, a homossexualidade é tabú na cúpula da Igreja. Proibiu-se de falar dela também no encontro sobre os abusos sexuais, realizado de 21 a 24 de fevereiro. Mas a sua presença difusa no clero e nos seminários é uma realidade conhecida há tempos, a ponto de, em 2005, a Congregação para a Educação Católica ter difundido uma instrução, precisamente sobre como enfrentá-la.

Essa instrução confirmou não só que os atos homossexuais são “pecado grave”, mas também as “tendências homossexuais profundamente arraigadas” são “objetivamente desordenadas”. Por isso, aquele que pratica esses atos, manifesta essas tendências ou de alguma forma apoia a “cultura gay”, de forma alguma deveria ser admitido às ordens sagradas.

Estas são as diretrizes pastorais de então. Mas, na verdade, quando elas foram aplicadas? A pesquisa mencionada teve como objetivo verificar o que ocorre hoje em dois seminários do Brasil, tomados como amostra.

Os autores da pesquisa, Elismar Alves dos Santos e Pedrinho Arcides Guareschi, ambos religiosos da Congregação do Santíssimo Redentor e especialistas em psicologia social, com prestigiosos títulos acadêmicos, questionaram a fundo 50 estudantes de teologia desses seminários, chegando a resultados absolutamente alarmantes.

Antes de tudo, dizem os entrevistados, a homossexualidade em seus seminários “é algo comum, uma realidade cada vez mais presente”. Tão normal que “chega inclusive a ser banalizada”. É uma convicção difundida entre eles “que, na realidade, 90% dos seminaristas hoje é homossexual”.

Alguns homossexuais — dizem — “buscam o seminário como meio de fuga para não assumir diante da família e da sociedade as responsabilidades vinculadas a seu comportamento”. Outros “se descobrem homossexuais quando já estão no seminário”, encontrando ali um ambiente favorável. E quase todos, fala-se de 80%, “vão em busca de parceiros sexuais”.

Com efeito, a homossexualidade — declaração — “é uma realidade presente nos seminários não só na ordem do ser, mas também na ordem do agir”. Muitos a praticam “como se fosse algo normal”. Escrevem os autores da pesquisa: “Na visão dos que participaram da investigação, no contexto atual dos seminários uma boa parte dos seminaristas é favorável à homossexualidade. E ainda mais, sustentam que se há amor na relação homossexual, não há nada de mal. Dizem: ‘Se há amor, o que tem de mal’?

Os participantes da pesquisa pedem, antes de tudo, que “deve haver um diálogo entre os homossexuais e a Igreja”. Mas justamente um diálogo para fazer que a “homossexualidade no interior dos seminários seja bem acompanhada e orientada”.

Em outras palavras, os entrevistados lamentam que os superiores não façam nada em matéria de homossexualidade, mas esperam ser aceitos e admitidos à Ordem Sagrada enquanto tais, com “uma acolhida que aceite humanamente a pessoa como é”.

“É claro — concluem os autores — que existe uma discrepância entre o que a Igreja propõe sobre como orientar a homossexualidade nos seminários e o modo em que os seminários ou casa de formação percebem e afrontam este fenômeno”.

Mas que discrepância” Entre a instrução de 2005 e os comportamentos revelados na pesquisa há um abismo.

Mas se adverte também que a instrução de 2005 é como se já não tivesse nenhum valor, a julgar por como se move hoje a cúpula da Igreja acerca deste assunto crucial.

Para romper o silêncio sobre a homossexualidade nos seminários e entre o clero, teve que se mover o Papa emérito Bento XVI, nos “Apontamentos” sobre o escândalo dos abusos, publicados por ele em 11 de abril passado, depois de durante dois meses o seu sucessor Francisco tê-los guardado na gaveta do escritório. “Vox clamantis in deserto” [Voz que clama no deserto].

Também o encontro sobre abusos cria sérios “dubia”. A carta aberta de dois cardeais.

Por Sandro Magister, 19 de fevereiro de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com

Até um mês atrás, a dupla finalidade da reunião que, de 21 a 24 de fevereiro, congregará em torno do Papa os chefes da hierarquia católica mundial, era a “proteção de menores e adultos vulneráveis”, como escreveu Francisco, na “carta ao povo de Deus” publicada em 20 de agosto.

CupichProva disso era a edição de “L’Osservatore Romano” de 11 de janeiro, que, ao fim da primeira página de Andrea Tornielli, diretor editorial de todos os meios de comunicação vaticanos e porta-voz do Papa, deixava clara a dupla finalidade, inclusive no título:

> Incontro tra Pastori…

No entanto, mais tarde os “adultos vulneráveis” desapareceram da agenda oficial do encontro. E, com eles, a questão dos abusos homossexuais contra jovens, muitos jovens, apesar de eles constituírem, estatisticamente, a maior parte dos abusos cometidos pelo clero.

Na concorrida coletiva de imprensa de 18 de fevereiro, na qual se apresentava a reunião (foto), o Cardeal Blase Cupich, número um da comissão organizadora, insistiu, pelo contrário, em negar que a prática homossexual seja a causa dos abusos, apesar de ter dito que a diminuição dos delitos nos últimos anos, nos Estados Unidos, se deu também por conta da investigação detalhada de aspirantes ao sacerdócio, excluindo os que eram de “risco”.

É fato que se proibiu não só a questão da homossexualidade no clero, mas também a própria palavra “homossexualidade”, que não aparece no relatório de informação sobre o encontro colocado à disposição de todos os meios de comunicação do mundo:

> Incontro: La protezione dei minori nella Chiesa. Vaticano, 21-24 febbraio 2019

A eliminação da questão da homossexualidade da agenda do encontro é claramente fruto de uma decisão do Papa Francisco, na qual não escondeu estar mais convencido que não se trata de abusos sexuais, mas de abuso de poder; não de pessoas individuais, mas de uma casta, a casta clerical.

Mas, muitos na Igreja duvidam que tudo deva se reduzir ao “clericalismo”.

Não é a primeira vez que Francisco cria “dubia” na doutrina, na moral e na praxis. Continuam sendo memoráveis o que denunciaram quatro cardeais depois da publicação de “Amoris Laetitia”, ao que o Papa nunca deu resposta.

E agora, novamente, dois desses cardeais, o alemão Walter Brandmüller e o americano Raymond Leo Burke, acreditaram ser seu dever vir à luz pública com a carta aberta que publicamos a seguir, dirigida aos bispos que participarão do encontro sobre a “proteção dos menores”.

Eles fazem um chamamento urgente a não permanecer calados diante de outra “chaga [que é] a agenda homossexual”, que invadiu a Igreja e que, na sua opinião, é um abandono da “verdade do Evangelho” e, consequentemente, também está na original da crise de fé atual.

Na reunião dos próximos dias, comprovar-se-á em que medida será escutado este apelo.

* * *

CARTA ABERTA AOS PRESIDENTES DAS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS

Tradução: Dubia

Caros irmãos, Presidentes das Conferências Episcopais,

É com profunda aflição que nos dirigimos a todos vós!

O mundo católico está desorientado e levanta uma pergunta angustiante: para onde está a ir a Igreja?

Diante desta deriva, hoje em curso, pode parecer que o problema se reduz ao problema dos abusos de menores, um crime horrível, especialmente se perpetrado por um sacerdote, que, todavia, não é senão uma parte de uma crise bem mais ampla. A chaga da agenda homossexual difunde-se no seio da Igreja, promovida por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e de conspiração de silêncio (“omertà”). Como é evidente, as raízes deste fenómeno encontram-se nessa atmosfera de materialismo, relativismo e hedonismo, em que se põe abertamente em discussão a existência de uma lei moral absoluta, ou seja, sem excepções.

Acusa-se o clericalismo de ser responsável pelos abusos sexuais, mas a primeira e a principal responsabilidade do clero não recai sobre o abuso de poder, mas em se ter afastado da verdade do Evangelho. A negação, até mesmo em público, por palavras e nos factos, da lei divina e natural, está na raiz do mal que corrompe certos ambientes da Igreja.

Diante de tal situação, cardeais e bispos calam. Também vós vos calareis aquando da reunião convocada para o próximo dia 21 de Fevereiro, no Vaticano?

Em 2016, estivemos entre os que interpelaram o Santo Padre acerca dos “dubia” que dividiam a Igreja após a conclusão do Sínodo sobre a família. Hoje, esses “dubia” não só continuam sem receber qualquer resposta, mas são apenas parte de uma crise da fé mais geral. Por isso, vimos encorajar-vos a que levanteis a vossa voz para salvaguardar e proclamar a integridade da doutrina da Igreja.

Rezamos e pedimos ao Espírito Santo para que assista a Igreja e ilumine os pastores que a guiam. Neste momento, é urgente e necessário um acto resolutório. Confiamos no Senhor que nos prometeu: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20).

Walter Card. Brandmüller

Raymond Leo Card. Burke

 

 

Bispo americano: “Estou cansado! Se me permitirem, o que a Igreja precisa agora é de mais ódio (ao pecado)! É hora de admitir a existência na hierarquia da Igreja Católica de uma subcultura homossexual que está causando grande devastação na vinha do Senhor.”

Carta do Bispo Robert C. Morlino aos fiéis sobre a atual crise de abusos sexuais na Igreja

Por Diocese de Madison, EUA, 18 de agosto de 2018 | Tradução: Hélio Dias Viana – FratresInUnum.com – Caros irmãos e irmãs em Cristo da Diocese de Madison:

Morlino
Dom Robert Morlino.

As últimas semanas trouxeram muito escândalo, cólera justificada e um apelo por respostas e ações de muitos fiéis católicos aqui dos EUA e do exterior, dirigidos à hierarquia da Igreja em relação aos pecados sexuais de bispos, padres e até cardeais. Cólera ainda maior é dirigida justamente àqueles que foram cúmplices em impedir que alguns desses pecados sérios viessem à luz.

De minha parte – e sei que não estou sozinho –, estou cansado disso. Estou cansado de pessoas sendo feridas, gravemente feridas! Estou cansado da ofuscação da verdade. Estou cansado do pecado. E, como alguém que tentou – apesar de minhas muitas imperfeições – entregar minha vida por Cristo e por Sua Igreja, eu me cansei da violação regular dos deveres sagrados por parte daqueles a quem o Senhor conferiu imensa responsabilidade para o cuidado de Seu povo.

Os relatos que vêm sendo trazidos à luz e exibidos em detalhes macabros a respeito de alguns sacerdotes, religiosos, e agora inclusive daqueles colocados em lugares de liderança mais alta, são repugnantes. Ouvir um só desses relatos literalmente basta para deixar alguém doente. Mas a minha própria doença em face desses relatos é rapidamente colocada em perspectiva quando eu me lembro de que muitas pessoas passaram por isso durante anos. Para elas, esses não são relatos, mas de fato realidades. Para elas eu me volto, e digo novamente: sinto muito pelo que vocês sofreram e continuam a sofrer na mente e no coração.

Se ainda não o fez, peço-lhe que estenda a mão, por mais difícil que seja, e procure ajuda para começar a curar. Além disso, se você foi ferido por um padre da nossa diocese, eu o encorajo a se apresentar, a fazer um relatório à polícia e ao nosso Coordenador de Assistência à Vítima, para que possamos começar, com você como indivíduo, a tentar e definir as coisas direito na maior medida possível.

Não há nada sobre esses relatos que esteja bem. Essas ações, cometidas por mais do que alguns, só podem ser classificadas como mal, mal que clama por justiça e pecado que deve ser expulso de nossa Igreja.

Confrontado com relatos da depravação de pecadores no seio da Igreja, fui tentado a desesperar. E por quê? A realidade do pecado – até mesmo o pecado na Igreja – não é nova. Somos uma Igreja feita de pecadores, mas somos pecadores chamados à santidade. Então, o que é novo? O que é novo é a aparente aceitação do pecado por alguns na Igreja, e os aparentes esforços deles e de outros para encobrir o pecado. A menos e até que levemos a sério nosso chamado à santidade, nós, como instituição e como indivíduos, continuaremos a sofrer o “salário do pecado”.

Por muito tempo nós diminuímos a realidade do pecado – recusamo-nos a chamar um pecado de pecado – e temos desculpado o pecado em nome de uma noção equivocada de misericórdia. Em nossos esforços para nos abrirmos ao mundo, tornamo-nos todos muito dispostos a abandonar o Caminho, a Verdade e a Vida. A fim de evitar ofender, oferecemos a nós mesmos e a outras pessoas sutilezas e consolação humana.

Por que fazemos isso? É por um desejo sincero de mostrar uma sensação equivocada de ser “pastoral?” Nós encobrimos a verdade por medo? Estamos com medo de sermos antipatizados por pessoas neste mundo? Ou estamos com medo de sermos chamados de hipócritas porque não estamos nos esforçando incansavelmente pela santidade em nossas próprias vidas?

Possivelmente são essas as razões, mas talvez seja mais ou menos complexo do que isso. No final, as desculpas não importam. Nós devemos dar um basta no pecado. Ele deve ser erradicado e considerado novamente inaceitável. Ama os pecadores? Sim. Aceita o verdadeiro arrependimento? Sim. Mas não diga que o pecado está bem. E não finja que violações graves do ofício e da confiança não vêm sem consequências graves e duradouras.

Para a Igreja, a crise que enfrentamos não se limita ao caso McCarrick, nem ao Relatório do Grande Júri da Pensilvânia ou a qualquer outra coisa que possa vir. A crise mais profunda que deve ser enfrentada é a licença para o pecado ter um lar nos indivíduos em todos os níveis da Igreja.

Existe certo nível de conforto com o pecado que veio permear nosso ensino, nossa pregação, nossa tomada de decisão e nosso próprio modo de viver.

Se me permitirem, o que a Igreja precisa agora é de mais ódio! Como já disse anteriormente São Tomás de Aquino, o ódio à maldade pertence realmente à virtude da caridade. Como diz o Livro de Provérbios: “A minha boca meditará a verdade, e os meus lábios odiarão a impiedade” (Provérbios 8: 7). É um ato de amor odiar o pecado e chamar os outros a se afastarem do pecado.

Não deve haver espaço, nenhum refúgio para o pecado – seja dentro de nossas próprias vidas, seja dentro das vidas das nossas comunidades. Para ser um refúgio dos pecadores (que deveríamos ser), a Igreja deve ser um lugar onde os pecadores possam se voltar para se reconciliar. Nisso eu falo de todo pecado. Mas, para ser claro, nas situações específicas em questão, estamos falando de atos sexuais desviantes – quase exclusivamente homossexuais – praticados por clérigos. Também estamos falando de proposições homossexuais e abusos contra seminaristas e jovens sacerdotes por poderosos sacerdotes, bispos e cardeais. Estamos falando de atos e ações que não só violam as promessas sagradas feitas por alguns, em suma, sacrilégio, mas que também violam a lei moral natural para todos. Chamar isso de outra coisa seria enganoso e apenas ignoraria o problema.

Tem havido um grande esforço para manter separados atos que se enquadram na categoria de atos de homossexualidade, agora culturalmente aceitáveis, dos atos publicamente deploráveis de pedofilia. Quer dizer, até recentemente os problemas da Igreja eram pintados puramente como problemas de pedofilia – isto apesar de clara evidência em contrário. É hora de ser honesto [e reconhecer] que os problemas são ambos e ainda outros. Cair na armadilha de analisar os problemas de acordo com o que a sociedade pode achar aceitável ou inaceitável é ignorar o fato de que a Igreja nunca sustentou QUALQUER um deles como aceitável – nem o abuso de crianças, nem qualquer uso da sexualidade fora do casamento, nem o pecado de sodomia, nem absolutamente a entrada de clérigos em relações sexuais íntimas, nem abuso e coerção por parte daqueles que possuem autoridade.

Nesta última consideração, deve-se mencionar especialmente o caso mais notório e mais alto no ranking, que são as acusações (amiúde sussurradas, agora muito públicas) de pecados sexuais, predação e abuso de poder do antigo Cardeal Theodore McCarrick. Os detalhes bem documentados deste caso são vergonhosos e seriamente escandalosos, como o é qualquer encobrimento de tais ações aterradoras por parte de outros líderes da Igreja que sabiam disso com base em sólidas evidências.

Embora as recentes e verossímeis acusações de abuso sexual infantil por parte do arcebispo McCarrick tenham trazido à luz uma série de questões, o problema do seu abuso de poder por causa do prazer homossexual era muito ignorado.

É hora de admitir a existência na hierarquia da Igreja Católica de uma subcultura homossexual que está causando grande devastação na vinha do Senhor. O ensinamento da Igreja é claro de que a inclinação homossexual não é em si mesma pecaminosa, mas intrinsecamente desordenada, de modo a tornar incapaz para o sacerdócio qualquer homem afligido estavelmente por ela. E a decisão de agir de acordo com essa inclinação desordenada é um pecado tão grave que clama ao céu por vingança, especialmente quando se trata de atacar os jovens ou os vulneráveis. Tal maldade deve ser odiada com um ódio perfeito. A própria caridade cristã exige que odiemos a maldade, assim como amemos o bem. Mas ao mesmo tempo em que odiamos o pecado, nunca devemos odiar o pecador, que é chamado à conversão, à penitência e à renovada comunhão com Cristo e Sua Igreja, através de sua inesgotável misericórdia.

Ao mesmo tempo, porém, o amor e a misericórdia que somos chamados a ter, até mesmo para o pior dos pecadores, não exclui responsabilizá-los por suas ações através de uma punição proporcional à gravidade de sua ofensa. De fato, uma punição justa é um exercício importante de amor e misericórdia, porque, enquanto serve principalmente como retribuição pela ofensa cometida, também oferece ao culpado uma oportunidade de expiar seu pecado nesta vida (se ele aceitar de bom grado sua punição), poupando-lhe assim a pior punição na vida futura. Motivado, portanto, pelo amor e preocupação pelas almas, permaneço com aqueles que pedem que se faça justiça aos culpados.

Os pecados e crimes de McCarrick e de muitos outros na Igreja provocam suspeitas e desconfianças em sacerdotes, bispos e cardeais muito bons e virtuosos, suspeita e desconfiança em seminários grandes e respeitáveis, e em tantos seminaristas santos e fiéis. O resultado do primeiro exemplo de desconfiança prejudica a Igreja e o excelente trabalho que fazemos em nome de Cristo. Faz com que outros pequem por pensamentos, palavras e ações – o que é a própria definição de escândalo. E a segunda desconfiança prejudica o futuro da Igreja, uma vez que nossos futuros sacerdotes estão em jogo.

Eu disse que estava tentado a desesperar-me diante de tudo isso. No entanto, essa tentação passou rapidamente, graças a Deus. Por maior que seja o problema, sabemos que somos chamados a seguir adiante com fé, confiar nas promessas de Deus, e trabalhar duro para fazer toda a diferença que pudermos, dentro de nossas esferas de influência.

Recentemente, eu tive a oportunidade de conversar diretamente com os nossos seminaristas sobre esses assuntos muito prementes, comecei e continuarei a conversar com os sacerdotes da diocese, assim como com os fiéis, pessoalmente e através de minha coluna semanal e nas homilias, tornando as coisas tão claras quanto me for possível, desde a minha perspectiva. Agora, ofereço aqui alguns pensamentos aos meus diocesanos:

Em primeiro lugar, devemos continuar o bom trabalho que vimos realizando para proteger os jovens e os vulneráveis da nossa diocese. Este é um trabalho em relação ao qual nunca podemos descansar em nossa vigilância, nem em nossos esforços para melhorá-lo. Devemos continuar em nosso trabalho de educação para todos e manter as políticas efetivas que foram implementadas, exigindo exames psicológicos de todos os candidatos ao ministério, bem como verificações gerais de antecedentes para quem trabalha com crianças ou indivíduos vulneráveis.

Declaro novamente aqui, como temos feito de modo consistente, que se você tiver conhecimento de qualquer tipo de abuso criminal de crianças por parte de alguém na Igreja, entre em contato com a polícia. Se você precisar de ajuda para entrar em contato com a polícia, entre em contato com o nosso Coordenador de Assistência à Vítima, que o ajudará a conectar-se com os melhores recursos. Se você é adulto que foi vítima de abuso sexual desde a infância, nós ainda o encorajamos a entrar em contato primeiro com a lei, mas mesmo se você não quiser, por favor, entre em contato conosco.

Aos nossos seminaristas: Se vocês receberam proposta impura, foram abusados ou ameaçados (não importa por quem), ou se testemunham diretamente comportamento impuro, relatem a mim e ao reitor do seminário. Vou cuidar [do assunto] com rapidez e vigor. Não suportarei isso em minha diocese ou em qualquer lugar que eu envie homens para formação. Confio em que os seminários escolhidos muito criteriosamente por mim para ajudar a formar nossos homens não irão ignorar esse tipo de comportamento escandaloso, expectativa que continuarei a verificar.

Aos nossos sacerdotes: Simplesmente, cumpram as promessas que fez no dia da sua ordenação. Os senhores são chamados a servir o povo de Cristo, começando com a oração diária da Liturgia das Horas. Isso é para mantê-los muito perto de Deus. Além disso, prometeram obedecer e ser fiel ao seu bispo. Em obediência, esforcem-se para viver o seu sacerdócio como sacerdote santo, sacerdote trabalhador e sacerdote puro e feliz – como o próprio Cristo os está chamando a fazer. E, por extensão, vivam uma vida casta e celibatária, para que possam entregar completamente sua vida a Cristo, à Igreja e às pessoas a quem Ele os chamou para servir. Deus lhes dará as graças para fazer isso. Peçam-Lhe a ajuda de que precisam diariamente e durante todo o dia. E se vierem a ser objeto de proposta impura, abusados, ou ameaçados (não importa por quem), ou se testemunharem diretamente comportamento impuro, relatem a mim. Não suportarei isso em minha diocese mais do que em nossos seminários.

Aos fiéis da diocese: Se vocês são vítimas de abuso de qualquer tipo por um padre, bispo, cardeal ou qualquer funcionário da Igreja, revelem-no. Ele [o caso] será abordado de forma rápida e justa. Se vocês presenciaram diretamente avanços sexuais ou qualquer tipo de abuso, apresentem-nos também. Tais ações são pecaminosas e escandalosas e não podemos permitir que alguém utilize sua posição ou poder para abusar de outra pessoa. Novamente, além de ferir indivíduos, essas ações prejudicam o próprio Corpo de Cristo, Sua Igreja.

Além disso, acrescento meu nome ao daqueles que pedem uma reforma real e sustentada no episcopado, no sacerdócio, em nossas paróquias, escolas, universidades e seminários que extirpem e responsabilizem qualquer pretenso predador ou cúmplice sexual; vou manter os sacerdotes da diocese em sua promessa de viver uma vida casta e celibatária de serviço a você e a sua paróquia, e as evidências de fracasso serão tratadas com justiça;

Sustentarei da mesma forma que todo homem que estiver estudando para o sacerdócio, que a nossa diocese será responsável por ele viver uma vida casta e celibatária como parte de sua formação. Não fazê-lo levará à cessação do patrocínio diocesano;

Continuarei exigindo (com nossos homens e nossos fundos) que todos os seminários aos quais enviamos homens para estudar estejam vigilantes para que os seminaristas sejam protegidos dos predadores sexuais, e proporcionem uma atmosfera propícia à sua formação holística, como santos sacerdotes, à imagem de Cristo;

Peço a todos os fiéis da diocese que nos ajudem a prestar contas às autoridades civis, aos fiéis e ao Deus Todo-Poderoso, não apenas para proteger as crianças e os jovens dos predadores sexuais na Igreja, mas nossos seminaristas, estudantes universitários, bem como todos os fiéis. Prometo colocar qualquer vítima e seus sofrimentos diante da reputação pessoal e profissional de um padre, ou de qualquer funcionário da Igreja culpado de abuso;

Peço a todos que leram isso para rezar. Rezem fervorosamente pela Igreja e por todos os seus ministros. Reze pelos nossos seminaristas. E reze por si e por suas famílias. Todos nós devemos trabalhar diariamente para a nossa santidade pessoal, e responsabilizar primeiramente a nós, e depois responsabilizar também os nossos irmãos e irmãs, e

Por fim, peço a todos que se unam a mim e a todo o clero da Diocese de Madison para fazer atos públicos e privados de reparação ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria por todos os pecados de depravação sexual que foram cometidos pelos membros do clero e do episcopado. Eu oferecerei uma missa pública de reparação na sexta-feira, 14 de setembro, Festa do Triunfo da Santa Cruz, em Holy Nome Heights, e peço a todos os pastores que façam o mesmo em suas próprias paróquias. Além disso, peço que todos os sacerdotes, clérigos, religiosos e funcionários diocesanos se juntem a mim observando as próximas Têmporas de outono (19, 21 e 22 de setembro) como dias de jejum e abstinência em reparação pelos pecados e ultrajes cometidos por membros do clero e do episcopado, e convido todos os fiéis a fazerem o mesmo. Alguns pecados, como alguns demônios, só podem ser expulsos pela oração e pelo jejum.

Esta carta e estas declarações e promessas não pretendem ser uma lista exaustiva do que podemos e precisamos fazer na Igreja para começar a curar e afastar dela esta doença profunda, mas sim os próximos passos que eu acredito que podemos dar localmente.

Mais do que qualquer outra coisa, nós, como Igreja, devemos cessar nossa aceitação do pecado e do mal. Nós devemos expulsar o pecado de nossas próprias vidas e correr em direção à santidade. Devemos nos recusar a ficar em silêncio diante do pecado e do mal em nossas famílias e comunidades, e exigir de nossos pastores – inclusive de mim – que eles mesmos estejam lutando dia a dia pela santidade. Devemos fazer isso sempre com respeito amoroso pelos indivíduos, mas com uma compreensão clara de que o amor verdadeiro nunca pode existir sem a verdade.

Novamente, neste momento há muita cólera e paixão justificadas, vindas de muitos leigos e clérigos santos e fiéis em todo o país, exigindo uma reforma real e uma “limpeza doméstica” desse tipo de depravação. Eu estou com eles. Ainda não sei como isso vai acontecer nacional ou internacionalmente. Mas disto eu sei, e faço dele a minha última consideração e última promessa para a Diocese de Madison: “Quanto a mim e minha casa, serviremos ao Senhor”.

Fielmente vosso no Senhor,

Reverendíssimo Dom Robert C. Morlino

Bispo de Madison