Becciu nega desvio e diz que Papa aprovou €1 milhão para libertar freira.

Ansa, 5 de maio de 2022 – O cardeal Angelo Becciu, que está no meio de duas grandes investigações do Vaticano por desvios financeiros, compareceu nesta quinta-feira (5) perante o tribunal criminal do Vaticano e revelou que o papa Francisco autorizou gastos de 1 milhão de euros para libertar uma freira colombiana que estava em cativeiro por mais de quatro anos no Mali antes de ser solta em 2021.

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Dom Becciu: ‘Impensável’ para a Ordem de Malta perder seu caráter religioso.

O delegado especial do Papa para a Ordem de Malta disse ao Register que ela jamais poderia ser dividida em setores religiosos e humanitários, e expressa confiança no futuro da instituição.

Por Edward Pentin, National Catholic Register, 5 de maio de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: A ideia de que a Soberana Ordem Militar de Malta perderia seu caráter religioso está fora de cogitação, já que sua dupla missão de defender a fé e servir aos pobres não pode ser separada, afirmou o delegado especial do Papa Francisco para a antiga instituição de cavalaria.

Dom Angelo Becciu.
Dom Angelo Becciu.

Nos comentários do dia 5 de Maio, logo após a eleição, na semana passada, de Fra ‘Giacomo Dalla Torre del Tempio di Sanguinetto como novo líder interino da Ordem, o arcebispo Angelo Becciu disse: “por mil anos a Ordem de Malta sempre foi considerada ‘religiosa’ e, portanto, a idéia de que deixaria de ser religiosa é impensável.”

“Desde a fundação da Ordem, o tuitio Fidei [defesa da fé] e o obsequium pauperum [serviço aos pobres], seus dois pilares, nunca foram separados, nem poderiam ser “, disse o Arcebispo Becciu.

“Este era o desejo do Bem Aventurado Gérard [fundador da Ordem no século 12] e sempre foi a tradição dos Cavaleiros de Malta”, acrescentou.

Os comentários do arcebispo italiano, a quem o Papa Francisco nomeou em fevereiro como seu representante para a Ordem, serviram para tranquilizar aqueles que temiam que uma facção dos cavaleiros, liderada por seus membros alemães e pelo Grão Chanceler Albrecht von Boeselager, levaria a antiga instituição a transformar-se em uma organização não-governamental quase secular, possivelmente, dividindo-se em ramos religiosos e humanitários.

Muitos dos membros professos da Ordem, que fizeram votos de pobreza, castidade e obediência, também foram tranquilizados na semana passada quando o arcebispo Becciu passou um dia inteiro ouvindo as suas preocupações individualmente, incluindo as do ex-Grão-Mestre, Fra ‘Matthew Festing. Além disso, eles ficaram impressionados com seu discurso, pronunciado logo após a eleição do dia 29 de abril, o que os deixou ainda mais à vontade.

Com um total de 55 membros, apenas os membros professos podem subir ao posto de Grão-Mestre e liderar a Organização. Nenhum dos membros alemães da Ordem são professos, mas estão ansiosos para “modernizá-la” e fazendo de tudo para tentar mudar essa regra, a fim de tomar as rédeas da Ordem.

Os desafios de Fra’ Giacomo

Este será um desafio-chave enfrentado pelo cavaleiro de 73 anos de idade, Fra ‘Giacomo, um clássico arqueólogo e versado em história da arte. Eleito por um ano para liderar a Ordem de Malta, irá assumir todos os poderes do Grão-Mestre, apesar de seu título oficial ser apenas “tenente”.

A instituição soberana, que remonta às Cruzadas, tem relações diplomáticas com 106 países, 13.500 membros, e mais de 100.000 voluntários e funcionários servindo os pobres e os doentes em todo o mundo.

O primeiro compromisso oficial de Fra’ Giacomo será conduzir a 59º Peregrinação da Ordem à Lourdes entre 5-9 maio, um dos eventos mais significativos na vida espiritual da Ordem, durante o qual 7.000 membros e voluntários de todo o mundo darão assistência a cerca de 1.500 peregrinos doentes e deficientes .

Igualmente, buscando avançar suas atividades diplomáticas, sociais e humanitárias, uma das principais tarefas de Fra Giacomo será reformar a Constituição e Código da Ordem, abordando “pontos fracos potenciais da instituição”, segundo um comunicado de 29 de abril.

Com referência à demissão e posterior reintegração de Von Boeselager, bem como a renúncia forçada de Fra ‘Matthew como Grão-Mestre, o comunicado disse que as crises recentes haviam revelado algumas fraquezas nos freios e contrapesos do governo da Ordem e a reforma visa levar isso também em consideração”.

Esses pontos fracos, dizem, incluem aspectos no governo de Fra ‘de Matthew que alguns críticos consideram como autoritários e que violam a constituição da Ordem. Mas, à parte disso, as reformas são vistas amplamente como necessárias, e o próprio Fra ‘Matthew queria implementá-las.

“A reforma também se concentrará no fortalecimento da vida espiritual da Ordem e no aumento do número de seus membros professos”, acrescentou o comunicado, dizendo que consultas nesse sentido “já haviam sido iniciadas.” Todas as mudanças deverão ser votadas e ratificadas.

Várias preocupações permanecem, no entanto, dentro da Ordem. Essas incluem como um fator chave na demissão de Von Boeselager — a comprovada distribuição de contraceptivos e abortivos pelo ramo humanitário da Ordem, a Malteser International – e isso parece ter sido relegado como algo de pouca importância, até para o Vaticano.

Von Boeselager negou a responsabilidade, dizendo que colocou um fim na distribuição o mais rápido possível. Seus aliados também alegam que foi tecida uma armadilha para ele através da adulteração de um relatório encomendado pela Ordem sobre o caso, muito embora pelo menos dois membros da Ordem publicamente disseram que o próprio Von Boeselager lhes havia dito em privado que ele aprovava a distribuição com essas palavras: “Nós temos que dar contraceptivos para os pobres ou eles morrerão “.

O papel do Cardeal Parolin

Outras preocupações relacionam a perda da soberania da Ordem à comissão estabelecida pela Santa Sé através do secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, em dezembro para investigar a demissão de Von Boeselager. O cardeal do Vaticano e Von Boeselager são velhos conhecidos. As investigações não-publicadas da Comissão levaram à remoção de Fra ‘Matthew como Grão-Mestre pelo Papa — um cargo normalmente vitalício — e à reintegração controversa de Von Boeselager como Grão-chanceler. Há preocupação também sobre a influência dominante do Arcebispo Becciu no funcionamento de uma instituição soberana, e que o trabalho humanitário tomou precedência sobre a defesa da fé e da ortodoxia.

Um outro ponto de discórdia tem sido um fundo financeiro baseado na Suíça no valor de 120 milhões de euros, alguns dos quais doados à Ordem, bem como questões sobre a origem do dinheiro e para onde se destina. Três membros da comissão de cinco membros formadas pela Santa Sé em dezembro estão diretamente envolvidos com esse fundo financeiro.

Mas fontes envolvidas com esse fundo, chamada Caritas Pro GRADU Vitae (CPVG), vigorosamente negam qualquer malfeito e um relatório “independente” alegadamente demonstrando que os fundos são limpos, “sem nenhuma irregularidade fiscal” está previsto para ser publicado em breve. No entanto, até esse momento ainda não está claro quem encomendou o relatório e o quão independente ele é.

Da sua parte, o Arcebispo Becciu enfatizou em seu comentário do dia 5 de Maio que “a transparência financeira é exigida de toda instituição” e que a Ordem está “comprometida com a transparência e examinando todos os aspectos de sua vida e operação.”

Perguntado se, de acordo com alguns relatos, 30 milhões de euros do CPVG foram repassados ao Vaticano porque a Santa Sé  estava passando por problemas de liquidez, o delegado especial do Papa disse que tais alegações eram “completamente infundadas”.

Com relação à eleição de Fra Giacomo, o novo líder da Ordem é visto como um homem bom e decente, que vai acalmar provavelmente muitas das tensões que surgiram nos últimos meses. Mas ele é também visto como uma das opções daqueles que desejam modernizar a Ordem e torná-la mais secular, pois é visto como “maleável”. Aqueles preocupados com isso esperam que o Arcebispo Becciu tenha ouvido o bastante daqueles que buscam preservar sua natureza religiosa, e, portanto, capacitar a Ordem a manter a sua identidade.

O próprio arcebispo permanece otimista para o futuro. “Estou confiante por duas razões”, disse ao Register. “Primeiro, porque, com base em meus encontros com muitos membros da Ordem vi um claro desejo e empenho para superar as dificuldades e para aprofundar dons e pontos fortes da Ordem”.

“Em segundo lugar, porque sempre que há crise na Igreja, a Providencia intervém para o bem de todos e estou convencido de que o espírito de renovação ajudará a Ordem na medida em que ela considera o caminho da reforma à frente, de acordo com seus próprios meios e discernimento. “

Nº 2 da Secretaria de Estado: “Francisco nunca adotou a Teologia da Libertação, entendida no sentido ideológico”.

Entrevista concedida pelo substituto da Secretaria de Estado, Dom Giovanni Angelo Becciu, a Gian Guido Vecchi – “Corriere della Sera” de 23 de setembro de 2013.

Dom Angelo Becciu.
Dom Angelo Becciu.

Um discurso muito duro, excelência, não?

“É, sim. Estes eram discursos que talvez fossem mais aceitos, mais acolhidos, em 1968. Agora, pelo contrário…”. Sorri o arcebispo Angelo Becciu, substituto e, portanto, “o número dois” da Secretaria de Estado.  No séquito de Francisco percebe-se a coragem de um Papa que nada contra a corrente.

“Alguém gritou ao Santo Padre: és único, és único! Foi clara a tua crítica a um Sistema econômico e financeiro no qual prevalece o ídolo do dinheiro e se está disposto a tudo, a sacrificar os direitos fundamentais, por causa do lucro”.

O Papa que chega do Sul do mundo é sensível às injustiças…

“É claro. Ele nunca adotou a teologia da libertação, entendida no sentido ideológico, foi severo com quem quis transformar a Igreja numa ONG. Isto, porém, lhe dá mais autoridade ainda para gritar contra as injustiças do capitalismo selvagem”.

Uma herança da “teologia popular” argentina?

“A verdadeira teologia da libertação é aquela que também a Igreja adotou e aprovou: a teologia que coloca Deus em primeiro lugar e procura defender os pobres, fazendo disso expressão da solidariedade e do empenho dos católicos”.

Tem quem acuse: é pauperismo.

“O discurso dele é cristológico: a salvação total diante de Jesus. Quem tem, deve compartilhar e investir: o empreendedorismo inteligente que age da forma adequada. Falar de pauperismo empobrece o discurso. É a doutrina social da Igreja: o dinheiro não pode ser a finalidade”.

Com as nomeações da Cúria, os diplomatas voltam à primeira linha…

“Egoísticamente, me conforta… Também na Igreja, houve uma onda contra os núncios… O Papa escolheu pessoas e considerou a sua preparação; é um modo de fazer a Igreja dar um respiro internacional, como indicou o Concílio”.

A reforma do Papa Francisco.

Entrevista com o Substituto da Secretaria de Estado, S. Ex.ª Rev.ma Dom Angelo Becciu, publicada em L’Osservatore Romano de quarta-feira, 1° de maio de 2013*.

Dom Angelo Becciu.
Dom Angelo Becciu.

Fratres in Unum.com –  No dia 13 de abril, foi publicada a notícia de que o Papa Francisco constituiu um grupo de oito cardeais para aconselhá-lo no governo da Igreja universal e para estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor bonus sobre a Cúria romana. A decisão despertou muito interesse, dando lugar a não poucas especulações. Sobre isso falou o Arcebispo Dom Angelo Becciu, substituto da Secretaria de Estado, numa entrevista ao nosso jornal.

Sobre a reforma da Cúria, foram ouvidas muitas vozes: equilíbrio de poderes, moderadores, coordenadores, “superministérios da economia”, revoluções…

De fato, é um pouco estranho: o Papa ainda não encontrou o grupo dos conselheiros que escolheu e já chovem os conselhos. Depois de ter falado com o Santo Padre, posso dizer que, no momento presente, é absolutamente prematuro adiantar qualquer hipótese acerca do futuro arranjo da Cúria. O Papa Francisco está escutando a todos, mas, em primeiro lugar, vai querer escutar os que ele escolheu como conselheiros. Sucessivamente, será esboçado um projeto de reforma da Pastor bonus, reforma essa que, obviamente, deverá percorrer um itinerário próprio.

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