Por Parrocchia-Santuario Santa Maria Del Divino Amore | Tradução: Fratres in Unum.com* – O exército nazista abandona a Cidade Eterna sem opor resistência, enquanto as forças aliadas entram pela Porta de San Giovanni e pela Porta Maggiore, acolhidas pelos romanos com extraordinária manifestação de júbilo. Depois de quase nove meses de ocupação, Roma é salva, intacta. Contra toda previsão, não foi vertida uma só gota de sangue.
O perigo se dissipa. Dissolveu-se o medo que pairava como uma nuvem ameaçadora: o pesadelo de que se poderia assistir a um cerco, a uma batalha extenuante, a uma carnificina; que se poderia repetir e multiplicar o luto e a destruição iniciados com o terrível bombardeio de julho de 1943, que tornou terra arrasada o bairro popular de San Lorenzo. E para o povo romano, desorientado e praticamente reduzido à fome, a libertação incruenta da cidade tem apenas uma e só artífice: a Santíssima Virgem do Divino Amor.
Milhares, obedecendo à sugestão do Papa Pio XII, tinham-na implorado, fazendo um juramento solene pela salvação de Roma. Eles estavam unidos em oração, naquelas horas dramáticas e cruciais, na igreja de Santo Inácio de Loyola, no centro de Roma, para onde a imagem querida e familiar de Nossa Senhora do Divino Amor havia sido transportada do Santuário de Castel di Leva.
“Recordo ainda, depois de mais de 50 anos, quando Nossa Senhora chegou a Roma – conta uma antiga testemunha que na época era um jovem militar. Eu estava no Coliseu e, juntamente com alguns amigos, uni-me à procissão. Havia uma enorme multidão em movimento. Muitíssimos eram jovens. Toda Roma depositou completamente sua confiança na Virgem”. Na igreja dedicada ao fundador da Companhia de Jesus, ao lado do portal de entrada, uma lápide recorda hoje aqueles dias de intensa oração, de súplica incessante e confiante, desse testemunho de grande fé do povo romano.
Os dias nas pedreiras da rua Ardeatina
1944 havia começado mal para a Cidade Eterna. As forças aliadas, desembarcadas em Anzio no final de janeiro, deveriam ter libertado Roma em poucos dias, mas, em vez disso, avançavam com grande lentidão. Após o armistício de 8 de setembro de 1943, com a rápida “transferência” para Brindisi do rei Victor Emmanuel III e do governo de Badoglio, os mestres da cidade eram os alemães. Como escreveu o Prêmio Nobel Salvatore Quasimodo, vivia-se “com o pé estrangeiro sobre o coração.”
Os alemães prendiam, torturavam, deportavam, fuzilavam. E do céu chovia o fogo dos bombardeios das forças aliadas.
Nesse clima de terror e profunda incerteza, as ruas de Roma se tornaram teatro da luta partidária. Granadas de mão eram lançadas contra os hotéis dos oficiais alemães na Praça Barberini, na Avenida Romania, na Rua Veneto. Em 9 de março, um caminhão alemão carregado com tambores de gasolina destinados ao front de Cassino, é incendiado no Coliseu: em represália, os nazistas executaram dez partidários.
Em uma escalada de violência e horror, chega-se às 14h30 de 23 de março. Nesse dia e nessa hora, uma legião composta de soldados sul-tiroleses de língua alemã do Regimento Bozen de Polícia, desce por uma estreita rua do centro. Uma rua tragicamente destinada a passar para a história: rua Rasella. A divisão alemã, composta por homens não muito jovens, e empregada na sua maioria em guardar ministérios e escritórios, dirige-se aos seus quartéis. Segue sempre o mesmo percurso, na mesma hora. Mas o 23 de março não é uma data casual: é de fato o vigésimo quinto aniversário da fundação da milícia fascista.
Ao longo da rua Rosella, havia naquele dia um carrinho de coleta de lixo cheio de explosivos ligados a um fusível. Levou-o ao local Rosario Bentivegna, partidário dos GAP (Grupos de Ação Patriótica). Do carrinho sai um foco de fumaça, mas os soldados não têm tempo para se proteger: uma violenta explosão devasta a estrada. Morreram 33 soldados e vários civis, incluindo uma criança. Imediatamente, incursões e cercos pelos homens do general Meltzer, do comando alemão de Roma, auxiliado pelos fascistas. Casa por casa, loja por loja, centenas de homens, mulheres e crianças encontram-se com a face contra a parede, ao longo da rua Quattro Fontane. De quando em quando, ecoam rajadas de metralhadoras contra as casas.
De Berlim, um furioso Adolf Hitler ordena a retaliação. A única maneira de evitá-la, anunciam os nazistas através de manifestos e mensagens lançados via alto-falante, é que os responsáveis pelo atentado se rendam. Mas, nas poucas horas concedidas, ninguém se apresenta.
Já é 24 de março. O marechal-de-campo Albert Kesselring, comandante de todas as forças alemãs na Itália, ordena a repressão: dez italianos deverão morrer por cada vítima nazista. À tarde, a polícia, sob as ordens do coronel Herbert Kappler, retira das prisões 335 pessoas, cinco a mais do previsto, por um erro na compilação da lista. Duzentos vêm do terceiro setor da Regina Coeli, o restante da prisão da rua Tasso. Entre eles estão 75 judeus, vários expoentes da resistência, e uma dezena de pessoas presas logo após a explosão da rua Rosella.
Os homens são levados às antigas pedreiras de tufo calcário da rua Ardeatina e mortos um por um, com um tiro na cabeça. No final, os nazistas estiveram próximo de fazer saltar para os ares o teto da galeria, na esperança de apagar todos os vestígios. Mas as minas não explodiram. Assim, o massacre das pedreiras da rua Ardeatina serão descobertos com a entrada dos americanos em Roma.
Roma, cidade aberta
Na primavera de 1944, os moradores da capital estão esgotados. Os ataques dos alemães e a falta de alimentos, a impossibilidade de comunicação com o mundo exterior criaram uma situação muito semelhante à das fortalezas medievais assediadas. E a tentativa generosa de proclamar Roma “cidade aberta”, isenta portanto de usos e episódios militares, falhou miseravelmente. Os romanos aprenderam tragicamente a conviver com ataques aéreos quase que diários. Aquele do bairro de San Lorenzo, em 19 de julho de 1943, com várias centenas de vítimas, foi apenas o primeiro dos numerosíssimos ataques aéreos aliados. Em 13 de agosto segue-se outro, igualmente devastador. E, em seguida, mais e mais.
Na total inação das instituições italianas e na confusão geral, a Igreja continua a ser o único ponto de referência. Não só o Papa Pio XII, que na consciência popular se torna um pouco o símbolo da paz, mas as instituições eclesiásticas (vicariato, paróquias, ordens religiosas, cúria) recebem os mais diversos pedidos de ajuda, de solidariedade, de informações dispersas sobre a guerra (a Santa Sé organizou um serviço eficiente para esta finalidade). Figuras como Don Giuseppe Morosini, que inspirou o personagem de Don Pietro (Aldo Fabrizi) na obra-prima cinematográfica Roma, cidade aberta, de Roberto Rossellini, Don Joachim Rey (pároco em Quadraro), Don Pirro Scavizzi e tantos outros encarnaram a face heróica e caritativa de Jesus bom Pastor que nunca abandona o seu rebanho. As igrejas tornaram-se abrigos antiaéreos, conventos e seminários deram hospitalidade a judeus e refugiados políticos.
Os eventos envolveram também Nossa Senhora do Amor Divino, cuja imagem havia sido trazida para Roma em 24 de janeiro de 1944, com a aproximação do front após o desembarque aliado em Anzio (22 de janeiro). Foi o próprio Pio XII quem pediu sua transferência. No dia seguinte ao 8 setembro de 1943, uma tempestade de ferro e de fogo abateu-se sobre o Santuário, confundido com um fortificação.
Como se aproximava o confronto final, aconselhou-se abrigar a imagem tão querida dos romanos. Nossa Senhora do Divino Amor tomou então o caminho de Roma. Recebida triunfalmente pelo povo, o ícone mariano é colocado pela primeira vez na igreja homônima do centro, perto da Praça Fontanella Borghese. Mas em maio, devido ao enorme afluxo de fiéis, foi transferida para San Lorenzo em Lucina.
Entrementes, Pio XII percebeu que os aliados queriam que o confronto com os alemães se desse na capital. A conquista da Cidade Eterna tornou-se para os anglo-americanos um objetivo que devia prevalecer sobre qualquer outro. O comandante supremo das forças aliadas sabe que em 6 de junho será aberta a segunda frente na Normandia. Engajar na Itália o maior número de forças nazistas, galvanizando assim o moral das tropas com a conquista da capital, tornou-se àquela altura uma necessidade absoluta.
Na noite entre 11 e 12 de maio inicia-se a batalha para a conquista de Roma. Às 23 horas, pouco antes de a lua despontar, 650 canhões abriram fogo no setor do XIII Corpo da armada inglesa, sob a Abadia de Montecassino. Só depois os norte-americanos do Quinto Exército se movem. Poderosas forças militares se entrechocam, de acordo com a lógica do “palmo de terra”. Dos distritos de Eur e de Appia, começa-se a sentir nitidamente à distância o troar dos canhões e dos bombardeios aéreos.
Pio XII e Nossa Senhora do Divino Amor
Com a batalha às portas, o povo olha instintivamente para o Pontífice que não o abandonou.
Pio XII compreende que é preciso correr imediatamente para os abrigos: agora apenas com as armas da fé. Está chegando o dia de Pentecostes, a festa titular do Santuário de Castel di Leva: é o momento mais propício para implorar solenemente a salvação da cidade? Em 28 de maio, tem assim início a oitava de Pentecostes e a Novena de Nossa Senhora do Divino Amor. Os romanos acolhem incontinenti o convite. A afluência é tão maciça – a revista “Civiltà Cattolica” refere-se a 15.000 comunhões distribuídas diariamente –, que a basílica de San Lorenzo in Lucina já não é suficiente para conter a multidão de suplicantes, sendo a imagem da Virgem transferida então para a igreja mais ampla de Santo Inácio.
Em 4 de junho, o mesmo dia em que termina a oitava, decide-se o destino de Roma. Tudo parece ser o prelúdio de uma dura batalha “casa por casa”. Os alemães, determinados a uma forte resistência, patrulham a cidade e já minaram as pontes do Tibre para cobrir a eventual retirada. Por outro lado, o general aliado Harold George Alexander decidiu que seus dois mil tanques perseguiriam o inimigo até a destruição de Roma.
Às 18 horas, em uma igreja lotada, respondendo ao convite do Papa Pio XII, é lido o texto do voto dos romanos à Virgem, para que a cidade seja poupada dos horrores da guerra. Por outro lado, os fiéis prometem corrigir sua própria conduta moral, renovar o santuário e criar uma obra de caridade em Castel di Leva.
O voto é expresso com grande pressa, por causa do toque de recolher previsto para as 19 horas. Pio XII, entretanto, que quis assistir pessoalmente à oração, é avisado para não deixar o Vaticano, para não ser deportado. No lugar do Papa, lê o voto o Camerlengo dos párocos, padre Gremigni, mais tarde bispo de Novara.
Quase simultaneamente, a ordem de resistência é revogada. Os alemães deixam a cidade e as tropas aliadas fazem sua entrada às 19h45, sem que um só tiro fosse disparado. O milagre da salvação de Roma, tanto implorado, se realizou.
O estranho modo em que cessaram as hostilidades surpreendeu até mesmo o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, que em seu livro de memórias De Teerã a Roma, observou que “a conquista aconteceu de forma inesperada”.
“Foi um momento de grande alegria”, conta hoje Giuliana Cavallini, que na época estudava no Colégio Maria Assunta, na rua Grass. “Lembro-me da ansiedade daquelas horas cheias de tensão e de medo, esperávamos que a batalha começasse a qualquer momento. Eles nos fizeram calçar os melhores sapatos e as roupas mais duráveis, para o caso de termos que fugir. Mas, graças a Deus e à Santíssima Virgem, não aconteceu nada”. A Virgem iluminou as mentes e tocou o coração dos beligerantes. Como que “milagrosamente”, as partes adversas se deram conta do dano irreparável que adviria para toda a humanidade se Roma tivesse sofrido os efeitos de um conflito armado ou mesmo de uma destruição parcial de seu patrimônio de fé e de civilização.
A senhora Cavallini é uma dos milhares de romanos que, no dia seguinte e em um movimento espontâneo de gratidão, se encontraram na Praça de São Pedro para agradecer a Pio XII, “defensor civitatis”, que tanto se empenhara pela segurança de cidade e de seus habitantes. “Os romanos – lembra ainda a velha senhora – estavam cientes de seu trabalho em alto nível. Todos queríamos expressar nossa gratidão ao Papa pela grande contribuição que ele deu para a libertação da cidade”.
Em 11 de junho, como durante mais de quatro meses tinham feito milhares e milhares de romanos, o próprio Pio XII foi à igreja de Santo Inácio e elevou sua oração de ação de graças aos pés de Nossa Senhora do Divino Amor. Em torno do Papa se reuniram, como escreveu o “Osservatore Romano”, dezenas de milhares de pessoas, muitas delas com os pés descalços. “Estamos aqui hoje – disse então Pio XII – não só para pedir vossos favores celestiais, mas antes de tudo para Vos agradecer pelo que aconteceu, contra as previsões humanas, no interesse supremo da Cidade Eterna e de seus habitantes… Nossa Mãe Imaculada mais uma vez salvou Roma de perigos iminentes gravíssimos… inspirou, em quem detinha em suas mãos o destino, um senso particular de reverência e moderação”.
* Nosso agradecimento a um caro amigo pela tradução fornecida.
Linda história! Realmente, sempre na hora “H” ou no dia “D”, os papas se manifestam em defesa do povo de Deus, que peregrina rumo à Jerusalém celestial. Em virtude disso, não tenho nenhum receio de seguir o pontífice romano, mesmo que haja perseguições e principalmente nos casos de cismas…
A história da Salvação revela, que quem estiver ao lado do papa (legitimamente eleito), será salvaguardado. Sempre foi assim, sempre será assim! Não há dúvidas disso nem exceções.
Não existe outro caminho ou atalho. Que se diga Lutero, Calvino, Henrique VIII, Leonardo Boff, frei Betto ou Dom Carlos Duarte Costa, dentre outros.
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É sempre assim. A Santíssima Virgem, nas horas mais difícil Ela esta sempre presente. Basta seus filhos não esquece-La. Invocando sempre, fazendo penitência, rezando, mortificando. Que Ela estar sempre solícita em nos atender. Jamais uma mãe material, abandona os seus filhos; salvo as mães loucas deste mundo. Nossa Senhora, poderíamos encher livros e mais livros contando as maravilhas que Esta Mãe realizou, no decurso deste longos séculos de cristianismo. O nosso querido Brasil. Todos nós deveríamos sermos imensamente gratos, por Sua solicitude Maternal. Desde o seu descobrimentos, vemos nas entrelinhas da história do Brasil, marcado por Sua bondade. Quantas batalhas o nossos heróis portugueses, Tiveram que travar, para salvar a nossa pátria. Uma mão poderosa, sempre, nas horas mais difíceis. Lá estava Ela, vencendo as batalhas mais angustiosas da nossa história. Recentemente em 64 o Brasil foi salva do comunismo por Sua interseção. Vamos meu povo brasileiro! Dobrar os nossos joelhos, novamente, para que Ela venha salvar o nosso Brasil. Desta enxurrada de erros, e pecados amparados pela lei socialista ou ateia que nos estão nos impono. Só assim, seremos salvo de tantos perigos que nos ameaça.
Joelson Ribeiro Ramos.
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Não tenho a menor duvida da ação da Madonna del Divino Amore no coração dos nazistas mas também não tenho a menor duvida da intenção diabólica do maçom Churchill de causar grande estragos à Igreja, a Roma e aos Italianos (nessa ordem). “Entrementes, Pio XII percebeu que os aliados queriam que o confronto com os alemães se desse na capital.” A guerra na cidade iria demorar mais e causar mais mortes, destruição e lucros aos estadunidenses com as bombas.
Quanto aos covardes, covardes, covardes terroristas comunistas que atacaram um grupo de policiais administrativos não beligerantes na faixa dos 40 anos (não muito jovens é eufemismo também covarde!) sem se importar com os civis presentes e sabendo muito bem dos avisos de represália legitima (Convenção de Aja 1907, fato também reconhecido no Tribunal Territorial Militar de Roma 1948 no processo contra Kappler) esse Site católico não deveria cita-los sem reportar sua infâmia manchada de sangue que até hoje continua dando lucros com as indenizações ganhas facilmente na justiça politicamente partidária italiana contra Jornais que ousam dizer a verdade. Após 70 anos essa demoníaca ideologia ainda difunde sorrateiramente suas mentiras, apesar das advertências de Nossa Senhora.
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Quando a povo roga a Virgem – de maneira correta, nada lhe acontece, não foi o que ocorreu com os poloneses na segunda guerra quando Varsóvia ficou inteiramente destruída:
http://devotosdamisericordiadivina.blogspot.com.br/2012/06/destruicao-de-varsovia-na-segunda.html
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Não devemos nos esquecer que os “partisans” eram internacionais-socialistas lutando pela União Soviética e não tinham escrúpulos para com o povo italiano, usando-os como pretexto e escudo assim como seus sucessores: MST, black blocs, traficantes de drogas sul-americanos e outros grupos infames.
Na batalha entre socialistas – nacionais (Hitler), internacionais (Stálin) e fabianos (o maçon confesso Roosevelt) – não há heróis.
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Graças a Deus e ao post Fratres in unum tenho conhecido doutrinas e fatos históricos, tais como o acima , sobre a intervenção de Nossa Senhora para salvar Roma. Quanta coisa fiquei sabendo (só agora). Lamento, porém, discordar a respeito do seguimento dos pontífices, sem excessão: No caso do atual Papa, tenho minha dúvidas.
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