Cardeal Burke: Sínodo deve tirar da pauta a proposta sobre a Comunhão aos “recasados”.

Por Francis X. Rocca – Catholic News Service | Tradução: Fratres in Unum.com – O bispo americano do mais alto escalão no Vaticano diz que o Sínodo dos Bispos sobre a família, que ocorrerá este mês, deve marcar o fim de um debate de alto nível sobre a possibilidade de se facilitar a recepção da Comunhão aos católicos divorciados e recasados no civil.

“O assunto realmente precisa ser esclarecido nesse ponto, de modo que isso não continue”, disse o Cardeal Raymond L. Burke, prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, ao Catholic News Service em 1º de outubro. “Se isso continuar por mais outro anos, só trará prejuízos.”

De acordo com o direito canônico, os católicos divorciados e recasados no civil não podem ser admitidos à Comunhão, salvo se eles obtiverem uma declaração de nulidade de seu primeiro casamento sacramental ou se abstiverem de relações sexuais com seus novos parceiros, vivendo juntos como “irmão e irmã”.

O Papa Francisco disse que a situação desses católicos exemplifica uma necessidade geral de misericórdia na Igreja hoje em dia. Ele convidou o Cardeal alemão Walter Kasper a falar aos cardeais do mundo inteiro no Vaticano, em fevereiro, quando o Cardeal argumentou que, em determinados casos, a Igreja pode “tolerar algo que, em si, seja inaceitável”: um casal morando junto como marido e mulher em segunda união.

O Cardeal Burke é um dos cinco cardeais – três deles padres sinodais – que contribuiu para um novo livro de artigos com argumentação contra a proposta do Cardeal Kasper. O tópico certamente será um dos mais discutidos no Sínodo extraordinário sobre a família, a se realizar entre 4 a 19 de outubro, após um vívido debate público nos mais elevados escalões da Igreja.

“Não posso ver como (a proposta) pode prosseguir se tivermos que honrar as palavras de Nosso Senhor no Evangelho segundo São Mateus, em que ele disse que o homem que se divorcia de sua esposa e casa com outra comete adultério,” disse o Cardeal Burke, que é chefe do mais alto tribunal do Vaticano. “A pessoa que está vivendo em uma união regular está vivendo em uma união adúltera e, portanto, não pode ser admitida aos sacramentos até que a situação seja retificada.”

Enquanto ele disse que o debate sobre a proposta do Cardeal Kasper “só pode ser algo saudável desde que haja uma troca de pontos de vista honesta e profunda sobre o assunto”, declarou que a discussão prolongada nos níveis mais elevados tem gerado confusão.

“Isso tem prosseguido por vários meses e eu percebo que na mídia existe uma expectativa que haverá alguma mudança no magistério da Igreja,” disse o Cardeal Burke. “Escuto dos bispos e padres que muitas pessoas estão vindo ao encontro deles e insistindo que eles possam passar a receber os sacramentos porque eles interpretam que de alguma forma a Igreja já mudou o seu magistério. E isso não é saudável.”

Não se espera que o Sínodo de outubro 2014 chegue a conclusões definitivas, mas que prepare a pauta para um Sínodo mundial mais amplo no ano seguinte, que fará recomendações ao papa. Assim, o Cardeal Burke expressou esperanças de que os líderes da Igreja concluam o seu debate sobre a questão da Comunhão durante a primeira fase do processo.

“O que eu esperaria (no Sínodo de 2014) é que essa questão seja esclarecida e saia da pauta de discussões,” afirmou.

O Papa Francisco é o “primeiro mestre da fé,” que deverá escrever uma exortação apostólica baseada nos dois Sínodos, mas ele “quis convocar os presidentes das conferências episcopais do mundo inteiro para ouvir o que pensam, e se ele ouvir deles que não há sentido em discutir ainda mais a questão e que ela deve ser tirada de pauta, isso seria maravilhoso,” disse o Cardeal.

O Cardeal Burke disse que ele não poderia estimar quantos dos quase 200 bispos que comparecerão ao Sínodo poderão estar abertos à proposta do Cardeal Kasper, embora diga ter percebido apoio na Europa e resistência entre os bispos da África. Porém, disse que não poderia vislumbrar que a recomendação do cardeal alemão prevaleça.

“São bispos, são pastores do rebanho, que são católicos. Não posso imaginá-los aceitando essa proposta,” ele declarou. “Não sei bem como poderia digerir isso.”

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Abaixo, vídeo do Cardeal Burke a respeito da Comunhão para os divorciados e recasados no civil:

11 comentários sobre “Cardeal Burke: Sínodo deve tirar da pauta a proposta sobre a Comunhão aos “recasados”.

  1. Coitado de S.E.R. Burke:

    “São bispos, são pastores do rebanho, que são católicos. Não posso imaginá-los aceitando essa proposta,” ele declarou. “Não sei bem como poderia digerir isso.”

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  2. Até agora, o único ponto positivo deste Sínodo é que o Cardeal Burke está se agigantando perante o mundo católico.

    No último conclave, seu nome passou desapercebido e rigorosamente ninguém o citava, nem mesmo como azarão (como aconteceu com Bergoglio). No próximo conclave, contudo, ele será um dos “papabili”, mesmo porque a oposição ao Papa só faz crescer e a figura do Cardeal Burke surge aos olhos de muitos como um remédio para este período de confusão ímpar na história da Igreja.

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  3. Tá na hora de dar um “plus” nas minhas orações pelo cardeal Burke, que N.Senhora o ajude a continuar com esse tão nobre espírito de fidelidade.
    Ele sim merece os títulos de católico e cardeal.

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  4. Faço das palavras dele as minhas: “Não sei bem como poderia digerir isso” ou melhor, eu nunca digeriria isso!

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  5. Não sei o por que desta preocupação com os divorciados que nem sequer frequentam a Igreja e estão mais preocupados em ir na academia de ginastica ou no barzinho paquerar do que orar.

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  6. Esse é o Sínodo do “juntado com fé, casado é”. Esses impostores estão se derretendo de amores pelos adúlteros porque eles sofrem da síndrome do espelho. De tanto adulterar a Fé Católica e de viverem eles mesmo em adultério com o mundo ( “não podeis servir a dois senhores”) chegaram à conclusão de que não é mais possível continuar condenando o adultério alheio.
    E de certa forma faz sentido, pois o número de membros do clero que não honra o celibato, que está envolvido em relações ilícitas com mulheres e homens é tão grande que se eles mesmo comungam sacrilegamente, por que o leigo que está na mesma situação não poderia?
    Essa é a justiça dos fariseus!
    Aos que ainda guardam a Sã Doutrina, só há uma alternativa: resistir-lhes na face.

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  7. tanta preocupação com os divorciados, que estão em adultério, que beleza !! mentira, eles-divorciados- nem são católicos. Se fossem, jamais quereriam comungar em pecado grave. Isso é para perverter a Igreja, é coisa da maçonaria, o plano deles vai por etapas. A Igreja não pensaria isso jamais, em destruir o casamento, e não só isso, em negar e abandonar toda a verdade revelada, pois todo pecado grave seria abolido na prática, pois teria que deixar a todos comungarem, em pecado grave, sem arrependimento. Que absurdo mais patético. O desgaste destrutivo a que tem levado só a cogitação proposta no tema imoral desse sínodo, já é suficientemente pecaminoso. Mostra total abandono e falta de caridade para com o rebanho, o rebanho de fato católico, aquele que luta pra manter o matrimônio, contra a maré de imoralidade e perversão do mundo, aquele rebanho que luta para manter a castidade, no matrimônio e na vida de solteiro; que luta contra as investidas de mulheres e homens sem fé que rondam seus casamentos, seus cônjuges, para seduzí-los, sempre que possível. Não cola essa conversa de misericórdia. É falso !! A verdadeira misericórdia consiste em mostrar o pecado para que se tenha chance de se arrepender e se salvar. Estou cansada de tanta mentira e enganação… Somos ovelhas sem Pastor.

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  8. Burke, é um gigante, uma pessoa sem papas na língua. com uma imensa cultura, bom comunicador e um homem de ação. E a Bento XVI, faltou ação e pulso. Já o conhecia antes do conclave. Por onde passou, deixou marcas profundas, arrancou vocações das pedras da calçada, encheu seminários, criou mosteiros, promoveu a liturgia tradicional, é incansável. é tudo o que falta aos bispos modernos. Daí o ódio de muitos. Tem cuidado Burke!

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  9. Nem sempre a maioria acerta com a vontade Santíssima de Deus. Depende muito da consciência de um povo. Quando um povo, é educado; segundo os Mandamentos da Lei de Deus e da Santa Igreja. Normalmente ele acerta, na melhor escolha, para o bem de uma nação; ou no governo da Igreja. No caso dos cardeais, quando são bem formados na verdadeira doutrina católica, eles fazem o mesmo. Por outro lado, precisamos estar sempre atento, que Deus não interfere na malícia humana; não obriga ninguém seguir o caminho traçado por Ele. Na eleição do Sacro Colégio Apostólico, vemos isto de uma maneira muito patente. Por acaso, Nosso Senhor não sabia que Judas iria traí-Lo? No entanto foi o Próprio Divino Mestre que o escolheu. Na Paixão de Nosso Senhor. Pilatos, teve a infeliz ideia de fazer uma pesquisa perante o povo: Jesus Cristo; ou Barrabás? Quem não sabendo da resposta. Logo imediatamente responderia: Jesus Cristo é o preferido! Ganharia com 98% das intenções do povo. No entanto, O Divino Redentor, perdeu de uma assustadora na escolha. A maioria dos cardeais de Roma. Foram promovidos estes cargos, devido ter uma mentalidade modernista, ou semi-modernista. São cinquenta anos de modernismo na Igreja. Muitos deles tem uma mentalidade totalmente deformada da Tradição. E consequentemente, vão eleger um papa combinando com suas maneiras de pensar. Mas… Deus que é Infinitamente Sábio, sempre tira o bem do mal.
    Joelson Ribeiro Ramos.

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