Saudade e gratidão.

Por Hermes Rodrigues Nery | FratresInUnum.com

A melhor homenagem que podemos fazer ao querido amigo Prof. Humberto Leal Vieira é manter a sua obra viva, e o seu maior desejo de ver todos os grupos pró-vida e pró-família unidos no espírito do Evangelho da Vida.

Prof. Hermes Nery homenageia Prof. Humberto Vieira no congresso internacional em defesa da vida, em Aparecida (SP), em 2008.
Prof. Hermes Nery homenageia Prof. Humberto Vieira no congresso internacional em defesa da vida, em Aparecida (SP), em 2008.

Os amigos são como estrelas que fulguram em nossa vida, suporte imprescindível para o cumprimento da vocação e missão de todos nós, que é estarmos com Deus. A amizade comprova essa proximidade com o Criador da vida, que nos fez todos irmãos. Em todos esses anos de militância na defesa da vida e da família, podíamos recorrer ao Prof. Humberto Leal Vieira, não apenas por saber tanto, conhecer a fundo tantas coisas [seu lema era “informar, informar, informar”], mas porque aliava o conhecimento à caridade, ao gesto concreto da bonomia, de amor ao próximo, de paternidade. Um gentleman, de nobreza de alma, que o tornava um católico exemplar. Muitas vezes visitamos juntos os gabinetes dos parlamentares, no Congresso Nacional, e ele sempre abordava as pessoas com verdade e caridade. Mas um gentleman que não transigia com o erro, nem com a dissimulação, porque quando dizia, era fala direta, o seu sim era sim, o não era não, e convencia pelo ardor com que defendeu a verdade.

Deputados, senadores e ministros prestavam atenção ao que ele dizia, com convicção, pois era informação fundamentada, apresentava as fontes primárias, os documentos, não havia como refutar os argumentos, sólidos e objetivos, na defesa do indefeso, do nascituro, do bebê no ventre materno, vítima do holocausto silencioso e cruel do aborto, provocado pela lógica fria e calculista das Fundações internacionais, das agências da ONU e demais organismos, com a conivência dos governos especialmente de esquerda, a quererem impor a agenda da cultura da morte, a aceitarem o aborto como método mais eficaz de controle populacional, a quererem fazer o aborto ser reconhecido como direito humano, etc.

bebeNão havia parlamentar ou algum outro importante tomador de decisão em qualquer campo da sociedade, que não se admirava de ver o conhecimento, a braveza e a candura do Prof. Humberto Vieira, incansável nos corredores do Congresso Nacional, levando consigo o bebezinho de silicone, no tamanho natural de 12 semanas, a indagar com veemência: “quem defenderá o indefeso”? Mas tudo não visava apenas uma eficácia técnica, algum êxito de votação, naquele instante, mas cada abordagem feita visava também tocar a alma do tomador de decisão, pois se tratava de uma missão realmente evangelizadora, a de salvar almas, principalmente aquelas que pecam por desconhecimento, daí o lema “informar, informar, informar” visando o despertar da consciência, para uma conversão mais profunda, a propiciar novas atitudes, comprometidas com o Evangelho da Vida. Isso feito não apenas com as autoridades constituídas, mas com todos que ele pôde alcançar, sempre com vivo entusiasmo, e lealdade, pois o mais tocante em sua pessoa era mesmo a bonomia e a lealdade, a amizade sincera que oferecia, a nobreza de alma, que o fazia um gentleman no serviço à cultura da vida.

Tudo isso fazia dele humaníssimo, querido pelas suas virtudes, pela sua coerência de vida, como pai de família, trabalhador [como administrador, consultor do Senado Federal, professor, estudioso aplicado], como leigo católico exemplar, de amor profundo à Igreja, com especial devoção mariana. Dizia sempre com emoção que recebera a missão de defender a vida e a família, diretamente das mãos do Papa São João Paulo II, a quem foi grande admirador e colaborador, tendo recebido dele próprio a honra de ser nomeado o primeiro brasileiro a fazer parte como membro permanente da Pontifícia Academia para a Vida. E cumpriu essa missão com zelo apostólico, com fidelidade à doutrina moral e social da Igreja, com ânimo e alegria, mesmo quando a doença lhe debilitou o físico, mas sempre reencontrava ânimo novo em se tratando da defesa da vida e da família.

O Prof. Humberto Leal Vieira nasceu em Jaguaquara (Bahia), em 20 de janeiro de 1938. Casado com d. Nancy Habib Vieira, teve oito filhos, doze netos e uma bisneta. Bacharel em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, formado em 1962. Fez Pós-Graduação na École Nationale d’Administration (Paris, França), em 1964/1965. Foi Professor de Fundamentos de Administração, Administração de Material e Organização e Métodos, na UnB (1965/1968) e também lecionou o curso de Pós-Graduação em Administração de Saúde do CEUB – Centro de Ensino Universitário de Brasília (1968/1969). Foi Técnico de Administração do antigo DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), mediante concurso com defesa de tese (1963/1972) e ainda Consultor do Senado Federal, mediante concurso (1984/1985), cargo em que foi aposentado. Fundou a Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, em 19 de março de 1983, e se tornou membro vitalício da Pontifícia Academia para a Vida, integrando também como consultor do Pontifício Conselho para a Família. Amigo pessoal de muitos bispos, cardeais e leigos, que estiveram próximos do papa São João Paulo II, na elaboração da profética encíclica Evangelium Vitae, e com Michel Schooyans e outros, muito fez para difundir a encíclica e corresponder ao apelo do papa na difusão da cultura da vida, tendo-se tornado amigo pessoal de monsenhor Elio Sgreccia, Cardeal Alfonso López Trujillo, Dr. Jerôme Lejeune (primeiro presidente da Pontifícia Academia para a Vida), o casal John e Evellin Billings, Dr. Bernard Nathason e outros históricos pró-vidas.

Ele próprio contou, numa entrevista para a ZENIT, sobre o começo da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, dizendo que:

“Como católico, sempre defendi a vida desde a concepção até a morte natural. Ainda no início da década de 80, a ex-deputada Cristina Tavares, de Pernambuco (já falecida), propôs um projeto de lei para legalizar o aborto no País. Nessa ocasião a esposa de um ilustre jornalista de Brasília convocou, através do Correio Braziliense, pessoas que se opusessem ao aborto para combater esse projeto. Compareci a essa reunião onde estiveram presente aproximadamente 100 pessoas. Aí foi proposta a criação da Associação Pró-Vida de Brasília e indicada a 1ª. Diretoria constituída, entre outros, pelos Dr. Daniel Barbato (médico prof. de anatomia da UnB, já falecido), Dr. Hideu Osanai, médico gineco-obstetra e Dr. Humberto L. Vieira, administrador. Constituída a associação passou-se a trabalhar pela não aprovação daquele projeto”. 

E mais:

“Posteriormente, em 19.03.1983 surgiu a Associação Nacional Pró-Vida – PROVIDAFAMÍLIA, em substituição à Pró-Vida de Brasília, com maior abrangência de atividades. Fui eleito presidente dessa nova associação. Já na Constituinte de 1988, a PROVIDAFAMÍLIA realizou um trabalho em defesa da vida e da família quando se observou a atuação dos grupos antivida e antifamília. Participei de vários congressos internacionais promovidos pela Human Life International– HLI e os vários documentos que tomei conhecimento me deram a verdadeira dimensão dos ataques à vida humana e de seus promotores. Isso me incentivou para a luta em defesa da vida. Contatos pessoais com o Prof. Jérôme Lejeune, cientista descobridor da causa genética da Síndrome de Down (mongolismo), Dr. Bernard Nathanson, ex-abortista e hoje um defensor da vida, Pe. Paul Max fundador da HLI, também muito me ajudaram a me tornar um ativista pró-vida”, declarou. 

Quando o conheci, a 1º de julho de 2005, num seminário pró-vida realizado pela Dra. Maria Dolly Guimarães, em Mariápolis (SP), ele exortou para que ampliassem os esforços por afirmar a cultura da vida também no difícil campo legislativo, evitando que os legisladores capitulassem à agenda antivida e antifamília imposta por tais organizações [de fora do País], comprometendo assim, inclusive, a própria soberania nacional. Haveria de chegar o dia em que, por mobilização da sociedade e vontade política do Congresso Nacional, teríamos explicitada na Constituição Federal, no art. 5º, a inviolabilidade da vida humana, desde a concepção até a morte natural, em consonância assim com a lei natural e a moral objetiva. Tal inclusão havia sido objeto de debate entre os constituintes, e apresentada a PEC pela VIDA, pelo deputado Severino Cavalcanti, mas até aquela data urgia uma maior conscientização e mobilização por conjugar “legislação e vida”. E então, não me esqueço de que naquele dia me apresentou o Pe. Berardo Graz, sentado numa das últimas cadeiras do plenário, apontando para ele, indicando-o como exemplo de sacerdote comprometido com a junção indispensável entre conhecimento e caridade, outro grande amigo que o próprio Dom Bergonizni me falou posteriormente: “tenho um padre santo na minha diocese!”

E juntos então, pudemos, de acordo com o então Bispo da Diocese de Taubaté, Dom Carmo João Rhoden, fundar o Movimento Legislação e Vida, com o carisma de atuar no campo legislativo, na defesa da vida, ao que o Prof. Humberto Vieira, Pe. Berardo Graz, Dr. Paulo Fernando Mello Costa, Dra. Dolly Guimarães, estiveram em São Bento do Sapucaí, em 28 de outubro daquele ano, para criar o Movimento Legislação e Vida. Ainda hoje ressoa o apelo feito por Dom Carmo, naquele dia, de que era preciso também evangelizar os políticos, por uma cultura da vida, que garantisse a proteção do ser humano, desde o ventre materno. E o começo daquela caminhada, até hoje, marcada pela generosidade do Prof. Humberto Vieira, contou, em tantos momentos posteriores, com a sua bondade como pessoa, sua lucidez e generosidade, sempre motivando, apesar de tantas dificuldades enfrentadas de lá até hoje, especialmente até mesmo entre lideranças pró-vida que, muitas vezes, colocaram a soberba do conhecimento acima da caridade, daí as divisões do movimento, que tanto fez sofrer o Prof. Humberto Vieira, principalmente no final de sua vida. Mas mesmo assim, ele acreditou até o último dia, na missão da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família como associação de leigos católicos comprometidos com a unidade do movimento, unidade essa a partir da atitude dos que amam, pois foi o que fez o Prof. Humberto Vieira todos os dias de sua vida, dando um testemunho de amor pela vida, do amor que salva, expressão do mandamento maior que deve ser vivenciado na humildade, no compromisso de vida, na generosidade e na sabedoria.

Alguém com quem podíamos recorrer a qualquer hora do dia, com afável disponibilidade, indicando leituras e pessoas com quem pudéssemos nos aprofundar nas questões de vida e família, nos dando acolhida tantas vezes em que fomos a Brasília, para o trabalho no Congresso Nacional, e também em reuniões, encontros, simpósios, eventos e congressos. Deu apoio para que pudéssemos ir a Portugal, em 2006, participar de um congresso pró-vida e estabelecer contatos na Europa, e um dos primeiros incentivadores (junto também com a Human Life International) para a realização do congresso internacional em defesa da vida, realizado no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na abertura da Campanha da Fraternidade com o tema da “Defesa da Vida”, cuja Declaração de Aparecida em Defesa da Vida é até um hoje um documento de referência sobre as denúncias da agenda antivida e antifamília e proposições do que fazer para combater essa agenda, em favor da vida. Foi ele quem também incentivou e ajudou para que voltássemos à vida acadêmica para fazer uma pós-graduação em Bioética, na PUC-RJ, ministrada por monsenhor Elio Sgreccia [hoje cardeal]. Apoio este que era dado também com suporte financeiro, que o fez muitas vezes, quando necessário, nas tantas idas e vindas a Brasília.

Foi muito gratificante ter feito parte, com ele, do lobby pró-vida na Câmara dos Deputados, para debelar o PL 1135/91, que visava legalizar o aborto até o 9º mês. Foi um aprendizado de como abordar os parlamentares, como convencê-los, com que argumentos, que informações priorizar. E com o pique para ir a todos os gabinetes que fossem necessários, com a pasta contendo os nomes e dados de todos os parlamentares das Comissões, e como fruto desse trabalho, feito com tantos outros grupos, foi possível obter a mais expressiva vitória em defesa da vida, na votação do dia 7 de maio de 2008, quando por 33×0 o PL 1135/91 foi retumbantemente rechaçado. Talvez aquela tenha sido a sua última grande batalha, com a disposição dele estar lá na Câmara dos Deputados, fazendo parte do que ele sabia fazer, com tanta competência. Foi ainda, em meio aqueles corredores, que ele estimulou a sair candidato, pois ele esperava um dia ver um deputado realmente pró-vida no Congresso. Mas não bastava ser só um parlamentar que recebesse informações, mas que – ele mesmo – tivesse uma sólida formação pró-vida para atuar propositivamente, especialmente com iniciativas em favor da vida e da família, especialmente a PEC pela Vida. Foi esta a motivação que me fez, quando Presidente da Câmara Municipal da minha cidade, promulgar a primeira lei orgânica pró-vida do Brasil, e também, com apoio do nosso bispo, a lançar a Campanha São Paulo pela Vida, também para incluir o direito a vida desde a concepção na constituição estadual bandeirante. Iniciativas estas que o Prof. Humberto Vieira sempre apoiou e, mesmo sabendo das nossas dificuldades, foi entusiasta promotor. Pela sua generosidade, perseveramos até hoje, e não desanimando justamente porque ele sempre tinha uma palavra de ânimo e de bondade. E também relevante o quanto ressaltou ser necessário fundar casas de apoio às mães e gestantes, como investiu nessa iniciativa, aos CAMs, que ele levou a Dom João Carlos Petrini, na esperança de ver espalhados pelo Brasil, espaços de acolhidas às gestantes, para que elas não abortem e assumam a maternidade como dom. Nesse sentido, estimulou, desde o início ainda a fundação da Associação Guadalupe, presidida por Mariângela Consoli de Oliveira, que hoje desenvolve um trabalho promissor na Diocese de São José dos Campos.

Mesmo depois quando ficou doente, com hemodiálises diárias, não podia deixar de estar em Brasília, sem fazer-lhe uma visita. Em seu escritório, encaminhava e-mails, telefonava, e nossas conversas pelo skype mostrava o quanto se atualizava nas informações e se empenhou até o fim, pela causa da vida e da família. Debilitado, já não podia estar mais no Congresso Nacional, e queria ver a Associação, com os demais grupos, prosseguir com a missão, com o mesmo ardor, ainda mais quando tem se intensificado cada vez mais os ataques contra a vida e a família, com um número cada vez mais de proposituras e ações do governo que visam minar a estrutura natural da família, etc. Sempre que passava em seu apartamento, perguntava com muito interesse, das coisas que ocorriam no Congresso Nacional, dos projetos de lei, dos encaminhamentos e tudo mais.

Foi quando, em junho desse ano, ele me ligou e perguntou: “Você assume a Associação?” Eu lhe disse das dificuldades para os deslocamentos, por não morar em Brasília, e outras tantas limitações, mas aceitaria como missão, mais confiante na graça de Deus, do que nas próprias forças, também exíguas. Ele marcou então a assembleia para 4 de julho e constituiu a nova diretoria. No dia seguinte, fui junto com o boníssimo engenheiro Dr. João Carlos de Almeida até a festa de 54 anos de matrimônio do Prof. Humberto Vieira com dona Nancy, em que toda a família reunida na casa de uma das filhas, em Brasília, lhe fizeram uma bonita homenagem, passando imagens no datashow de fotos antigas, enquanto dona Nancy, mulher alegre e forte, ia contando peculiaridades da vida dos dois, em tantos anos de convivência. Dias depois o seu estado de saúde se agravou, foi internado e acompanhamos, em oração, a cada dia. Recebi a notícia do seu falecimento pouco antes da oração do terço das 18 horas, da segunda-feira, 21 de setembro, retornando imediatamente a Brasília.

“Já foi recebido na casa do Pai”, confirmou o Dr. José Miranda de Siqueira, no grupo de WhatsApp. Dr. Ubatan Loreiro lembrou que no final de semana passada, “rezávamos por ele no I Seminário Pró-Vida da Associação Guadalupe, em São José dos Campos. Providas de todo o Brasil lembrávamos o quão importante ele foi para todos os movimentos. Que o Pai do Céu o acolha de braços abertos”. “Na véspera da primavera, o Senhor da Vida o colheu. Agradecemos as orações. Esposa, filhos, netos e bisneta”, escreveu Liliane, sua filha. Para Lidia Said Lavor, “grande vazio deixará em nossos corações e nos grupos PROVIDAFAMÍLIA o nosso querido e amigo… Que Maria Santíssima o conduza diretamente para junto do Senhor da Vida, a quem ele serviu sempre com tanto fervor e fidelidade.” “Que falta ele fará!” – exclamou Cecília – pensei em escrever “que ele descanse em paz”, mas tenho certeza de que, se tratando do querido professor Humberto, haverá descanso em Deus, porém muito trabalho, intercedendo por nós e por todos os movimentos pró-vida, todas as vidas humanas, nascidas e  não nascidas… Então que ele trabalhe em paz, ao lado da Virgem de Guadalupe”. Dra. Marli Virgínia assim se expressou: “Muito triste a notícia do falecimento do Prof. Humberto. Ele deu a vida em defesa da vida. Foi a sua grande vocação. Agora vai trabalhar em defesa da vida, junto ao Autor da Vida. Continuamos em oração.” Pe Eduardo Peters disse: “Celebremos sua vida e sua obra, continuando seu trabalho pela vida e pela família. Rezarei por ele hoje a Eucaristia.” João Carlos de Almeida escreveu: “Prof. Humberto, grande guerreiro em defesa da vida! Quantas vidas foram salvas pelas suas palestras e ações, ao longo dessas décadas! Homem determinado e corajoso por uma causa de Deus, onde o adversário através da desunião e vaidades tenta dividir os movimentos em defesa da família e, principalmente, em defesa da vida!’ Como seu amigo e intercessor, São João Paulo II, sofreu no seu físico, mas ofereceu este sofrimento a Jesus, para sua santidade e salvação de outras almas (da última vez que conversamos falamos desse oferecimento pela dor). No último 13 de maio, um sacerdote falou exatamente dessa doação, através da oração e do oferecimento do sofrimento. É um bom exemplo para nós, afinal não sabemos o dia de amanhã. Prof. Humberto, obrigado pelo seu inesquecível exemplo! Que Nossa Senhora e São João Paulo II o conduzam para ver Deus, face a face! As nossas orações pela sua cura não se perderam, mas ajudaram a preparar o caminho para o Paraíso!”

No cemitério Campo da Esperança, capela 3, Pe. Pedro Stepien concelebrou a missa de corpo presente. Dr. Paulo Fernando Mello Costa colocou o broche dos pezinhos de bebê na lapela, com a presença também do Cardeal Dom José Freire Falcão. Após a celebração, o Dr. Paulo Fernando proferiu o texto de sua autoria “Assembleia provida no Céu”: 

“Aos 77 anos chega no céu o Prof. Humberto Leal Vieira que é recepcionado por Nossa Senhora de Guadalupe grávida de Jesus acompanhados por São José, surpreso e feliz pergunta quem são aquelas lindas crianças iluminadas com auréolas?

Nossa Senhora responde: – São os Santos Mártires Inocentes mortos por Herodes, os primeiros que morreram em nome do meu filho Jesus. Rodeados por anjos o Prof. Humberto vai conhecendo tudo no paraíso o bairro dos Santos vê São Paulo, São Francisco, Santa Teresinha e mais adiante conhece o bairro dos mártires e dos Papas (Pio XII, Leão XIII dentre outros…) 

Nossa Senhora o conduz a uma assembleia pró-vida no céu, maravilhado pergunta: Quem está presidindo? – Nossa Senhora responde: – É São João Paulo II. Emocionado, ele diz: Fui seu admirador, amigo, entusiasta e devoto e tenho um filho seu xará.. 

São João Paulo II fazia a chamada: Santa Gianna Beretta Molla, PRESENTE! Madre Teresa de Calcutá, PRESENTE! Irmã Dulce, PRESENTE! Cardeal Afonso Lopez Trujillo, PRESENTE! Dom Manoel Pestana Filho,, PRESENTE! Dom Estevão Bittencourt, PRESENTE! Monsenhor Ney Sá’Erp, PRESENTE! Padre Paulo Marx, PRESENTE! Padre Leo, PRESENTE! Dr Jérome Lejeune, PRESENTE! Drs. John e Evellin Billings, PRESENTES! Dr. Bernard Nathason, PRESENTE! Magali Laguno, PRESENTE! Miguel Martini, PRESENTE! Leo Pró-vida do Rio, PRESENTE! Dr. Osanai, PRESENTE! 

São João Paulo II chama bem alto: Humberto Leal Vieira.

Ele responde: – PRESENTE, Eis-me aqui ! Qual é a pauta da Assembleia?  Está no horário? Cheguei atrasado? Trataremos do PL do aborto em tramitação na Câmara dos Deputados? Os repasses das Fundações Internacionais para a cultura da morte? A união dos movimentos pró-vida? A reunião em Roma da Pontifícia Academia da Vida? São João Paulo II sorri e responde: Acalme-se bom homem, aqui não tem relógio, o tempo é a eternidade, esses outros assuntos as pessoas que você ajudou a formar estão cuidando bem. Não se preocupe, o seu legado foi prodigioso e fecundo. A pauta de hoje é a sua apresentação a Nosso Senhor. O anjo chama: HUMBERTO LEAL VIEIRA! -Eis-me, aqui ! PRESENTE ! – “Servo bom e fiel, amou a sua família, defendeu a Pátria e ao seu povo, devoto de Nossa Senhora, obediente a Igreja e sempre com Jesus Eucarístico, seu trabalho pró-vida salvou muitas vidas e podes dar muito testemunho do Meu amor a todos. Sê bem vindo.” Hoje temos mais um intercessor no céu e que um dia também ao sermos chamados possamos dizer: -Eis-me aqui, Senhor, PRESENTE TAMBÉM !!!”

Enquanto saímos da capela e caminhávamos pelas alamedas, Pe. Stepien rezou o terço da misericórdia, e todos rezavam e cantavam. Ao chegar ao local dos sepultamento, Pe. Pedro ainda fez uma catequese sobre os Novíssimos, explicando a todos a realidade da vida última, e que precisamos rezar, pois as almas do purgatório necessitam das nossas orações, e que o Prof. Humberto Vieira, estando no céu, intercederá por todos nós. E então, pediu-me para que dissesse algumas palavras, como Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, ao que brevemente proferi:

Dirijo-me a todos vocês aqui, familiares e amigos, dizendo que as palavras expressam os nossos sentimentos, no momento; saudade e gratidão. A palavra saudade [única, só mesmo na língua portuguesa], traduz o sentimento daquilo que é bom, que nos fez tanto bem, daí o que está narrado no Gênesis, quando Deus viu cada uma de Suas obras, “viu que era bom” (Gn 1, 18) e as abençoou. Assim o que é realmente bom em nossa vida, é o que dá saudade.  E a outra palavra é a gratidão. Somos então, nesse momento, muito gratos por tudo de bom que o Prof. Humberto Leal Vieira nos fez, daí que o que podemos fazer agora é dar-lhe o merecido aplauso, pois ele realmente deu um eloquente testemunho de amor pela vida! 

E todos então aplaudiram, enquanto Pe. Pedro Stepien rezou uma Ave-Maria!

A melhor homenagem que podemos fazer ao querido amigo Prof. Humberto Leal Vieira é manter a sua obra viva, e o seu maior desejo de ver todos os grupos pró-vida e pró-família unidos no espírito do Evangelho da Vida.

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Hermes Rodrigues Nery é Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, especialista em Bioética (pela PUC-RJ) e coordenador do movimento Legislação e Vida. E-mail: hrneryprovida@uol.com.br

3 comentários sobre “Saudade e gratidão.

  1. São Paulo, depois de tantas perseguições, de tantos trabalhos, de tanta luta. Ao ver findar os seus dias aqui na terra. Pode dizer: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira”. Agora espero a recompensa que o junto juiz vai me dar. Como é bom trabalhar, em defesa da Santa Igreja. Nós também ao findar os nossos dias aqui nesta terra. Podemos espera, com a graça de Deus. A nossa recompensa, que é a eternidade.
    Joelson Ribeiro Ramos.

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  2. As históricas palavras, belas e verdadeiras, do prof. Hermes, descrevem um gigante. Se não fosse essa a estatura, nada teria sido feito, nenhum efeito teria sido produzido, nenhuma vitória teria sido alcançada.
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    A dimensão do mal espanta os que dela se dão conta. Para fazer frente a ela é preciso ser mesmo gigante. Pois a cultura da morte conta com apoios explícitos e discretos, ajudas financeiras copiosas, ajuda midiática constante. Consegue comprar consciências venais, desarma a oposição de muitos que deveriam lhe opor barreira, torna silentes as vozes sagradas que deveriam bradar, em defesa da sacralidade da vida, a sentença do mandamento divino: Não matarás!
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    No Livro da Vida o nome do prof. Humberto Leal Vieira e a sua gesta estão escritos com letras de ouro. Sua intercessão está garantida para o bom combate. E a sua luta prossegue. Avante, prof. Hermes!

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  3. O combate segue. Sabe o senhor pedir a interseção desse “Leal” e valoroso católico, pois o Plano Nacional de Educação – PNE – foi diluído aos Estados e Municípios. Estão sob as Secretárias de Estados de Igualdade dos Direitos Humanos. E estes coordenam as seleções dos conselhos tutelares. Que também fazem as politicas de conveniência. Às vezes muito distante da real proteção da criança, os conselhos estão aí para implantar o PNE, hoje PED – Plano Estuais de Educação e Plano Distrital de Educação – PDE(http://www.df.gov.br/conteudo-agencia-brasilia/item/20005-primeiro-plano-distrital-de-educa%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-sancionado.html).

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