O Sínodo da Manipulação.

Excertos da carta do Cardeal Joseph Zen Ze-Kiun, arcebispo emérito de Hong Kong, aos bispos participantes do Sínodo em curso em Roma:

O combativo Cardeal Zen.
O combativo Cardeal Zen.

“[…] A mim, a preocupação aumenta quando observo que, enquanto este Sínodo (apresentado como algo sem precedentes) estava sendo convocado, já estava em andamento na Alemanha o chamado “caminho sinodal” no qual, com um mea culpa estranhamente complacente pelos abusos sexuais na Igreja, na hierarquia e num grupo de leigos (Comitê Central dos Católicos Alemães [ZdK]; não está claro quão representativo é, mas sabemos que a maior parte do grupo são membros funcionários da Igreja) propôs uma mudança revolucionária na constituição da Igreja e no ensino moral sobre a sexualidade. Mais de uma centena de cardeais e bispos de todo o mundo escreveram uma carta de advertência aos bispos alemães, mas estes não reconheceram o seu erro. O papa nunca ordenou que este processo da Igreja na Alemanha parasse. Por ocasião da sua visita ad limina, sabe-se que o papa dialogou durante duas horas com os bispos alemães, mas o discurso do papa, normalmente publicado no L’Osservatore Romano… não foi publicado. Em vez disso, L’Osservatore Romano publicou o discurso do Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos, que pediu aos bispos alemães que não prosseguissem com o seu caminho sinodal, mas que esperassem, em vez disso, pelas conclusões do Sínodo sobre a Sinodalidade. Uma clara recusa foi o que recebeu, “porque”, diziam, “é pastoralmente urgente prosseguir” (!?)

[...]

Penso que não preciso dizer mais nada sobre as razões pelas quais deveis encarar com profunda preocupação o vosso trabalho sinodal. Sinto, pelo contrário, a importância de trazer à vossa atenção alguns problemas de procedimento do Sínodo. O Secretariado do Sínodo é muito eficiente na arte da manipulação. Pelo que vou dizer, posso ser facilmente acusado de “teoria da conspiração”, mas vejo claramente todo um plano de manipulação. Eles começam dizendo que devemos ouvir a todos. Pouco a pouco nos fazem compreender que entre estes “todos” há especialmente aqueles que “excluímos”. Por fim, entendemos que o que querem dizer são pessoas que optam por uma moral sexual diferente daquela da tradição católica. Nos pequenos grupos de diálogo da fase continental, insistem muitas vezes que “devemos deixar uma cadeira vazia para aqueles que estão ausentes, que foram marginalizados por nós”. Dizem também: “O Sínodo deve terminar com uma inclusão universal, deve alargar a tenda, acolher a todos, sem julgá-los, sem convidá-los à conversão”. Freqüentemente, eles afirmam não ter nenhuma agenda. Isto é verdadeiramente uma ofensa à nossa inteligência. Qualquer um pode ver a que conclusões pretende chegar. […] Não houve qualquer explicação para a adição (no meio do caminho) de outra sessão sinodal para 2024. A minha suspeita maliciosa é que os organizadores, não seguros de conseguirem alcançar os seus objetivos durante esta sessão, estão a optar por mais tempo para manobrar. Mas, se o que o Espírito Santo quis dizer for esclarecido através da votação dos bispos, qual é a necessidade de outra sessão? . . . Velho como sou, não tenho nada a ganhar e nada a perder. Ficarei feliz por ter feito o que considero ser meu dever fazer.”

5 comentários sobre “O Sínodo da Manipulação.

  1. Comungo das preocupações do cardeal.
    No topo da pirâmide da Santa Igreja está ninguém menos que o própio Deus. Ao invertê-la, invertemos a própria posição de Deus, o que é inconcebível, mesmo bizarro, para qualquer cristão minimamente crente.
    Em segundo lugar, cabe lembrar que o satanismo é caracterizado principalmente pela inversão dos elementos. E isso é fato.
    Em terceiro lugar cabe lembrar também que a Igreja Universal é uma monarquia, encabeçada por Deus, eterno, que determinou seus fundamentos e regras, e portanto nada existe de democrático nela, nem poderia existir. Ressalte-se aqui que o aggiornamento instituído pelo CVII é um erro grave nesse sentido, porque a Igreja existe para converter e salvar o mundo, e não ser convertida e deformada por ele.
    Este sínodo apresenta sinais muito claros de metas muito claras, que devem ser expostas, discutidas, e combatidas com toda a força da nossa fé.

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  2. Quando algum clérigo idoso conservador diz a palavra “preocupação”, me bate uma preguiça de ler! Sessenta anos de desmanche e depravação revolucionária não permite que alguém honesto fique “preocupado” com mais alguma mudançazinha… Mas, no entanto, entretanto, porém, todavia, contudo – o ponto de viragem em todo pronunciamento de Bergoglio – a carta do Cardeal Zen não perde tempo e traz à tona fatos tremendos, como o silêncio daquele que se diz Papa ante a heresia alemã institucionalizada e as reuniões secretas que ele tem com essas pessoas, onde não se toma nota do que é dito. O sorridente Jorge Bergoglio é tão habituado a reuniões secretas, que fez do próprio Sínodo dos Bispos 2023 uma reunião secreta. O Cardeal mandarim é um homem valente: “Velho como estou, não tenho nada a ganhar ou perder” – um Confúcio de púrpura e barrete, bem diferente das viúvas ocidentais de Wojtilla e Ratzinger que choram a morte do continuísmo conciliar.

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  3. Penso que para esta “festa particular” nem todo mundo teve convite enviado, nem todo mundo teve voz ou uma cadeira reservada. Percebam que, todos tem voz e vez, mas os membros do clero, que realmente tem se preocupado com a Igreja, com o avanço do relativismo e ideologias de várias especies. Francisco permitiu aos loucos destilar suas loucuras dentro da própria Igreja, dando voz a pessoas que não amam a Igreja, não a vem como uma instituição Divina e talvez nem fé para isso o tem. As portas do inferno estão a tentando, mas não prevalecerão, assim disse o Senhor!

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  4. Conforme já disse várias vezes, é plano de Bergoglio acabar com a Igreja Católica Apostólica Romana e sua tradição apostólica, é claro, e fundar ou alterar o nome para Igreja Católica Sinodal Romana, onde todas as tradições apostólicas serão basicamente extintas.
    A partir daí, cada sínodo convocado fará alterações no catolicismo, no cristianismo, segundo, como Bergoglio disse, a Palavra de Deus é mutável.
    Não haverá espanto se os Evangelhos também sofrerem modificações de interpretação através dos sínodos ou mesmo, “nova tradução” dos textos do grego antigo.
    Esperar, ver e rezar para não acontecer.

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