Incoerências culposas. Breve análise do quadro eclesiástico pré-eleitoral

FratresInUnum.com, 2 de agosto de 2022 – Coerência, lógica, linearidade são luxos que nos foram sonegados há muito tempo, especialmente na Igreja. Não é preciso ter uma memória de elefante para sabê-lo. Basta lembrar-se, por exemplo, do desespero magisterial de Francisco durante a presidência de Trump, que culminou com a sinistra encíclica Fratelli Tutti, na qual ele se ressentia da ameaça de guerra oriunda do perigo inconfesso da reeleição do presidente americano, e compará-lo com o silêncio cúmplice com o qual brinda o governo Biden, este sim um dos responsáveis por ter causado a guerra na Ucrânia. A esquerda gritava histericamente contra a truculência belicosa de Trump enquanto se preparava para, ela mesma, causar a guerra da qual acusava os seus oponentes.

Brasil, 2022. O cenário está armado. A esquerda reconquistou os países perdidos, desde os EUA e por toda a América Latina. Resta apenas o Brasil.

A posição da CNBB, longe do isentismo que caracteriza instituições que precisam transcender a política para garantir um Status permanente, é política, politizada e politiqueira. As notas, as mensagens, as cartas, enfim, todos os documentos emanados pela Conferência Episcopal têm uma direção clara: reconduzir à presidência da república o ex-presidente Lula. De fato, parte significativa do episcopado brasileiro formou-se nas fileiras da militância petista mais fanática e triunfalista, não poderia ser diferente.

Contudo, foi esta mesma CNBB que se empenhou tanto no projeto de lei “Ficha Limpa”, sancionado por ninguém menos que o então presidente Lula (suma incoerência!). Quem não se lembrará da comemoração de toda a esquerda igrejeira, com todo aquele tom moralista autobeatificante, em 2010?… A CNBB, triunfante, celebrava o projeto que iria salvar a “ética na política”, vociferando o mote bradado pelo PT nos anos 90.

Agora, depois da apuração de escândalos de corrupção que chegaram a 900 bilhões de desvios na Petrobrás e 400 bilhões no BNDS durante os governos do PT, onde está a mesma CNBB para desfraldar o seu projeto “Ficha Limpa”? Todos sabemos que Lula foi desencarcerado, que seus processos foram anulados e que ele foi tornado elegível por manobras judiciárias meramente formais, que se eximiram completamente da matéria dos crimes cometidos. O dinheiro foi desviado, a corrupção consumada e a tentativa de equivaler tudo às acusações de corrupção desmesuradamente menores do governo Bolsonaro é apenas cinismo retórico, fingimento de negar o senso das proporções.

O dinheiro roubado dos brasileiros não foi usado para fins pessoais, mas para favorecer a articulação do Foro de São Paulo e de toda a esquerda latino-americana, que inclui grupos terroristas, narcotraficantes e ditaduras genocidas da mais alta periculosidade. Agora, estes mesmos posam como defensores da “democracia”, dessa democracia que eles sonegam aos países governados pela incompetência de ditadores que se precisam manter com o nosso dinheiro.

Não é atoa que o secretário de defesa dos EUA veio Brasil para avisar o que o governo Biden espera do nosso. Isso pode ser normal? Isso é realmente democrático?

Os olhos do mundo se voltam para o nosso país justamente porque se interessam pelos bens que nos pertencem. A esquerda, mais do que nunca, vendeu-se para o entreguismo internacionalista mais descarado. Recentemente, Leonardo Boff declarou que a Amazônia deve ser internacionalizada e ter gestão global. É exatamente isso que está por detrás de todo o ecologismo eclesiástico atual: roubar o nosso país mais uma vez, não apenas econômica, mas territorialmente.

Não estamos diante de uma eleição. É preciso dizê-lo de modo claro: estamos diante de uma movimentação unificada de forças internacionais e nacionais que visam a reedificação da cleptocracia, da qual sempre se beneficiou a elite deste país, os países estrangeiros, a mídia, a classe pensante e falante. É tudo apenas isso! E a Igreja se vendeu, desde cima, para este objetivo.

Temas como aborto e ideologia de gênero não irão figurar em discursos e cartilhas políticas. O clero progressista considera tais temas como secundários, para não dizer obscurantistas: eles acham que a ciência moderna é capaz de interromper sem grandes dores uma gravidez indesejada e o sofrimento de velhinhos e que a família natural é um tótem autoritário que precisa ser remodelado na sociedade inclusiva do futuro. Trata-se de ignorar essas temáticas de maneira solene para não escandalizar os ouvidos católicos e avançar com todo colaboracionalismo para com os militantes da nova esquerda.

A união Lula – Alckmin é a mais pérfida que poderia existir: é o pior da esquerda unido ao pior da “direita” liberal (sabemos que Geraldo não é de direita, que é socialista fabiano, mas a sua visão de gestão econômica é música para os ouvidos liberais), o identitarismo imoral fundido com o liberalismo que vai vender até o ar para encher as burras de um governo destinado a distribuir migalhas aos pobres para engordar regimes estrangeiros e obter elogios imperialistas – “Lula é o cara!” (by Obama).

Pouco importa se o índice de violência despencou no país, se o número de empregos aumentou, se somos um dos países que mais vacinou no mundo, se conseguimos crescer enquanto todos os países despencam… Bolsonaro será chamado de genocida, ainda que exista um vírus potencialmente letal em circulação, enquanto os verdadeiros genocidas são homenageados como heróis e subsidiados pelo nosso dinheiro. Isso tudo é teatro, ilusionismo verbal, hipnose midiática.

É claro que Bolsonaro não é um santo e está longe de ser um presidente ideal – os utopismos dos puritanos católicos chegam a níveis psicóticos, às vezes! –, mas é claro que não estamos num cenário normal e que aqui já não se trata mais de uma escolha num cardápio eleitoral, mas de uma manobra de proporções globais para a indução de massa, a qual, segundo a nossa opinião, vai dar certo.

Lula está praticamente reeleito. Esta é a verdade que boa parte do negacionismo de direita não consegue admitir. Não se trata mais de ser otimista ou não, mas de lidar com fatos. A crise econômica produzida pela pandemia e a guerra favorece as revoltas de esquerda entre os pobres e a imoralidade extremista vigente nas ideologias da moda hipnotizam a elite podre, e a Igreja unge tudo com pauperismo libertador e discurso inclusivo… Voilà!

Ainda há tempo de reagir? Sim! Mas é preciso abrir os olhos de todos. Estamos sendo vigiados pelo sistema, nossa liberdade de comunicação está bem restrita e só o que nos resta é o trabalho individual. Com a ajuda de Deus e de Nossa Senhora, com uma intervenção praticamente milagrosa, será possível reverter o desastre…Rezemos e lutemos, pois pouco tempo nos resta.

Porque o seu voto é importante…

15 comentários sobre “Incoerências culposas. Breve análise do quadro eclesiástico pré-eleitoral

  1. Parabéns, Fratres, uma vez mais, por sua lucidez e precisão. Nossa parte é votar (e creio que, nas atuais circunstâncias, pecaria mortalmente por omissão quem, com obstinação, se abstivesse de fazê-lo) e também, especialmente, rezar; o cenário pode parecer perdido, mas “o Senhor zomba do ímpio e ri-Se dele, porque sabe que o seu dia vai chegar” (Sl 36, 13). Não fazer nada e, depois, pedir um milagre seria como que tentar a Deus.

    Curtir

  2. Enquanto isso, na Nicarágua, meios de comunicação católicos são simplesmente cassados (pela burocracia) e caçados (pela polícia, que invade suas sedes em cenas dignas de Gestapo rediviva). A boa e velha Nicarágua, experimento sandinista que ilustrou como nenhum outro a derrocada deliberada e consciente da ordem jesuíta no século XX.

    Ao que parece, eles sabem o que terão. Não é possível que pleiteiem inocência sobre as consequências (globais!) do petismo retornaod ao poder federal formal (o material, nunca o perderam por completo: garantiram-se, maestros que são na ocupação de espaços não-eletivos). Sabem o que terão e, Deus me perdoe, aparentam querê-lo deveras.

    Curtir

  3. Esse ano eu iria votar nulo. Não sou antibolsonarista e nem bolsonarista arrependido, apenas estava desacreditado com as estruturas de poder no Brasil. Pois, então, decidi votar em Bolsonaro outra vez, mesmo não vendo nele o santo libertador que alguns vêem (mas também não o vejo como o Satanás como outros o pintam). Vou fazer como Dom Berttand disse na entrevista à Leda Nagle: vou votar contra o PT. Quanto a nossa Igreja, é triste mas só podemos orar e quem pode ou tem conhecimento suficiente deve (como já fazem) pregar a Verdade e denunciar a mentira. Que Deus abençoe mais uma vez o Brasil.

    Curtir

  4. Texto absolutamente irretocável.
    O desdobramento natural dos fatos seria a tragédia inexorável, fato…
    Mas não será assim.
    Deus nos presenteará com MAIS um milagre, sim, porque só chegamos até aqui por uma sucessão de milagres.
    Em 2012 o cenário político institucional era de quase hegemonia esquerdista, em termos de AL, tudo parecia perdido, mas por milagre surgiu uma Lavajato, um impeachment, a derrubada da monarca vermelha, a aparição de um político “civil/militar”, que seria eleito pelo voto direto e com o respaldo da FAs, a sobrevivência dele após o atentado contra sua vida, a sobrevivência política dele frente ao establishment global e internacional, o mesmo inexplicavelmente elegeu Joe Biden nos USA, que derrubou o primeiro ministro inglês, e o primeiro ministro italiano.
    Vamos vencer, mas como disse a amigo no outro comentário, A VITÓRIA SERÁ DE DEUS, E A LUTA, NOSSA.
    Assim será, porque há muito a ser salvo, a ser resgatado.
    O Brasil é a última barreira frente a Nova Ordem Mundial, ou Reino do antiCristo, e a própria sobrevivência do cristianismo depende disso. A Europa já perdeu a fé, a começar por Roma, África e Oriente estão sofrendo uma perseguição sanguinária, assim como os países comunistas da AL.
    Caberá a nós, Terra de Santa Cruz, terra que tem como padroeira Nossa Mãe Santíssima, restaurar o cristianismo no mundo.
    DEUS VULT.

    Curtir

  5. Agora que é conhecido e observado, o resultado da eleição ou rejeição, principalmente da perspectiva do eleitor despolitizado, será determinado pelas atitudes do presidente confirmarem ou não as acusações do adversário a seu respeito.

    Curtir

  6. Os utopismos dos puritanos católicos chegam a níveis psicóticos, às vezes!

    E como! Estou rodeado de meninos amuados que votaram em Bolsonaro esperando um São Luís IX ou um Francisco Franco… Passam o dia pichando o presidente na internet, brincando de “zé cruzadinho”.

    Curtir

  7. As atitudes exercem influência na sociedade em diferentes graus – o exemplo arrasta -, a maior delas sendo o exemplo do comportamento dos pais sobre a formação do caráter dos filhos. Gostaria de saber que tipo de futuros líderes políticos, empresariais e sociais os pais cristãos de hoje estão formando com seu exemplo de comportamento: oportunistas, incapazes de criar as condições para contrapor às estratégias de líderes preocupados apenas em manter seu poder em detrimento da sociedade? Assim, jamais a agenda conservadora será implementada.

    Curtir

  8. Penso ser muito boa a atitude do presidente de ter a imagem de Nossa Senhora Aparecida junto ao peito – espero que esteja benta para protegê-lo de influências espirituais malignas a que ele se expõe periodicamente e às quais provavelmente não estivesse dando a devida atenção, ainda mais depois de imprudentemente ter recebido a “bênção” do maçom Edir e de outros pastores maçons.

    Curtir

  9. O presidente, como eleito no Legislativo por décadas, sabe que a apuração deve ser pública, mas a votação na urna deve ser secreta.

    Bolsonaro propõe filmar votação; Boate Kiss, Kassab ao vivo e mais notícias do dia / UOL News (UOL)

    Curtir

  10. O Capitão Durval Ferreira há anos vem dizendo que, se a população quer a intervenção dos militares, deve ACAMPAR aos milhões na porta dos quarteis, mas o povo insiste em se manifestar em fins de semana na avenida Paulista e em Copacabana, onde os militares nada podem fazer, a não ser em caso de anomia. Ele disse que, ao não reclamar com os militares, a população indica que as instituições estão funcionando e, portanto, não há necessidade de intervenção.

    Curtir

    1. Intervenção militar de novo? Que nem em 1964? Pra depois os comunistas nadarem de braçada por 40 anos? Essa é a melhor estratégia que o Capitão Durval enxerga?

      Viúvas do Golbery…

      Curtir

Os comentários estão desativados.