Um ano mais tarde.

Por Côme de Prévigny – Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum.com –  Há mais de um ano, a Congregação para a Doutrina da Fé entregou ao Superior da Fraternidade São Pio X (FSSPX/SSPX) um documento apresentando três condições necessárias para o reconhecimento canônico da obra do Arcebispo Lefebvre, um documento famoso, que deveria pôr um fim a vários anos de discussões.

Algumas semanas antes, a imprensa inteira dava por certo a regularização da FSSPX. Andrea Tornielli, famoso vaticanista italiano, predisse: “A estrada que conduz a Fraternidade São Pio X, fundada pelo Arcebispo Lefebvre, à comunhão plena com Roma deve chegar ao fim em maio”. Henri Tincq, um jornalista do Le Monde, sabidamente não indulgente com a causa tradicional, cobre notícias religiosas há décadas. De acordo com ele, era apenas uma questão de dias: “não está mais em dúvida a iminência de um acordo que deve ser assinado entre o Vaticano e a Fraternidade de São Pio X, o bastião dos católicos integristas. Em 19 de abril, sua colega jornalista Bernadette Sauvaget, do Libération, escreveu: “Desde terça-feira, alguns vaticanistas têm afirmado que um acordo foi alcançado”. Todos os ecos que emanam dos Apartamentos Pontifícios permitiram a confirmação, sem muita adivinhação, que a declaração doutrinal proposta por Dom Fellay tinha sido aceita pelo Papa e já os observadores mais hostis consideravam que Roma havia concedido todo o terreno “aos integristas”. Por parte da Fraternidade, entretanto, a expectativa permanecia realista, insistindo no fato de que o mapa permanecia incerto. Diversos pontos relevantes, tanto doutrinais como canônicos, permaneciam abertos a esclarecimento e as discussões ainda não tinham terminado.

O texto devolvido a Roma era uma declaração datada de 15 de abril de 2012, proposta pela Congregação para a Doutrina da Fé e revisada pelo Superior Geral da FSSPX. Em suas linhas gerais, era uma cópia fiel do Protocolo de Acordo, de 5 de maio de 1988, que o Arcebispo Lefebvre havia rejeitado, não devido a sua base doutrinal, mas por causa de seu contexto (os pontos relacionados ao Romano Pontífice ou ao novo Código de Direito Canônico são os mesmos, por exemplo). O documento negociado vinte e quatro anos mais tarde tinha os seus pontos fracos e seus avanços que, por outro lado, contrabalançavam aqueles mesmos pontos fracos. Por exemplo, o texto fala das formulações conciliares que “não são reconciliáveis com o Magistério anterior da Igreja”, enquanto que o Protocolo de 1988 limitava-se a dizer que “somente com dificuldade eles são reconciliáveis com a Tradição”. Lá onde o documento assinado pelo Arcebispo Lefebvre indicava “uma atitude positiva de estudo e de comunicação” a respeito do Concílio, o que Dom Fellay tinha escrito era mais forte, porque ele neutralizava qualquer “interpretação dessas afirmações que possa levar a atual doutrina católica a se opor ou romper com a Tradição e com este Magistério”. Seja qual for o caso, essa contraproposta foi apresentada e diz-se nos corredores romanos que ela abriria o caminho para um reconhecimento iminente. A fim de provar que a busca por unidade iniciada pelo fundador não era vista como um ponto opcional, o Superior Geral da FSSPX não temeu as críticas públicas de seu confrade britânico ou a atitude rebelde de uma comunidade religiosa amiga.

Todavia, três novos pontos foram superpostos a essas alterações na reunião de 13 de junho, que, em poucas horas, arruinariam o processo iniciado muitos meses antes. Dentre essas condições era preciso reconhecer a continuidade dos textos conciliares em relação ao Magistério precedente, que contradizia a declaração doutrinal que mencionava, pelo contrário, o seu caráter não reconciliável. Além disso, as autoridades introduziram a necessidade de reconhecer a “licitude” da missa nova, uma expressão que havia sido, como se sabe, objeto de debates amargos. Isso nunca fora exigido, nem em 1988, nem dos diversos institutos regularizados até aquele momento. Essas novas exigências deixavam a impressão de que havia um desejo de interromper o processo de maneira muito elegante, bem como abrupta, através da introdução de pontos inadmissíveis.

Quais eram os motivos para essa reviravolta repentina que foi incongruente com a atitude adotada por Bento XVI durante tantos anos? Indubitavelmente, a influência de certas cabeças de dicastérios se opunha fortemente a esse reconhecimento, bem como pressões diplomáticas específicas, que exerceram a sua influência sobre a inclinação do papa. Alguns meses mais tarde, este renunciou a seu cargo no contexto turbulento do Vatileaks. Conforme observou corretamente um professor universitário francês, esses vazamentos cessaram como por passe de mágica desde que o papa Ratzinger parou de presidir o destino da Igreja. Será que isso significa que o dossiê de relações entre Roma e a FSSPX está morto e enterrado e que o mundo tradicional irá reviver esses dias de silêncio que foram os anos 90? É verdade que Bento XVI esteve pessoalmente muito próximo da questão. Contudo, o reinício das relações, no início de 2000, aconteceu no pontificado de João Paulo II. Na França, de qualquer maneira, a Fraternidade São Pio X havia obtido, em solo, mais por suas peregrinações locais de bispos supostamente distantes dela do que daqueles considerados conservadores. Dom Perrier, de Lourdes, durante anos abriu o seu santuário, emprestando objetos litúrgicos e ornamentos, enquanto a diocese de Versailles, dirigida por Dom Aumônier, que conheceu Dom Lefebvre bem nos primeiros anos de sua vida sacerdotal, nunca concedeu nada à obra que este fundou.

Além dessas considerações, a dinâmica do movimento tradicional, revigorada pela liberação da Missa e o levantamento das sanções que afetavam os bispos da Fraternidade, tornarão cada vez mais claro o caráter inevitável de grupos tradicionais. Parece que agora, dificilmente, se possa sustentar a ideia de ignorá-los.

Coando um mosquito e engolindo um camelo.

Suíça: calvinistas sim, lefebvristas não.

Por Padre Guillaume de Tanouarn | Tradução: Fratres in Unum.com – Charles Morerod é dominicano, participou das discussões doutrinais entre a FSSPX e Roma. Posteriormente, foi nomeado bispo de Lausana, Genebra e Friburgo.

Dom Charles Morerod, OP
Dom Charles Morerod

Ele acaba de publicar normas para admissão aos locais de culto, em nome dos “bispos e abades territoriais da Suíça”. Após ter recordado o direito da Igreja (ponto n° 1), ele declara que “outras Igrejas cristãs e comunidades eclesiais” poderão ter acesso aos locais de culto católicos “por razões de necessidade pastoral” (ponto nº 2). No entanto, “religiões não-cristãs” receberiam “uma resposta negativa” — este é o ponto n° 4.

Entre os pontos n° 2 e n° 4, há o ponto n°3 e é aí que mora o problema. Ele trata da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, da qual recorda a ausência de “posição canônica”, bem como de “ministérios legítimos” para seus membros. Logo, poderíamos imaginar que esta Fraternidade seria tratada como outra comunidade eclesial, ou como outra Igreja Cristã — e que seus sacerdotes se beneficiariam do ponto n° 2. Mas não é caso, eles são proibidos de « qualquer serviço sacerdotal » nas igrejas e capelas suíças.

Em termos gerais, Dom Morerod efetua uma hierarquia entre aqueles que não estão em comunhão com Roma. Os tradicionalistas da FSSPX vêm depois de outras comunidades (luteranos, ortodoxos, anglicanos, velhos católicos, calvinistas) e não têm o direito à mesma delicadeza. É o caso de tratá-los não como os irmãos separados, mas como os não-cristãos.

A mão estendida por Bento XVI é uma coisa. Mas na prática, esse desejo de acolher se mostra, de tempos em tempos, menos claro.

A última versão do Preâmbulo doutrinal vem do Papa pessoalmente.

Por Kreuz.net | Tradução: T. M. Freixinho, Fratres in Unum.com –  Em uma vídeo-entrevista para o sítio ‘pius.info’, o Padre Franz Schmidberger – superior do Distrito Alemão da Fraternidade São Pio X – resume as condições apresentadas pela Fraternidade para a “regularização” junto ao Vaticano.

Não haverá uma segunda Fraternidade

A Fraternidade deseja continuar expondo os erros do Concílio Vaticano II “no pelourinho”. Ela quer utilizar exclusivamente os livros litúrgicos antigos e exige uma promessa do Vaticano, no sentido de que futuramente os bispos da Fraternidade sejam nomeados dentre suas próprias fileiras.

Consulta ao Papa

Padre Schmidberger esclarece que a última versão do preâmbulo doutrinal – que o Vaticano entregou à Fraternidade em 13 de junho – incorporava um texto proposto por Dom Bernard Fellay.

Porém, complementos essenciais teriam sido acrescentados, “que representam um problema para nós”.

Assim, a Fraternidade informou-se junto ao Papa se a versão procedia dele ou de seus colaboradores.

Em sua resposta, o Papa assegurou que as novas sugestões seriam dele mesmo.

“Assim realmente não dá”

As novas exigências incluem – segundo o padre Schmidberger – o reconhecimento da legitimidade da Missa Nova e o reconhecimento do Concílio Vaticano Segundo.

A Fraternidade poderia discutir apenas em nuances uma ou outra formulação.

Todavia, ela precisaria basicamente estar preparada para enxergar o Concílio Pastoral em uma série ininterrupta com os concílios dogmáticos.

Comentário do padre Schmidberger: “Assim, realmente, não dá. Ocorreram rupturas que não podem ser negadas”.

Condição Anormal

Ele enfatiza que o Vaticano precisaria renunciar a essas exigências se quiser normalizar as relações com a Fraternidade.

A condição atual da Fraternidade seria “anormal”.

Entretanto, essa condição — que clama por uma normalização – não seria culpa da Fraternidade.

As conversações com Roma teriam mostrado que a Fraternidade busca a normalização e que esta depende do Papa.

[Ndr: no mesmo vídeo, Padre Schmidberger afirma acreditar que o Papa não aplicará novas penalidades sobre a FSSPX caso não se chegue um entendimento].

Política Pessoal Zigue-zague

Padre Schmidberger descreve o polêmico Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Arcebispo Gerhard Ludwig Müller, como “não muito simpático” à Fraternidade.

Ele teria assumido uma “atitude quase hostil” em relação à Fraternidade.

O Superior Distrital considera o novo Vice-Presidente da Comissão ‘Ecclesia Dei’, Arcebispo Augustine Di Noia, uma “compensação” pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Por que Dom Müller não precisa assinar um preâmbulo doutrinal?

Padre Schmidberger critica o “ensinamento heterodoxo” do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Este substitui o ensinamento da transubstanciação por uma teoria de transfinalização, segundo a qual o pão e o vinho na missa receberiam apenas uma nova qualidade.

Ele não teria também uma “noção muito clara” sobre a Virgindade de Maria.

O Papa promove essas pessoas

O novo secretário para o Culto Divino e uma capela por ele idealizada em sua diocese de origem.
O novo secretário para o Culto Divino e uma capela por ele idealizada em sua diocese de origem.

Finalmente, o padre Schmidberger critica a nomeação do Arcebispo Arthur Roche para o cargo de Secretário da Congregação para o Culto Divino.

Dom Roche seria um crítico contundente do Motu Proprio ‘Summorum Pontificum’. Ele teria feito tudo em sua diocese de Leeds, na Inglaterra, para impedir a Missa Antiga.

Chamado para destruir.

Em menos de uma semana, o novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé abalou a relação entre Santa Sé e Fraternidade São Pio X. Abaixo, publicamos um trecho da entrevista concedida ontem por Dom Müller ao jornal Mittelbayerische Zeitung.

O novo prefeito do Santo Ofício.
O novo prefeito do Santo Ofício.

As negociações entre o Vaticano e os irmãos da FSSPX são amigáveis, cristãs e humanas, mas claramente em formação. Quem quer se tornar Católico novamente deve reconhecer a autoridade do Papa e dos bispos. Ninguém deveria pensar poder impor suas próprias idéias sobre a Igreja Católica. As conversações em Roma não são negociações entre dois partidos. Nenhuma fraternidade religiosa pode impor condições à Igreja.

As negociações entre a FSSPX e o Vaticano vêm acontecendo desde janeiro de 2009. Quanto tempo ainda é necessário?

Com o tempo, o “ponto sem volta” está chegando e eles devem decidir: eles desejam a unidade da Igreja? Isso inclui a aceitação da forma e do conteúdo do Concílio Vaticano II, e as anteriores e posteriores afirmações e decisões do Magistério. Não há outro caminho.

A principal crítica da FSSPX é a permissão do Concílio Vaticano II para Missas na língua local ao invés do latim. Há alguma concessão?

O que pode ser concedido é o que, na realidade, pertence à diversidade da fé e vida Católicas. A reforma litúrgica do Vaticano II foi, com realismo, correta e necessária. Não se pode lançar polêmicas contra isso só porque há abusos.

A FSSPX acaba de qualificar o senhor como um herético, isto é, alguém que se separou da fé.

Não tenho que dar uma resposta a toda estupidez.

“Para Fellay, o novo preâmbulo doutrinal é inaceitável”.

Publicam na rede a carta do secretário-geral da Fraternidade São Pio X, na qual indica as dificuldades para aceitar o último texto apresentado pela Santa Sé.

Por Andrea Tornielli | Tradução: Fratres in Unum.com

O caminho para a plena comunhão com os lefebvrianos poderia encontrar novos obstáculos. Assim indica uma carta circular destnada aos superiores dos distritos e dos seminários da Fraternidade São Pio X, com data de 25 de junho e classificada como “confidencial”. Um site que segue com particular atenção as negociações com os tradicionalistas acaba de publicá-la. Trata-se da comunicação interna com a assinatura de Christian Thouvenot, secretário-geral da Fraternidade São Pio X, enviada da casa geral de Menzingen aos responsávels pelas comunidades lefebvrianas.

Thouvenot escreve que “segundo diversas fontes concordantes”, a versão do preâmbulo (corrigido por Fellay) “parecia satisfazer ao Soberano Pontífice”.

Em 13 de junho, indica a nota, Levada “entregou a nosso superior-geral o texto de abril, mas com correções que, em substância, voltavam a apresentar as proposições” contidas no preâmbulo doutrinal entregue a Fellay em setembro de 2011. Desta forma, se voltaria praticamente à primeira declaração doutrinal vaticana, e as mudanças propostas pelo superior da Fraternidade teriam sido rejeitadas.

Thouvenot continua: “Fellay indicou imediatamente que não poderia assinar este novo documento, claramente inaceitável. O próximo capítulo permitirá realizar uma avaliação” sobre o andamento das relações com a Santa Sé.

Na carta se informa que Fellay revogou a faculdade de participar no capítulo do bispo Williamson, “por suas posturas que convidam à rebelião e por sua desobediência” constante. Ao fim, Thouvenot confirma a notícia que circula sobre a decisão do mesmo Fellay de postergar as ordenações de religiosos dominicanos e capuchinhos que pertencem à Fraternidade (previstas para 29 de junho), porque pretende estar seguro da “lealdade destas comunidades” antes de “impor suas mãos sobre os candidatos”. Desta forma, se confirmariam as dificuldades que era possível identificar nas linhas do comunicado da Fraternidade São Pio X, publicado depois do encontro no Vaticano, em 13 de junho.

Dificuldades às quais aludiu também Alain-Marc Nely, segundo assistente geral da Fraternidade São Pio X, durante um encontro com alguns sacerdotes do distrito da França, realizado no último dia 21 de junho. Nely confirmou que as últimas mudanças feitas na declaração doutrinal entregue por Levada a Fellay não satisfazem a Fraternidade sobre pontos essenciais, como o Concílio Vaticano II e o Novus Ordo Missae, isto é, a missa nascida depois da reforma pós-conciliar. A resposta do superior lefebvriano chegará após o capítulo geral. Fellay parece convencido da importância do reestabelecimento da plena comunhão com Roma, objetivo de Bento XVI. Nely enfatizou as palavras que concluem o comunicado da Fraternidade depois do último encontro romano sobre a esperança de que continue o diálogo para chegar a uma “solução para o bem da Igreja e das almas”.

Lefebvrianos, à espera do “sim” do Papa.

Em maio, a conclusão do processo que deve devolver à Fraternidade São Pio X a plena comunhão com Roma.

Por Andrea Tornielli | Tradução: Fratres in Unum.com

A resposta que o bispo Bernard Fellay enviou ao Vaticano em 17 de abril será examinada nos próximos dias pelos cardeais e bispos na “Feria Quarta” da Congregação para a Doutrina da Fé e, posteriormente, sua decisão será submetida a Bento XVI. Durante o mês de maio está prevista a conclusão do processo que deveria devolver à Fraternidade São Pio X, fundada por Monsenhor Lefebvre, a plena comunhão com Roma, 24 anos depois das sagrações ilegítimas que provocaram a ruptura e a excomunhão do arcebispo tradicionalista e dos quatro sacerdotes que foram sagrados bispos sem a permissão do Papa. Quando for divulgada a decisão final, também será apresentado o texto do “preâmbulo doutrinal” que a Santa Sé apresentou a Fellay e à Fraternidade, e que o superior do grupo tradicionalista devolveu a Roma propondo algunas mudanças não substanciais.

Nestes últimos dias, multiplicaram-se as declarações de alguns importantes expoentes da Fraternidade São Pio X, particularmente do ramo lefebvriano mais partidário da volta à plena comunhão com Roma. O Padre Niklaus Pfluger, primeiro assistente de Fellay, em uma conferência pública em Hattersheim, Alemanha, disse que o Superior da Fraternidade, nas atuais circunstâncias, não “considera possível rejeitar a proposta do Papa”, especificando que afastar-se do desejo do Pontífice significaria “cair no sedevacantismo”. Pfluger esclareceu que restam pontos de desacordo e que a Fraternidade reivindica a liberdade de criticar alguns pontos dos documentos conciliares. Igualmente, recordou que Lefebvre já em 1988 havia assinado um acordo doutrinal com a Santa Sé que continha “muito mais concessões da parte da Fraternidade do que as que Bento XVI pede agora”.

Também cabe destacar o editorial do Padre Franz Schimidberger, superior da Fraternidade São Pio X, que escreveu na edição de maio da revista mensal do distrito alemão: “Se Roma nos chama agora do exílio que nos impôs no ano de 1975, com a revogação da aprovação” canônica da Fraternidade, “e posteriormente, em 1988, com o decreto de excomunhão contra os bispos sagrantes e sagrados”, então “se trata de um ato de justiça e, sem dúvida, também um ato de autêntica atenção pastoral do Papa Bento XVI” . Ainda mais significativo é o artigo de outro membro histórico da Fraternidade, Padre Michel Simoulin, publicado no número de maio do boletim «Seignadou», do priorado de Saint-Joseph-des-Carmes: também ele volta a falar do acordo assinado por Lefebvre e Ratzinger em 1988, explicando que naquele momento a ruptura não ocorreu pelo preámbulo doutrinal, mas por um motivo prático. Lefebvre, de fato, não confiou nas garantias do Vaticano sobre a possibilidade de poder consagrar um bispo como seu sucessor: “Pelo que o processo foi paralizado não por uma questão doutrinal, nem pelo estatuto oferecido à Fraternidade – escreveu o pe. Simoulin – mas pela data da sagração do bispo”.

Padre Simoulin, respondendo às objeções internas daqueles lefebvrianos que não desejam o acordo com Roma, recorda que Ratzinger, “uma vez Papa, nos disse que a Missa Tridentina não foi nunca abrogada (7 de julho de 2007: “Pelo que se permite celebrar o sacrifício da missa segundo a edição típica do Missal Romano promulgado pelo beato João XXIII, em 1962, e nunca abrogada”); reabilitou os nossos quatro bispos (21 de janeiro de 2009); aceitou que realizássemos discussões doutrinais durante dois anos, coisas que Monsenhor Lefebvre não pediu em 1988. Não exageramos ao dizer que Monsenhor Fellay obteve mais do que pediu Monsenhor Lefebvre, sem possuir nem o seu prestígio nem a sua autoridade moral. Então, devemos ser ainda mais exigentes que Monsenhor Lefebvre e que Monsenhor Fellay?”. Simoulin conclui reiterando que a situação atual é distinta à de 1975 e de 1988, e quem afirma o contrário o faz porque rechaça “qualquer tipo de reconciliação com Roma”, mostrando “talvez também uma falta de fé na santidade da Igreja”. “A Fraternidade São Pio X não é a Igreja e não pode respeitar o legado de seu fundador senão conservando o seu espírito, o seu amor pela Igreja e o seu desejo de servi-la como um filho que a ama”.

Voltar a ler a parte doutrinal do “protocolo de acordo” assinado por Lefebvre em 5 de maio de 1988 pode ser útil para compreender parte do conteúdo do “preâmbulo doutrinal” do qual se tem falado nos últimos meses, cujo texto ainda não foi divulgado, pela possibilidade, prevista desde o início, de mudanças e formulações com expressões distintas. O fundador da Fraternidade prometia fidelidade ao Papa, declarava “aceitar a doutrina contida no número 25 da Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II sobre o magistério eclesiástico e  sua devida adesão”. No que se refere à divergência sobre algumas passagens conciliares, afirmava: “Acerca de alguns pontos do Concílio Vaticano II, ou relacionados às reformas posteriores da liturgia e do direito, e que nos parecem dificilmente conciliáveis com a tradição, comprometemo-nos a adotar uma atitude positiva e de comunicação com a Sé Apostólica, evitando qualquer tipo de polêmica”. Igualmente, Lefebvre declarava “reconhecer a validez do sacrifício da Missa e dos sacramentos celebrados com a intenção de fazer o que a Igreja faz e segundo os ritos indicados nas edições típicas do missal romano e dos rituais dos sacramentos promulgados pelos Papas Paulo VI e João Paulo II”. E, por último, prometia “respeitar a disciplina comum da Igreja e as leis eclesiásticas”.

Como podemos ver, também em 1988, no documento acordado com o então Cardeal Joseph Ratzinger, era evidente a existência de “certos pontos” considerados pelos lefebvrianos como “dificilmente conciliáveis” com a tradição. Mas este desacordo não deveria ter impedido a plena comunhão. Há 24 anos os acontecimentos tomaram outra direção: houve um ato cismático e as excomunhões. Atualmente, após quase um quarto de século, esta ferida pode ser curada.

Porta-voz da FSSPX: “esclarecimento” à Santa Sé nos próximos dias.

D. Bernard Fellay e e Pe. Lorans.
D. Bernard Fellay e e Pe. Lorans.

Por TMNews | Tradução: Fratres in Unum.com – Os lefebvrianos estão enviando nestes dias um esclarecimento ao Vaticano, após uma declaração peremptória lançada pela Santa Sé em meados de março e esperam, então, um novo pronunciamento do Vaticano: assim declarou para Tmnews, em Paris, o porta-voz da Fraternidade Sacerdotal tradicionalista Padre Alain Lorans.

[…]

“Estamos comunicando a resposta ao Vaticano e depois esperamos uma resposta do Vaticano”, disse o responsável pelas comunicações dos lefebvrianos. “Só então poderemos nos comunicar oficialmente com jornalistas”.

O porta-voz dos lefebvrianos, então, esclarece que a indicação de tempo [ndr: O pe. Lombardi disse que a FSSPX teria “um mês” para se pronunciar] “não era um ultimato, mas um prazo”. Quanto à comunicação que Dom Fellay está enviando a Roma nestes dias, não se trataria propriamente de uma segunda resposta, mas de alguns “esclarecimentos”, que, no entanto, “não modificam substancialmente a primeira resposta”. Para o Padre Lorans, portanto, “nos próximos dias as coisas ficarão claras”.

Insuficiente?

Por Christopher A. Ferrara, The Remnant | Tradução: Fratres in Unum.com

Segunda-feira, 26 de outubro de 2009. Membros da delegação da FSSPX, ao fundo no centro, chegam ao Vaticano. AP Photo/Gregorio Borgia
Segunda-feira, 26 de outubro de 2009. Membros da delegação da FSSPX, ao fundo no centro, chegam ao Vaticano. AP Photo/Gregorio Borgia

No dia 16 de março, um comunicado não assinado da Sala de Imprensa do Vaticano afirmou que uma “avaliação” secreta da resposta secreta de Dom Fellay ao “preâmbulo Doutrinal” secreto, oriundo dos procedimentos secretos das conferências entre o Vaticano e a FSSPX, determinou (secretamente) que a resposta “é insuficiente para superar os problemas doutrinais que estão na base da divisão entre a Santa Sé e a mencionada Fraternidade [FSSPX]”. Dom Fellay foi “convidado a gentilmente esclarecer sua posição de modo a sanar a presente divisão, como deseja o Papa Bento XVI”.

Ainda não sabemos exatamente quais são os “problemas doutrinais” em questão ou qual fórmula seria suficiente para “esclarecê-los”. Isso é segredo. O que sabemos é que, na data do comunicado, Dom Fellay encontrou-se com o Cardeal Levada e outros oficiais da Congregação para a Doutrina da Fé – em segredo, é claro – para discutir uma cura para a “divisão” entre a Fraternidade e a Santa Sé, a fim de “evitar uma ruptura eclesial de conseqüências dolorosas e incalculáveis…”.

De acordo com a Agência de Notícias italiana AGI, durante essa reunião “uma ruptura completa foi evitada pela Santa Sé, deixando claro que Bento XVI ainda espera uma recomposição”. Mas apesar da ruptura ter sido evitada, a divisão permanece e, de acordo com a Rádio Vaticana, “Dom Fellay é convidado a esclarecer sua posição para conseguir sanar a divisão existente, como é desejo do Papa Bento XVI, de hoje até o dia 15 de abril”.

Assim, parece que há uma data limite para sanar a divisão de modo a evitar uma ruptura, através de um esclarecimento de problemas doutrinais para que possa haver uma recomposição. Notem que, curiosamente, evita-se a terminologia tradicional de “cisma”, “heresia”, “profissão de fé” e “retorno dos dissidentes para a única Igreja verdadeira”. De fato, não consegui localizar em lugar algum uma declaração do Vaticano afirmando que a FSSPX abraça qualquer doutrina que seja contrária à Fé ou que seus partidários individuais não são católicos em bons termos (em oposição ao problema do status formal da “missão canônica” da SSPX). A palavra “cisma” igualmente não mais aparece nos anúncios vaticanos a respeito da atual posição da FSSPX.

Não, isto é simplesmente uma questão de se providenciar – em segredo – um esclarecimento dos problemas doutrinais secretamente discutidos em relação ao Concílio Vaticano II. Então, a divisão seria sanada, nenhuma ruptura ocorreria e uma “recomposição” aconteceria. Não é necessário que nós saibamos os detalhes.

Minha revisão admitidamente apressada dos boletins da Sala de Imprensa Vaticana não revela tais procedimentos estranhos a respeito de nenhum outro indivíduo católico ou grupo de católicos entre o bilhão de almas que pertencem à nossa Igreja em crise. Parece não haver nenhuma outra intimação para discutir “problemas doutrinais” com a Congregação para a Doutrina da Fé e para resolvê-los antes que uma “recomposição” possa ocorrer. Poderia parecer que ninguém na Igreja inteira tem quaisquer problemas doutrinais a serem resolvidos urgentemente sob prazos apertados, salvo a FSSPX e seus membros.

Tampouco parece que o Vaticano está preocupado com divisões, rupturas ou recomposições de legiões de católicos em cada continente, incluindo numerosos bispos e padres, que não mais aderem aos ensinamentos da Igreja que não aprovem pessoalmente. Todos conhecem os exemplos óbvios, como a desobediência quase universal a respeito do ensinamento infalível sobre o casamento e a procriação. Mas considerem também a recusa da totalidade da hierarquia da Itália e da Alemanha em adotar as correções estabelecidas para as traduções vernáculas da Missa Novus Ordo que infestaram a Igreja por 40 anos até que o Vaticano finalmente ordenasse as correções. Pode tirar o cavalo da chuva, Papa!

Também existe aquele movimento de padres na Áustria, liderados pelo antigo vigário geral do Cardeal Schönborn, Helmut Schüller que, como Sandro Magister noticia, “tem, entre seus objetivos a abolição do celibato clerical e a reintegração ao ministério sacerdotal de padres ‘casados’ e suas concubinas”. A revolta, “abertamente apoiada por 329 padres, ameaçou causar uma ruptura na Igreja Austríaca semanas antes da visita de 22 a 25 de setembro do Papa Bento XVI à vizinha Alemanha”. Os dissidentes emitiram um “Chamado à Desobediência”, que exige “clero casado, mulheres padres e outras reformas” e tem o apoio de “3/4 da população pesquisada neste país tradicionalmente Católico Romano”.

Os líderes da revolta declararam abertamente que “vão desobedecer às leis da Igreja ao dar a Comunhão aos protestantes e católicos divorciados e recasados ou ao permitir que leigos preguem e dirijam paróquias sem padre”. Schüler declara abertamente que “muitos padres já estão silenciosamente desobedecendo às leis de qualquer jeito, muitos com o conhecimento de seus próprios bispos, e a sua campanha tem como meta forçar a hierarquia a concordar em mudar”. Sandro Magister chama isso de cisma – não uma divisão ou uma ruptura, mas simplesmente um cisma. Evidentemente, ele está certo. E cismas como este abundam hoje em dia.

Eu poderia continuar catalogando a dissidência institucionalizada da doutrina e da práxis que se levantou na Igreja desde o Concílio Vaticano II eternamente. Muitos livros seriam necessários para meramente pesquisá-la. O Vaticano não faz nada, ou quase nada, para punir tal dissidência. Mas, então, todos já ouvimos a conversa neo-católica: o Papa [complete com o nome] teme um confronto com os dissidentes nas hierarquias nacionais com receio de que isso cause um cisma. Ou seriam divisões e rupturas?

Com relação à FSSPX, porém, estranhamente não há temor de provocar uma divisão, uma ruptura, um cisma, um seja lá o que for. À FSSPX foi dado até o dia 15 de abril para que esclareçam seus problemas doutrinais. Ou senão… Ou senão o quê? Uma re-excomunhão dos quatro bispos? Como isso poderia ser visto como outra coisa senão algo ridículo, mesmo pela mídia que vem torcendo pelo permanente ostracismo da FSSPX em nome do Concílio? Uma declaração de cisma?

Embasada em quê? Os bispos da FSSPX sequer foram acusados de recusar obedecer ao Romano Pontífice, senão somente de deixar de providenciar um esclarecimento “suficiente” de problemas doutrinais não especificados e secretamente discutidos. A FSSPX corre à Roma sempre que é convocada para discutir a questão. Como tal conduta pode possivelmente constituir um cisma?

Isto sugere um paradoxo: a FSSPX está enfrentado ameaças disciplinares veladas precisamente porque ela obedece e leva a sério tais ameaças. Essa perseguição à FSSPX me lembra o raciocínio da guerra contra o Iraque para “combater o terrorismo”: a conquista do Iraque era um “objetivo conquistável” ainda que não existisse de fato nenhum campo da Al Qaeda por lá. Ao esmagar uma ditadura insignificante que ofereceria pouca resistência, os Estados Unidos poderiam fingir que estavam lutando contra os “malvados”.

Talvez depois do dia 15 de abril algo não muito agradável acontecerá à FSSPX. Algo secreto. Algum mecanismo canônico pode aparecer de repente. Talvez algum tipo de ultra-excomunhão está sendo considerado, apesar de absurdo. Muito provavelmente, porém, nada acontecerá. O Vaticano continuará simplesmente a deplorar a divisão que poderia tornar-se uma ruptura quando, na verdade, todos sabem que a FSSPX e seus membros são, simplesmente, católicos que estão sendo forçados a agir como ninguém na história da Igreja jamais teve que agir. Enquanto isso, ninguém no Vaticano falará sobre a divisão ou ruptura na Áustria ou em qualquer outro lugar onde os ensinamentos fundamentais do Magistério e as diretivas papais estão sendo ignorados.

Mas honestamente: como nenhum dos notórios chefes da atual pandemia de dissidência da fé e da moral foi chamado ao Vaticano para que “esclareça” seus “problemas doutrinais”? Por que a nenhum deles foi dado um prazo para que “esclareça sua posição, de modo a sanar a atual divisão”?

A resposta se encontra naquilo que todos os dissidentes têm em comum: todos eles adoram o Vaticano II. Nenhum deles tem qualquer “problema doutrinal” com o Concílio. Muito pelo contrário, o Concílio lhes dá transportes de alegria. Eles celebram o Concílio como a Magna Carta de sua libertação da Tradição. O “problema doutrinal” deles diz respeito somente àquilo que a Igreja constantemente ensinou e acreditou antes do Concílio. Você sabe: dogmas definidos, esse tipo de coisa.

Se o Concílio pode ser corretamente caracterizado dessa forma não é a questão. A questão é que os dissidentes que povoam abundantemente a Igreja hoje em dia percebem-no desta forma e, portanto, aceitam tal caracterização sem reservas. Assim, não há necessidade de nenhum convite urgente para ir ao Vaticano. A resposta que dão ao Concílio é “suficiente” o bastante. Mas a resposta da FSSPX ao concílio é “insuficiente”. A FSSPX deve esclarecer sua posição respeitando os imprecisos textos conciliares de acordo com uma “hermenêutica da continuidade” a qual o Papa constantemente se refere, mas que nunca foi explicitada.

O Concílio, o Concílio, o Concílio. Só o Concílio importa. É por isso que só a FSSPX enfrenta o prazo final do dia 15 de abril, para evitar “uma ruptura eclesiástica de dolorosas e incalculáveis conseqüências”. Evidentemente, a partir da perspectiva Vaticana, não há nada doloroso ou incalculável a respeito da apostasia do mundo ocidental que os padres e bispos vêm administrando desde… bem, desde o Concílio.

Permitam-me sugerir algumas questões que talvez pertençam com mais propriedade no arquivo “insuficiente” do Vaticano. Talvez as autoridades vaticanas possam estabelecer alguns prazos para tratar de tais questões, que dizem respeito ao bem comum de toda a Igreja, ao invés de “problemas doutrinais” que quatro bispos tradicionalistas expressaram a respeito de documentos conciliares reconhecidos como problemáticos praticamente por todos, incluindo o próprio Papa:

  • “Insuficiente”: a fé de milhares de católicos, incluindo bispos e padres rebeldes, que não mais se importam com o que Papas ou Concílios sempre ensinaram com relação às questões de fé e moral naquilo que decidiram ir contra.
  • “Insuficiente”: uma liturgia Romana que, como o Papa afirmou quando Cardeal Ratzinger, entrou em “colapso” por causa de uma “ruptura na história da liturgia”, cujas “conseqüências só poderiam ser trágicas”.
  • “Insuficiente”: a defesa da Hierarquia Católica das “duras verdades” frente à rejeição popular, bem como seu fraco-quase-inexistente testemunho contra a suave tirania da nação-estado moderno, ao qual os homens da Igreja se renderam completamente de acordo com um programa de “diálogo”, “ecumenismo”, “liberdade religiosa” e “abertura ao mundo” que o Concílio Vaticano II inaugurou – refletindo os “problemas doutrinais” que a FSSPX foi chamada a “esclarecer”.
  • “Insuficiente”: o esforço de livrar as dioceses dos homossexuais, dos hereges, dos catecismos heréticos e de programas depravados de “educação sexual”.
  • “Insuficiente”: as tentativas absurdas de realizar a “consagração da Rússia” enquanto deliberadamente deixam de mencionar a Rússia, pois os burocratas do Vaticano acham imprudente honrar o pedido da Virgem Prudentíssima.
  • “Insuficiente”: a condição geral da Igreja onde, mais de 40 anos após a “renovação conciliar”, vastos números de católicos nominais exibem o que João Paulo II descreveu como uma “apostasia silenciosa” e onde grande parte da hierarquia exibe o que a irmã Lúcia de Fátima chamou de “desorientação diabólica”.
  • “Insuficiente”: a liberação do Terceiro Segredo de Fátima no ano 2000, onde falta a explicação de Nossa Senhora sobre uma visão tão ambígua quanto os documentos do Vaticano II.

E, finalmente, há a abordagem geral do Vaticano com relação à FSSPX. Ela deveria ser regularizada imediatamente – unilateral e incondicionalmente, com permissão para operar independentemente dos bispos que estão cantando louvores ao Vaticano II enquanto fecham escolas, fecham paróquias, ignoram ou desafiam o Summorum Pontificum, se aproximam de grupos de “católicos gays”, administram o Santíssimo Sacramento a hereges públicos e sorriem como loucos enquanto sufocam a vida da Igreja.

Somente uma renovação católica como a que foi produzida de modo independente e com apoio papal pelos monastérios de Cluny pode restaurar a Igreja agora. A FSSPX está preparada para ter um papel importante nessa renovação. Negar à FSSPX este papel simplesmente para continuar a barganhar a respeito das ambigüidades de um Concílio que ninguém parece conseguir esclarecer é insuficiente. Rezemos para que o Papa traga este espetáculo ridículo a um fim para o bem da Igreja e do mundo.

Dom Williamson responde a Monsenhor Nicola Bux: que o Papa consagre a Rússia ao Imaculado Coração de Maria!

Fonte: Eleison Comments CCXLV | Tradução: Fratres in Unum.com

Monsenhor,

Em uma carta aberta de 19 de março endereçada a Dom Fellay e a todos os padres da FSSPX, o senhor apelou a nós para que aceitássemos a sincera e afetuosa oferta de reconciliação que o Papa Bento XVI está fazendo à FSSPX para a cura da longa fratura entre Roma e a FSSPX. Permita que um dos bispos da FSSPX tome para si a responsabilidade de lhe expressar o que pensa poder ser a resposta daquele “grande homem da Igreja”, Dom Lefebvre.

A sua carta começa com um apelo para “todo sacrifício em nome da unidade”. Mas não pode haver unidade Católica senão fundada na verdadeira Fé Católica. O grande Arcebispo fez todo sacrifício pela unidade na verdadeira doutrina da Fé. Infelizmente, as discussões doutrinais de 2009-2011 provaram que a fratura doutrinal entre a Roma do Vaticano II e a FSSPX continua tão grande como sempre. Mas a Fé sacrificada pela unidade seria uma unidade infiel.

É claro que a Igreja é uma instituição tanto humana como divina. É claro que o elemento divino não pode falhar, então é claro que a Igreja ao fim não pode falhar, e o sol nascerá de novo. Mas se poderia divergir quando o senhor diz que o amanhecer está perto, pois a verdadeira Fé que a FSSPX defendeu nas discussões não está brilhando desde a Roma do Vaticano II, do que decorre que nela a FSSPX não poderia estar em segurança. Nem poderia trazer luz se ela mesma adotasse a escuridão Conciliar.

A sinceridade do desejo do Papa em acolher de volta a FSSPX na “plena comunhão eclesial”, como demonstrada em uma série de gestos de verdadeira boa vontade, não está em dúvida, mas “uma profissão de fé comum” entre a FSSPX e aqueles que crêem no Vaticano II não é possível, ao menos que a FSSPX abandonasse aquela Fé que defendeu nas discussões. E quando a FSSPX grita “Deus não permita!” para essa deserção, longe de sua voz ser sufocada, ela é ouvida em todo o mundo.

Certamente, “esta é a hora apropriada”, certamente “chegou o momento favorável” para aquela solução aos cruéis problemas da Igreja e do mundo a que a Mãe do Céu há muito chama, e que depende apenas do Santo Padre. Esta solução clara há muito é conhecida.

Como os Céus poderiam ter deixado o mundo em tal agonia como a dos últimos 100 anos sem dar uma solução como aquela dada pelo Profeta Elias para a lepra do general sírio Namaã? Humanamente falando, a solução parecia ridícula, mas ninguém diria que era impossível. Ela pedia meramente alguma fé e humildade. O general pagão uniu suficiente fé e confiança no homem de Deus para fazer o que os Céus pediam, e, é claro, ele foi curado instantaneamente.

Que o Santo Padre reúna fé e confiança o suficiente na promessa da Mãe do Céu! Que ele agarre este “momento oportuno” antes que homens totalmente loucos tenham sucesso em lançar uma Terceira Guerra Mundial no Oriente Médio! Que ele, imploramos, suplicamos, salve a Igreja e o mundo ao fazer meramente o que a Mãe do Céu pediu. Não é impossível. Ela superaria todos os obstáculos em seu caminho. Certamente, apenas ele pode agora nos salvar de sofrimentos inimagináveis e desnecessários.

E se ele desejar qualquer apoio, na oração ou na ação, da humilde FSSPX para ajudá-lo a consagrar a Rússia ao Seu Imaculado Coração, em união com todos os bispos do mundo, que a Mãe do Céu reuniria, ele sabe que poderia contar primeiro e antes de tudo com o de Dom Fellay e dos outros três bispos da FSSPX, o menor dos quais é

Seu devoto servo em Cristo,

+ Richard Williamson.

[Atualização – 26 de março de 2012, às 08:07 – Um dia após a publicação de nossa tradução da coluna de Dom Williamson, recebemos uma versão corrigida, com alguns acréscimos (em negrito) e exclusões (grifadas) cuja tradução apresentamos abaixo].

RESPOSTA ABERTA À CARTA ABERTA DE MONSENHOR NICOLA BUX (Versão Corrigida)

(antecipando 24 de março de 2012, com permissão para cópia) Londres, 24 de março de 2012.

Monsenhor,

Em uma carta aberta de 19 de março endereçada a Dom Fellay e a todos os padres da FSSPX, o senhor apelou a nós para que aceitássemos a sincera e afetuosa oferta de reconciliação que o Papa Bento XVI está fazendo à FSSPX para a cura da longa fratura entre Roma e a FSSPX. Permita que eu, como um dos padres da FSSPX a quem o senhor se dirigiu, tome para mim o encargo de lhe dar a minha opinião quanto ao que poderia ter sido a resposta daquele “grande homem da Igreja”, Dom Lefebvre.

A sua carta começa com um apelo para “todo sacrifício em nome da unidade”. Mas não pode haver unidade Católica senão fundada na verdadeira Fé Católica. O grande Arcebispo fez todo sacrifício pela unidade na verdadeira doutrina da Fé. Infelizmente, as discussões doutrinais de 2009-2011 provaram que a fratura doutrinal entre a Roma do Vaticano II e a FSSPX continua tão grande como sempre. Mas a Fé sacrificada pela unidade seria uma unidade infiel.

Quanto a essa fratura mencionada em 19 de março como nada mais que “perplexidades remanescentes, pontos a serem aprofundados ou detalhados”, porém, em 16 de março, o Cardeal Levada foi categórico no sentido de que a posição tomada por Dom Fellay em 12 de janeiro é “insuficiente para superar os problemas doutrinais”. Dom Fellay certa vez observou como os clérigos de Roma podem divergir entre si, mas seja lá o que for a sua unidade, de qualquer maneira a Fé sacrificada pela unidade seria uma unidade infiel.

É claro que, como o senhor nos lembra, a Igreja é uma instituição tanto divina como humana. É claro que o elemento divino não pode falhar, então, é claro que a Igreja ao fim não pode falhar, e o sol nascerá de novo. Mas se poderia divergir quando o senhor diz que o amanhecer está perto, pois a verdadeira Fé que a FSSPX defendeu nas Discussões não está brilhando desde a Roma do Vaticano II, onde, de acordo com a FSSPX, não poderia estar em segurança. Nem poderia trazer luz se ela mesma adotasse a escuridão Conciliar.

A sinceridade do desejo do Papa em acolher de volta a FSSPX na “plena comunhão eclesial”, como demonstrada em uma série de gestos de verdadeira boa vontade, não está em dúvida, mas “uma profissão de fé comum” entre a FSSPX e aqueles que crêem no Vaticano II não é possível, ao menos que a FSSPX abandonasse aquela Fé que defendeu nas Discussões. E quando a FSSPX grita “Deus não permita!” para essa deserção, longe de sua voz ser sufocada, ela é ouvida em todo o mundo, e ela produz frutos católicos para  a Igreja, que, hoje em dia são a expectativa mais que a regra.

Certamente, “esta é a hora apropriada”, certamente “chegou o momento favorável” para uma solução aos cruéis problemas da Igreja e do mundo. Entretanto, é essa solução pela qual a Mãe do Céu há muito clama, e que depende apenas do Santo Padre. De fato, quando Nosso Senhor a colocou nas mãos de Sua Mãe, ela disse que nenhuma outra solução funcionaria, a fim de que Ele não pudesse deixar qualquer outra solução funcionar sem fazer a sua Mãe de mentirosa! Inconcebível.

A solução é conhecida há muito tempo, porque como os Céus poderiam ter deixado o mundo em tal agonia como a dos últimos 100 anos sem dar uma solução como aquela dada pelo Profeta Elias para a lepra do general sírio Namaã? Humanamente falando, banhar-se no Rio Jordão parecia ridículo, mas ninguém diria que era impossível. Era preciso somente alguma fé e humildade. O general pagão reuniu bastante fé e confiança no homem de Deus para fazer o que os Céus pediam, e, é claro, ele foi curado instantaneamente.

Que o Santo Padre reúna fé e confiança o suficiente na promessa da Mãe do Céu! Que ele agarre este “momento oportuno” antes que a economia global se desmorone, e antes que homens loucos tenham sucesso em lançar uma Terceira Guerra Mundial no Oriente Médio! Que ele, imploramos, suplicamos, salve a Igreja e o mundo ao fazer meramente o que a Mãe do Céu pediu. Não é impossível. Ela superaria todos os obstáculos em seu caminho. Ao fazer o que ela lhe pede, apenas ele pode agora nos salvar de sofrimentos inimagináveis e desnecessários.

E se ele desejar qualquer apoio, na oração ou na ação, com o qual a humilde FSSPX possa ajudá-lo a consagrar a Rússia ao Seu Imaculado Coração, em união com todos os bispos do mundo, que a Mãe do Céu reuniria, ele sabe que poderia contar primeiro e antes de tudo com o de Dom Fellay e dos outros três bispos da FSSPX, o menor dos quais é

Seu devoto servo em Cristo,

+ Richard Williamson.

Um mês.

Rádio Vaticano | Tradução: Fratres in Unum.com – A Santa Sé deu um mês à Fraternidade Sacerdotal São Pio X para que ela esclareça sua posição. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé assim indicou aos jornalistas. Uma carta foi endereçada, em nome do Papa, pela Congregação para a Doutrina da Fé a Dom Bernard Fellay, superior da Fraternidade.