Prossegue a operação “Canonizando o Concílio”.

D. Aviz: beatificação de Paulo VI será positiva para AL

Por José Maria Mayrink – Agência Estado: O papa Paulo VI, que morreu em 1978, será o próximo pontífice a ser declarado santo. Sua beatificação ocorrerá até o fim do ano e será feita em Milão, onde ele foi arcebispo e cardeal com o nome de Giovanni Battista Montini, antes de ser eleito para a sucessão de São João XXIII no conclave de 1963. A cerimônia deverá ser presidida pelo arcebispo da arquidiocese, cardeal Angelo Scola, ou pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato.

Os teólogos e os peritos médicos da Congregação reconheceram como milagre necessário para a beatificação a cura de um nascituro da Califórnia, nos Estados Unidos, no início dos anos 1990. Segundo os médicos que acompanhavam a gravidez, a mãe teria de fazer aborto para sobreviver, porque o feto apresentava graves problemas no cérebro. Ela se recusou e recorreu à intercessão de Paulo VI, que escreveu em a encíclica Humanae Vitae (a Vida Humana) em 1968. A criança nasceu sadia. 

A beatificação e posterior canonização de Paulo VI será importante para a Igreja e especialmente importante para a América Latina, por causa de sua atuação no Concílio Vaticano II, ao qual deu continuidade após a morte de João XXIII”, declarou ao Estado o cardeal brasileiro d. João Brás Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, mais conhecida como Congregação para os Religiosos. 

O cardeal lembrou também o apoio que Paulo VI deu com sua presença à Conferência do Episcopado da América Latina de Medellín, realizada na Colômbia, em 1968. Para o cardeal Aviz, a beatificação de Paulo VI dará novo impulso aos documentos aprovados pelo Concílio Vaticano II. “Já se passaram 50 anos e, no entanto, metade das conclusões do Concílio ainda não foram postas em prática, o que significa que falta fazer muita coisa”, disse o cardeal. Ele citou como exemplo o que pode ser atualizado, à luz do Vaticano II, na área dos religiosos. “Precisamos de mais diálogo, porque não funciona mais o autoritarismo de tempos passados[ndr – dislexia cardinalícia I: pelo contrário, são 50 anos de demonstrações claríssimas de que o tal diálogo está levando a vida religiosa para o abismo], afirmou. 

A Congregação para os Religiosos tem cerca de 1,5 milhão de padres e freiras nos cinco continentes. “O número de religiosos tem caído na Europa, mas há um crescimento em outras partes, como na África e na América Latina[ndr – dislexia cardinalícia II – crescimento na América Latina? Em que planeta o purpurado vive?], informou o cardeal Aviz. Catarinense da cidade de Mafra, onde nasceu em 1947, ele foi cardeal arcebispo de Brasília de 2004 a 2011, quando o papa Bento VI o chamou para a Cúria Romana, O papa Francisco o confirmou no cargo em 16 de março último.

Socci: Ratzinger é o alvo verdadeiro dos novos inquisidores. A autodemolição da Igreja lamentada por Paulo VI recomeça.

Os novos inquisidores contra Ratzinger. Recomeça a autodemolição da Igreja.

Por Antonio Socci | Tradução: Fratres in Unum.com

Houve grandes papas cujos pontificados foram praticamente solapados pelos erros dos eclesiásticos que lhes eram próximos. Esse risco também existe para o papa Francisco.

De fato, há episódios, decisões e “explosões bizarras” bastante desconcertantes por parte de alguns prelados. Penso no Cardeal Maradiaga e no Cardeal Braz de Aviz, que se sentem tão poderosos no Vaticano que usam o porrete tanto contra o Prefeito do antigo Santo Ofício, Müller, bem como contra os Franciscanos da Imaculada.

CONTRA BENTO XVI

Os alvos de suas “porretadas” (dadas, obviamente, em nome da misericórdia) são aqueles que, de diversas maneiras, são identificados como paladinos da ortodoxia católica e que mantiveram relações com Bento XVI.

O verdadeiro alvo, de fato, parece ser justamente ele: o “culpado” de tantas coisas: desde sua condenação histórica da Teologia da Libertação e defesa da sã doutrina até o Motu Proprio sobre a Liturgia.

O Cardeal Oscar Maradiaga é arcebispo de Tegucigalpa, em Honduras, diocese em decadência. Porém, o prelado, que circula pelos palcos dos meios de comunicação mundanos, recentemente deu o que falar por causa da entrevista que concedeu a um jornal alemão, onde – além dos lixo new age e banalidades terceiro-mundistas – atacou publicamente o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, a quem o papa recentemente concedeu a púrpura cardinalícia. Igualmente escandaloso é constatar que Maradiaga é o chefe da comissão que deveria reformar a Cúria.

O que havia acontecido? Müller, chamado a esse cargo por Bento XVI e confirmado por Francisco, há poucos meses reiterou que, mesmo buscando novos caminhos pastorais (já indicados por Bento XVI), o próximo Sínodo sobre a família não pode subverter a lei de Deus com “um falso apelo à misericórdia” no que diz respeito à família homem-mulher, estabelecida por Jesus no Evangelho e que sempre foi ensinado pela Igreja.

SHOW DO MARADIAGA 

Müller, que já havia sido atacado pessoalmente por Hans Küng, [agora] foi liquidado por Maradiaga com essas palavras: “ele é um alemão e também um professor alemão de teologia. Em sua mentalidade existe só o verdadeiro e o falso. Só isso. Porém, eu digo: meu irmão, o mundo não é assim, você deveria ser um pouco flexível.” Essas palavras escandalizaram muitos fieis. Acima de tudo porque a alusão ao “professor alemão de teologia”, inevitavelmente, faz pensar que o alvo fosse Bento XVI, que chamou Müller para aquela função. E também porque um ataque público entre cardeais é algo completamente fora de propósito, como se Müller estivesse ali para sustentar a sua teologia pessoal e não o ensinamento constante da Igreja e de todos os papas.

No final das contas, segundo Maradiaga, seria equivocado avaliar a realidade em termos de verdadeiro ou falso, – ele se esquece que Jesus Cristo, no Evangelho, deu este preciso mandamento: “Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno” (Mt 5,37).

Será que Maradiaga prefere “Tudo o que passa além disto ” ao anúncio da Verdade? Quanto aos temas relacionados à família, em que [atualmente] temos uma ofensiva ideológica semelhante àquela marxista dos anos setenta, diversos eclesiásticos estão prontos – justamente como naquele tempo – a entregar os pontos.

E eles o fazem também com os sofismas de Maradiaga, que afirmou que as palavras de Jesus sobre o matrimônio são vinculantes, “porém, elas podem ser interpretadas”, uma vez que hoje em dia há muitas novas situações de coabitação e há necessidade de “respostas que não podem mais se basear no autoritarismo e o moralismo”.

Essa frase sozinha liquida todo o Magistério da Igreja: evidentemente, de acordo com Maradiaga, até mesmo Nosso Senhor era autoritário e moralista, uma vez que Ele se expressou com grande clareza.

Mas o que significa “mais cuidado pastoral do que doutrina”? Todo grande pastor, de Santo Ambrósio a São Carlos Borromeu, de Dom Bosco a Padre Pio, foi um paladino da doutrina.

Maradiaga diz que a família precisa de “respostas adaptadas ao mundo de hoje”. Essas são palavras vazias e alusivas, que alimentam dúvidas e confusões. E essa é a maneira típica que hoje em dia está se espalhando na Igreja para suscitar indagações sem dar respostas.

A esse respeito, Santo Tomás de Aquino expressou-se assim: “Bem, estes são falsos profetas ou falsos doutores, pois levantar uma dúvida e não a resolver é o mesmo que concedê-la” (Sermão Attendite a falsis prophetis).

Atualmente, existem na Igreja pessoas que preferem o famoso questionário relativo ao Sínodo (que foi enviado a todas as dioceses do mundo e que é apresentado por alguns como uma pesquisa) às palavras de Jesus relatadas no Evangelho, como se a Verdade revelada devesse ser substituída pelas mais diversas opiniões.

AUTODEMOLIÇÃO

Também isso nos faz voltar aos anos Setenta, quando Paulo VI alarmado denunciava:

“Assim, a verdade cristã está passando por choques e crises assustadoras. Eles não aceitarão o ensinamento do Magistério […] Há alguns que tentam facilitar fé esvaziando-a – a fé integra e verdadeira – daquelas verdades que parecem ser inaceitáveis à mentalidade moderna. Eles seguem os seus próprios gostos, para escolher uma verdade que seja considerada aceitável… Outros estão em busca de uma nova fé, especialmente, uma nova crença sobre Igreja. eles estão tentando conformá-la às ideias da sociologia moderna e da história profana”. 

É como varrer os pontificados de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI para voltar à tenebrosa década de 70, à autodemolição da Igreja (conforme  definição de Paulo VI).

Não é uma renovação, mas o retorno ao passado mais desastroso.

A VERGONHA

Outro episódio de autodemolição da Igreja é a perseguição aos “Franciscanos da Imaculada”, uma das famílias religiosas mais ortodoxas, mais vibrantes (cheias de vocações), mais ascéticas e missionárias. Porém, a sua zelosa fidelidade a Bento XVI (como já escrevi nessa coluna) começando com o seu Motu Proprio sobre a liturgia, não foi perdoada.

A inversão de papéis é chocante. De fato, no banco dos réus temos católicos obedientes e no papel de inquisidor temos o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, que, em uma longa entrevista, proferiu palavras nostálgicas de elogio à desastrosa Teologia da Libertação, pouco se lixando para a condenação que lhe fizeram Ratzinger e João Paulo II.

Braz de Aviz confessou tranquilamente que, naquela época, ele estava pronto a abandonar o seminário por aquelas ideias sociais. Entretanto, ele fez carreira. Atualmente, ele é o chefe da Congregação para os religiosos, e ele sequer é um religioso.

O prelado, que proclama ser muito amigo da Comunidade de Santo Egidio, tem uma ideia estranha de diálogo. Para ele, isso é importante para todos, menos para os católicos mais fieis ao Magistério.

Quando era arcebispo de Brasília, ele participou tranquilamente e foi palestrante em uma conferência do Fórum Espiritual Mundial com o ex-frei Leonardo Boff, líder da Teologia da Libertação, com Nestor Masotti, Presidente da Federação Espírita Brasileira, com Ricardo Lindemann, Presidente da Sociedade Teosófica no Brasil e com Hélio Pereira, Grão-Mestre da Grande Loja [local].

Assim que assumiu a chefia da Congregação para os Religiosos, imediatamente, ele iniciou o diálogo com as “animadas” Congregações de religiosas dos Estados Unidos [LCWR], que deram muita dor de cabeça a Bento XVI. Braz de Aviz fez uma espécie de crítica à Santa Sé: “recomeçamos a escutar…sem condenações preventivas”.

Por outro lado, ele nunca chamou os Franciscanos da Imaculada – que nunca causaram quaisquer problemas – para ouvi-los. Eles estão sob condenação preventiva – e uma condenação muito pesada.

Estranho, não é mesmo? Há alguns dias o “Vatican Insider” publicou: “Na Itália há cada vez menos freis e freiras”. Vocês acham que Braz de Aviz está preocupado com isso? De maneira alguma. Ele pensa em punir uma das poucas ordens cujas vocações estão aumentando.

Na primeira edição de “Jesus” [revista mensal da Sociedade de São Paulo e uma das publicações mais importantes na Itália] de 2014, um monumento foi erigido a Vito Mancuso [Professor famoso por sua visão “progressista” sobre bioética], notável por negar “uma dúzia de dogmas” (como escreveu La Civiltà Cattolica). Porém, estejam certos de que ninguém levantará alguma objeção às filhas de São Paulo a esse respeito.

Ao contrário, os “Franciscanos da Imaculada” sofrem repressão por terem defendido os dogmas da Igreja.

A autodemolição foi retomada com força.

[Fonte: “Libero”, de 26 de janeiro de 2014. Tradução a partir da versão inglesa de Rorate Caeli]

Piada do dia.

“O papa nos alerta que esta é uma estrada equivocada e sem saída, e que a saída é a construção da paz, do diálogo, da capacidade de aproximação das pessoas; da paciência histórica de continuar procurando entender as razões do outro e defender os valores que são os grandes valores da humanidade, como a paz, a justiça, o perdão e a capacidade de diálogo”.

Palavras do Cardeal João Braz de Aviz sobre a iniciativa do Santo Padre de convocar um dia de oração e penitência pela paz na Síria. De fato, os Franciscanos da Imaculada estão impressionados com “a capacidade de aproximação das pessoas” e com “a paciência histórica de continuar procurando entender as razões do outro” demonstradas nos últimos meses pelo purpurado…

Comoção entre os tradicionalistas, que parecem os únicos réprobos em todo o mundo.

Por Francisco José Fernández de la Cigoña | Tradução: Fratres in Unum.com* – O Vaticano decidiu intervir na Congregação Religiosa dos Franciscanos da Imaculada. É um poder de Roma que nenhum católico pode negar. Quando a Igreja percebe desvios morais, disciplinares, teológicos, administrativos… deve aplicar, e às vezes aplica, as correções necessárias. E delegam a autoridade no Instituto a um encarregado a quem todos devem submeter-se como se fosse seu superior geral.

Os Franciscanos da Imaculada são uma cisão dos Franciscanos Conventuais ocorrida nos anos setenta do século passado e que, nestes dias de decadência das ordens e congregações religiosas, apresentam um crescimento notável. Afeitos a forma extraordinária da missa, ainda que não a mantenham com exclusividade, aparentemente eram um modelo de ortodoxia, piedade, pobreza, manutenção do hábito religioso, abundância de vocações… O que não estávamos acostumados a ver em muitos outros institutos regulares. Digo aparentemente porque não há registro de desvios. Se houver, não são conhecidos no momento.

Aceito sem problemas que haja alguma dificuldade interna para que Roma adote medidas tão drásticas. Mas muito surpreende que as resoluções romanas vão sempre dirigidas a institutos tradicionais enquanto que os que se encontram em total decadência e em aberta contestação – por parte de alguns de seus membros – à própria Igreja sejam objetos de uma tolerância que há muitos parecerá conivência. Chegou a vez de severas medidas contra os Franciscanos da Imaculada e seria bom, para a própria autoridade de Roma, que nos explicasse a todos a causa de tão drástica intervenção. Que possui, ademais, sanções inexplicáveis, como a de proibir a seus sacerdotes a forma extraordinária da Missa, que, segundo o motu proprio de Bento XVI, está ao alcance e pode ser rezada por qualquer sacerdote católico. De modo que a medida adquire um caráter maldoso dificilmente compreensível, como se fossem também proibidos de rezar o rosário ou expor o Santíssimo, coisas que nada tem a ver com a correção de desvios no Instituto – no caso de eles existirem.

Daí que não poucos tenham pensado que estávamos ante a reação de dois impertinentes personagens: o prefeito da Congregação para os Religiosos e seu secretário, que manifestaram claramente sua ojeriza por uma Missa com a qual durante séculos se santificou a Igreja. E que aproveitaram a ocasião de desautorizar a vontade de Bento XVI, a respeito da forma extraordinária do rito latino, a qual evidentemente os contrariava. Envolvendo, ademais, o Santo Padre em uma medida que parece contradizer todas as suas declarações de respeito a abertura aos demais. Porque não se entende que os tradicionalistas estejam em uma condição muito pior que a dos gays, judeus, muçulmanos, protestantes ou ateus, para com os quais é raro não encontrar alguma manifestação de respeito; ou hoje os grandes inimigos de Deus e de sua Igreja são os tradicionalistas? Nem um louco pensaria tal coisa.

Do confuso Braz de Aviz e Frei Carballo, ainda que se pudesse esperar qualquer coisa pouco afortunada, não se poderia crer que chegariam a tais extremos, que podem superar a incompetência para cair na maldade e prevaricação. Causaram indignação no mundo tradicional, farto de condescendências com todos menos para com eles — devem ser as únicas pessoas no mundo que não merecem consideração e respeito por parte da Igreja. Mesmo sendo, como são, católicos exemplares. Ao menos comparados com muitíssimos outros que são objetos de tolerância sem limites, quando não de conivências mais que duvidosas. Hoje, a medida a respeito dos Franciscanos da Imaculada dá a muitos a impressão de que se trata de um ataque a mais, covarde e traiçoeiro, à Missa Tradicional. Obra de dois personagens rançosos e impertinentes que nada seriam sem o cargo que ocupam. Em minha terra, que é a do frei secretário que, como tal, assina tão preocupante documento, abundam umas árvores que levam o mesmo nome que ele. O fruto do carvalho é a bolota. E a bolota é de má qualidade…

Nosso agradecimento a um caríssimo amigo, futuro Sacerdote do Altíssimo, pela gentileza de providenciar a tradução.

O “caso” dos Franciscanos da Imaculada.

Por Roberto de Mattei | Tradução: Fratres in Unum.com – O “caso” dos Franciscanos da Imaculada apresenta-se como um episódio de extrema gravidade, destinado a ter consequências no seio da Igreja talvez não previstas por aqueles que o transformaram imprudentemente em ato.

A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada (conhecida como Congregação para os Religiosos) com seu decreto de 11 de julho de 2013, assinado pelo cardeal prefeito João Braz de Aviz e o arcebispo secretário José Rodriguez Carballo, OFM, desautorou os superiores dos Franciscanos da Imaculada, confiando o governo do Instituto a um “comissário apostólico”, o padre Fidenzio Volpi, capuchinho.

Para “blindar” o decreto, o cardeal João Braz de Aviz se muniu de uma aprovação “ex auditur” do Papa Francisco, que tira dos frades qualquer possibilidade de recurso à Signatura Apostólica. As razões dessa condenação, que tem sua origem em uma reclamação feita à Congregação para os Religiosos por um grupo de frades dissidentes, permanecem misteriosas. Desde o decreto da Congregação e da carta enviada aos franciscanos em 22 de julho pelo novo Comissário, as únicas acusações parecem ser as de um escasso “pensar com a Igreja” e de um apego excessivo ao Rito Romano antigo.

Na realidade, estamos diante de uma injustiça manifesta contra os Franciscanos da Imaculada. Este instituto religioso fundado pelos padres Stefano Maria Manelli e Gabriele Maria Pellettieri é um dos mais florescentes de que se ufana a Igreja, pelo número de vocações, a autenticidade da vida espiritual, a fidelidade à ortodoxia e às autoridades romanas. Na situação de anarquia litúrgica, teológica e moral em que nos encontramos hoje, os Franciscanos da Imaculada deveriam ser tomados como modelo de vida religiosa. O Papa se refere muitas vezes à necessidade de uma vida religiosa mais simples e sóbria.

Os Franciscanos da Imaculada se destacam por sua austeridade e pobreza evangélica, com as quais vivem, desde a sua fundação, seu carisma franciscano. Acontece, porém, que em nome do Papa, a Congregação para os Religiosos retira o governo do Instituto para transmiti-lo a uma minoria de frades rebeldes de orientação progressista, nos quais o novo Comissário se apoiará para “normalizar” o Instituto, ou para conduzi-lo ao desastre do qual até agora tinha escapado graças à sua fidelidade às leis eclesiásticas e ao Magistério.

Mas hoje o mal é recompensado e o bem castigado. Não surpreende que a empregar o punho de ferro no confronto com os Franciscanos da Imaculada esteja o mesmo Cardeal que auspicia compreensão e diálogo com as irmãs heréticas e cismáticas americanas. Aquelas religiosas pregam e praticam a teoria do gênero, e, portanto, deve-se dialogar com elas. Os Franciscanos da Imaculada pregam e praticam a castidade e a penitência e por isso não há possibilidade de entendimento com eles. Esta é a triste conclusão a que inevitavelmente chega um observador desapaixonado.

Uma das acusações é de serem muito apegados à Missa tradicional, mas a acusação é um pretexto, porque os Franciscanos da Imaculada são, como se costuma dizer, “bi-ritualistas”, ou seja, celebram a nova Missa e a antiga, conforme lhes é concedido pelas leis eclesiásticas em vigor. Colocados diante de uma ordem injusta, é de se supor que alguns dentre eles não desistirão de celebrar a Missa tradicional; e farão bem em resistir neste ponto, porque não será um gesto de rebeldia, mas de obediência. Os indultos e privilégios em favor da missa tradicional não foram revogados e possuem uma força legal superior ao decreto de uma congregação, e até mesmo das intenções do Papa, se não expressas num ato legal claro.

O cardeal Braz de Aviz parece ignorar a existência do motu proprio Summorum Pontificum, de 7 de julho de 2007, de seu decreto de aplicação, a Instrução Universae Ecclesiae de 30 de Abril de 2011, e da Comissão Ecclesia Dei, ligada à Congregação para a Doutrina da Fé, das quais a Congregação para os Religiosos invade hoje o campo. 

Qual é a intenção da suprema autoridade da Igreja? Suprimir a Ecclesia Dei e revogar o motu proprio de Bento XVI? Se for, que o diga explicitamente, para que possamos tirar as consequências. E se não for, por que fazer um decreto desnecessariamente provocativo contra o mundo católico ligado à Tradição da Igreja? Este mundo está numa fase de grande expansão, especialmente entre os jovens, e esta talvez seja a principal razão da hostilidade de que ele é hoje objeto.

Por fim, o decreto constitui um abuso de poder não apenas em relação aos Franciscanos da Imaculada e àqueles impropriamente definidos de tradicionalistas, mas a todos os católicos. Na verdade, é um sintoma alarmante da perda da segurança jurídica que está ocorrendo hoje no seio da Igreja. De fato, a Igreja é uma sociedade visível na qual há o “poder do direito e da lei” (Pio XII, Discurso Dans notre souhait, de 15 de Julho 1950). A lei é o que define o certo e o errado, e, como explicam os canonistas, “o poder da Igreja deve ser justo, para o que é necessário que parta da própria Igreja, que determina as finalidades e os limites da atividade da Hierarquia. Nem todo ato dos Pastores sagrados, pelo fato de provirem deles, é justo” (Carlos J. Errazuriz, Direito e justiça na Igreja, Giuffre, Milão 2008, p. 157).

Quando diminui a segurança jurídica, prevalece o arbítrio e a vontade do mais forte. Muitas vezes isso acontece na sociedade, e pode ocorrer na Igreja quando nesta a dimensão humana prevalece sobre a sobrenatural. Mas se não há segurança jurídica, não há nenhuma regra de comportamento segura. Tudo é deixado ao arbítrio do indivíduo ou de grupos de poder, e à força com a qual esses lobbies são capazes de impor a sua vontade. A força, separada da lei, torna-se prepotência e arrogância.

A Igreja, Corpo Místico de Cristo, é uma instituição legal baseada numa lei divina, da qual os homens da Igreja são os depositários, e não os criadores ou proprietários. A Igreja não é um “soviet”, mas uma construção fundada por Jesus Cristo, na qual o poder do Papa e dos bispos deve ser exercido de acordo com as leis e as formas tradicionais, todas enraizadas na Revelação divina. Hoje se fala de uma Igreja mais democrática e igualitária, mas o poder vem sendo exercido muitas vezes de modo personalista, em desprezo a leis e costumes milenares. Quando existem as leis universais da Igreja, como a bula de São Pio V Quo primum (1570) e o motu proprio de Bento XVI Summorum Pontificum, para mudá-los é necessário um ato legal equivalente. Uma lei anterior não pode ser revogada senão com um ato explicitamente abrogatório de igual porte.

Para defender a justiça e a verdade no interior da Igreja, confiamos na voz dos juristas, entre os quais estão alguns eminentes cardeais que ordenaram de acordo com o rito “extraordinário” os Frades Franciscanos da Imaculada, cuja vida exemplar e zelo apostólico eles conhecem. Apelamos especialmente ao Papa Francisco, para que queira retirar as medidas contra os Franciscanos da Imaculada e contra seu uso legítimo do Rito Romano antigo. 

Qualquer decisão que seja tomada, não podemos esconder o fato de que a hora em que vive hoje a Igreja é dramática. Novas tempestades se adensam no horizonte e essas tempestades certamente não são suscitadas nem pelos Frades, nem pelas Irmãs Franciscanas da Imaculada. O amor à Igreja Católica Apostólica Romana sempre nos moveu e nos move a tomar sua defesa. Nossa Senhora, Virgo Fidelis, sugerirá à consciência de todos nesta difícil conjuntura, o caminho certo a seguir.

A ruína dos Franciscanos da Imaculada.

Uma das ordens religiosas mais florescentes do mundo. Proibidos de celebrar a Missa Tradicional – uma manobra Aviz e Carballo. Com o aval do Papa.

A primeira vez que Francisco contradiz Bento

Isso aconteceu quanto ao ponto nevrálgico da Missa no rito antigo. Ratzinger permitiu a celebração para todos. Bergoglio a proibiu a uma ordem religiosa que a preferia. 

Por Sandro Magister | Tradução: Fratres in Unum.com – ROMA, 29 de julho de 2013 – Um ponto sobre o qual Jorge Mario Bergoglio estava à espreita, após a sua elevação ao papado, era o da Missa no rito antigo.

Alguns previam que o Papa Francisco não se desviaria da rota de seu predecessor, que havia liberado a celebração da Missa no rito antigo como forma “extraordinária” do rito moderno [sic], com o Motu Proprio “Summorum Pontificum”, de 7 de julho de 2007:

> Bento libera o rito antigo da missa. E explica por quê

e com a posterior Instrução “Universæ ecclesiæ” de 13 de maio de 2011:

> Duas missas para uma única Igreja

Outros previam por parte de Francisco uma restrição — ou diretamente uma revogação — da possibilidade de celebrar a Missa com o rito anterior ao Concílio Vaticano II, inclusive ao custo de contradizer as resoluções do ainda vivo Bento XVI.

Ao ler um decreto emitido pela Congregação vaticana para os Religiosos, pouco antes da viagem de Francisco ao Brasil, com a aprovação explícita do mesmo Papa, deveríamos dar mais razão aos segundos que aos primeiros.

O decreto é datado de 11 de julho de 2013, número de protocolo 52741/2012, assinado pelo prefeito da Congregação, o Cardeal João Braz de Aviz, focolar, e pelo secretário da mesma, o arcebispo José Rodríguez Carballo, franciscano.

Braz de Aviz é o único alto dirigente da cúria de nacionalidade brasileira, motivo pelo qual acompanhou Francisco em sua viagem ao Rio de Janeiro. Tem fama de progressista, embora mais lhe corresponda a de confuso. E será um dos primeiros a desaparecer, tão logo tome corpo a reforma da cúria anunciada por Francisco.

Pelo contrário, Rodríguez Carballo goza da plena confiança do Papa. Sua promoção a número dois da Congregação foi desejada pelo mesmo Francisco, no início de seu pontificado.

É difícil, então, pensar que o Papa Bergoglio não se tenha dado conta do que aprovava quando lhe fora apresentado o decreto antes de sua publicação.

O decreto institui um comissário apostólico — na pessoa do frei capuchinho Fidenzio Volpi — à cabeça de todas as comunidades da Congregação dos Irmãos Franciscanos da Imaculada.

E este é o motivo do assombro, porque os Franciscanos da Imaculada são uma das mais florescentes comunidades religiosas nascidas nas últimas décadas no interior da Igreja Católica, com ramos masculino e feminino, com numerosas e jovens vocações, difundidas em vários continentes e com uma missão também na Argentina.

Eles se reivindicam como fiéis à Tradição, em pleno respeito ao magistério da Igreja. Tão certo que em suas comunidades celebram missas tanto no rito antigo como no moderno, como fazem, por outra parte, em todo o mundo centenas de outras comunidades religiosas — para dar um só exemplo: os beneditinos de Nursia — aplicando o espírito e a letra do Motu Proprio “Summorum Pontificum”, de Bento XVI.

Mas precisamente isso foi criticado por um núcleo de dissidentes internos, que apelaram às autoridades vaticanas lamentando a excessiva inclinação de sua Congregação a celebrar a missa no rito antigo, com o efeito de criar exclusões e contraposições dentro da comunidade, minar a unidade interna e, por ainda, debilitar o mais amplo “sentire cum Ecclesia”.

As autoridades vaticanas responderam enviando há um ano um visitador apostólico. E agora se realiza a nomeação do comissário.

Mas o que mais surpreendente são os últimos cinco itens do decreto de 11 de julho:

“Ademais do exposto, o Santo Padre Francisco dispôs que cada um dos religiosos da Congregação dos Frades Franciscanos da Imaculada está obrigado a celebrar a liturgia segundo o rito ordinário e que, eventualmente, o uso da forma extraordinária (Vetus Ordo) deverá ser explicitamente autorizada [sic] pelas autoridades competentes, para cada religioso e/ou comunidade que solicite”.

O assombro deriva do fato de que o que se decreta contradiz as disposições providas por Bento XVI, que para a celebração da Missa no rito antigo “sine populo” não exige nenhum pedido prévio de autorização:

“Ad talem celebrationem secundum unum alterumve Missale, sacerdos nulla eget licentia, nec Sedis Apostolicae nec Ordinarii sui” (1).

Enquanto que, para as missas “cum populo”, estipulam algumas condições, mas sempre assegurando a liberdade de celebrar.

Em geral, contra um decreto de uma Congregação vaticana é possível apresentar um recurso ao tribunal supremo de Assinatura Apostólica, atualmente presidida por um cardeal, o americano Raymond Leo Burke, considerado amigo dos tradicionalistas.

Mas se o decreto é objeto de aprovação em forma específica por parte do Papa, como parece ser o caso, o recurso não é admitido.

Os Franciscanos da Imaculada deverão ater-se à proibição de celebrar a Missa no rito antigo a partir de domingo, 11 de agosto.

E o que acontecerá agora, não só para eles, mas para toda a Igreja?

Bento XVI estava convencido de que “as duas formas do uso do rito romano podem enriquecer-se mutualmente”. Assim havia explicitado na angustiada carta aos bispos de todo o mundo, com a qual havia acompanhado o motu proprio “Summorum Pontificum”:

> “Com grande confiança e esperança…”

Mas daqui em diante, não é mais assim. Ao menos não para todos. Aos Franciscanos da Imaculada, obrigados a celebrar a missa somente na forma moderna, não lhes restará mais que um só modo de entesourar o que também defendia Bento XVI: “manifestar”, também nessa forma, “com mais força com que se costuma até agora, essa sacralidade que atrai a muitos ao uso antigo”.

É fato que se rachou um ponto de referência do pontificado de Joseph Ratzinger. De uma exceção que muitos temem — ou defendem — se converterá rapidamente em regra.

* * *

(1) Curiosamente, mesmo depois de seis anos de sua publicação, o motu proprio “Summorum Pontificum” de Bento XVI continua presente na página web da Santa Sé, mas somente em dois idiomas, e entre os menos conhecidos: o latim e o húngaro.

Curtinhas do Papa no Brasil.

Braz e Bertone.

Do voo papal ao Rio de Janeiro, dois cardeais mereceram o destaque de Andrea Tornielli. Primeiro, o brasileiro Dom João Braz de Aviz, prefeito para os religiosos, que realizou uma “mini-conferência de imprensa” com os jornalistas brasileiros, dizendo-lhes que “Bento XVI era um intelectual tímido”, enquanto Francisco tem vigor para fazer reformas. Seja-nos permitido dizer, sem que as virgens escandalizadas venham aqui rasgar as suas vestes: o senhor, Dom João, é um ignorante assanhado. Nada mais, nada menos.

Já o outrora todo poderoso Bertone chamou um jornalista num cantinho para falar da possível visita do Papa a Torino, “quando eu não serei mais Secretário de Estado”. Fala-se em Roma que Bertone deixará seu posto nas primeiras semanas de setembro.

Esperança dos progressistas

‹‹ Está sinalizado uma esperança muito concreta de superar os desentendimentos que aconteceram, sobretudo com a expressão de uma teologia que não coincide com a europeia (Teologia da Libertação). Nesse sentido a gente percebe que há uma vontade de reconciliação e muitos teólogos que foram colocados à margem se sentem à vontade para renovar as esperanças de que se possa retomar o impulso renovador do Concílio Vaticano II, que foi empreendido com muito entusiasmo por João XXIII e que nos últimos anos experimentou um arrefecimento. Essa é a esperança maior que se desenha pela frente. Com esse papa se recriaram as condições para passos importantes, também de ordem ecumênica, de maior descentralização da igreja católica, de mais autonomia para dioceses, de mais liberdade para prover as necessidades eclesiais de cada diocese em termos de ordenação de padres, para que haja mais padres mesmo que sejam ordenadas pessoas casadas ›› .

Palavras de Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales, SP, ao jornal O Valor. Falta um ano e meio para a aposentadoria de Dom Valentini, o que será um marco para a verdadeira renovação da Igreja no Brasil.

Enquanto isso…

Informa o Brasil pela Vida: ‹‹ Hoje, dia 22 de julho, dia da chegada de SS. o Papa Francisco ao Brasil, às 14:29 hs, foi entregue na Curia Metropolitana do Arcebispado do Rio de Janeiro, o abaixo assinado que foi entregue para que Dom Orani Tempesta, Arcebispo di Rio de Janeiro, peça à SS. que interceda por nós junto à Presidente Dilma, com quem certamente estará, mais de uma vez, e peça-lhe que vete totalmente o PLC 03/2013 que, a pretexto de auxiliar mulheres vítimas de agressão sexual, traz no seu bojo o aborto total e irrestrito ›› .

Dor de cotovelo

De Nelson de Sá, na Folha: ‹‹ Ligada à Universal, a Record repisou exaustivamente as cenas “exclusivas” de um ataque de tubarão em Recife, para não abrir as câmeras ao papa Francisco. Recorreu também a uma interminável viagem de trem por Maranhão e Pará, no “Jornal da Record”. Quando entrou no assunto, afinal, aproveitou para anotar que manifestantes “reclamam do posicionamento da Igreja Católica sobre o aborto”, destacando que no Uruguai, após a legalização, nenhuma mulher morreu do procedimento. Não é a primeira vez que a rede evangélica apela ao aborto para questionar a igreja concorrente ›› .

Gilberto Carvalho, espião

Gilberto Carvalho foi alvo de uma piada papal. Apresentado por Dilma como o responsável pelo elo entre o governo e a igreja, o ministro foi chamado pelo Papa de “espião do Vaticano no governo do Brasil”. Com um espião desses…

Erro grave

Do Globo: ‹‹ Especialistas são unânimes em dizer que o Papa Francisco ficou vulnerável, exposto a riscos desnecessários. O fato de o carro do chefe da Igreja ficar preso no trânsito é considerado um erro grave pelas normas de segurança internacional de autoridades, explicou o coronel do Exército Diógenes Dantas, doutor em Aplicações e Planejamento de Segurança de Grandes Eventos. O consultor internacional de segurança Hugo Tisaka também afirmou que “uma autoridade não pode ficar presa no trânsito como o Pontífice ficou” ›› .

Há um mês…

Padre François Murad era brutalmente martirizado por maometanos na Síria. Não se esqueça de rezar por ele e pelos cristãos perseguidos em todo o mundo.

Lançamento de livro do Prof. Hermes no Rio

Nosso caro amigo Prof. Hermes Rodrigues Nery informa: seu livro “A Igreja é viva e jovem” será lançado na quarta-feira, 24, das 15 às 18 horas, no stand da Editora Loyola, na Expocatólica, no Riocentro.

E se fosse Bento?

Comentário de Damian Thompson, do Telegraph: ‹‹ A imprensa mundial está – compreensivelmente — se focando na visita do Papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial de Juventude: é bom ver uma cobertura positiva de um papa que merece isso, este é o frescor e o vigor que ele trouxe ao seu papel. Mas eu não posso deixar de pensar que, se Bento XVI estivesse no Brasil, a mídia falaria de celebrações “manchadas” pelas extraordinárias acusações contra Mons. Battista Ricca, o homem designado por Francisco para supervisionar a reforma do Banco Vaticano ›› .

[Atualização – 23 de julho de 2013, às 14:36] Ahhh tá…

“Ele [o Papa] quer receber o meu livro [Igreja: carisma e poder], mandou essa mensagem por uma amiga. Já entreguei a obra ao arcebispo do Rio de Janeiro e espero que o papa receba”, afirmou Leonardo Boff ao jornal O Globo.

Cardeal Braz de Aviz disse o que disseram que disse. Oficial da Congregação para a Doutrina da Fé: “Isso não se faz”.

Do National Catholic Reporter:

Um cardeal negou alegações do Vaticano de que suas observações feitas ao NCR sobre uma controversa crítica de 2012 às irmãs católicas dos EUA foram mal interpretadas, afirmando considerar a matéria do NCR “muito precisa”.

Braz de Aviz, falando ao NCR na quarta-feira, no Vaticano, após a audiência papal com as líderes das irmãs católicas de todo o mundo, disse que a matéria do NCR sobre a sua conferência forneceu uma tradução imprecisa da palavra “autoridade” no momento das perguntas e respostas.

No entanto, “tratou-se somente de um pequeno, minúsculo ponto da entrevista”, disse.

NCR reportou o cardeal dizendo no domingo: “Estamos em um momento” onde as idéias de “obediência e autoridade devem ser renovadas, revistas”.

“Autoridade que controla, mata. Obediência que se torna uma cópia do que a outra pessoa diz infantiliza”, escreveu NCR como sendo suas palavras.

Braz de Aviz disse na quarta-feira: “A questão da obediência, esta parte estava ok. Mas a questão da autoridade, a tradução não estava precisa. Eu estava tentando enfatizar que a autoridade não pode ser uma dominação”.

Da matéria de Catholic News Agency (CNA):

Um oficial da Congregação para a Doutrina da Fé disse à CNA, em 7 de maio, sob a condição de anonimato, que a Congregação está “perplexa” com a afirmação do Cardeal João Braz de Aviz de que não se discutiu com ele a decisão de exigir que um grupo americano de superioras religiosas passe por reformas.

“Estamos perplexos porque a matéria é de exclusiva responsabilidade da congregação [para a Doutrina da Fé] e nós não estamos invadindo o terreno de ninguém”, afirmou a fonte no início da tarde de terça-feira.

A decisão foi resultado de uma avaliação de quatro anos que chegou à conclusão de que a Conferência de Superioras Religiosas promovia “temas feministas radicais incompatíveis com a fé católica” e divergia do ensinamento da Igreja em pontos que incluíam o sacerdócio sacramental masculino e a homossexualidade.

[…]

Comentando sobre as afirmações [do Cardeal Braz de Aviz] sobre a congregação doutrinal, a fonte interna declarou: “Isso não se faz. Eu não sei como os seus comentários beneficiam a ele ou a Igreja, e ele faz parecer que se está cometendo uma injustiça”.

“Foi um processo muito lento e objetivo e nossos membros são teólogos e filósofos extremamente profissionais, que consultam o Papa semanalmente”, explicou.

Mas de acordo com a fonte, “há muito orgulho e alguém sempre quer acreditar que está certo”.

“As pessoas estão muito mal informadas teológica, filosófica e academicamente” sobre as posições defendidas pela LCWR, acrescentou.

O oficial da doutrina acredita que “a parte mais importante já aconteceu, isto é, que os católicos foram informados de que essas mulheres estão erradas”.

Ele explicou que a LCWR segue a “ideologia de gênero” e “desenvolveu um feminismo ultra exacerbado que as faz rejeitar todo tipo de autoridade masculina”.

“Elas foram mandadas embora de várias paróquias porque ensinam coisas que provocam grande desconforto nas comunidades”, disse.

[…]

Após tentar obter comentários da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, CNA foi encaminhada ao Cardeal Braz de Aviz, que não estava disponível.

Comunicado da Sala de Imprensa após queixas do Cardeal Braz de Aviz.

Por Vatican Information Service | Tradução: Fratres in Unum.com – A Congregação para a Doutrina da Fé e a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica têm, por algum tempo, colaborado para uma renovada visão teológica da Vida Religiosa na Igreja. A preocupação da Santa Sé, expressa parcialmente na Avaliação Doutrinal da Leadership Conference of Women Religious nos Estados Unidos, é motivada por um desejo de apoiar a nobre e bela vocação dos religiosos, de modo que o eloquente testemunho da Vida Religiosa possa prosperar na Igreja em prol das futuras gerações.

Dom Gerhard Müller (esquerda) e Dom João Braz de Aviz (direita).
Dom Gerhard Müller (esquerda) e Dom João Braz de Aviz (direita).

As iniciativas da Santa Sé nesta área dizem respeito principalmente à fé da Igreja e sua expressão na Vida Religiosa. A fé da Igreja — no desígnio amoroso do Pai que enviou o Seu Filho para ser nosso Salvador, na inspiração da Sagrada Escritura, no dom da graça através dos Sacramentos, na natureza da Igreja guiada pelo Espírito Santo — esta fé está no coração dos Conselhos Evangélicos. Ela motiva a paixão pela justiça partilhada por tantas religiosas e religiosos, e ela procura sempre ser exprimida na caridade ativa para com aqueles mais necessitados.

Recentes comentários na mídia sobre observações feitas no domingo, 5 de maio, durante a Assembléia Geral da União Internacional dos Superiores Gerais, pelo Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, sugeriram uma divergência entre a CDF e a Congregação para os Religiosos em seu enfoque sobre a renovação da Vida Religiosa. Tal interpretação das palavras do Cardeal não se justifica. Os Prefeitos de ambas as Congregações trabalham proximamente segundo as suas responsabilidades específicas e têm colaborado ao longo do processo de Avaliação Doutrinal da LCWR. Dom Gerhard Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e o Cardeal Braz de Aviz se encontraram ontem e reafirmaram o seu comprometimento comum na renovação da Vida Religiosa, e particularmente na Avaliação Doutrinal da LCWR e no necessário programa de seu reforma, de acordo com os desejos do Santo Padre.

* * *

Nota do Fratres: Afirmar-se “consternado” e “com muita dor” pela atuação da CDF — cujos métodos “nós temos que mudar”, já que os responsáveis pelos dicastérios devem “confiar no juízo uns dos outros” — definitivamente não é nenhuma manifestação de harmonia e cooperação. Dizer que “não se justifica” a interpretação feita por qualquer ser pensante só mostra como o Cardeal Braz de Aviz é capaz de colocar, pela enésima vez, a Santa Sé em maus lençóis, a ponto de fazê-la emanar um comunicado que busca negar o óbvio. A nota acima é, evidentemente, fruto da diplomacia curial. Razoável seria, de fato, uma retratação do Cardeal Aviz, o que, sabemos todos nós, seria uma humilhação não prevista no manual de boas maneiras que vigora em Roma. Esse episódio só evidencia, mais uma vez, a completa inaptidão do purpurado brasileiro.

Consternado: Papa Aviz I está tristinho porque foi ignorado pela Congregação para a Doutrina da Fé.

De nossa parte, só podemos desejar que Sua Eminência Reverendíssima passe a confiar mais em seus confrades da Cúria Romana, uma vez que o próprio Papa Francisco confirmou aquilo que Aviz lamenta.

Cardeal do Vaticano questiona decisão de reformar LCWR

Por Catholic Culture | Tradução: Fratres in Unum.com – O prefeito da Congregação para os Religiosos lamentou que o seu dicastério não tenha sido notificado sobre o projeto do Vaticano de exigir reformas na American Leadership Conference of Women Religious (LCWR) [Conferência Americana de Lideranças de Religiosas].

Em abril passado, a Santa Sé nomeou o Arcebispo James Sartain, de Seattle, como delegado do Vaticano para supervisionar a reforma da LCWR, julgando que “a atual situação doutrinal e pastoral da LCWR é grave e matéria de séria preocupação”. A medida do Vaticano veio após uma visitação apostólica da LCWR, que foi conduzida pela Congregação para a Doutrina da Fé. (CDF).

Falando em 5 de maio para um grupo de superiores religiosos, o Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Religiosos, afirmou que estava consternado em saber que a CDF havia dado início a um projeto de reforma do grupo americano sem consultar o seu dicastério. Ele declarou que a decisão lhe causou “muita dor”.

“Nós temos que mudar essa maneira de fazer as coisas”, disse o prelado brasileiro, afirmando que os cardeais que trabalham na Cúria Romana devem aprender a confiar no juízo uns dos outros e coordenar os seus projetos.

A franca expressão de insatisfação do cardeal para com outro departamento da Cúria Romana foi uma rara ruptura da costumeira demonstração pública de unidade entre os representantes do Vaticano. O seu chamado por mudanças na atuação da Cúria Romana, entretanto, ecoa declarações feitas por muitos prelados antes do conclave que elegeu o Papa Francisco.

O próprio dicastério do cardeal brasileiro, a Congregação para os Religiosos, realizou a sua própria visitação apostólica separada das ordens religiosas femininas nos EUA. Embora os resultados da investigação ainda não tenham sido finalizados, a congregação sinalizou que não pedirá por quaisquer maiores reformas.

O lamento do Cardeal Braz de Aviz quanto à atuação da CDF vem poucas semanas após esta congregação confirmar que o Papa Francisco deu a sua aprovação à avaliação crítica da LCWR que levou à intervenção da CDF.